Vista de uma janela







A janela do meu quarto é aberta para o quintal da casa com suas árvores sempre verdinhas e canteiros floridos. Da cama pode-se avistar o céu sempre azul, azul de brigadeiro e sem nuvens nessa época de seca.
Na imensidão azul do céu de Brasilia é frequente vermos um gavião ou um carcará planando para aproveitar uma corrente de ar, e bem cedinho vemos bandos de periquitos barulhentos que sairam de suas árvores dormitório em direção aos parques e jardins da cidade.
Gosto de acordar e ficar morgando na cama enquanto escuto a algazarra dos passarinhos nas árvores do quintal e quando levanto sempre vou até a janela olhar o jardim e observar o vai e vem da bicharada.
Os filhotes de calango, com o pescoço esticado, gostam de tomar sol na calçada de pedra. O joão-de-barro, com o peitinho estufado, caminha dando três passinhos e uma corridinha pelos canteiros em busca de comida; num instante encontra a bacia onde minha mãe prepara adubo com sobras de frutas e legumes e se farta com as pequenas lagartinhas que se desenvolvem naquele ambiente de matéria orgânica em decomposição.
No manacá da serra que fica próximo ao muro os pardais fazem o seu playground. Eles se divertem saltando entre os galhos e piando o tempo todo. De vez em quando a Haseena, uma poodle encrenqueira, fica embaixo da árvore latindo feito louca para ver a revoada dos pássaros e, quem sabe, conseguir abocanhar algum...
É no pé de pitanga e no de acerola que os pássaros soltos na natureza vão se banquetear com os frutas que são colocadas nos pratos pendurados nos galhos. Todos os dias os sanhaços azuis e o amarelo e preto pousam no prato para comer. Eles são lindos, mas muito desconfiados e passam o tempo todo beliscando e observando tudo ao redor; já os bem-te-vis são bem abusados e se sentem os donos do pedaço. Os sabiás passam o tempo todo revirando os canteiros e ciscando as folhas secas. Adoram comer as pitangas maduras e de vez em quando conseguem encontrar uma minhoca gorda e suculenta. São bem tranquilos e parecem não ter medo de gente. O joão de barro também é tranquilo e adora ficar por perto quando alguém está mexendo na terra, quando percebe uma minhoca distraida cai de bico na coitada. Outro pássaro tranquilo é o sebinho, mas a garrincha é desconfiada e as rolinhas também.
Hoje percebi que os periquitinhos verdes encontraram uma pequena fresta entre a parede e o telhado da casa e sumiram lá dentro. Vou ter que mandar fechar o espaço para que não façam ninho e encham a casa de sujeira e piolhos. Gosto muito de passarinhos, mas não os quero dentro do meu telhado. Prefiro que fiquem nas árvores do meu jardim.
Embaixo da minha janela o sol está brilhando e deixa tudo quentinho. O Nino, o gato velho, está deitado se aquecendo e o Bubu está de tocaia tentando caçar algum pássaro distraído. Os calangos correm dele como o diabo corre da cruz e se escondem em qualquer fresta que encontram. De vez em quando um deles tem o azar de cair nas garras do gato e aí eles fingem de morto para ver se escapam de seus dentes afiados. Volta e meia salvo um deles das garras do Bubu que naquela altura já arrancou a cauda do coitado.
É assim todo santo dia. De vez em quando um pássaro diferente encontra meu jardim como aconteceu numa ocasião em que um bando de tucanos pousou numa das árvores. Foi um espetáculo lindo!
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Obrigada pelo comentário. bjs Lou