Um giro pela Bretanha - Jogo de Petanque (texto da Helena)

     Quando soube que a baía do Mont Saint Michel tem as maiores marés da Europa, com amplitude de até 15m nas luas cheia e nova. Procurei saber sobre as marés em Dinard, pois estaria lá nesse período. Descobri que a amplitude em Dinard é de 11 a 12 m. Comecei a observá-la. A água sobe poderosa, avança, domina o seu território, cada dia de uma forma diferente, ora voraz, chocando-se violentamente contra os rochedos, que tentam impedi-la de passar; ora mais suave,  mais condescendente... Mas, sempre implacável.


      É impressionante a força da maré.



    Saía todos os dias para vê-la antes do ápice. Passeava pela orla com um olhar liberto, disposto a ver tudo o que estava diante de mim.
     Nessas minhas andanças via sempre um grupo que ao entardecer se reunia para jogar na areia da praia um jogo com umas bolinhas de metal. Parava na amurada e ficava observando. No começo não entendia muito bem a estratégia do jogo, mas perguntei ao Lionel e ele me disse que eles jogavam “petanque”.


     Quando voltei ao hotel procurei na Internet e descobri que a pétanque é um esporte antigo. Segundo a tradição, teria surgido no Egito e depois na Grécia, tendo sido trazido à França pelos romanos, onde se popularizou e tornou-se o sétimo esporte em número de filiados, com mais de 550 mil associados em todo país.
     Seu objetivo é, ao mesmo tempo ficar em pé dentro de um círculo começando com os dois pés no chão, jogar bolas ocas de metal junto uma pequena bola de madeira chamada Cochonnet, que é a primeira a ser lançada. O jogo normalmente acontece em terra batida ou cascalho, mas também pode ser jogado na grama, areia ou outras superfícies O vencedor é aquele que conseguir colocar a sua bola o mais perto possível do cochonnet
       O nome petanque vem do dialeto provençal e significa "pés juntos".
       A partir daí eu já o olhava com olhos de “conhecedor”. Tinha a minha equipe preferida.

    
    Definia quais eram os melhores jogadores e até torcia por eles. Já acertava quando a bolinha ia chegar mais perto do cochonet, analisando a força de impulsão no lançamento. O grupo era formado basicamente por homens idosos, cada qual com o seu equipamento, uma caixa com as bolinhas. Eles perceberam a nossa presença, olhavam e sorriam, como a agradecer pela assiduidade de tão seleta platéia. Vi poucas mulheres, geralmente sem jogar.
      O final do jogo é definido pela maré. Quando a água chega a determinado ponto é hora de parar. Eles param, recolhem as bolinhas e saem no maior bate papo.

      Vou parafrasear Drummond, nosso poeta das Gerais: Eta vida boa!
1 Response
  1. Anônimo Says:

    Mama, vc devia ter ido jogar com eles. rs

    Imagino o susto de um desavisado com essa maré...

    Bjos


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou