É proibido viajar em pé

     O tempo ruim, que é comum por estas bandas, parece que veio para ficar. Ontem amanheceu chovendo e o dia todo o tempo ficou ruim: dava uma estiada e depois voltava a chover. Não era uma chuva forte, era chuva de molhar bobo; aquela chuvinha que você jura que não vai fazer diferença mas que no final do passeio te deixa encharcada o bastante para pegar uma gripe daquelas de encomenda. Ainda bem que eu estava usando meu abrigo novo que protege da chuva fina ou forte e do vento gelado também.
     Ontem eu, a Helena e o Lionel fomos passar a tarde Saint-Malo, e fomos de ônibus. É muito fácil e barato: a passagem custa apenas 2,30 e a parada do ônibus fica bem perto do nosso apartamento em Dinard. A Maura preferiu ficar jogando no cassino em Dinard. Ela adora brincar naquelas máquinas de caça-níqueis.
     Quando entrei no ônibus e fui pagar a passagem devo ter falado alguma coisa em português com a Helena. O motorista, que era português, ficou todo animado e falou comigo em português também. Rimos juntos porque é sempre bom encontrar alguém que fala a nossa língua quando estamos longe de casa.
     Chegamos em Saint-Malo pela Porta Vincent, que fica perto do castelo. Caminhamos pelas ruazinhas estreitas da cidade intramuros procurando um sapato confortável para o Lionel. Entramos em várias lojas de sapato e eu até fiquei surpresa com a quantidade delas naquela cidade tão pequena, mas depois que saímos da cidade intramuros percebi que Saint-Malo é muito grande do lado de fora das muralhas.
     O Lionel é exigente e custamos a encontrar alguma coisa que se encaixasse no bolso e no gosto dele. Finalmente ele encontrou o sapato que queria e o preço foi até razoável para os padrões daqui. Sapato na Bretanha, pelo que vimos até agora, é um artigo caro demais. O pior é que todo mundo precisa andar calçado por aqui porque o frio e a chuva não permitem que os pés fiquem descobertos e desprotegidos.
     A chuva voltou a cair em Saint-Malo e o friozinho convidava a um chocolate quente. Foi o que fizemos. Paramos num lugarzinho simpático e aquecido e tomamos um gostoso chocolate quente que serviu para aquecer nosso corpo, e a conversa agradável e descontraída aqueceu nossos corações reforçando nossa amizade.
     Quando pegamos o ônibus de volta para Dinard eu e a Helena sentamos nas duas primeiras cadeiras e observei uma coisa interessante. Era hora da volta dos alunos para casa e numa das vezes que o ônibus parou o motorista não abriu a porta. Primeiro ele se levantou e foi até o final do ônibus contando os assentos vazios para saber quantos alunos poderiam entrar e então ele abriu a porta do ônibus e falou com os alunos que entraram em silêncio e sem fazer algazarra. Dois deles ficaram para trás, é proibido viajar em pé.
      Chegando em Dinard passamos primeiro no cassino para pegar a Maura que saiu de lá toda murchinha. Desta vez ela perdeu no jogo todo o dinheiro que tinha levado. Ainda bem que ela estabelece um limite para jogar porque senão ela perderia todo o dinheirinho que trouxe para a viagem.
1 Response
  1. Anônimo Says:

    Mama, se aqui fosse proibido ficar em pé nos ônibus o caos seria total. Mas, de fato, é mto mais seguro e deveria ser assim em todo lugar.

    Tadinha da Maura. Espero que ela tenha mais sorte amanhã!

    Bjos


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou