Repouso forçado e dependência

Já se passaram alguns dias desde que meu pé resolveu se quebrar sozinho, por vontade própria, quem sabe... em consequência, continuo em repouso e com o pé engessado para cima. Confesso que é um exercício de paciência para alguém que aprecia muito sua independência.  Mas, o que não tem remédio... É muito bizarro precisar de ajuda até para usar o banheiro.

Por falar em banheiro, ficou tudo mais fácil depois que comprei a cadeira de rodas para banho. "Mais fácil" talvez não seja a palavra apropriada, já que preciso de ajuda mesmo assim, mas posso garantir que agora está menos difícil, pois a cadeira se adapta por cima do vaso, evitando manobras mais complicadas e perigosas. Tomar banho usando a cadeira de rodas não me pareceu assim tão confortável, então continuei usando uma cadeira de alumínio. As barras de segurança no banheiro ajudam bastante.

Neste final de semana minha irmã precisou viajar e quem virou minha cuidadora foi minha filha. Nossa! Ela é uma cuidadora muito preocupada e paciente. Gostei. Ela chegava em meu quarto muito cedinho pela manhã, mesmo detestando acordar cedo, só para me ajudar com os remédios e também para me levar ao banheiro. Vinha com a carinha melhor do mundo e um sorriso largo, mas chegava ainda zonza de sono. Só muito amor mesmo para fazê-la sair tão cedo da cama.

Passamos o final de semana juntas, ora lendo, ora assistindo uma série de TV ou fazendo palavras cruzadas. Foi ótimo! Na segunda-feira ela ficou trabalhando em casa para não me deixar sozinha com minha mãe que já está muito idosa e não dá conta de arrastar minha cadeira. Tive algumas visitas na segunda pela manhã, e ela pode trabalhar mais sossegada enquanto eu conversava com meus amigos.

Já passava das 21h quando a Suzi chegou de viagem com a Raissa, o irmão e a mãe, que não está muito bem de saúde. Eles vão ficar por aqui algum tempo para que a Taninha possa recuperar a saúde. Acho que só pelo fato dela ficar ao lado da minha mãe já é meio caminho andado para ficar bem.

Repouso forçado

Estou engessada e em repouso desde sexta-feira a noite, mas a sensação é de que muito tempo já se passou. É muito difícil ficar quieta e ser dependente para quase tudo...
Minha filha faz o possível para ser útil e quando está por perto tenta me ajudar a levantar, deita ao meu lado para fazermos juntas uma palavra cruzada ou assiste um filme. A Raissa até me deu de presente um apoio para que eu possa usar o computador sem esquentar muito as pernas. A Suzi, esta nem precisa comentar, pois ela faz tudo o que pode para facilitar minha vida. Meus amigos, estes são especiais, e também fazem o possível para estar sempre presentes.
O gesso ainda não secou direito e ainda está pesando uma tonelada. Basta baixar a perna para ficar tudo dolorido e formigando.A cadeira de rodas, que está viciada e só anda bem se for para trás, vai ser trocada hoje. Preciso de uma cadeira mais leve e fácil de manobrar.
Estou sentindo falta de andar pelo meu jardim e estico meu olhar pela janela do quarto. Está tudo molhado lá fora, pois ontem choveu quase o dia todo. Embaixo da pitangueira está cheio de frutos caídos no chão e as sabiás estão fazendo a festa. Ai que vontade de voar...

Acessibilidade

Estou sentindo na própria pele as dificuldades que os portadores de necessidades especiais precisam enfrentar em seu dia a dia. Os problemas começam dentro de nossas próprias casas. Elas não são planejadas para o uso de uma cadeira de rodas, por exemplo.
As portas internas da minha casa são todas de 70cm e as portas dos banheiros, pior ainda, pois a medida são de ridículos 60 cm, uma verdadeira porcaria, pois aí é que não cabe mesmo nenhum tipo de cadeira. Minha casa foi reformada há três anos e deveria ter sido sugerido a troca das portas internas por outras maiores, pois esta já deveria ser uma preocupação dos arquitetos e engenheiros. E antes que alguém pergunte,  ambos profissionais foram contratados para fazer o projeto e acompanhar a obra.
Outra coisa que percebi é a dificuldade que a pessoa tem em fazer a cadeira subir um degrau, por menor que ele seja. Da sala para a cozinha por exemplo, a diferença é de no máximo 1cm, mas mesmo assim é difícil. O ideal é que o piso de uma casa seja uniforme, sem ressaltos.
Usar o banheiro é outro problema,  uma novela mexicana, um verdadeiro parto... O vaso é baixo e fica difícil conseguir assentar com a perna engessada e sem poder usar o pé como apoio. Ainda bem que tenho barras de segurança no banheiro da minha mãe, o que ajuda um pouco. Vou mandar colocar barras até no banheiro social, porque numa hora destas elas ajudam muito.
Minha irmã alugou uma cadeira de rodas e achei o aluguel muito caro. Acho que poderia custar um pouco menos ou então a cadeira ser um pouco mais leve e melhor. A que estou usando é pesada e eu tenho dificuldade em manobrá-la. Ela parece viciada e só gosta de andar de ré. Meus braços já estão doloridos das poucas vezes que tentei manobrar a cadeira sozinha. Vou ver se encontro uma cadeira melhor e mais leve.
Meu pé quebrado está doendo. Lidar com dor é muito difícil... tira qualquer um do sério. Como se já não bastasse estar em repouso... Nossa, para mim é um verdadeiro castigo precisar ficar em repouso e dependente. Detesto, mas o que não tem remédio...

Câncer ósseo e fraturas

Ainda bem que no último domingo aproveitei o dia para comemorar a vida com alguns amigos que vieram até minha casa. Ficamos conversando até tarde enquanto beliscávamos os quitutes feitos pela Suzi e pela Inês, que também está fazendo o curso de gastronomia. Elas estão ficando cada dia melhores na cozinha. Não há quem resista aos sabores de seus pratos. Huuuummm.
Ontem, no final da tarde, eu estava na varanda molhando meus bonsais quando ouvi um forte estalo em meu pé, seguido de uma dor infame. A dor era tão forte que precisei sentar-me para tentar ao menos respirar com calma antes de  pedir ajuda. Chamei a Suzi que já chegou apavorada tentando ajudar, mas  eu simplesmente não conseguia apoiar o pé para andar e tive que sair pulando feito um saci.
Fomos para o Pronto Socorro mais próximo, que fica no Hospital Brasília, e fui atendida por um ortopedista jovem, mas que conseguiu passar segurança no que faz. Fazer a radiografia não foi tarefa fácil, pois o pé doia desesperadamente. Voltei ao consultório e encontrei outro médico, pois o que havia me recebido estava na UTI atendendo uma emergência. O médico olhou a radiografia, viu uma extensa fratura que quase dividia ao meio o osso correspondente ao dedo mínimo e mandou engessar o pé até o joelho,  mandou também  que eu tomasse um antiinflamatório por 6 dias.
Enquanto eu estava na sala do gesso o médico que me atendeu inicialmente chegou, olhou o raio X e disse que a fratura era gravíssima. Pediu-me que voltasse ao consultório para conversar assim que eu terminasse de engessar a perna. Ele explicou que meu esqueleto é mais frágil por causa do câncer ósseo e que aquela fratura, que parecia ter acontecido do nada, era por causa disto. Recomendou-me fazer acompanhamento com um ortopedista especializado em tumor ósseo para evitar outras surpresas desta natureza.
Um terceiro ortopedista estava na sala conosco naquele momento. Perguntei-lhes se tinham algum ortopedista oncológico que pudessem recomendar e foi este outro ortopedista quem recomendou o que estava me atendendo naquele momento. Olha só que sorte, eu estava sendo atendida justamente por um ortopedista oncológico, que podia avaliar com segurança o que acontecera comigo. Ele foi taxativo ao dizer que não havia necessidade de tomar nenhum tipo de remédio além de remédio para dor, caso a dor ficasse muito forte. Já gostei desta parte, pois detesto tomar remédio, e muito menos sem necessidade.
Mais uma vez ficou evidenciado que existem médicos e médicos. Um insistiu que eu teria que tomar o antiinflamatório, mesmo eu argumentando que já tomava remédio demais. Pedi então um remédio que fosse apenas um comprimido por dia e ele prescreveu um remédio para ser tomado de 12 em 12 horas por no mínimo 6 dias. O outro, que é especialista em câncer ósseo, já disse que não precisava de remédio. A única recomendação foi repouso absoluto, por 6 semanas, para consolidar a fratura.
Agora vou precisar ficar de molho por um bom tempo. Ohhhhh castigo... Vou passar as festas de final de ano numa cadeira de rodas. Ninguém merece, mas... o que não tem remédio, como diz o velho e sábio ditado, remediado está.

Flor do deserto e a mutilação genital feminina

O filme Flor do deserto é baseado na autobiografia da ex-top model Waris Dirie, e denuncia a prática da mutilação genital feminina, comum em metade dos países africanos.

Waris Dirie nasceu no deserto da Somália em 1965, numa família nômade de pastores de cabras. Aos 5 anos de idade sofreu a destrutiva mutilação genital feminina e por pouco não morreu de infecção. Aos 13 anos fugiu sozinha pelo deserto até chegar na capital Mogadishu onde vivia sua avó, para fugir de um casamento arranjado por seu pai, para ser a quarta esposa de um velho com mais de 60 anos.

Viajou de Mogadishu para Londres, onde viveu durante 6 anos como empregada doméstica de uma tia casada com o embaixador da Somália. Não aprendeu a falar inglês durante os 6 anos de trabalho como doméstica, e foi deixada para trás quando a família retornou à Somália.

Sozinha nas ruas de Londres, sem falar inglês e sem ter onde morar, acabou conhecendo uma jovem vendedora de uma loja de departamentos que se tornou sua amiga e a ajudou a arranjar emprego como faxineira numa loja do Mac Donald’s.

Sua sorte começou a mudar quando o fotógrafo Terence Donovan a viu e se encantou com sua beleza negra. Waris fez um grande sucesso como top-model nos anos 80, e causou grande comoção no mundo quando, no auge de sua carreira, resolveu denunciar a violência da mutilação genital feminina.

O filme mostra a vida de Waris Dirie desde seu nascimento no deserto da Somália até o momento em que ela alcança o sucesso e a fama internacional nas passarelas do mundo fashion, mas tem como objetivo principal denunciar a prática criminosa da mutilação genital.

Existe uma estimativa de que mais de 8000 meninas, entre os 4 e 8 anos de idade, sejam submetidas a esta prática criminosa diariamente e a prática desta violência atualmente já atinge meninas com apenas alguns dias, semanas ou meses de vida.

A mutilação genital feminina é um costume cruel que causa danos irreversíveis, tanto físicos quanto psicológicos mas, pior do que isto, é responsável pela morte de muitas meninas. Esta mutilação pode ser feita usando uma faca, caco de vidro, navalha, lâminas de barbear ou até certas plantas, sem esterelização ou anestesia.

São 3 os tipos de mutilação genital, com gravidades diferentes. O primeiro é o chamado clitoridectomia, e consiste na remoção total ou parcial do clitóris. Outro tipo é a extirpação, quando se retira o clitóris e os pequenos lábios. O último e mais grave é a infibulação, quando cortam e raspam também os grandes lábios e depois costura os dois lados da vulva deixando apenas um pequeno orifício para saída da urina e da menstruação. Para cicatrização, amarram-se as pernas da mulher. Este procedimento provoca estreitamento da abertura vaginal.

No caso da mulher que sofreu infibulação, cada vez que o marido sai em viagem ele realiza a infibulação para garantir a fidelidade da mulher, e quando do seu retorno da viagem ele rasga os pontos novamente.

A falta de antibióticos e instrumentos adequados causa a morte imediata de um terço das meninas submetidas a mutilação genital. Segundo um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde-OMS em 2009, cerca de 92,5 milhões de meninas maiores de 10 anos sofrem as sequelas da mutilação genital feminina.
Marcadores: 2 comentários | | edit post

Uma vizinha muito incômoda

Mesmo morando em condomínio fechado e residencial, minha casa, infortunadamente, fica localizada ao lado de uma academia de ginástica. É um inferno, pois o barulho começa a incomodar a vizinhança, e principalmente a mim que moro ao lado, a partir das 6:30h da manhã e só termina às 22:00h quando finalmente fecha a academia.

São 10:20h da manhã e já faz um tempão que um grupo de mulheres está fazendo algum tipo de exercício, orientadas por uma professora que fala ao microfone com uma voz irritante. As mulheres gritam o tempo todo enquanto se exercitam (quem sabe estão usando uma bicicleta...).

Para quem está de fora, apenas ouvindo a gritaria, é extremamente irritante. E o pior é que de qualquer cômodo da minha casa escuto os gritos, a música e a voz da professora. Não escapa nenhum espaço da casa que fique livre do barulho. Ninguém merece uma vizinhança como a minha.

Sinceramente, eu gostaria de encontrar este mesmo grupo daqui alguns anos somente para me certificar... pois tenho quase certeza de que ainda estarão gritando, só que de dor... Não consigo acreditar que qualquer coisa feita em excesso, mesmo exercício físico, deixe de cobrar um alto preço no futuro... Esse exacerbado culto ao corpo não pode ser saudável. Os adeptos da academia e do corpo sarado gastam horas, diariamente, exercitando os músculos, mas o cérebro coitado, continua dormindo em berço esplêndido... e está cada dia mais atrofiado.

Já passa das 11h da manhã e a gritaria cessou. Que alívio... espero que este silêncio dure mais algum tempo, embora eu esteja careca de saber que daqui a pouco começará outro tipo de barulho. É que contruíram uma sala bem em cima da piscina. A estrutura é toda de metal e mesmo assim decidiram colocar naquela sala os aparelhos com pesos. É lógico que todas as vezes que soltam os pesos eles caem com força no chão e o som reverbera e chega até minha casa. Parece que tudo está desabando... chega a ser assustador.

De algum tempo para cá os donos da academia, que só funcionava de segunda a sexta-feira, passaram a abrir aos sábados. Como desgraça pouca é bobagem, agora passaram a abrir também nos feriados e olha que no condomínio é proibida a entrada de qualquer trabalhador, mesmo que seja um pintor de paredes, para trabalhar nos domingos e feriados. A justificativa para a proibição é evitar barulho para não incomodar os moradores que querem descansar nos domingos e feriados.

Acho que a regra para não fazer barulhos nos domingos e feriados não serve para os donos da academia... Ou será que a síndica pensa que sou surda e que a academia não me incomoda? Afinal, a casa dela fica em outra rua, bem longe da academia. Mas sabe qual meu maior medo? Que daqui algum tempo eles resolvam abrir a academia também aos domingos... E aí eu pergunto: e eu, como é que fico???

Pé de piriquito


Os piriquitinhos chegam pela manhã,  em bando,  e pousam nas árvores do jardim, principalmente no pé de ipê, e ficam aguardando minha mãe colocar a comida. É uma verdadeira festa! O prato de comida fica verdinho de tantos piriquitos. Também chegam as rolinhas, as sabiás e lógico, os pardais. Eles tentam disputar o espaço com os piriquitos, mas na parte da manhã o prato de comida parece ser somente deles. Os piriquitos espantam os outros pássaros na bicada mesmo, mas alguns insistem e pousam bem no centro do prato... é a luta pela sobrevivência.

"O primeiro passo para ELIMINAR O CÂNCER"

A página de saúde do Correio Braziliense de hoje (6 de novembro/2011)  traz uma boa notícia: "Pesquisadores canadenses acreditam ter descoberto como ocorre a metástase, mecanismo que faz com que os tumores se espalhem pelo corpo. O entendimento desse processo é fundamental para que se sonhe com a cura".

Quando li a manchete "O primeiro passo para ELIMINAR O CÂNCER"  fui atrás do meu óculos para ler a notícia. É claro que fiquei animada com a descoberta, mas agora resta saber se os laboratórios irão "permitir" que este tipo de pesquisa avance. Afinal, a indústria do câncer é altamente rentável para a indústria farmacêutica, e são elas quem dão as cartas.

David Waisman, professor de bioquímica, patologia e biologia molecular, que chefia a equipe de pesquisadores, diz que mais estudos ainda serão necessários e que "a cura envolverá muitas outras técnicas, já que até o termo câncer pode ser considerado incorreto - há mais de 200 diferentes tipos de tumores malignos, cada um com características únicas. Até o mesmo câncer pode se comportar de maneiras diferentes, dependendo do paciente. Por isso, essa é uma tarefa tão desafiadora."

O professor também disse, segundo o jornal, que será necessário encontrar anticorpos que consigam bloquear a ação da proteína S100A10 para que a descoberta de sua equipe torne-se uma realidade clínica. O próximo passo seria então uma parceria com a indústria farmacêutica.

Tomara que eu e os milhares de paciente oncológicos espalhados pelo mundo consigamos usufruir os benefícios prometidos por esta pesquisa. No meu caso, que tenho câncer em estadiamente IV, com  metástases espalhadas pelo corpo, uma notícia deste tipo é muito animadora. Oxalá eu consiga usufruir de uma medicação deste tipo para me livrar de vez desta doença.

Hipertiroidismo e seus sintomas

A tireóide é uma das maiores glândulas endócrinas do nosso corpo e está localizada no pescoço, na frente da traquéia. Ela produz os hormônios tiroxina, que é o T4 e o triiodotironina, o T3, além do hormônio calcitonina. Sua função é regular o crescimento, a digestão e o metabolismo.

Quando a tireóide não funciona adequadamente todo nosso corpo reclama, pois os sintomas incomodam bastante, eu que o diga. Funcionando em excesso provoca o hipertireoidismo, e quando ela funciona pouco a doença é chamada hipotireoidismo.

No hipertireoidismo ocorre uma aceleração do metabolismo e isto pode provocar uma sensação de desconforto e fraqueza muito chatos. Além disto a pessoa costuma sentir uma fome que não acaba nunca, uma sede que não há água que dê conta,  pode ter diarréia, taquicardia,  dificuldade de dormir, queda de cabelo, náuseas, vômito, além de irritabilidade e outros sintomas.

No hipotireoidismo a pessoa sente cansaço, o intestino pode ficar preso e ocorre ganho de peso, etc.

Precisei retirar a minha tireóide há alguns anos porque a coitada mais parecia um cacho de uvas (estragadas naturalmente) de tantos nódulos que apareceram e de lá para cá preciso tomar hormônios para repor o que a natureza não é mais capaz de produzir. Costumo dizer que o comprimido de hormônio que tomo todos os dias pela manhã, em jejum, é o meu combustível. Posso esquecer de tomar qualquer remédio, mas o da tireóide eu não esqueço nunca, pois sem ele não sou ninguém.

Já faz algum tempo venho observando algumas mudanças no funcionamento do meu organismo. Eu, que durmo muito bem, comecei a acordar no meio da noite e não conseguir mais conciliar o sono. O jeito é levantar e começar a ler ou assistir um filme. Também comecei a sentir uma sede infernal além de um desconforto geral e uma fraqueza que eu tinha a impressão de ter ficado dias sem comer nada. Só não fiquei careca de novo porque tenho muito cabelo, mas o coitado anda caindo prá caramba, e de uns dias para cá venho tendo muitas náuseas.

Com tantos sintomas o jeito foi fazer um exame de sangue  e bingo, meus hormônios estão todos descompensados. O TSH quase não aparece, está baixíssimo e o T3 e o 4 subiram. Minha endocrinologista mudou a dosagem do remédio e agora vou precisar repetir os exames dentro de um mês para ver como as coisas estão.  Já estou usando uma dosogem menor do remédio há quatro dias, mas ainda continuo sentindo os mesmo sintomas, que são muito chatos e desconfortáveis.

Olha, a melhor coisa do mundo é ter tudo funcionando azeitado como a máquina de um relógio suiço. Quando qualquer coisa sai do lugar é um problema. O melhor mesmo é cuidar muito bem do nosso corpo, pois a saúde é nosso melhor bem.


Duas meninas, o mesmo nome, realidades diferentes

Rutinha não era bonita e era muito pobre, mas era também  inteligente e tinha muitos sonhos. Vivia com a mãe e os irmãos numa casinha pequena, numa cidade de interior. Sua irmã, um pouco mais velha, já era mãe de um bebê recém nascido.

A vida daquela família era dura e cheia de dificuldades, mas isto não impedia a menina sonhar. Ela queria estudar numa boa escola, queria aprender tudo o que pudesse para poder ganhar o mundo.

Ruth tinha pele alva, olhos castanhos claros, e um belo rosto emoldurado por uma cascata de cabelos longos e cheios de cachos dourados. Era filha única, morava com os pais e a avó numa casa grande e confortável e estudava numa boa escola. Ela voltava das férias de inverno com sua mãe, que decidiu visitar amigos que viviam no interior. Foi assim que as meninas se conheceram.

Ruth era alguns anos mais velha que Rutinha, mas as duas se entenderam imediatamente e saíram para passear pela cidade. Brincaram na pracinha da igreja, subiram no coreto e correram pela ruas calçadas de paralelepípedos. Quando voltavam para casa viram uma loja de doces cheia de vitrines exibindo suculentas trufas de chocolate e bombons de várias formas e sabores. O cheiro do chocolate enchia o ambiente e despertava os sentidos. Sem dinheiro no bolso as meninas voltaram correndo para casa, onde chegaram com as bochechas vermelhas, olhinhos brilhantes, a boca cheia d’água e uma vontade enorme de provar as guloseimas.

Ruth, louca por chocolates, correu até sua mãe perguntando se podia comprar alguns. A mãe deu-lhe dinheiro e as duas voltaram correndo até a loja de doces. Rutinha ficou perdida em meio a tantas opções, sem saber qual doce escolher. Ela nunca antes tivera oportunidade de escolher nenhum doce como aqueles e não sabia qual poderia ser o mais gostoso. Ruth ajudou-a e ambas saíram da loja carregando uma sacolinha cheia de bombons.

Sentaram-se num banco a sombra de uma frondosa árvore e enquanto não terminaram de comer o último chocolate não retornaram a casa. Quando lá chegaram tiveram que se despedir, pois estava na hora de Ruth retomar a viagem de volta para sua casa.

Passados alguns dias Ruth conversava com sua mãe quando se lembrou da pequena Rutinha que conhecera no interior. Insistiu que a mãe adotasse a menina para que ela tivesse oportunidade de estudar e realizar seus sonhos. A mãe ponderou explicando que não poderia adotar uma criança que tinha mãe, mas a menina não se deu por vencida. Tanto insistiu que a mãe decidiu custear os estudos de Rutinha e em alguns dias a menina estava matriculada na melhor escola da cidade. As duas meninas nunca mais se viram.

Ruth já é uma profissional bem sucedida, mas qual será o destino de Rutinha?

A abelha e a Flor de goiabeira



 
Meu bonsai de goiabeira floresceu novamente. As primeiras flores que saíram já se transformaram em pequenas goiabinhas e as novas estão assim, lindas e imaculadamente brancas. As abelhas vêm visitar minha miniatura de goiabeira em flor. É a natureza se renovando...

Hospital privado (x) hospitais do SUS

Diversas matérias em jornais abordam os ataques furiosos dos internautas sobre o tratamento do câncer que acometeu o ex-presidente Lula. Os jornalistas se mostram indignados com a insensibilidade das pessoas que não demonstram nenhum tipo de solidariedade para com o ex-presidente, muito pelo contrário...

Qual será o motivo que leva tantos cidadãos brasileiros a sugerirem que tanto o ex-presidente Lula quanto qualquer outro político, no poder ou fora dele, deve procurar os hospitais do SUS para tratamento de qualquer tipo de doença, inclusive o câncer?

Se não me engano foi o próprio Lula, quando no exercício da presidência da república, quem afirmou que nossos hospitais públicos são hospitais de primeiro mundo. Se é assim, o lógico seria que ele fosse se tratar num hospital do SUS, só que no hospital do SUS ele não teria acesso a bomba de infusão para quimioterapia, estou certa?

Também sou paciente oncológica, também faço quimioterapia, uso um plano de saúde (muito bom por sinal) e nem por isto tenho acesso a tantas regalias como as dispensadas aos nossos políticos e especialmente ao nosso ex-presidente Lula. Posso garantir por exemplo, que o resultado da biópsia a que fui submetida, quando havia suspeita de que eu tinha câncer, não ficou pronto na mesma hora, como o do Lula. Precisei aguardar alguns dias para receber o resultado da imonohistoquimica e só depois começei a fazer quimioterapia. O ex-presidente Lula, como todos ficaram sabendo, começou a quimioterapia no dia seguinte ao da coleta do material... Alguém tem idéia do tempo que um paciente do SUS aguarda para fazer uma simples biópsia? Alguém tem idéia do tempo que esse mesmo paciente precisa aguardar para receber o resultado daquela biópsia que levou um século para ser feita?

E por falar em saúde, alguém se lembra da famigerada CPMF que foi criada ao argumento de que os recursos obtidos com aquela contribuição serviriam para melhorar a saúde no país? Pois é, a CPMF era uma contribuição provisória e o próprio Lula fez o diabo para manter para sempre a cobrança daquele “imposto” que serviu para qualquer outra coisa, menos para melhorar a saúde no Brasil. Esta, não viu um tostão furado daquela contribuição.

Então caros jornalistas indignados, não seria por esta e outras coisas erradas na política que a população, cansada e indignada com a roubalheira e a corrupção generalizadas, não está se mostrando solidária com a doença do ex-presidente e sugere que ele se trate no SUS ao invés de ir para o hospital privado Sírio-Libanês? Aliás, se ele fosse apenas o metalúrgico do passado em que hospital ele iria se tratar? Duvido que no hospital Sírio-Libanês.

É claro que me solidarizo com o cidadão Lula que sofre de câncer, afinal câncer é uma doença grave, de tratamento difícil e muitas vezes doloroso. A bem da verdade, até fico torcendo para que o cidadão Lula obtenha êxito no tratamento e fique curado. Quem sabe assim, depois de passar por tudo o que ele terá que passar com o tratamento, o ex-presidente Lula, que ficou oito longos anos no poder e não fez nada pela saúde, decida trabalhar pela melhoria da saúde no Brasil? Quem sabe assim ele consiga finalmente entender o quanto é importante se investir na melhoria dos hospitais e equipamentos médicos, e também na valorização do médico, enfermeiros e auxiliares? Quem sabe assim ele entenda o quanto é importante que todo e qualquer cidadão brasileiro, que paga impostos, tenha acesso a um sistema de saúde de qualidade, como o do hospital onde ele está sendo tratado...

As primeiras flores do ipê que plantei

Já plantei mais de uma árvore e já tive uma filha, ainda falta escrever e publicar um livro...

O ataque dos cupins

Solteira, sem eira nem beira, como diz um velho ditado, a jovem grávida precisava procurar outro lugar para morar. Estava, como diz um outro ditado, mais perdida do que cego em tiroteio. Não tinha para onde ir. Não sabia o que fazer...

Num lance de sorte, destes que acontecem apenas uma vez na vida, ela foi convidada a morar num apartamento simpático e acolhedor, para fazer companhia a uma jovem estudante, cujos pais haviam se mudado para uma cidade distante.

Ela aceitou de pronto a oferta e em poucos dias já estava morando na casa onde foi recebida com carinho e sem o menor preconceito pelo fato de estar grávida e ainda ser solteira.

Depois de alguns dias morando na nova casa, ela resolveu começar a registrar num diário tudo o que estava se passando com ela durante aquele período mágico e difícil que era a gravidez sem um companheiro. Ela relatava suas alegrias e tristezas, seus medos e angústias, suas vitórias e expectativas para um futuro que nem mesmo ela tinha idéia de como seria.

Anos depois, quando aquela criança que estava sendo gerada já era uma jovem adolescente, a mãe lhe deu o diário de presente. A jovem o leu e o guardou cuidadosamente numa caixa de madeira.

O tempo passou indiferente as histórias que ele ajudava a gerar. A jovem cresceu e a mãe se tornou uma mulher madura. Ambas ainda moravam juntas, agora numa casa que era delas. O pai, que jamais conhecera sua filha, havia morrido há muitos anos.

Um dia a mãe notou muitas asinhas de insetos caídas no chão, perto do armário do quarto da jovem. Curiosa, resolveu tirar tudo do lugar, e qual não foi sua surpresa ao perceber que a caixa de madeira, onde a filha guardava o diário escrito por ela, estava toda furada de cupins.

Ela retirou a caixa do lugar, mas como estava trancada com um cadeado, apenas jogou um veneno por fora para matar os cupins, e colocou a caixa na área de serviço.

Já havia anoitecido quando a filha retornou do trabalho. Assim que sua mãe a viu, contou que havia encontrado cupins na caixa de madeira onde ela guardava coisas de sua infância. Elas foram juntas até a área de serviço, abriram a caixa e viram que ela estava completamente destruída por dentro. O caderno com as memórias da gestação de sua mãe exibia um buraco enorme no centro e vários outros buracos menores em toda sua extensão. Era quase impossível ler o que estava escrito naquelas páginas meio amareladas pelo tempo.

A filha desolada, segurando o caderno destruído nas mãos, pediu que a mãe tentasse reescrever a história do começo de sua vida. A mãe folheou as páginas totalmente furadas pelo ataque dos cupins e sorriu. Não seria difícil reescrever aquela história que continuava cristalizada e intacta em sua memória...

Tortas da tia Suzi

Uma imagem vale mais do que mil palavras, e o sabor fica gravado na memória.
Quem quiser comprovar é só encomendar.
Esta é a  Floresta  Negra
Huuummm
Que delícia!

Visitando Buenos Aires

Para viajar de férias com a Raissa,  sem gastar mais do que eu gostaria, usei minhas milhas que estavam acumuladas para comprar as passagens e a Raissa arcou com a parte de hotelaria, já que ela tem direito a desconto por trabalhar em agência de turismo.

(Casa Rosada)

Iniciamos nosso passeio de 4 dias em Buenos Aires e ficamos hospedadas num hotel modesto, mas muito bem localizado, quase em frente ao Teatro Colón. Foi ótimo, pois dali tínhamos acesso a pé a quase todas as atrações da cidade.

No dia que chegamos fomos convidadas a fazer um passeio grátis pelos outlets da cidade, que foi a maior furada. O passeio era na verdade por lojas de fábricas de couro onde tudo era caríssimo. As lojas de multimarcas também não valiam a pena, por causa dos preços. Não compramos absolutamente nada, mas algumas pessoas se animaram e voltaram cheias de sacolas.

(caminito e suas casinhas coloridas)

No dia seguinte pela manhã fomos fazer o tradicional city tour panorâmico, que dá uma visão geral do que a cidade oferece. Almoçamos no barco Humberto M e de lá saímos num passeio de mais ou menos uma hora pelo rio da Prata. Estava frio e ficar na parte descoberta do barco era quase impossível por causa do forte vento, mas mesmo assim havia algumas pessoas por lá.

(Buquebus, navio que faz o trajeto Buenos Aires-Montevideu)

A mesa ao lado da nossa estava ocupada somente com homens, que pareciam estar aproveitando ao máximo o passeio. Como estavam viajando sozinhos, brindavam em alto e bom som desejando que suas esposas não ficassem viúvas. Bons maridos aqueles...

(Raissa animada escolhendo o cardápio no Humberto M)

A noite fomos jantar no Tango Portenho e assistimos ao show, que é muito bom.

Nosso terceiro dia começou com uma caminhada pelas ruas ainda geladas, às 8 horas da manhã. Um passeio ciclístico que acontecia nas vias principais da cidade impedia a circulação de carros, e o ônibus que iria nos pegar o hotel não conseguiu chegar. O guia caminhou a pé conosco por outros hotéis que ficavam nas redondezas, para pegar turistas que também iam fazer o passeio de barco pelo Delta do Tigre. Finalmente entramos no ônibus e fomos até Porto Madeiro onde embarcamos num passeio que terminou em San Isidro. Na volta, que foi feita de ônibus,  ficamos em  San Telmo e fomos caminhando devagar pela feira até a Casa Rosada e de lá fomos para o hotel descansar um pouco, antes de sairmos para jantar.

(Raissa se deliciando com o sorvete do Freddo, em San Isidro)

Em nosso último dia na cidade começamos com uma visita guiada no Teatro Colón, um dos teatros de ópera mais famosos do mundo, e que foi reaberto ao público recentemente, após anos de restauração. Primeiro ficamos indignadas com o preço do ingresso para turistas, pois um argentino pagava 20 pesos e qualquer outro turista teria que desembolsar 60 pesos (turista é sempre explorado em qualquer lugar do mundo).

No começo da visita a guia explicou que o Teatro Colón foi inaugurado em maio de 1908, com a apresentação da ópera Aída, de Verdi. Explicou também que aquele era um espaço usado pelos portenhos que desejavam tanto ver quanto serem vistos. Ela nos levou pelas escadarias até o salão dourado e na sala de espetáculos, tudo muito bonito e novinho em folha (não era permitido fazer fotografias).

Lamentei não podermos visitar o subsolo onde funcionam as oficinas e as salas de ensaio, que tive oportunidade de conhecer antes da restauração ser iniciada.

Saímos do teatro e fomos de metrô até a Av. Jujui onde existem várias lojas dedicadas a produtos de gastronomia, pois eu queria comprar facas e utensílios de chef para minha irmã que faz gastronomia. Fiquei impressionada com a diferença de preços dos mesmos produtos vendidos imensamente mais caros aqui no Brasil. Enquanto aqui uma faca de chef custa de R$ 160,00 para cima, lá eu comprei uma boa faca pelo equivalente a R$ 60,00.

De volta ao hotel fomos caminhar sem pressa pela famosa rua Florida, apinhada de turistas cheios de pacotes de compras, e camelôs vendendo suas bugigangas  no meio da rua. Ficamos sem entender o que tanto os turistas compravam, pois não vimos nada com preços tentadores, muito pelo contrário. Depois fomos para a recoleta e ficamos lá toda a tarde papeando e curtindo aquele momento. A noite fomos assistir ao famoso show do Sr. Tango.

No dia seguinte pela manhã embarcamos em direção a Santiago, no Chile.

Corte de cabelo

     Quando iniciei o tratamento quimioterápico perdi todo o cabelo. Até tentei usar peruca, mas sentia muito calor, a cabeça coçava muito, e por isto resolvi assumir minha careca numa boa.
    Quando foi preciso murdar o protocolo do tratamento  comecei a usar um outro quimioterápico  e o cabelo voltou a crescer e nunca mais caiu. Para descontar o tempo que fiquei  com a careca lisinha e lustrosa resolvi deixar o cabelo crescer a vontade.
    No início deste mês de setembro, o casamento do filho de uma amiga levou-me a procurar um cabeleireiro. Como já fazia muito tempo que eu não cortava o cabelo, procurei por um cabeleireiro recomendado e fui para o salão. Chegando lá precisei aguardar algum tempo enquanto ele terminava de cortar um cabelo masculino. Lá pelas tantas uma das ajudantes levou-me para lavar os cabelos enquanto o cabeleireiro ainda continuava finalizando  o  corte do mesmo freguês.
    Lavei a cabelo e ainda aguardei mais algum para  ser atendida. Quando o cabeleireiro finalmente veio me atender,  perguntou-me como eu queria o corte e fui bastante clara ao explicar que  gostaria de um corte que permitisse lavar o cabelo e deixá-lo secar naturalmente, já que não costumo fazer escova  porque gosto do meu cabelo cacheado. Expliquei também que não pinto o cabelo porque ainda faço quimioterapia.
    O cabeleireiro que demorou um século para fazer um corte masculino não levou mais do que uns poucos minutos cortando o meu cabelo, e conseguiu fazer o pior corte de cabelo que já fiz em toda minha vida. Custei a acreditar no que vi, pois ele conseguiu estragar completamente minhas longas madeixas negras pintadas de prata, e ainda deixou um lado mais curto do que o outro.
    Sinceramente, acho que as mulheres deveriam fazer um boicote aos cabeleireiros que cobram caro e não se esmeram em cortar com capricho e um mínimo de cuidado e boa vontade  um cabelo feminino. Se era para fazer um corte qualquer eu mesma teria feito o estrago e não teria pago caro por isto.
  E pensando bem, não entendo porque um cabeleireiro precisa cobrar tão caro para fazer um corte de cabelo ou uma escova. O instrumento de trabalho de um cabeleireiro é apenas uma tesoura que não se acaba a cada corte de cabelo, seja ele bem feito ou ruim como no meu caso.
   Mas no final das contas não me restou alternativa: ou faço escova todas as vezes que lavo os cabelos, ou fico com o cabelo horrível e desajeitado, e com cara de mulher desmazelada. Dá vontade de chorar cada vez que me olho no espelho. Como chorar não adianta, pelo menos xingo um pouco o cabeleireiro que estragou meus cabelos. Sei que xingar também não adianta, mas pelo menos desabafa...

viajando

Viajei novamente. Eu e Raíssa saimos de Brasilia para Buenos Aires na sexta-feira e hoje chegamos em Santiago. A viagem está ótima e o tempo está ajudando bastante, pois não está muito frio e nem muito quente. 
Em Buenos Aires aproveitamos para fazer longas caminhadas durante o dia. Como estávamos hospedadas num hotel quase em frente ao Teatro Colon, bem no centro, era fácil circular por todos os lados e conhecer os pontos turisticos a pé mesmo.
Amanhã vamos conhecer melhor a cidade de Santiago e também iremos a uma vinícola. Depois de amanhã iremos para Vina del Mar. 
Ficarei sem comunicar mais alguns dias. Até breve.


Independência do Brasil

Hoje, 7 de setembro de 2011, comemora-se mais uma vez a independência do Brasil. Nessa mesma data, no ano de 1822, o Príncipe Regente D. Pedro de Alcântara bradou o famoso grito de “Independência ou Morte!” às margens do riacho Ipiranga. Aquele gesto serviu para romper os laços de união política do Brasil com Portugal.

O processo de emancipação do Brasil culminou com a coroação do Príncipe, que foi aclamado Imperador com o título de D. Pedro I. A coroação aconteceu no Rio de Janeiro, no dia 1 de dezembro de 1822.


D. João VI quando retornou a Lisboa levou com ele todo o dinheiro que podia. Mesmo assim, para que o Brasil fosse reconhecido oficialmente independente de Portugal, foi negociado com a Grã-Bretanha o pagamento de uma indenização no valor de 2 milhões de libras esterlinas a Portugal. A consequência do saque em dinheiro feito  por D. João VI e o pagamento da indenização pela independência foi a falência do Banco do Brasil em 1829, e foi também o começo da dívida externa do país.

De lá para cá a dívida externa do país só aumentou, e o ralo pelo qual escorreu e ainda escorre o dinheiro dos impostos arrecadados pelo país está cada dia mais gigantesco. A corrupção cresceu a tal ponto que está marcada para hoje, data em que se comemora a independência do Brasil, a caminhada contra a corrupção. É a demonstração inequívoca de que o povo está no limite de tolerância com os desmandos dos políticos corruptos, dos ladrões da pátria.

Espero que hoje, e nos próximos 7 de setembros que ainda virão, possamos de fato comemorar a independência do Brasil não só de Portugal, mas de toda ingerência de países conhecidos como sendo de Primeiro Mundo, de toda influência de governos totalitários e ditadores, e dos políticos corruptos que infestam e denigrem nosso Congresso Nacional.

Espero também que o 7 de setembro garanta aos brasileiros que mapa do país não mudará seu desenho, e que a Amazônia continuará sendo parte do território do Brasil. Espero para isto que nossas Forças Armadas estejam sempre de prontidão e muito bem equipadas para defesa de nossos cidadãos, de nossas fronteiras e de nossa pátria de norte a sul e de leste a oeste, mesmo em tempos de paz.

Espero também que o Brasil continue sendo um país democrático e como tal, não permita o controle da comunicação no país com o falso argumento de regulamentação da mídia. O que incomoda de fato, especialmente ao partido da situação, é que a corrupção no governo, que sangra os cofres públicos, está cada dia mais exposta pela mídia. Esse eufemismo  chamado de regulamentação é de fato censura, coisa dos tempos da ditadura que ninguém quer viver novamente. 

Enfim, espero que os brasileiros possam se orgulhar da nossa pátria amada chamada Brasil.

A Caixa

Chegou em casa
E foi direto para o quarto,
Mas daquela vez,
Antes mesmo de lavar suas mãos
Como de costume,
Abriu a porta do armário
Retirou a caixa de madeira clara
Confeccionada sob medida para ela
E jogou seu conteúdo
Em cima da cama arrumada.
Fechou a tampa devagar
E pensou...
O que mais estará guardado aqui?
Sem vacilar,
Pegou novamente a caixa de madeira
E saiu decidida do quarto.

Quitutes da tia Suzi


Huuuummm... que delícia!

O curso de gastronomia que a Suzi faz no IESB está rendendo deliciosos pães, tortas e biscoitinhos. Se ela já era boa na cozinha, daqui algum tempo será mestre. Ela está treinando arduamente e posso garantir que está valendo a pena. A cada dia que passa seus quitutes ficam mais saborosos.

 Quem viver verá!


O pão desta foto ela fez ontem. Ficou bonito e  muuuito gostoso!

olha só que cara boa a deste bolo! Isto porque ela ainda está aprendendo... Imaginem quando concluir a faculdade!

Uma visita rápida em Estocolmo

Minha maior queixa quanto ao circuito que fizemos pela Escandinávia foi o mau dimensionamento da viagem. Chegamos no final da tarde em Estocolmo e ainda fizemos um city tour pelo bairro antigo, o Gamla Stana. Como era verão não foi nenhum problema, pois os dias no verão são longos e se estendem até depois das 22 horas. Na manhã do dia seguinte tornamos a sair com o guia para conhecermos um pouco mais da cidade, visitamos a prefeitura e fomos ao Museu Vasa. Paramos para almoçar no restaurante do hotel Rica, que fica no centro da cidade, e tivemos o restante da tarde livre. O grupo se dividiu e cada um tomou o rumo que desejou.


Eu e a Neli fomos até a recepção do hotel pegar alguns cartões com o endereço, pois aquele hotel seria o ponto de encontro do grupo para pegar o ônibus de volta ao nosso hotel que ficava distante do centro. Quando retornamos para encontrar o grupo nos demos conta de que a Helena havia se perdido e ficamos desesperadas, pois não tínhamos certeza se ela sabia o endereço do hotel em que estávamos hospedadas, ou se pelo menos ela sabia a hora e o endereço do hotel onde o ônibus iria nos pegar.

Voltamos pela rua de pedestres apinhada de gente procurando algum sinal da Helena e não vimos nem sombra dela. Sugerimos que o restante do grupo continuasse o passeio enquanto procurávamos. Foram momentos angustiantes, pois não tínhamos a menor idéia de onde procurar Helena.

Foi a Neli que enxergou o Monte, que também viajava conosco, sentado na porta de uma loja. Fomos correndo ao encontro dele e ficamos sabendo que a Helena estava dentro da loja com outras pessoas do grupo. A Neli estava tão nervosa e angustiada que ao segurar a Helena pelos braços disse para desabafar: Heleeeena! Eu vou te mataaar! E caímos na risada as três, mas era um riso nervoso e ao mesmo tempo de puro alívio. Abraçamos a Helena e saímos juntas da loja. A Maura e o Cid também ficaram conosco, mas nossos planos de visitar um museu foi por água abaixo, pois já era muito tarde. Optamos por fazer um passeio de barco para relaxar.


Fomos para o cais e embarcamos para um passeio de barco que durou duas horas e nos ofereceu belas vistas da cidade. O vento gelado batendo no rosto ajudou a relaxar e descontrair. Desembarcamos e voltamos caminhando devagar pelo centro da cidade, mas quando começou a chover tivemos que correr para nos abrigar debaixo de uma marquise que já estava lotada.


Na hora marcada fomos para o ponto de encontro. Várias pessoas já estavam lá aguardando a chegada do ônibus, e os últimos passageiros a chegar foram aqueles que se animaram a conhecer o bar de gelo; um bar feito totalmente de gelo, desde as paredes até o balcão, as mesas e os copos. Dentro do bar a temperatura é de aproximadamente cinco graus negativos e, para suportar o frio, quem chega ao bar recebe na entrada um casaco térmico e luvas. Os turistas, que não estão acostumados com o frio intenso, só conseguem permanecer dentro do bar por uns 20 minutos no máximo e já começam a tiritar de frio. Este tempo é o suficiente para segurar o copo de gelo com as luvas grossas, tomar uma vodka e sair correndo. Quem foi adorou a experiência.


No dia seguinte tivemos a manhã livre e saímos depois do almoço em direção ao porto para embarcarmos num cruzeiro para Helsinque. Poucas pessoas do grupo se animaram a sair naquela manhã livre porque o tempo era muito curto e a distância do hotel até o centro desanimava qualquer santo. Em resumo: não conhecemos Estocolmo, apenas passamos pela cidade, o que foi uma pena. Estocolmo é o tipo de cidade que merece pelo menos uns 3 ou 4 dias no roteiro. Quero voltar com mais vagar e da próxima vez vou ficar num hotel bem localizado.

De Oslo em direção a Estocolmo

Nos despedimos da Noruega  e do Avelino, o motorista que nos acompanhou durante todo o percurso. Pela manhã seguimos viagem com outro motorista em direção a Estocolmo, na Suécia. Nossa única certeza era de que teríamos um longo dia pela frente, mas em nenhum momento havíamos pensado que aquele longo dia seria agravado por um acidente na estrada que atrasaria nossa chegada em algumas horas.


No meio da viagem paramos em Karlstad, uma pequena cidade no centro da Suécia, com pouco mais de 62 mil habitantes, que fica as margens do Lago Vänem, e que tem a fama de desfrutar o maior número de dias de sol por ano.


A estrada de Oslo até Estocolmo, muito bem cuidada, era margeada por intermináveis campos que, de acordo com o motorista, eram plantações de centeio. Aqueles campos a perder de vista, eram planos, muito verdes e floridos.

No meio do caminho o trânsito ficou literalmente parado por muito tempo. A fila de carros na nossa frente, tanto quanto a de trás, era interminável e não dava para saber o que estava acontecendo de fato. Depois de amargar um bom tempo parados, começamos a nos deslocar devagar até passarmos por alguns carros que haviam se envolvido num acidente. O local estava cheio de policiais e carros de polícia com as luzes piscando.


O motorista pode finalmente seguir em frente, mas bastou chegar na entrada da cidade para empacarmos de novo, pois naquela altura do dia o tráfego intenso deixava o trânsito muito lento.


Seguimos direto para o Palácio Real, onde o ônibus ficou estacionado. Lá encontramos  o guia que iria nos acompanhar na visita pela cidade. Ele era um português alto, com pinta de galã, que parecia apaixonado pela cidade que havia adotado. Falava com entusiasmo sobre a história de Estocolmo e ficava muito irritado quando alguém do grupo saía para fotografar antes que ele tivesse terminado a explanação. Chegava a ser engraçado, pois o vaidoso guia fazia questão de que todos ouvissem cada palavra das histórias que contava, e dava o maior pito quando alguém se afastava.


Estocolmo é o centro financeiro da Suécia, mas também é uma cidade linda, distribuída por 14 ilhas unidas por 53 pontes. O guia fez questão de destacar que a cidade está numa região em que o Lago Mälaren encontra o Mar Báltico. Grande parte da área da cidade é de canais, parques e zonas verdes. Outro destaque é para o número de galerias de arte (mais de 100) e museus. A parte antiga da cidade tem mais de 750 anos. A Gamla Stan, que significa cidade velha, abriga prédios históricos que misturam vários estilos arquitetônicos pintados em tom pastel, os edifícios públicos e as igrejas.

Indústria farmacêutica e a cura de doenças

Sempre desconfiei que a indústria farmacêutica nunca se empenhou de fato, em desenvolver remédios que efetivamente possam curar doenças. O próprio nome já deixa no ar esta dúvida: indústria. Qualquer indústria que se preze quer, no mínimo, manter o lucro sobre as vendas, mas, preferencialmente, seu objetivo é o de aumentar este lucro e é exatamente isto que a indústria farmacêutica faz. Não importa se isto significa manter a população mundial doente e refém de remédios. Aliás, é exatamente este o objetivo da indústria farmacêutica: manter a população mundial doente crônico e refém de remédios, para aumentar seus lucros. E que lucro! É o objetivo do capitalismo selvagem...

Eu, desconfiada por natureza, sempre fiquei com a pulga atrás da orelha, pois qualquer quimioterapia, por mais que esteja ultrapassada, é sempre muito cara e nunca garantiu a cura de ninguém. Os quimioterápicos de última geração não são apenas caros, são caríssimos. A medicação oncológica consegue muitas vezes dar sobrevida ao paciente, mas não garante a cura. Será porquê? A resposta é sempre a mesma: lucro. Lucro para a indústria farmacêutica. O sofrimento ou a morte de inúmeros pacientes oncológicos é só estatística. É claro que a indústria farmacêutica não tem o menor interesse em curar um paciente e deixar de vender seus remédios caros. Paciente crônico é sempre comprador de remédio. Paciente curado passa longe de farmácias.

Faço quimioterapia, atualmente todos os dias, há mais de seis anos. Será que eu já não poderia ter ficado definitivamente curada e livre dos remédios? Claro que sim, mas isto significa que eu seria um paciente a menos para comprar e depender da quimioterapia para permanecer viva. E não é somente o paciente oncológico que fica refém de remédios, é todo paciente crônico seja ele diabético, hipertenso, transplantado ou portador de qualquer outra doença.

Outro assunto que sempre me indignou com relação a remédios é o número de comprimidos por caixa. Todo mundo ou toma ou conhece alguém que toma medicação de uso contínuo. Já repararam que a caixa de remédio de uso contínuo, que significa que a pessoa terá que usar aquele remédio todos os dias da sua vida, contém apenas 28 comprimidos? Quantos dias tem o mês? Pelo menos 30, basta conferir o calendário anual. Temos quatro (4) meses com 30 dias e sete (7) meses com 31 dias e apenas um (1) mês com 28 dias. Certo?  Isto significa que a indústria farmacêutica fica com, no mínimo, uma caixa de remédio por ano. Isto também significa que o paciente, eu e você, somos obrigados a comprar treze (13) caixas de remédio ao ano. É uma caixa a mais, uma despesa a mais por ano e também uma caixa a mais de lucro para a indústria farmacêutica. Estou errada???

Estou escrevendo isto tudo porque hoje, dia 26/ago/2011, li uma matéria na Internet que vem ao encontro do que sempre pensei a respeito de laboratórios farmacêuticos e a cura, ou melhor, não cura de certas doenças. A matéria tinha o seguinte título: “Nobel de Química garante que a indústria farmacêutiva não quer que o povo se cure”. O americano Thomas Steitz, ganhador do prêmio Nobel de Química 2009, denunciou os laboratórios farmacêuticos ao argumento de que eles “não querem que o povo se cure”, e disse mais:  "é muito difícil encontrar um que queira trabalhar conosco, porque para estas empresas vender antibiótico em países como a África do Sul não gera dinheiro e preferem investir em remédios para toda a vida.”

Se isto não é ilegal é no mínimo imoral. Os governos precisam intervir para mudar o que precisa ser mudado e isto só acontecerá quando a população começar a exigir seus direitos. Qualquer mudança  só acontece quando a povo vota certo e com consciência,  e exige de seus representantes no Congresso o cumprimento dos compromissos que fizeram em suas campanhas. Vamos começar exigindo que nossos representantes no Congresso cobrem dos laboratórios farmacêuticos, pelo menos, que  as caixas de remédios de uso contínuo venham com um mínimo de 30 comprimidos, porque 28 dias só temos no mês de fevereiro.

Noruega - viagem de Alesund a Oslo

Arrastar malas naquela altura da viagem já havia se transformado em rotina e, sem sombra de dúvida, na pior parte do passeio. Tanto é verdade que por sugestão da própria guia nós separamos uma mala de mão com a roupa que iríamos usar em Oslo para não ser necessário retirar as malas do ônibus a noite para colocá-las novamente pela manhã.

Saímos cedo em direção a Oslo apenas para dormir e ninguém ouse perguntar o porquê. Minha suspeita é de um prazer mórbido que os gerentes das agências de viagem sentem em torturar turista cada vez que elaboram um circuito que eles mesmos não podem participar. Só pode... Não seria mais fácil, menos penoso e cansativo um vôo rápido até Estocolmo?


Para tornar o roteiro da viagem mais atrativo e enganoso a agência escreve assim “... Saída bordejando o fiorde de Molde até Andalsnes. Através das terras Troll e do Vale de Romsdal, passando pelas povoações de Otta e Dombas, chegada a Lillehammer. Visita às pistas de ski. Pela tarde, chegada a Oslo. Hospedagem e jantar...”

Bordejar um fiorde, seja ele qual for, parece a primeira vista algo meio romântico e encantado, mas depois de uma semana viajando de ônibus pelos fiordes você já está morto de cansado e tudo o que deseja é ficar pelo menos uns dois ou três dias quieto num mesmo lugar, para curtir e aproveitar melhor as atrações que aquele lugar oferece. Eu sinceramente preferia ter ficado pelo menos dois dias em Alesund para andar sem rumo pela cidade, caminhar nas trilhas do parque onde fica o aquário, conhecer os museus ou apenas ficar sentada apreciando o mar e a natureza exuberante que envolve a cidade.

Sem opção de escolha entramos contrariados no ônibus para seguir viagem até Oslo "bordejando" o fiorde de Molde. Mesmo sendo cansativo, o trajeto pelo fiorde foi a parte boa da viagem porque a natureza oferece um espetáculo para ninguém botar defeito. A parte que incluiu as povoações de Otta e Dombas passou e ninguém notou, e a cidade de Lillehammer só não passou despercebida também porque em 1994 abrigou os XVII Jogos Olímpicos de Inverno, um evento multiesportivo do qual participam mais de 60 países, e as pistas de ski usadas nos jogos funcionam hoje como atrativo turístico.


Assim que chegamos no estacionamento próximo das pistas de ski chegaram outros ônibus com turistas orientais. Como já tínhamos experiência anterior, corremos para usar os banheiros antes que o bando de japoneses desembarcasse formando filas intermináveis. Em seguida começou a cair uma chuva forte o bastante para espantar com a vontade de várias pessoas subirem a montanha para ver de perto as pistas de ski. Eu fui uma das que correu de volta para o ônibus e fiquei lá quietinha esperando o grupo para prosseguirmos viagem.

Chegamos em Oslo a noite, mas como era verão parecia que ainda estava no meio do dia. Depois do jantar fomos dormir, pois sabíamos que o dia seguinte teríamos de enfrentar outra estrada em direção a Estocolmo, capital da Suécia.

Despedida anunciada...


O gato que late coitado,
Está velho e abatido.
Seu miado pungente
Corta o coração da gente.
Ontem recusou sua comida
E foi dormir escondido
No seu cantinho escuro e sossegado.
Hoje, enquanto era examinado
Respirava ofegante e
Mantinha um olhar distante
Perdido no azul cristalino de sua íris.
Parecia relembrar um velho tempo
Em que seu esporte predileto
Era escalar o muro e fugir
Para o quintal vizinho
Seu playground de caçar passarinho.
Agora sei que seu coração está falhando
E  fraquinho, está se apagando lentamente
Breve, o Bubu irá fugir para sempre...

Alesund - Noruega

Alesund é uma cidade de 98 quilômetros quadrados, espalhada por cinco ilhas, e com cerca de 40 mil habitantes, que ostenta o título de capital mundial do bacalhau

A história da Alesund que conheci teve início em janeiro de 1904, após um incêndio de grandes proporções que destruiu totalmente a cidade feita em  madeira, comum na Noruega, deixando mais de 10.000 desabrigadas.


Trinta  arquitetos noruegueses ficaram encarregados do projeto da nova cidade, em estilo Art Noveau. Três anos depois a cidade estava reconstruída, e é um charme até hoje.


Chegamos em Alesund depois de um longo dia de viagem, e ficamos  hospedados  num simpático hotel que tinha acabado de ser remodelado, e estava todo novinho em folha. Os arquitetos deixaram a mostra, dentro dos quartos e nos corredores do andar de baixo, os enormes pilares de grossas madeiras que sustentavam a construção antiga. Os banheiros são modernos, mas no quarto em que fiquei hospedada era preciso tomar cuidado ao levantar da cama para não bater com a cabeça nos pilares e nas vigas de madeira, que ficavam muito perto da cama.

fachada do hotel Quality Waterfront

Saímos em grupo assim que deixamos a bagagem no quarto,  para procurar um restaurante onde pudéssemos comer alguma coisa. Só encontramos aberto, naquela altura da noite, uma pizzaria. Como a fome era grande apelamos para uma pizza mesmo. Ainda bem que ela estava gostosa. Depois fomos conhecer um pouco da cidade, pois estava previsto sairmos no dia seguinte bem cedo, de volta a Oslo. Não me perguntem o porquê? A bem da verdade, até hoje não entendi o motivo de termos parado em Alesund, já que não estava previsto fazer ou conhecer qualquer coisa interessante que existe na cidade. 

É em Alesund que está o Atlanterhavsparken, um dos maiores e mais famosos  aquários marinhos  na Europa. Aliás, ele não é simplesmente um aquário, é mais um parque, pois há trilhas para caminhadas ao ar livre e, para quem gosta, dá para fazer mergulho. E não foi somente o aquário que deixamos de conhecer. Lá também está o Museu Sunnmore, ao ar livre, que guarda a história do povo que habitou aquela região desde a idade da pedra até 1900; além  de réplicas de barcos de pesca de 400 a. C.  Por fim, a cidade  abriga o Museu Alesund que mostra como era a vida  por lá,  antes e depois do grande incêndio de 1904.
Para mim, e acredito que para a maioria dos viajantes,  ou a agência de turismo excluia Alesund do roteiro, ou ficava um dia na cidade para conhecermos todas estas atrações, que parecem muitíssimo interessantes.  Concordam?

Fiorde de Geiranger e Glaciar de Briksdals

Saímos de Loen depois de um café da manhã cheio de guloseimas, e fizemos o mesmo caminho perigoso da chegada. Nossa direção era Alesund, uma cidade de 98 quilômetros quadrados, espalhados por cinco ilhas, e com cerca de 40 mil habitantes, que ostenta o título de capital mundial do bacalhau.


No caminho para Alesund paramos em Briksdals para almoçar e aproveitamos para conhecer o glaciar com o mesmo nome. Fiquei empolgada para ver de perto o glaciar. Alguns carros abertos, que mais pareciam um reboque com bancos,  já estavam estacionados e com os motoristas a postos. Entrei num deles assim que terminei de vestir uma capa de chuva porque havia começado a cair uma chuvinha que prometia durar. O motorista cobriu nossas pernas com pesadas capas de plástico para que ficássemos protegidos do vento e do frio, mas no caminho precisamos puxar as capas até o pescoço.

Os motoristas ligaram os motores e começaram a subir a montanha íngreme, por uma estrada cheia de curvas e bastante perigosa para o meu gosto (detesto altura). Num certo ponto da montanha demos de cara com uma cachoeira maravilhosa que deu um belo banho gelado em todos os passageiros, sem exceção. A molhadeira fez com que todos rissem do inesperado da situação. O visual era de tirar o fôlego.

Num determinado ponto da montanha os motoristas pararam e informaram que dali para a frente só era possível prosseguir a pé. Algumas pessoas optaram por ficar embaixo de uma cobertura, mas eu decidi subir o resto da montanha a pé, só para ver de perto o glaciar.

O Agostinho, guia que estava acompanhando o grupo, foi conversando comigo durante a subida e quando me dei conta já estava no alto da montanha. Durante o caminho cruzamos com várias pessoas que desciam a montanha depois de ter feito todo o caminho, inclusive a parte que eu havia feito de buggy, a pé. Eu não me animaria, pois não tenho mais disposição para tanto.

Quando cheguei no alto da montanha, depois de uma longa e cansativa caminhada, fiquei um pouco desapontada. O glaciar Briksdals, com seu tom azulado,  era só um tiquinho do glaciar que foi um dia. Ele está derretendo mais e mais a cada ano que passa...


Desci novamente a montanha, embarquei no buggy e fui direto para o restaurante almoçar com o grupo. Depois do almoço embarcamos num outro cruzeiro, daquela vez para conhecermos o Fiorde de Geiranger que tem mais ou menos 15 quilômetros de comprimento e é um dos braços do Grande Fiorde, o Storfjorden.




A população da vila de Geiranger é bem pequena, mas no verão este número aumenta para umas duas mil pessoas.


Nem é preciso dizer que o passeio pelo fiorde  foi mais um momento de puro êxtase diante de toda aquela impressionante beleza natural. Do barco  avista-se inúmeras cachoeiras, entre elas as Sete Noivas, com 7 cascatas próximas umas das outras, e a cascata Amante Eterno. Aliás, o fiorde de Geiranger é patrimônio da humanidade pela Unesco e um dos lugares mais visitados da Noruega. É também  o terceiro maior porto de cruzeiros, recebendo entre os meses de maio e setembro mais de 150 embarcações.


O cruzeiro foi breve, durou apenas 50 minutos. Depois seguimos direto para Alesund, onde chegamos bem tarde, muito cansados e famintos.

Loen - Hotel Loenfjord - Região dos Fiordes

Depois do passeio de barco pelo Fiorde dos Sonhos, o Sognefjord, que terminou em Kaupanger, seguimos em direção ao hotel Loenfjord, que fica em Loen, por uma estrada estreitinha e sinuosa, que deslizava  entre a beira de um precipício que terminava nas águas plácidas do fiorde, e a escarpa de pedra bruta da montanha.

A estrada era tão estreita que por diversas vezes o ônibus ou o carro que vinha em direção contrária era obrigado a parar para dar passagem a um dos veículos. Ainda bem que o Avelino, nosso motorista, era bastante experiente naqueles caminhos estreitos e tortuosos. Em nenhum momento ele nos colocou em qualquer situação de risco, mas mesmo assim dava medo do ônibus despencar lá embaixo...


A viagem muito longa foi compensada pela paisagem incrível do fiorde que tirava nossa atenção dos perigos da estrada. Acho que os passageiros estavam tão entretidos tentando não perder a oportunidade para um flash que ninguém parecia preocupado nem com a demora da viagem ou com a estrada perigosa.


Chegamos finalmente ao simpático hotel, todo feito de madeira,  que ficava em frente ao fiorde. Já era tarde, mas como no verão escandinavo o sol quase não se põe, ainda estava claro. A água de um rio estreito corria rápida em seu leito ao descer para encontrar as águas plácidas do fiorde, deixando pra trás aquele barulho gostoso de se ouvir. Naquela noite dormi embalada pelo som calmante daquela água gelada que passava célere bem em frente a janela do meu quarto.


Perto dali um grande camping abrigava vários carros e trailers estacionados. Os trailers eram enormes e pareciam uma casa muito bem equipada. Alguns homens pescavam tranquilamente e pareciam estar em perfeita comunhão e paz com a natureza que os rodeava.


Saí caminhando com a Lili, sem pressa,  para tentar captar com minha máquina, e guardar para sempre, a beleza que se descortinava diante dos meus olhos, em todas as direções. Tiramos muitas fotos e nos encantamos com tudo aquilo que estava ali ao alcance da nossa sensibilidade.


No jardim do hotel paramos para ver de perto como era feito um telhado verde, pois havíamos visto vários telhados verdes durante toda a viagem até ali, e aquilo vinha aguçando nossa curiosidade.


O telhado verde é uma excelente idéia, que além de embelezar é muito útil. Consiste na aplicação e uso de solo e vegetação sobre uma camada impermeável, que é instalada na cobertura de uma edificação qualquer. Sua vantagem é facilitar a drenagem das águas da chuva e promover o isolamento acústico e térmico dos telhados e lajes tradicionais. Além de refrescar, ele consegue manter o edifício protegido de temperaturas extremas tanto no verão quanto no inverno. Outro benefício do telhado verde é promover o reequilíbrio ambiental, pois sua utilização pode evitar o uso de sistemas de climatização ou ar condicionado. Ele consegue manter a umidade relativa do ar no entorno da edificação. Em tempos de valorização da ecologia, o telhado verde é uma excelente idéia.