Sobreviver - Sorte ou Maldição?

E a terra tremeu
Levou tudo para o chão
Edificações, homens, animais e plantas
Restou tudo em pedaços.

Baixada a poeira, a visão é caótica
O inferno de Dante.
Destroços por todos os lados onde a vista alcança
Corpos amontoados como lixo sem valor
Sobreviventes perplexos incapazes de compreender
Tudo lhes foi tirado.

Mas sobreviver é sorte ou maldição?
O que se ouve após o silêncio que se seguiu ao estrondo
Provocado pela destruição
São gritos de socorro vindos do fundo dos destroços
É impossível remover toneladas de entulho e concreto.

E os gritos viram sussurros que viram silêncio
O inferno é ali.
Cheiro acre, de matéria em decomposição
Vai impregnando o ar
A morte, para muitos, chegou devagar, torturante.

Para os sobreviventes restou a tristeza,
As dores físicas e emocionais, a fome e a falta de comida,
A sede e a falta d'água.
Para eles sobrou apenas
Insegurança no hoje, dúvidas para o amanhã.
Só lhes resta esperar

E o que estava ruim consegue piorar ainda mais
Com a ação covarde da polícia
Que atira para matar.
Melhor sorte tiveram os que partiram de imediato.

Lou jan/2010
4 Responses
  1. Anônimo Says:

    Também me perguntei, ao ver as notícias, se sobreviver àquele caos era realmente sorte.
    Sem dúvida, o inferno é ali, quanta tristeza...


    Abraços, bom fim de semana.


  2. Issia Montes Says:

    Melhor sorte tiveram os que partiram de imediato... Resume-se nisso mesmo!


  3. Sandro Says:

    Dor física, emocional, perdas irreparáveis... As vezes parece que Deus simplesmente abandonou esse povo, essa terra de ninguem.
    Mas parando para refletir melhor, vejo que tudo neste mundo se renova. Aqueles que já rodaram o mundo (né Lou) certamente já viram diversas histórias de cidades, países, civilizações inteiras devastadas por catastrofes naturais, guerras, doenças... De vez enquando chega a parecer pré-requisito para torná-los minimamente interessante.
    Apenas consigo concluir que dos cacos e destroços surgem as grandes mudanças, transformações que esperamos, precisamos. Aquelas que estavam a nossa frente mas não a enxergávamos, cegos por egoísmo e comodismo.
    É hora de refletir, de sair um pouco da nossa rotina e tentar ver o que os olhos não conseguem. Sentir aquilo que nossas paixões insistem atropelar. É tempo de separar o urgente do importante. É momento para fazermos as escolhas certas, necessárias. É saber ver no olho do furacão a oportunidade para jogar o que não precisamos para cima e nos agarrar no que nos fará felizes. É procurar na felicidade do próximo a nossa felicidade. É tempo de renovar.


  4. Lili Says:

    E não somos, todos nós, sobreviventes? Aos nossos terremotos internos, nossas tragédias diárias...
    Tem uma música que eu adoro - A dor na escala Richter de Márcio Faraco, que fala justamente sobre isso.
    Qual a medida exata da dor? "será que a dor de não ter nada se compara na intensidade a dor de quem tudo perdeu?"

    Lili
    http://www.liliwanderlust.blogspot.com


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou