Rio, o filme

Acompanhei o desenvolvimento do projeto do filme Rio desde o começo e fiquei na expectativa de sua estréia porque o diretor Carlos Saldanha, brasileiro do Rio de Janeiro radicado nos Estados Unidos, cansou de falar que o filme era uma homenagem ao Rio de Janeiro e suas belezas naturais, e sua forma de mostrar seu amor pelo Rio e pelo Brasil.
Fui ao cinema na sexta-feira e tenho que concordar que a abertura do filme, que é a cena exibida em todas as propagandas, é realmente sua melhor parte. Aquele filhote de ararinha rebolando ao rítmo do samba é cativante e o show das aves encantador.
Mas o filme me decepcionou. Porque? Porque se a intenção do diretor era passar uma mensagem positiva do Rio de Janeiro e do Brasil, não foi esta impressão que me ficou.
Detestei ver aquela cena dos macaquinhos dançando e surrupiando objetos dos turistas no Rio e também não gostei da parte em que os bandidos se misturam com os integrantes da escola de samba, num carro alegórico horrível, para concretizarem o tráfico de animais silvestres para o exterior.
Os miquinhos ladrões foi uma cena de doer, degradante; mas a conotação de que não existe controle para se participar dos desfiles nas escolas de samba no Rio foi de lascar.
Se eu fosse diretor de qualquer escola de samba no Rio ficaria muito injuriada. Onde já se viu? Primeiro o pesquisador e a dona do Blue, fazendo caras e bocas, entram como dois penetras qualquer na avenida, sem serem incomodados ou questionados. Depois aparece aquele carro alegórico caricato se misturando aos belíssimos carros alegóricos da escola de samba e ninguém percebe nada de anormal? Fora outras cenas do carnaval no Rio de Janeiro...
Se o objetivo do filme era enaltecer o Rio, mostrando cenas como aquelas, posso até imaginar o que iria aparecer se o objetivo fosse esculhambar de vez com o nosso cartão postal.
O filme Rio foi inspirado na verdadeira história de Presley, um exemplar da ararinha azul que era mantido em cativeiro no Colorado, nos Estados Unidos, e que voltou ao Brasil em 2002, depois de 25 anos no exterior, virando notícia no mundo inteiro.
Este tipo de ararinha é originário na caatinga na Bahia, e vivia próximo do município de Curuça, no vale do Rio São Francisco. Ele foi extinto na natureza pela ação predatória e inescrupulosa do homem.
Hoje existem 73 indivíduos da espécie criados em instituições do mundo inteiro, que se esforçam para manter viva a ararinha azul. Destes, 54 estão no Catar, na Al Wabra Widilife Conservation. Apenas 3 delas chegaram a viver na natureza: Presley, a que inspirou o filme; uma no Catar e outra nas ilhas Canárias.
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Obrigada pelo comentário. bjs Lou