Rio Sucuri - Bonito/Mato Grosso do Sul


         Saímos para o Rio Sucuri que fica a uns 40 km do centro, mas como a estrada é de terra e estava com muitos  buracos cheios de água da chuva que tinha caído, o percurso demorou mais tempo do que o necessário.

            Assim que chegamos fomos até o galpão onde ficam as roupas de mergulho e cada um recebeu a sua. A roupa de neoprene era ruim de vestir porque estava molhada, além de muito mal cheirosa. Os sapatos eram umas botas encharcadas e fiquei só imaginando quantas pessoas já teriam calçado aquilo antes de mim... (sou muito nojenta mesmo, confesso).


            Alguns minutos depois de vestir a roupa de neoprene senti meu braço incomodar e percebi que a roupa estava apertando muito o braço direito que é mais inchado por causa da retirada dos glânglios linfáticos. Perguntei  quanto tempo duraria a flutuação no rio e quando o guia informou que seria de mais ou menos uma hora e meia resolvi não participar porque seria um desastre ficar com o braço apertado durante tanto tempo. Ele tentou me convencer do contrário, mas quando eu disse que poderia dar trabalho por causa do meu problema de saúde ele também recomendou que eu não fizesse o passeio.


            Quando meus amigos estavam prontos para embarcar no caminhão que os levaria para o início do passeio  a chuva voltou a cair, mas como eles iriam entrar na água isto não fazia muita diferença. Eu e dona Terezinha, que também não fez o passeio, fomos com o grupo até o ponto de partida que era uma caminhada pela mata para observar a natureza e os animais. Como a chuva tinha dado uma estiada, fomos com o motorista até o mirante onde fica a nascente do Rio Sucuri e vimos um poço incrivelmente cristalino, de águas muito azuis. O grupo já havia se distanciado, então nós retornamos para o caminhão e voltamos para a fazenda onde ficamos batendo papo enquanto aguardávamos a volta do grupo para almoçarmos juntos.

            No final da trilha o grupo pegou o barco a remo para iniciar a flutuação. A descida demorou aproximadamente 45 minutos flutuando na correnteza e observando os cardumes de piraputangas e outros peixes, e também as plantas aquáticas. Esta parte do passeio não posso descrever  porque infelizmente não fiz, mas todos que fizeram disseram ter gostado da experiência, apesar da água fria do Rio Sucuri. A Kátia que é muito magra reclamou que sentiu muito frio durante a flutuação e que isto acabou sendo um pouco desconfortável. Os outros disseram apenas que ficaram um pouco desapontados porque não conseguiram visualizar muitos peixes como era o esperado.
            Assim que o grupo retornou fomos almoçar e depois do almoço retornamos para Bonito. Já era tarde quando chegamos na pousada, e desistimos do passeio para o Balneário Municipal. Achamos melhor deixar para a manhã do dia seguinte para podermos aproveitar melhor tudo o balneário oferece.
A noite Maura e eu saímos para dar uma volta pela cidade e paramos para comer o famoso Pastel Bonito, um pastel feito na hora e muito gostoso. Escolhemos o pantaneiro II que é recheado com carne seca, banana e requeijão, e o de mandioca, com recheio de mandioca, carne seca e mussarela, ambos deliciosos. O pastel com recheio de jacaré é muito recomendado, mas não experimentamos. São mais de 20 diferentes recheios de pastel, que saem quentinhos e crocantes. Lá eles também servem sucos naturais, café cremoso, chocolate quente e caldos. Vale a pena experimentar.

Pastel Bonito
Rua Cel. Pilad Rebua, 1975

Passeio no Rio de Peixe - Bonito/Mato Grosso do Sul



 O guia queria sair muito cedo e fui logo dizendo: estamos de férias e não precisamos madrugar. Que tal marcarmos a saída para as 9 horas? Simples assim. O guia concordou e todos gostaram da idéia de dormir um pouco mais antes de sairmos para conhecer as cachoeiras e trilhas do  Rio do Peixe, em Bonito.




            Saímos pontualmente às 9:00 horas e em pouco tempo estávamos na Fazenda Água Viva que fica a mais ou menos 35 Km do centro. O passeio é dividido em duas partes: pela manhã fizemos uma trilha percorrendo um pouco menos do que dois quilômetros, mas andamos devagar para apreciar a vegetação e tentar ver algum animal silvestre. Ouvimos mais do que vimos é verdade, mas o passeio valeu a pena. Paramos em vários pontos para um banho de cachoeira bem geladinho e também passamos por algumas cachoeiras que estavam secas nesta época do ano, mas nem por isto deixaram de exibir uma beleza incrível, que só a natureza sabe esculpir.


            Durante o percurso o guia ia mostrando uma árvore diferente aqui, outra ali,  e chamou nossa atenção para a figueira mata pau, uma espécie de árvore que vai crescendo e abraçando a árvore hospedeira até matá-la. Ela faz isto principalmente com uma palmeira da região. É o abraço da morte. Figueira oportunista...



            Ele nos mostrou a sensível  flor desta orquídea minúscula da foto abaixo, a coisinha mais delicada que já vi. Eu, certamente, teria passado batido por ela.


            De vez em quando parávamos para um banho de cachoeira. A água era gelada que dava até medo, mas uma vez mergulhado ficava gostoso, pois o calor era de rachar o côco.


            Paramos numa cachoeira seca que dava até dó. As pequenas poças d’água que sobraram  das chuvas passadas aprisionavam alguns peixes de pouca sorte. Ainda bem que a estação das chuvas está chegando para livrar os coitados da morte certa...



O que deveria ser uma cachoeira de águas frescas e cristalinas era agora  uma pequena gruta linda demais, cheia de estalactites ou alguma coisa muito parecida com isto. Até pensei em entrar, mas a primeira que se aventurou saiu correndo e gritando por causa de morcegos. Preferi ficar só fotografando... deixei os morcegos sossegados nas frestas frescas e escuras da caverna. Contou-nos o guia que aquele local, há muitos e muitos anos, era o fundo do mar. Não conferi a veracidade da história, mas posso afirmar que o lugar era lindo.


Continuamos na trilha e paramos num local para banho que estava repleto de peixes. Eram piraputangas gordas e tranquilas, pacus e até dourados. Eles nadavam tranquilos  naquelas águas onde a pesca é proibida.

Passamos por duas pontes suspensas que balançavam prá caramba e chegamos num poção bem fundo que servia para saltos incríveis. Alguns turistas mais corajosos se jogavam gritando no fundo do poço e saiam do outro lado nadando e rindo para começar tudo de novo. Confesso que fiquei só olhando e morrendo de vontade de dar um salto, mas não tive coragem. Preciso voltar a ser criança novamente...




Ficamos na parte rasa do rio, próximo de uma cachoeira linda. Os peixes nadavam em volta sem se incomodarem com a presenta de tantos turistas. O guia me passou um saco cheio de ração que eu jovava só para ver o cardume pular fora d’água. Era uma festa!



Voltamos devagar pela mesma trilha, pois já passava das 13:00 horas e todos estavam famintos. O almoço estava muito gostoso e as sobremesas também. Em seguida deitamos nas redes para um cochilo, pois depois das 15:00 horas teria a segunda parte do passeio que era outra trilha de uns 800m, com mais três cachoeiras.
Dormi embalada pelo ruído das águas do rio que passava próximo e até sonhei. Sonhei que eu era de novo uma garotinha destemida, pulando no rio gelado, mergulhando sem medo no poço fundo... eu gargalhava alto no sonho e acordei sorrindo ouvindo a voz do dono da fazenda que carregava um punhado de bananas maduras enquanto chamava os macacos.


Após a exibição dos macaquinhos que vinham pegar os pedaços de bananas nas mãos dos turistas, foi a vez da exibição da arara azul. Ele primeiro colocou a arara em cima do meu ombro e depois na minha cabeça. A arara era mansa e bem esperta, pois sabia que cada vez que atendia um comando ganhava um petisco gostoso.




A tarde caía devagar quando saímos da fazenda. Estávamos todos cansados, mas felizes. A noite fomos jantar no restaurante Casa do João que serve uma das melhores comidas da cidade. Pedimos um prato de torresmo que estava tão gostoso que precisou ser repetido. Foi na Casa do João que provei carne de jacaré e aprovei o sabor. Recomendo sem medo de errar.

Casa do João
Rua Nelson Felício dos Santos, 664-A
Bonito - Mato Grosso do Sul
www.casadojoao.com.br
joao@casadojoao.com.br



Viagem para Bonito/Mato Grosso de Sul

         Chegamos às 11h no aeroporto de Brasília e para nossa surpresa fomos informados no check in que o vôo estava lotado e nosso grupo não poderia embarcar. Éramos 9 amigos empolgadíssimos com a viagem para Bonito que pelo jeito já estava começando a dar errado. A Kátia ficou uma fera, esbravejou, reclamou, mas foi tudo em vão, o funcionário da TAM insistia em dizer que não tinha a menor chance de embarcarmos naquele vôo e que o melhor que ele poderia fazer era nos colocar em um vôo que iria para São Paulo e de lá embarcaríamos para Campo Grande; caso contrário só poderíamos embarcar no dia seguinte.
           E bate boca daqui, bate boca dali, a TAM propôs pagar um reembolso de R$ 200,00 (duzentos reais) por pessoa para compensar o transtorno. Como o estrago já estava feito e nós tinhamos que chegar em Campo Grande na terça-feira porque já tínhamos contratado e pago o traslado até Bonito, o jeito foi aceitar a compensação financeira (que a TAM ficou de depositar em conta) e embarcar para São Paulo. Só para atrapalhar um pouco mais o avião que foi para Guarulhos balançou feito uma jardineira em estrada de terra. Pensei: só falta essa droga cair... E se isto acontecesse eu ainda era responsável pela abertura da porta de emergência, isto se chegássemos inteiros em terra...  Quando desembarcamos foi aquela correria porque o outro avião estava apenas aguardando nossa chegada para decolar. Um stress, mas acabou tudo bem.

ponto de parada no caminho entre Campo Grande e Bonito

          Chegamos quase no final da tarde em Campo Grande,  mortos de fome. Eu só tinha tomado o café da manhã e estava enjoada, mas eu sabia que era fome. Fui procurar alguma coisa para comer, mas naquela altura da tarde só encontrei alguns salgados no aeroporto e não me animei muito. Como detesto salgado muito grande, porque costuma estar meio cru e é sempre ruim, escolhi uma empada de carne seca mas mesmo assim não consegui comer tudo. Todos fizeram um lanchinho meia boca e embarcamos na van com destino a Bonito. Foram quatro longas horas de viagem e choveu um bom trecho da estrada.


           Chegamos depois das 20:00h em Bonito, fizemos nosso check in na pousada e saímos para jantar. Escolhemos um restaurante com música ao vivo, o Taboa, mas ninguém aprovou a comida. Em compensação na noite seguinte jantamos no Restaurante do João e a comida estava excelente, além de muito bem servida. Experimentei carne de jacaré e aprovei a iguaria. Aliás recomendo o restaurante, pois tudo o que pedimos estava delicioso e com preço justo. 

Novo oncologista, novo protocolo e o Mito de Ulisses


         Resolvi seguir minha intuição, que não costumar falhar, e procurei outro oncologista para uma consulta. Acho interessante um olhar novo para um caso velho... a ciência está avançando numa velocidade inacreditável, e sempre existe alguém surfando a onda certa... não custa nada tentar, ouvir uma outra opinião. Acho que acertei na mosca.  Saí muito animada com a conversa que tive com o Dr. Alessandro, do Hospital Sírio-Libanês de Brasília.
Adoro mitologia e entendo os mitos como ensinamentos para aplicação no nosso dia a dia. O mito de Ulisses, por exemplo, conta a saga do Rei de Ítaca para encontrar o caminho de volta para sua terra natal. O rei  Ulisses  levou muitos anos naquela jornada, perdeu muitos homens e barcos, passou por muitas provas até alcançar seu objetivo. Ele saiu de Ítaca com muitos homens e barcos, mas retornou sozinho.
Você deve estar se perguntando: o que uma coisa tem a ver com a outra? Tem tudo, pode ter certeza. Olha só: Ulisses usa uma barca como veículo em sua jornada. Num barco é necessário consertar as velas  quando o vento as destrói. Se as velas não estiverem perfeitas o barco não sai do lugar. Outra coisa: o comandante precisa estar alerta e sempre há um vigia no alto do mastro  perscrutando  o horizonte em busca de sinal de piratas ou de terra a vista, não é verdade? E outra coisa: para o barco navegar é necessário levantar a âncora para sair do porto. É necessário soltar as amarras.
Sou ora o Ulysses,  ora o vigia, a vela rota, sou cada um dos personagens do mito. Somos, todos nós, viajantes na vida; e já faz algum tempo que venho empreendendo uma longa viagem para dentro de mim.
Como o vigia do barco no alto do mastro perscrutando o horizonte, olhei para mim e observei atentamente meus novos sintomas. Não dá para baixar a guarda, afinal quem conhece melhor o meu corpo e como ele funciona sou eu mesma. Resolvi seguir minha intuição e ouvir uma nova opinião;  procurei saber se existe no mercado  algum remédio novo e mais eficiente para o meu caso.
Como Ulisses, é preciso estar sempre alerta e é fundamental consertar as velas rasgadas pelo vento. Tenho câncer metastático ósseo que já comprometeu duas vértebras, três costelas, quase todo o esterno, e agora parece ter avançado também no fêmur.  É necessário consertar minha estrutura óssea que está danificada, pois não tem graça nenhuma ficar quebrando do nada, sentindo dor e correndo riscos desnecessários.
           Já tive câncer espalhado por quase todo meu corpo. Já perdi a voz por causa de tumores, já estive mais prá lá do que prá cá, mas para minha sorte, meus órgãos vitais estão preservados e nunca tiveram câncer e, tirando o câncer ósseo, estou muito bem agora.
Soltar as amarras... pode até ser assustador, mas é necessário. Afinal, se quero chegar a algum lugar não posso ficar presa, amarrada no cais do porto da mesmisse. Chegou a hora de fazer uma mudança, vamos fazer. E assim eu vou,  mesmo assustada e com um pouco de medo, o que deve ser natural, superando cada uma das provas que se apresenta na minha jornada. Faz parte do jogo da vida...
O Dr. Alessandro Leal  suspendeu o anastrozol porque para o tipo de câncer que eu tenho esse remédio não tem eficácia nenhuma. Por outro lado ele sugeriu que eu volte a fazer o herceptin associado ao tykerb que já faço uso, pois este duplo ataque costuma ser bastante eficiente para casos como o meu.
Na primeira semana de novembro vou colocar novamente o catéter para facilitar a quimioterapia. O novo protocolo vai ficar assim: Lapatinibe diariamente, Trastuzumabe a cada 21 dias e denosumab a cada 28 dias. Quero ficar, no mínimo, estável e sem dor e, lógico, continuar tendo qualidade de vida.             

City tour em Montevideo


              E o dia amanheceu frio e nublado, mas não estava chovendo. A guia chegou pontualmente no hotel e logo saímos para o passeio. A Raissa, que não gosta de frio e dias nublados, ficou emburrada no ônibus e não quis descer em nenhum dos pontos turísticos, uma pena... Desci sozinha, fiz minhas fotos e até tirei fotos para outros turistas. A neblina estava tão baixa que cobria o topo de alguns prédios históricos, como o Palácio Salvo.


            Nosso passeio começou na Praça Independência, onde fica a Porta da Cidade, única parte do antigo muro que em 1746 circundou a cidade de Montevideo. Lá também está o monumento do General José Artigas, e o Palácio Salvo. Perto da Porta da Cidade é também o início de uma rua de pedestres cheia de lojas e restaurantes.


            Seguindo pelo Prado  vimos a escultura dedicada aos últimos Charrúas, índios que foram dizimados por lá. A guia nos contou que os últimos Charrúas foram quatro indígenas remanescentes da Batalha de Salsipuedes, que foram enviados a Paris para estudos científicos. Coitados... Eram uma mulher chamada Senaqué, e três homens, Tacuavé, Vaimaca Perú e Guyunusa.


            No Parque do Prado paramos para fotografar uma grande escultura, inaugurada em 1922, chamada La Diligência. É uma homenagem aos meios de transporte uruguaios que existiram antes da chegada dos trens. A escultura, que tem um movimento impressionante (você tem a impressão que os animais estão vivos e andando) é de José Belloni que também fez a escultura de “La Carreta” e “El entrevero”.



            O Teatro Solis, datado de 1856, é o orgulho de Montevideo. Na Cidade Velha também  está o Mercado del Puerto, uma parada obrigatória para todo turista. É lá que se come a tradicional parrillada uruguaia. Uma curiosidade que a guia comentou sobre a carne uruguaia, que é muito macia: ela explicou que  isto acontece porque o país é plano e os bois não ficam subindo e descendo morros e por isto não criam músculos e sua carne fica mais macia e tenra.




            Estando minha companheira de viagem um tanto quanto quieta e emburrada, optamos por voltar ao hotel ao invés de ficarmos no centro. Ela foi dormir novamente e eu, para variar, fui bater perna, meu esporte predileto.

De volta a Montevideo


            O domingo amanheceu com chuva em Punta del Este então decidimos tomar nosso café da manhã e voltar ainda de manhã para Montevideo.  Além do mais nosso check out era muito cedo, às 10 h da manhã.
            Com chuva tivemos que chamar um taxi que cobrou 90 pesos para rodar pouco mais do que alguns  metros até a rodoviária. Dava até para ir andando se não fosse o aguaceiro que estava caindo. Vou logo avisando: quem estiver disposto a conhecer Punta, é melhor preparar o bolso, principalmente se for no verão.

            Chegamos no hotel em Montevideo por volta das 15h e resolvemos almoçar lá mesmo. Acertamos em cheio: pedi um nhoque com frango, cogumelos frescos, rúcula e molho de mostarda dijon que estava divino. A Raissa comeu uma carne com uma batata rosti que também estava muito boa e tomamos um Merlot. A conta ficou em 885,00 pesos, o equivalente a mais ou menos R$ 88,00 o que é um preço excelente, principalmente se considerarmos que era no restaurante do hotel e estava incluído o vinho.


            O tempo também não estava bom em Montevideo, mas assim que a chuva parou fui caminhar sozinha no calçadão. De vez em quando eu me sentava num dos muitos bancos espalhados ao longo do calçadão,  para descansar e ficar observando o movimento. Muita gente caminha no calçadão, e o que achei bem interessante é que grande parte das pessoas caminha carregando uma garrafinha térmica e bebendo chimarrão na cuia. Outra coisa que também observei é a grande quantidade de cachorros caminhando com seus donos. O ruim disto era que a calçada e a praia ficavam  cheia de cacas espalhadas. O povo não tem o cuidado de recolher a sujeira dos seus animais de estimação, então é  preciso tomar cuidado para não pisar numa delas. Eca!


            O tempo continuou nublado e frio, mas eu estava bem agasalhada. Caminhei bastante e me diverti sozinha enquanto observava ora as pessoas, ora a natureza e seus animais divertidos. Vi  passarinhos que brigavam por território, um cachorro que corria latindo para uma onda e assim que chegava mais perto  saía em disparada, uma criança aprendendo a andar de bicicleta, outra aprendendo a dar os primeiros passos... era  a vida acontecendo.

               
              Quase ia me esquecendo de comentar sobre uma curiosa construção que fica de frente para a Rambla e que destoa completamente do estilo arquitetônico do local. Aliás, a bem da verdade, o que vemos da Rambla é na realidade a parte do fundo da construção do Castillo Pittamiglio.



               Aquele estranho castelo feito de tijolos vermelhos foi construído pelo excêntrico arquiteto Humberto Pittamiglio que era um alquimista. A construção data de 1910 e até a morte do arquiteto, lá pelos anos de 1966, ele continuou modificando o interior do prédio que é um verdadeiro labirinto que não conduz a nada e a lugar nenhum. São vários quartos e cantos sem fim. Cheio de símbolos obscuros, a construção representa a vida do alquimista. A parte dos fundos, que dá para a praia e que chamou minha atenção, tem o formato redondo e uma imagem da Vitória da Samotracia suspensa pela proa de um barco. É no mínimo curioso, e vale a pena uma visita.
            Já era tarde quando voltei para o hotel. Resolvi dormir mais cedo porque o dia seguinte era o city tour e a guia  iria passar para nos pegar às 8:00 horas da manhã, de madrugada para quem está de férias.

Punta del Este - city tour - Casa Pueblo


        O sábado amanheceu com chuva e vento frio. Que tristeza... Praia e chuva não combinam. Levantamos um pouco mais tarde e tomamos nosso café da manhã sem pressa, pois além de estar chovendo nosso city tour estava programado para às 14:30h, então tínhamos tempo de sobra.
            Mais ou menos por volta das 13h parou de chover, aproveitamos a estiagem e saímos para almoçar. Voltamos para o hotel para aguardar o ônibus de turismo e saímos para o passeio pela cidade.


            Visitamos bairros chiques como Beverlly Hills, onde as casas são luxuosas, caríssimas e ao invés de números elas são identificadas por nomes. É lá que ficam os ricos e famosos.


            Passamos pela ponte Leonel Viera (nome do matemático que a projetou), e  que liga Punta a praia de La Barra. O motorista fez questão de acelerar o carro para garantir uma diversão extra aos turistas e aquele frio na barriga... A ponte é mais conhecida como ponte ondulada, e seu formato lembra as ondas do mar.


            Fizemos uma parada no Porto e vimos bem de perto os leões marinhos que vivem por lá. Eles estão tão acostumados com os pescadores e turistas que ficam por ali parecendo até  uns bichinhos de estimação. Os leões atendem pelo nome e  sobem devagar até a beira do pier para  pegar cabeças de peixe que os pescadores reservam para fazê-los sair da água. Estão tão bem alimentados que nem se incomodam com o monte de gaivotas que nadam por perto, disputando restos de peixe com eles. As gaivotas são tão folgadas que chegam a pousar nas costas dos leões marinhos.



            Nossa outra parada foi na escultura dos dedos, que segundo seu idealizador e escultor, simbolizam o trabalho do homem na natureza. Mário Irrazábal é o artista que esculpiu aqueles estranhos dedos saindo da areia, e o nome da escultura é La Mano.


            Conhecemos também a Igreja de Nossa Senhora da Candelária e posamos para uma foto em frente ao farol.


            Saímos dali e fomos em direção a praia de  Punta Balena para conhecermos um badalado ponto turístico que fica a uns 15 km de Punta: a Casa Pueblo, construída pelo artista uruguaio Carlos Páez Vilaró. Parte da casa hoje é um museu e a outra é um hotel. O ponto alto é o por do sol, quando os turistas, além de se embriagarem com o espetáculo da natureza ainda podem ouvir o artista Vilaró declamando uma poema em homenagem ao sol. É lindo! Emocionante. O pôr do sol pinta de dourado as águas do mar e deixa qualquer um que assista o espetáculo em êxtase.



            A Casa Pueblo está construída numa encosta e é toda voltada para o mar. Sua construção é baseada no trabalho do João-de-barro, um passarinho que eu adoro. O reboco das paredes não é lisinho, é todo ondulado, como o passarinho costuma fazer. A  Casa Pueblo é inteira pintada de branco, contrastando com a cor escura da  encosta e o mar azul a sua frente.











            Ahhh, e para quem gosta de cultura inútil como eu, é bom saber que foi a Casa Pueblo que inspirou Vinícius de Moraes a escrever aquele poema que virou uma música que toda criança adora: “Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada. Ninguém podia entrar nela não, porque na casa não tinha chão. Ninguém podia dormir na rede, porque na casa não tinha parede. Ninguém podia fazer pipi, porque penico não tinha ali, mas era feita com muito esmero, na rua dos morros número zero.”
            O final da letra, na verdade era assim: "... mas era feita de pororó, era a casa de Vilaró. " E agora a casa tem teto. E Vinícius era amigo de Vilaró. FIM.