Prato lascado em Restaurante estrelado

Um dia desses, enquanto fazia quimioterapia, li uma reportagem com um desses famosos chefs de cozinha, que estão na moda. Não sei de quando é a reportagem, mas a revista devia ser velha, como toda revista encontrada nos consultórios médicos.

Uma das perguntas questionava o valor de R$ 27,00 cobrado pelo couvert que não passa de um pãozinho com manteiga. O chef começou dizendo que o valor cobrado pelo couvert não cobra apenas aquele pãozinho com manteiga, mas cobra também pelas toalhas de linho, pelas taças de cristal que custam cinqüenta dólares a unidade, pelos talheres de prata e coisas dessa natureza. O valor pago pela comida cobre apenas o preço do material gasto na confecção do prato e é caro porque o que é bom custa caro. Acho até que ele esqueceu-se de mencionar o custo com o pessoal que trabalha no restaurante, mas é claro que isso também está embutido no valor pago, quem sabe, no couvert, ou será no prato principal?

A explicação do valor excessivo cobrado por um pãozinho com manteiga não me convenceu muito, mas como não freqüento o restaurante do chef famoso esqueci-me do assunto até que fui almoçar com minha filha num restaurante badalado em Brasília e não pude me furtar de lembrar o preço cobrado pelo couvert do restaurante estrelado.

No restaurante em Brasília as toalhas não eram de linho, mas isso não fazia a menor diferença, pois eu queria mesmo era saborear a comida que prometia ser da melhor qualidade. Aproveitando a época do restaurant week pedimos o prato da promoção, pois o preço é tentador e muito abaixo do cobrado usualmente naquele restaurante.

Como entrada pedi uma salada e a Bárbara uma batata sei lá das quantas. Minha salada não tinha nada de especial, mas como folha é folha em qualquer lugar do mundo fiquei na minha. A Bárbara não se mostrou muito animada com sua meia batata. Meu prato principal era um frango com molho de limão acompanhado de um purê de batatas. Confesso que estava bom, mas não achei nenhuma graça no macarrão que foi servido para minha filha.

De sobremesa pedimos um bolo de chocolate e um flan que foram servidos em tempo recorde. Até aí tudo bem, pois era o prato promocional, o problema era o pratinho de sobremesa onde foi servido o bolo de chocolate que estava quebrado na borda e aquele lascado saltou aos meus olhos. Foi inevitável lembrar a reportagem que eu havia lido na véspera e pensar no preço cobrado pelo couvert.

A Bárbara olhou para mim, olhou para o prato lascado e fez cara de quem não estava gostando do que estava vendo, com toda razão. Na hora falei: eles não cobram couvert... Ela ficou sem entender então falei da reportagem e rimos juntas da situação, pois já havíamos comentado que o atendimento não era primoroso como se espera de um restaurante considerado de primeira, afinal o garçom que atendeu nossa mesa chamou a atenção da garçonete em alto em bom som na nossa frente. Foi, no mínimo, deselegante.

Para não deixar dúvidas sobre a veracidade do que estou escrevendo tirei até uma fotografia do prato lascado. Não vou citar o nome do restaurante, mas certamente os interessados no assunto saberão identificar o prato lascado e o “menu” oferecido.

Cá entre nós, no boteco da esquina posso até aceitar um prato lascado ou um garçom falando grosso com o outro, mas num bom restaurante é inaceitável. É preciso primar pelos detalhes, mesmo que seja na semana em que é oferecido um prato a preços módicos.

Lou fev/2010

3 Responses
  1. Anônimo Says:

    Gostei do flagra, tia!

    hehe...

    Depois vc me fala qual é o restaurante, rs =).

    Beijos.


  2. Lili Says:

    Oi Lou,

    Li outro dia nalgum blog que um comentário crítico causou dores de cabeça, post tendo que ser retirado e tal, então melhor não dar nome aos bois... rs... mas bem que merecia, né?!
    Pra mim nem em boteco serviço ruim deve ser aceito; educação e profissionalismo caem tão bem na 51 servida em copos Nadir quanto no Veuve Clicquot numa taça Swarovski.
    Sobre o Festival, parece que esse ano a coisa tá meio devagar, nem todos os estabelecimentos participantes estão mantendo o nível esperado.
    Falando em gastronomia tem um blog que eu achei interessante e é daqui da terrinha: http://www.omelhoreopiordebsb.com.br
    Beijin,


  3. Unknown Says:

    Oi, Lurdinha,

    Penso que este restaurante deve receber a visita da fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)urgentemente.
    Com certeza evitará que pessoas possam parar na emergência de um hospital com problemas gerados por bactérias acumuladas em pratos danificados, lascados, trincados, seja lá o que for, de restaurantes renomados?.
    Na realidade este restaurante não entende ou não está nem aí quanto as "Boas Práticas" exigidas pela legislação inerente à área de alimentação.
    No caso dos colaboradores (garçons) necessitam de treinamento, pois possuem como exemplo os proprietários do estabelecimento, que por sua vez ficou evidente no seu relato que não respeita o cliente.


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou