Início do novo protocolo

     Terça-feira passada fiz o primeiro ciclo da nova quimioterapia e também fiz o zometa. O enfermeiro puncionou o cateter, tomando cuidado com os pontos da cirurgia que ainda não foram retirados, dando início ao procedimento que durou mais de cinco longas horas. Correu tudo bem, para alívio de todos.
         No dia seguinte fui até a clínica tomar o neulastim para melhorar a imunidade e voltei direto para casa. Meu corpo estava todo doído por causa do zometa. Acho que no final das contas juntaram as dores e mal estar de todas as medicações, então fiquei derrubada a semana inteira. Dormi a maior parte do tempo e somente hoje acordei me sentindo melhor. Houve dias em que acordei com a dor pulsando na base da coluna e irradiando pelo corpo todo. Dor infeliz.
        Sexta-feira vou retirar os pontos. Felizmente a cicatrização foi muito boa, o que por si só já é um alívio. Agora é torcer para continuar dando tudo certo e que este novo protocolo consiga interromper o avanço do câncer.
         O que eu queria era ficar bem o bastante para poder ficar um tempo sem precisar de quimioterapia. Aliás, a bem da verdade, eu queria mesmo era ficar livre desta doença. Curada.

Aguardando o início da novo protocolo depois do implante do cateter

     Quinta-feira fiz a cirurgia para o implante do cateter e na próxima terça-feira começo o novo protocolo de quimioterapia. É torcer para que a nova medicação consiga realmente deter o avanço do câncer e que os efeitos colaterais sejam mínimos. 
      O procedimento foi um sucesso, mas ainda estou toda roxa e dolorida. Somente ontem consegui movimentar meu braço esquerdo e meu pescoço com menos desconforto. Ou o médico tinha a delicadeza de um rinoceronte ou o coitado teve uma enorme dificuldade em encontrar uma boa veia, já que as minhas andam bem estragadinhas com tantas quimioterapias durante mais de oito anos de tratamento contínuo. Até acredito mais na segunda hipótese.





      E mudando de assunto: hoje a chuva deu uma trégua, então aproveitei o dia, já que estou me sentindo bem melhor, para cuidar das plantas. As orquídeas estão cheias de botões e algumas até já floresceram. Acho que elas gostaram da sombra do novo pergolado. Os bonsais estão lindos e alguns estão começando a florescer; O de amora está carregado de frutos maduros.





 




   Eu e minha mãe tiramos várias lagartas que estavam devorando as folhas das samambaias, para alegria do Neto, o melro metálico, que comeu cada uma delas com o maior gosto. Acho divertido ver a alegria do passarinho quando levo qualquer bichinho na gaiola. Sempre que passo por perto ele estica o pescoço para ver se trago na mão algum petisco. Ele já aprendeu que levo grilos, lagartas, caramujos e minhocas que encontro no quintal para ele comer.






     Aproveitei também para colher acerolas e enchi o bolso do meu casaco com frutas maduras que estavam ao alcance da minha mão. A árvore está carregadinha, então a Suzi pegou o cano que minha mãe preparou para colher as frutas que ficam nos galhos mais altos. A engenhoca funciona que é uma maravilha, e funciona assim: numa das bocas do cano fica amarrado um saco. A pessoa dá uma cutucada na fruta que escorre pelo cano e já cai dentro do saco. Uma beleza. E a vantagem é ficar livre da coceira que os galhos e as folhas da acerola provocam. Humm, vamos nos regalar com muitas jarras de sucos preparados com frutas colhidas no quintal. Adoro fazer isto. Acho que volto no tempo e me vejo criança correndo pelos pomares dos sítios, das roças e fazendas que eu frequentava. Era bom demais e fazer isto no quintal de casa dá o maior prazer.



      E agora, enquanto escrevo, observo pela janela da sala o movimento do beija-flor e do sebinho bebendo água doce embaixo do vaso de samambaia. O beija-flor se sente o dono do pedaço e tenta espantar o sebinho ou qualquer outro beija-flor que tente se aproximar. Eita bichinho bravo.