Os gatos de Eva


Minha amiga Eva tem o coração maior do que o Everest. Está sempre pronta a ajudar, principalmente em se tratando de animais indefesos.

Embaixo do bloco onde ela mora na Asa Norte, vivia uma gata de rua. Todos os dias Evinha levava comida para a gatinha, que foi ganhando sua confiança e se deixava acariciar, mas fugia de qualquer outra pessoa.

Como toda gata de rua, assim que entrou no primeiro cio ficou prenhe. Quando nasceu sua primeira ninhada um jovem, personificação da maldade, e morador nas vizinhanças, decidiu matar os filhotes jogando sobre eles uma grande e pesada pedra. Os pobrezinhos morreram esmagados, sem entender o que havia lhes ceifado a breve vida.

Numa segunda gravidez a gatinha sofreu um aborto expontâneo e novamente perdeu toda a ninhada. Um trabalho a menos para o anjo da morte, morador nas vizinhanças.

Um belo dia a gata apareceu prenhe novamente deixando Eva ficou muito preocupada. Se o matador de gatos visse os filhotes iria, certamente, matá-los sem dó nem piedade. Ela decidiu então levar a gatinha barriguda para seu apartamento, onde poderia parir em segurança. Só existia um problema: Kikita, uma gatinha dengosa e ciumenta, que reinava absoluta por lá.

Como era de se esperar as gatinhas se estranharam. Kikita, inconformada em perder sua exclusividade, rosnava e tentava acertar a intrusa com suas garras afiadas. A gata de rua revidava a altura, acostumada que estava em se defender de outros gatos, de cachorros e até de humanos desalmados.

Evinha tentava de todas as formas, e sem sucesso, aproximar as duas gatas. Kikita não gostava nada da nova inquilina. A outra, que naquela altura já fora batizada e passou a ser chamada Susie, entrou em trabalho de parto dando à luz três filhotes. Kikita ficou ainda mais enciumada, pois minha amiga, se sentindo a própria avó dos bichanos, se desdobrava em cuidados com Susie e os filhotes.

Alguns dias depois, apesar de todos os cuidados, um dos filhotes morreu, e assim que os outros dois desmamaram foram adotados, com a promessa de serem muito bem cuidados pelo casal que os levou.

Passado algum tempo Susie, talvez saudosa da liberdade nas ruas e jardins das quadras de Brasília, ou quem sabe estivesse de saco cheio dos ataques ciumentos de Kikita, fugiu de casa. Eva procurou por todos os lados, mas não encontrou nenhum sinal da gata. Como era época de Natal, Eva fez então um pedido ao Aniversariante: queria de presente a volta da gatinha. Coincidência ou não Susie voltou na noite de Natal, para alegria de Eva e tristeza de Kikita que teve que se dar por vencida, passando a tolerar a presença de Susie, embora nunca tenham se tornado amigas.

Quando Susie ficou muito gripada e precisou ficar internada numa clínica veterinária, Evinha conheceu um gatinho magricela e muito feioso, que sempre sobrava na caixa de gatos para adoção. Ninguém se animava em adotar o bichano. Para tristeza de Kikita e alegria da Susie, Evinha adotou o gatinho enjeitado e o levou para o apartamento.

Manolo, como ela o chama, se transformou num gatão muito carinhoso, mas continua magrelo. Vive dando banhos de lingua na Susie, que adora o carinho. Kikita se mantém longe dos dois.

Evinha não se contenta em cuidar dos três gatos que tem em casa. Ela continua cuidando de alguns gatos de rua e os chama pelo nome: é a viralata Bichi-biche; o Nenê, um filhote bem pretinho; a Bicó, uma gatinha cotó e o Sacanão, um viralatas cheio de pose e muito conquistador. Um verdadeiro Dom Juan.
2 Responses
  1. Anônimo Says:

    Ma, ela não qr adotar os nossos tb não? kkkk Tia Suzi, é brincadeirinha! rs
    Bjos,


  2. Issia Montes Says:

    Hahahahahaha!!!

    Vamos dar a ela então o gatinho arisco e bravo que salvamos no quintal do Sr. Vicente...


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou