O resgate do gatinho

     Anoitecia e uma chuva insistente e fria caia sem parar. De vez em quando, no aconchego da sala de estar, dava para ouvir um miado de filhote de gato vindo do jardim que fica na frente da casa. Estava escuro e da janela não dava para enxergar o bichano, mas seu miado não deixava dúvidas: havia um filhote de gato chorando no meio das plantas altas do jardim.


     Quando minha filha chegou ouvimos um miado mais forte e insistente e, como a chuva havia dado uma trégua, resolvemos investigar. O Henrique acendeu a lanterna do celular mas assim que avistamos o gatinho ele saiu correndo em disparada para a rua e entrou no jardim da casa vizinha.
     A Bárbara tocou a campainha da casa e assim que foi atendida tentou pegar o filhote que se esquivava e fugia. Depois de algumas tentativas frustradas ela desistiu, voltou para casa e  me pediu para tentar capturar o gatinho fujão. Fui até o jardim e consegui pegar o filhote. Ele estava todo molhado e muito assustado, mas ficou bem quietinho em meu colo assim que o aconcheguei nos braços.


     Voltamos para casa correndo para secar o gatinho. Era um filhote preto rajado, bem pequeno e com enormes olhos amarelos. Demos ração e o colocamos numa caixa de gatos na varanda do quintal enquanto tentávamos capturar seu irmão que já tinha dado um olé em todos que tentaram pegá-lo no jardim. O pobrezinho estava tão assustado que rosnava e tentava atacar qualquer um que ameaçasse apanhá-lo. Depois de várias tentativas frustradas o outro gatinho simplesmente desapareceu entre as plantas como por encanto. Desistimos de encontrá-lo, mas deixamos comida e água perto da casinha do irmão para que ele pudesse se alimentar, caso resolvesse aparecer no meio da noite.


     No dia seguinte vimos que a comida e a água haviam desaparecido mas não havia o menor sinal do gatinho bravo e assustado. Ele havia desaparecido. Levamos o filhote resgatado para dentro de casa e em poucos minutos ele já se sentia o dono do pedaço. Corria para todos os lados conferindo os móveis e procurando um lugar onde pudesse brincar e se esconder. A árvore de natal passou a ser seu parque de diversões. Ele subia até o topo, jogava as bolinhas no chão e saia correndo e brincando com as bolinhas caídas no chão. Brincava até se cansar e depois dormia um soninho gostoso, enrolado em qualquer cantinho escondido, longe do alcance da cachorra da casa que morria de ciúmes do gato.



     Fico me perguntando: como é que uma pessoa consegue ter coragem de abandonar um filhote de gato à própria sorte, na rua, a noite e debaixo de chuva? Tem que ser uma alma muito ruim. Ainda bem que o Thor teve a sorte de encontrar minha casa. Aqui todos gostam de animais.
     
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Obrigada pelo comentário. bjs Lou