Resultado do PET

Preciso compartilhar com vocês uma notícia boa demais: a Dra. Luci Ishii, minha oncologista, ligou para dizer que o PET trouxe um excelente resultado e que o tratamento está dando certo. O câncer está sob controle.
O do esterno, que era o de pior estado, está quietinho, dormindo em berço esplêndido e somente um arco costal, o de número 11, ainda apresenta uma pequena atividade.  Os demais focos de câncer estão controlados e espero que fiquem assim e acabem morrendo de vez. Oh alívio!
O tykerb é uma medicação realmente eficaz. Comecei a usá-la juntamente com o xeloda, quando o hercepetin parou de fazer efeito e o câncer espalhou para tudo quanto era canto do meu corpo. Cheguei a acreditar que meu fim estava próximo. 
Na época que iniciei o tykerb com o xeloda  a expectativa de sobrevida não era lá muito animadora, mas já se passaram mais de dois anos e eu estou muito bem, obrigada. Parei de usar o xeloda há mais de um ano e iniciei o anastrozol.  Nota 10 para estes dois  remédios que estão controlando a doença com tanta galhardia.  As duas medicações trabalham muito bem juntas, e os efeitos colaterais são pequenos.
Agora é só agradecer e comemorar a vida.

Aguardando...

Aguardar, seja lá o que for, não é fácil. Dependendo da situação você começa a suar,  o coração fica aos pulos e os olhos esbugalhados. Só não estou roendo as unhas porque não tenho este hábito, mas cortei tudo bem curtinho...

Este primeiro parágrafo serve para ilustrar muitas situações, concordam? Se estamos aguardando alguém especial, uma prova difícil, uma resposta que parece nunca chegar...

No meu caso a ansiedade se explica porque estou aguardando o resultado do PET e por mais que eu tente me manter tranquila fica difícil. Nunca dá para ter certeza absoluta de que tudo está bem quando se trata de câncer. Concluí, depois de muitos sustos, que a doença é chamada maligna porque ela trabalha em silêncio, no escuro... muitas vezes a maldita não dá nenhum sinal e já fez um estrago enorme. É um susto daqueles... Já passei por isto algumas vezes. Como um ladrão na noite, o câncer vai se esgueirando pelas reentrâncias do corpo e roubando um pedaço de  vida, de vitalidade...

Ontem ligaram do laboratório e num primeiro momento pensei: ihhh, f... se estão ligando do laboratório é porque o bicho pegou... Felizmente não era nada disto. Eles só estavam querendo avisar que o resultado não ficaria pronto na noite de ontem. Ainda bem, mas gato escaldado tem medo de água fria...

O bonsai de goiabeira e sua goiabona

Preparando o enxoval da filha

Minha filha completou 25 anos no dia 2 de fevereiro. Nossa! Como o tempo passa... e como passa depressa. Parece que foi ainda ontem que ela nasceu... Ainda sinto saudades daquele bebê de bochechas cor de rosa e ela já está falando em casamento...


Já que a intenção é a de casar e mudar, aproveitei o repouso forçado e, com a ajuda da Helena e da minha mãe, comecei a preparar o enxoval, como antigamente, no tempo de nossos pais e avós... Fizemos lindos panos de prato, jogos americanos, um pegador de panelas e até um avental.

A bem da verdade, acho que ela não ficou muito entusiasmada com os mimos... Ela adora comer bem, mas preparar a comida... hum, o futuro marido que se prepare. Das duas, uma: ou vai comer muito mal, ou ele mesmo vai cuidar de pilotar o fogão. Ela é um desastre com as panelas mas, em compensação, é excelente advogada.
Exagero! Nem um pouco. Ela é muito boa profissional mesmo, e nem adianta me chamar de mãe coruja...

Passando o tempo

No final das contas acabei não podendo viajar, culpa da fratura no pé e do risco de trombose. Minha filha e minha irmã embarcaram sozinhas no navio. Sozinhas é um exagero, pois o navio comporta 1.700 passageiros e mais um montão de tripulantes...

Fiquei em casa com minha mãe que está com mais de 80 anos então, preocupada, a Helena resolveu vir fazer-me companhia durante os dez dias de duração da viagem. Aproveitamos o tempo bordando panos de prato e jogos americanos que ficaram lindos. Minha mãe também participou do processo de criação, pois era ela quem costurava as barras de tecido colorido com detalhes de viés e bordado inglês.

A Helena além de prima é minha grande amiga. Com ela o tempo pareceu passar mais rápido. Além das aplicações e dos bordados, conversamos muito estes dias, nosso esporte predileto. Falamos sobre qualquer coisa que nos vem a cabeça e é sempre muito bom. Às vezes, é sobre algum livro que lemos e gostamos muito, outras é sobre filmes e cinema, que ela adora, ou qualquer outra coisa,

Agora estou sem o gesso e livre da cadeira de rodas, mas como o pé ainda está inchado e dolorido sou obrigada a ficar mais quieta. Ainda não estou conseguindo fazer caminhadas mais longas, pois andar mancando é cansativo, mas o simples fato de andar dentro de casa e fazer as coisas sem precisar de ajuda é um progresso que só mesmo quem já usou uma cadeira de rodas e precisou de ajuda para as coisas mais simples e corriqueiras sabe avaliar.

Na última segunda-feira fiz outro PET. Esse exame faz uma espécie de varredura em todo o corpo, desde o cérebro até as pernas, e marca qualquer ponto suspeito de câncer. O resultado do PET que fiz no ano passado foi muito promissor e eu espero que esse seja ainda melhor. No meu caso, que é câncer em estadiamento IV (metastático), não dá para abrir a guarda. É importante estar sempre alerta e não dar espaço para o descuido, pois ainda quero permanecer viva e bem disposta por mais um bom tempo ainda. Esperança e otimismo são remédios eficazes e eu prefiro usá-los sem parcimônia, pois tenho muita preguiça de ser infeliz e amarga.