Síndrome pés e mãos, um efeito colateral do novo protocolo

     Fiz o primeiro ciclo do novo protocolo de quimioterapia e viajei para Punta Cana e Cidade do Panamá por dez dias, só mesmo para relaxar um pouco das tensões que envolveram a venda da minha casa e a procura por um apartamento na Asa Sul, o mais próximo possível da clínica onde faço tratamento, para facilitar meu deslocamento e evitar ter que enfrentar longos congestionamentos que infernizam a vida de qualquer um.
      Nos últimos dias em Punta Cana, mesmo me escondendo do sol, percebi que as juntas dos dedos das minhas mãos começaram a escurecer. Confesso que não liguei o fato a nenhuma reação ligada ao tratamento e ainda brinquei que só tinha ficado bronzeada nos dedos das mãos.
     Cheguei em Brasília na segunda-feira de madrugada, fiz o exame de sangue nas primeiras horas da manhã e no dia seguinte fiz o segundo ciclo da quimioterapia. Não observei nenhuma reação mais adversa a não ser que minha mão estava ficando mais escura e só então me dei conta que o escurecimento da pele estava ligado a algum efeito adverso do novo protocolo.
     Duas semanas após o terceiro ciclo de quimioterapia minhas mãos incharam e ficaram muito vermelhas, além de doerem bastante. Fui até a clínica e a doutora Ana Carolina diagnosticou como síndrome pés e mãos, uma reação adversa da doxorrubicina lipossomal. Iniciei um tratamento com predinisona 20mg por cinco dias na segunda-feira e na sexta minhas mãos estavam com uma aparência bem melhor. Fiquei animada e crente que tinha me livrado do problema até que no domingo de madrugada acordei com a mão esquerda doendo muito. Levantei, lavei as mãos com água fria e passei uma pomada de cortisona. Senti um certo alívio, mas no domingo a mão esquerda começou a inchar e ficou toda roxa, além de doer muito.
     Liguei para a doutora Ana Carolina que me aconselhou ir até o Pronto Socorro do Hospital Brasilia para descartar uma possível trombose e ser medicada para aliviar os sintomas. Não existe nenhuma antídoto para a síndrome pés e mãos provocada pela quimioterapia. 
     O Pronto Socorro do Hospital Brasília estava caótico, com pelo menos uns três pacientes com sintomas de AVC chegando quase que ao mesmo tempo. Fui colocada no box 9 e esquecida lá por mais de uma hora. Fui até a recepção saber quando eu seria atendida, já que estava sentindo muito dor e minha mão estava cada vez mais inchada e roxa. A bagunça era tanta que sequer encontraram meu prontuário e foi necessário pegar uma cópia na recepção.
     Depois de quase duas horas esperando atendimento um médico apareceu para examinar minha mão que estava com uma aparência horrível, inchada e escura. Parecia uma luva de box prestes a arrebentar. A pele brilhava de tão esticada com o inchaço. O médico plantonista  conversou com minha médica por telefone e decidiram fazer uma ecografia do braço, além de medicação para a inflamação e a dor. 
     Puncionar uma veia foi outra novela. A técnica de enfermagem começou esburacando o braço, passou para a mão esquerda que estava horrivelmente inchada, tentou o polegar para novamente tentar a veia do braço. Depois de várias tentativas ela conseguiu retirar sangue para exames e colocou um acesso com o soro e aplicou a medicação. Demorou um pouco, mas finalmente a dor cedeu me dando o alívio que eu precisava. Fui então levada para fazer a ecografia que descartou qualquer sinal de trombose. O exame de sangue  estava normal, então tive alta e pude voltar para casa. Dormi bem toda a noite, pois a medicação cumpriu o papel e acabou com a dor.
     Amanheci com a mão quase normal, mas ainda pela manhã ela começou a inchar novamente, mas sem aquela dor desesperada. Na parte da tarde fui até a clínica para ser examinada pela doutora Ana Carolina. Ela fotografou minha mão e discutiu com o doutor Fernando que mandou eu tomar prednisona por mais quatro dias e iniciar  dez dias do antibiótico cefalexina. O próximo ciclo de quimioterapia que deveria  ser amanhã está adiado e talvez seja até necessário trocar o protocolo, já que a reação alérgica está muito violenta.
8 Responses
  1. Anônimo Says:

    Oi Lou
    Fico feliz por você já esta na casa nova e torço pela sua plena recuperação.
    Cadê o Thor e o Bubu? Senti falta.
    Beijos. Bia


  2. Lou Says:

    Obrigada Bia, devagar vou melhorando.
    Qto ao Bubu, ele já está no céu dos bichinhos. Ele já estava bem idoso e teve um tumor no peito e não resistiu.
    Qto ao Thor, ele foi adotado por uma família amiga e está feliz da vida.
    Na casa nova ficamos apenas com a Haseena, nossa poodle velhinha, a Mingau e a Tutuca que são nossas gatinhas viralatas adotadas e muito queridas.
    Beijo carinhoso da Lou


  3. Anônimo Says:

    Linda sua história me deu mais esperança. Minha linda mãe de 44 anos a 2 meses foi diagnosticada com câncer de mama avançado com metastase ossea na coluna, costela, quadril e externo, está com dores gigantes não consegue nem sair da cama. Tomou a primeira dose de zometa a uma semana, amanhã coloca o cateter e na terça a primeira dose de quimioterapia, será que com q com a quimio as dores melhoram? E desesperados vê lá dessa maneira sem conseguir se mexer . Vou mostrar para ela seu blog para dar animo nessa luta. Beijos Natália -Sp


  4. Anônimo Says:

    Muito linda sua história


  5. Lou Says:

    Natália,
    Meu objetivo ao contar minha história é realmente mostrar que apesar de grave e difícil o câncer tem tratamento. Já estou nesta luta há mais de 15 anos.
    Diga para sua mãe que tb usei o zometa. Para algumas pessoas, como no meu caso, os efeitos colaterais do zometa eram dores no corpo por 3 ou 4 dias, mas depois passava. Tb tenho metástases nos ossos: dois terços do esterno comprometidos, duas vértebras e algumas costelas e já precisei fazer radioterapia para acabar com as dores (e funcionou). Faço quimioterapia direto desde que as metástases foram descobertas há mais de oito anos e estou aqui para contar a história.
    Estou torcendo pela recuperação de sua mãe. Ela é jovem e vai superar este momento difícil.
    Um abraço carinhoso para vocês da Lou


  6. Nessa Says:

    Oi Lou! que bom que voltou a postar! Suas historias sao realmente inspiradoras! ver que você viaja e leva sua vida tranquilinha, apesar dos pesares eh mto bom! Natália, minha mae foi diagnosticada com metastase ossea fazem 8 meses agora, nos primeiros 3 meses depois do inicio da quimio ela nao estava andando qse nada (nos primeiros 2 meses ela literalmente nao estava andando) e tinha muitas dores, agora ela está otima, sem dores, andando, retomando a vida, espero que a historia da Lou se repita com a gente!


  7. Anônimo Says:

    Oi Lou minha mãe colocou o cateter foi tudo bem, as dores melhoraram e hoje fizemos a primeira quimioterapia e vamos a luta!


  8. Lou Says:

    Vai dar certo para sua mãe também. Estou daqui na torcida. bjs carinhosos da Lou


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou