Que delícia tomar banho com os dois pés no chão

Que delícia tomar banho com os dois pés no chão! Você já pensou nisto? Duvido...

Pode parecer um exagero afirmar algo assim, mas posso garantir que depois de quase sete semanas tomando banho sentada numa cadeira de rodas e apoiando a  perna direita em cima de outra cadeira e morrendo de medo, ou melhor, pânico, de escorregar e cair no banheiro, tomar banho apoiando os dois pés no chão e sair do box sem medo de cair,  é uma verdadeira maravilha.

Ainda preciso ficar sentada enquanto tomo banho, mas já consigo colocar os dois pés no chão. O ortopedista autorizou a retirada da bota imobilizadora porque a fratura do meu pé já está pelo menos uns 70% consolidada. O pé ainda está inchado e dói bastante, mas já é um progresso poder ficar de pé e andar sem ajuda, mesmo mancando.

Enquanto eu tomava banho apoiando meus dois pés no chão  me peguei pensando: sabe aquele banheiro lindo, que você acabou de reformar? Ele fica absolutamente inútil se a porta de entrada não tiver ao menos 70 cm de vão livre e você precisa usar uma cadeira de rodas. O box é outro problema, pois a porta geralmente é estreita e não cabe uma cadeira de rodas. A pia é outro problema: se for muito alta a cadeira não alcança, mas se for baixa e tiver armário embaixo também não serve para nada. O meu banheiro fica dentro deste critério do absolutamente inútil para cadeirante.

O único banheiro que a cadeira de rodas entrava sem problemas em minha casa era o do quarto de empregada e foi o que me salvou. Além da porta de entrada ser mais larga eu ainda não havia colocado o box e como o piso é reto, sem ressaltos, a cadeira deslizava para baixo do chuveiro sem dificuldade. Mandei instalar as barras de segurança e melhorou ainda mais.

Agora que vi o quanto é importante o acesso fácil e seguro ao chuveiro, decidi colocar apenas uma cortina naquele box. Entrar e sair de um box sem poder apoiar um dos pés deixa qualquer um inseguro.  Para mim, a pior hora do dia era a hora de sair do banho, pois o medo me paralisava. Tudo o que eu queria era não quebrar outro pedaço dos meus preciosos ossinhos.

Falando sério, acessibilidade é muito importante. É fundamental. Todos deviam pensar nisto quando constroem ou reformam suas casas, pois um simples ressalto no piso é o bastante para atrapalhar a mobilidade do cadeirante e nenhum de nós, ninguém mesmo, está livre de precisar de uma cadeira de rodas, mesmo que temporariamente como foi o meu caso.
 
Experimente usar uma cadeira de rodas em sua casa, só para conferir o que estou afirmando.

Tirando o gesso e colocando o robofoot

Ontem minha perna direita doia muito. A dor começava no pé fraturado, pulsava na panturrilha e subia até a virilha, tornando difícil manter o bom humor. O joelho estava me matando e até o peito doía. Um mal estar generalizado tomava conta de mim e eu não estava gostando nada daquilo.
Como sou contra encher o corpo de remédio para dor e ficar dopada, primeiro tentei entender o que estava acontecendo comigo. Notei que quando eu esticava um pouco o pé quebrado dentro do gesso sentia um certo alívio, mas como o pé estava muito preso no gesso a manobra era quase impossível.
A noite não consegui conciliar o sono porque a dor estava se tornando mais e mais forte, então decidi que era hora de procurar um hospital. Minha irmã me levou ao pronto-socorro onde fui atendida pelo ortopedista de plantão. O médico sequer olhou para mim ao perguntar o que eu estava sentindo e depois que expliquei o problema ele apenas questionou o porquê de eu não ter tomado um analgésico. Respondi, já bem irritada, que não concordo em encher a cara de analgésico sem antes tentar eliminar o motivo da dor que, no meu caso, estava na cara que era o gesso que pressionava o pé e a perna além do necessário. No mínimo o pé fraturado estava inchado dentro do gesso, provocando todos os outros sintomas.
Ele examinou o RX, perguntou a data da fratura e disse que após um mês, e estando o osso parcialmente consolidado, já era possível retirar o gesso e concluir o tratamento usando apenas a bota imobilizadora, que é menor e mais leve do que o gesso.
Assim que  a atendente retirou o gesso senti um alívio imediato.  Meu pé e a perna finalmente estavam livres da pressão e do peso do gesso. O médico examinou o pé, viu que estava realmente um pouco inchado mas não apresentava maiores problemas e autorizou a colocação do robofoot. Apenas recomendou que eu mantivesse o repouso por mais duas semanas e voltasse a procurar o médico que estava acompanhando o meu caso.
Saí do hospital ainda sentindo dores e assim que cheguei em casa tomei um analgésico e me deitei. Quando o remédio começou a fazer efeito consegui dormir e acordei  me sentindo outra. As dores haviam desaparecido e todo o mal estar já fazia parte do passado.
Mais uma vez tive certeza de que não adianta mascarar o sintoma da dor com analgésicos. É importante tentar eliminar o que está causando a dor.

Efeitos colaterais de uma fratura

Meu pé resolveu fraturar por vontade própria há pouco mais de 4 semanas e mesmo obedecendo a recomendação médica para ficar em repouso e não pisar com o pé fraturado,  somente 40% da fratura está consolidada. Isto significa que será necessário continuar em repouso e dependente de ajuda até para ir ao banheiro...
Pelo menos agora não sinto mais dor, a não ser no corpo todo por causa do zometa que fiz esta semana. Ainda bem que a dor do zometa dura mais ou menos uns dois ou três dias e acaba. Como diz o velho ditado: não há mal que sempre dure e nem bem que nunca acabe.
O efeito colateral que ficou da fratura no pé é que não poderei embarcar na viagem que programei fazer com minha filha e minha irmã. Elas terão que embarcar sozinhas e eu continuarei em casa sentada no sofá ou na cama, com a perna para cima. Grande programa... ainda bem que os livros me distraem. Aliás, terminei de ler um livro muito bom, em apenas dois dias: A sombra do vento.
A sombra do vento é  a história do garoto Daniel que descobre um livro, no cemitério dos livros esquecidos, e  resolve sair em busca do paradeiro do autor. Sua busca  o leva a caminhos perigosos e muitas aventuras. O autor é genial, pois consegue prender a atenção do leitor da primeira até a última página. Queria escrever assim... Que invejinha... Admito e não nego.

Palavras de Confucio

Uma frase para reflexão:

"O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante do idiota que quer bancar o inteligente."
Confucio

2012

O Natal foi um momento família, a família que minha mãe formou há muitos anos, depois que foi impedida de se tornar freira por causa de sua linda cor de canela. A congregação só aceitava jovens brancas que desejassem ser freiras. Quem será que perdeu nesta história?
A cabrocha morena não fez seus votos perpétuos para se tornar esposa de Cristo e saiu do convento, mas acabou fazendo outros votos quando se casou com meu pai. Foi aí que eu nasci. Quem será que ganhou?
Minha mãe teve três filhas que lhe deram três netos, e estavam todos reunidos à mesa neste natal. Primeiro fizemos uma oração para agradecer a benção de estarmos comemorando juntos mais um natal, e também para agradecer o fato de sermos uma família unida.
Ontem, na virada do ano, uma amiga querida, sua filha e o namorado também se juntaram à nossa família. Aliás, considero meus amigos partes da minha família. Foi uma noite tranquila, onde a amizade e a camaradagem eram o ponto alto da festa.
Um de nossos bens mais preciosos é, sem dúvida, a amizade e quero começar o ano novo levantando um brinde a todos os amigos que a vida colocou em meu caminho. Um Feliz Ano Novo para todos vocês.

Sumiço anunciado

Desta vez
o falso malandro
deu uma de ofendido,
mas pelo menos disse adeus
antes de ir embora
e desaparecer
nas brumas do tempo.
Tenta enganar novos incautos.
Pobre rapaz,
jura que é esperto,
que é descolado,
Nem desconfia que é apenas
um vaidoso sem lastro.