Aniversário e Maternidade


Agora, neste exato momento, o relógio marca trinta minutos depois da meia-noite. Já é dia 2 de fevereiro de 2010. Minha família e eu ficamos aguardando dar meia-noite para cantar parabéns pelo aniversário da minha filha.

Há vinte e quatro anos, nesse horário, eu estava em trabalho de parto no Hospital HRAN. A memória daquela noite parece cristalizada em minha lembrança. Lembro-me de cada fato como se tivesse acontecido ainda ontem. Ouço os ruídos do hospital e sinto-lhe o cheiro peculiar, vejo o vai e vem dos médicos e enfermeiros, ouço os gritos de dor das outras parturientes cortando o ar. Toco minha barriga e a sensação das contrações que a deixavam dura, mas sem dor, voltam numa fração de segundos. Emoções...

As horas pareciam se arrastar numa lentidão insuportável, o bebê dava sinais de que iria nascer, mas não nascia. Eu estava inquieta e, como as outras mães, também eu comecei a sentir as dores do parto. Não cheguei a gritar, mas houve momentos em que senti vontade de fazê-lo. De vez em quando um médico vinha me examinar, conferia a dilatação e saía do quarto sem dizer uma palavra.

Quando as dores pioraram a médica plantonista entrou em meu quarto e mandou-me deitar de lado para massagear minhas costas e aliviar a tensão. Fiquei surpresa e agradecida. Meu corpo relaxou e em poucos minutos ela me encaminhou para a sala de parto e ajeitou meu corpo para facilitar o nascimento. Senti a primeira contração forte que passou rápido. Veio a segunda contração e comecei a fazer força para expulsar e na terceira minha filha nasceu chorando forte, a plenos pulmões.

A enfermeira colocou aquele bebezinho frágil, berrando feito louco, sobre meu peito. Ela se aninhou e ficou quietinha parando de chorar. Decerto reconhecera o som familiar das batidas do meu coração. Lembro-me ter chorado uma lágrima silenciosa de pura emoção. Eu estava feliz. Não estava mais sozinha. Meu coração bateu mais forte e senti naquele momento que estávamos, de alguma forma, ligadas para sempre, embora a médica tivesse acabado de cortar o cordão umbilical que nos unia num só corpo.

O cordão havia sido rompido, a maternidade, apenas começado.
2 Responses
  1. shan-Tinha Says:

    falei pra ti sobre minha sobrinha aí de bsb q está aki em casa com a bb de 6 meses e observando-a como cuida e atende a tudo q a nenê precisa, junto ao teu texto, ser mãe é maravilhoso sabemos qdo passamos por essa experiência única, mas ao mesmo tempo vejo também como exige da mãe atenção, dedicação ininterruptas que faz com que consigamos esquecer de nós mesmos pelo menos até os 10, 20, 30...anos deles!!!
    ser mãe é pra sempre, não importa a idade que nossos filhos tenham, Parabéns a ti e a tua bb, que sejam abençoadas e felizes sempre!!!


  2. Anônimo Says:

    Mama, q lindo! Vc é a melhor! Amei ler suas recordações! Tb achei a idéia do bolo meia-noite ótima! Foi lindo! Amo vcs!!!!
    Bjos,


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou