Impressões da Abadia do Monte Saint Michel (texto da Helena)

     Ao olhar pela janela vi o mundo todo branco. Uma névoa densa nos envolvia por completo. Senti como se estivesse nas nuvens. Não via sequer a silhueta das árvores aqui em frente e o casario encontrava-se totalmente submerso na brancura imaculada desta manhã de outono. Um outono gélido, com chuvas esparsas e um vento penetrante.
   A previsão do tempo era clara neste sentido. Senti uma ponta de preocupação invadir-me. Fiquei inquieta e apreensiva pelo passeio que havíamos marcado: Mont Saint Michel as 11 h. Nada podia ser feito. O jeito era esperar e demos sorte. Quando o David chegou a névoa já tinha se dissipado, só o frio continuava. Um vento cortante penetrava sem cerimônia as frinchas dos casacos, dos sapatos, dos cachecóis... as bochechas queimavam e o nariz entupia, mas fomos assim mesmo. No meio do caminho o sol surgiu glorioso por entre as nuvens. Nosso dia estava salvo.


    Chegamos ao Mont Saint Michel antes do meio dia. Deixamos o carro no estacionamento e pegamos um ônibus que tem duas cabines. Ele não faz a volta ao chegar ao sopé do monte. O motorista troca de cabine e retorna. Do ponto final para adiante seguimos a pé. A ruazinha é estreita, cheia de lojinhas e restaurantes. Quando chegamos ainda estava vazia, mas ao voltarmos já parecia um formigueiro humano, uns indo... outros vindo... Pessoas de todo canto, todos os rostos, todas as línguas, uma verdadeira Babel, fez-me lembrar um quebra cabeça que a Lourdinha tem na sua sala. O David disse que estava tranquilo. Nos meses de alta temporada é bem pior, mal dá para circular.

    A subida é íngreme, mas há paradas com mirantes para se observar a paisagem, que é deslumbrante, e dar uma descansadinha. Há, também, muitas escadas. A Maura contou cerca de 400 degraus. Essa parte, para mim, foi a pior. Não enxergo bem e tive muito medo de cair, mas o Lionel e o David foram super gentis e me auxiliaram, principalmente na decida. Lourinha bateu uma foto quando os dois me amparavam e disse que era "Dona Flor e Seus Dois Maridos". Começamos a rir. David não entendeu nada, tivemos que explicar que era um livro de um escritos brasileiro, "Madame Fleur ét ses Deux Maris". Foi um momento de descontração.


     Há uma escada em caracol, dentro do monastério, que foi uma tortura para mim, mas consegui fazer todo o percurso. Valeu a pena.




     A construção é belíssima, arcadas góticas, colunas com chapitot, vitrais, lareiras enormes e, para completar, um claustro, com um jardim  magnífico. Os outros salões eram escuros, os vitrais pequenos filtravam pouca luz e  o tom amarelado da iluminação indireta, colocada estratégicamente, dava um ar fantasmagórico ao local, mas muito apropriado, vez que se assemelha à luz de velas, que era usual naquela época.




     No refeitório perto da capela havia uma mesa posta com frutas, verduras  e legumes, com cartazes que explicavam o uso desses alimentos pelos nobres e plebeus na idade média. Interessante que, segundo eles, os nobres só comiam  o que nascia acima do solo. Eles entendiam que tudo o que estava debaixo da terra, como as raízes e os tubérculos não eram nutritivos, deixando-os para os plebeus. As frutas eram pouco consumidas. Isso demonstra o quanto era pobre a alimentação na idade média. Podemos dizer que se alimentavam basicamente de proteína e carboidrato.  Cheguei à conclusão que somos uns felizardos.



  Quando saímos o sol estava na linha do horizonte. As águas cintilavam, proporcionando-nos um espetáculo visual de indescritível beleza. Foi um dia perfeito.

1 Response
  1. Anônimo Says:

    Gostei do texto da Tia Helena! As fotos também estão lindas! Essa viagem está fantástica, hein!!!!!


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou