Cuidado com o acesso de tosse

O resultado das tomografias e da cintilografia óssea foram ótimos, pois o que não desapareceu pelo menos permaneceu estável, o que é muito bom, mas por causa do aumento nas taxas dos marcadores hormonais para câncer de mama vou precisar fazer o PET CT na próxima terça-feira para ter certeza de que está tudo bem mesmo. Paciência, é apenas mais um exame a ser feito.
A tosse que vem me atormentando a algum tempo parece que não quer dar trégua. Agora não consigo mais rir porque fico sem fôlego e começo a tossir. Quer um negócio mais sem graça do que não conseguir dar uma boa risada? Ainda mais eu que adoro gargalhar.
A rouquidão também está bem chatinha, pois me deixa afônica toda hora. Há momentos em que não consigo conversar e se insisto, lá vem a tosse.
Hoje, para piorar as coisas, acordei com dor no lado esquerdo do pescoço. Não é nada insuportável, mas atrapalha engolir e não me deixa esticar o pescoço sem provocar muita tosse. Pense só no que é você não esquecer que tem pescoço porque cada vez que engole, mesmo que um pouco de saliva, é inevitável sentir dor.
Tudo bem que não deve ser nada grave até porque não apareceu nada nas tomografias, mas tem que ter um motivo para estar acontecendo isso e os médicos não conseguem atinar para o que seja e o incômodo continua no mesmo lugar, tirando o meu sossego.
Quero um House como médico e só lamento que ele exista apenas na ficção. Tenho certeza que ele já teria descoberto o que está acontecendo comigo e eu estaria novinha em folha e dando sonoras gargalhadas. kkkkk

Almoço entre amigos na terça-feira de carnaval

Para fugir da agitação do carnaval, preços nas alturas, aeroportos lotados, vôos atrasados e todas as mazelas enfrentadas nos feriados prolongados eu e algumas amigas resolvemos ficar em Brasília, mas ontem decidimos nos encontrar para um almoço na casa da Marta e do Cícero.
Ficamos papeando na varanda da churrasqueira e beliscando alguns queijos e uma pasta de beringela feita pela Marta, enquanto o almoço estava sendo preparado. Belisca daqui, belisca dali acabei perdendo o apetite para o delicioso almoço que foi servido mais tarde e só comi um pouco de salada. A Ivone, que estava sentada ao meu lado, o tempo todo elogiava a comida e pela cara de satisfação que todas faziam enquanto comiam pude perceber que eu estava perdendo um banquete. Ninguém mandou beliscar antes da hora!
A sobremesa foi banana caramelada com sorvete e um creme de ameixa que estava com uma cara muito boa, mas como não sou muito chegada a doce acabei não comendo. Mais tarde comi um pedaço de melancia colhida no pomar da casa e que estava doce como um mel, uma verdadeira delícia.
Terminado o almoço fomos para a sala e ficamos conversando até bem tarde e a conversa acabou servindo como uma verdadeira terapia de grupo. Uma das vantagens de estar entre amigos é poder falar sem reservas, chorar sem sentir vergonha e se sentir acolhido, compreendido. Esses papos francos servem para mostrar ao grupo que todos nós, sem exceção, temos algum tipo de problema.
Lá pelas tantas a Marta, que não consegue ficar parada, foi assar pão de queijo e fazer um cafezinho fresco. Num primeiro momento ninguém queria nada, mas foi só colocar na mesa para todos se servirem. A conversa continuou animada até o final da tarde quando voltamos para nossas casas com a promessa de encontros mais frequentes.

Ainda se achando o Dono do Pedaço

Saiu de casa
Mas não saiu de cena.
Chega quando menos se espera
Entra sorrateiro, sem fazer ruído
Quando percebo está dentro de casa
Sentindo-se o dono do pedaço
Servindo-se do melhor vinho
Sem aproveitar-lhe o sabor
Está ébrio da bebida barata
Comprada no boteco da esquina.
Liga a TV no canal do futebol
Como o fazia nos velhos tempos
E se esparrama no sofá.
Em poucos minutos está dormindo a sono solto.
Com baba escorrendo pelo canto da boca...

Primeiro Emprego



(foto retirada da internet)


Minha sobrinha já distribuiu currículo para tudo quando é canto, mas continua com dificuldade em arrumar emprego. Mesmo tendo curso superior completo, falando espanhol e italiano e sabendo usar um computador com desenvoltura, ainda assim não apareceu nenhum tipo de colocação.

Tendo entender a situação e como cidadã comum e leiga no assunto observo que entrar para o concorrido mercado de trabalho é uma maratona ou até mesmo o equivalente a ganhar na loteria. É que o mercado, por estar saturado exige além de qualificação, que o candidato tenha experiência. Especialmente em Brasília, além disso tudo é preciso ter um tal de QI que não tem absolutamente nada a ver com quociente de inteligência.

Como é que alguém pode ganhar experiência se não tem oportunidade de um primeiro emprego?

Para piorar, se o candidato não fala inglês aí é que não tem chance alguma coitado. Isso num país onde mal se aprende o português. Já repararam que de alguns anos para cá as escolas públicas apenas ensinam o aluno juntar letras? Eles não sabem interpretar, não conseguem entender uma leitura simples. Para conferir o que estou afirmando basta ler algumas pérolas retiradas das redações do ENEM ou alguns comentários postados na internet. É de chorar...

Nas escolas de um modo geral, mesmo nas particulares, o ensino do português é deficitário e do idioma inglês é uma piada, pois o aluno conclui o ensino médio e continua incapaz de se comunicar no idioma do Tio Sam; a não ser que ele tenha feito curso de inglês numa boa escola de línguas. E olhe lá!

Concluído o ensino médio o jovem escolhe uma faculdade particular para fazer um vestibular de araque porque sabe que qualquer aluno sai aprovado independentemente de seu grau de conhecimento. Aliás, nem sei por que ainda se exige vestibular em algumas dessas faculdades, pois parece que o mesmo serve apenas para arrecadar fundos com as inscrições e engordar a conta bancária da faculdade e daqueles que elaboram as provas.

O pior é que o curso chega ao seu final e o aluno não está qualificado para desempenhar função alguma. A faculdade deu-lhe um diploma, mas não o capacitou.

Pensando bem, o que precisamos é de uma fiscalização rigorosa para acabar com boa parte desses cursos universitários que servem apenas para enriquecer ainda mais aqueles que já tinham dinheiro suficiente ou influência para abrir um curso de graduação.

E o jovem com curso universitário concluído e diploma embaixo do braço vai passar meses em busca de uma colocação no mercado de trabalho. Se der sorte pode até trabalhar em sua área de formação, mas acaba aceitando qualquer coisa que apareça. O importante é conseguir uma colocação no mercado, seja lá no que for ou, se tiver quem o banque, irá se matricular num desses cursinhos preparatórios para concursos e virar um concurseiro de carteirinha. Com esforço, no prazo de uns dois anos estudando horas a fio, irá se tornar funcionário público.

Penso que o ideal, ao invés de encher o país com universidades ruins e de baixa qualidade, seria investir mais em cursos profissionalizantes, de curta duração e bem direcionados para o fim que se busca.

Outra solução que poderá resolver o problema da mão de obra especializada é o empresariado se interessar em qualificar a mão de obra que irá servi-lo. Gastar um pouco de tempo e dinheiro para qualificar um empregado é, sem sombra de dúvida, um excelente investimento em recursos humanos que trará retorno certo para a empresa, o empregador e o empregado.


Prato lascado em Restaurante estrelado

Um dia desses, enquanto fazia quimioterapia, li uma reportagem com um desses famosos chefs de cozinha, que estão na moda. Não sei de quando é a reportagem, mas a revista devia ser velha, como toda revista encontrada nos consultórios médicos.

Uma das perguntas questionava o valor de R$ 27,00 cobrado pelo couvert que não passa de um pãozinho com manteiga. O chef começou dizendo que o valor cobrado pelo couvert não cobra apenas aquele pãozinho com manteiga, mas cobra também pelas toalhas de linho, pelas taças de cristal que custam cinqüenta dólares a unidade, pelos talheres de prata e coisas dessa natureza. O valor pago pela comida cobre apenas o preço do material gasto na confecção do prato e é caro porque o que é bom custa caro. Acho até que ele esqueceu-se de mencionar o custo com o pessoal que trabalha no restaurante, mas é claro que isso também está embutido no valor pago, quem sabe, no couvert, ou será no prato principal?

A explicação do valor excessivo cobrado por um pãozinho com manteiga não me convenceu muito, mas como não freqüento o restaurante do chef famoso esqueci-me do assunto até que fui almoçar com minha filha num restaurante badalado em Brasília e não pude me furtar de lembrar o preço cobrado pelo couvert do restaurante estrelado.

No restaurante em Brasília as toalhas não eram de linho, mas isso não fazia a menor diferença, pois eu queria mesmo era saborear a comida que prometia ser da melhor qualidade. Aproveitando a época do restaurant week pedimos o prato da promoção, pois o preço é tentador e muito abaixo do cobrado usualmente naquele restaurante.

Como entrada pedi uma salada e a Bárbara uma batata sei lá das quantas. Minha salada não tinha nada de especial, mas como folha é folha em qualquer lugar do mundo fiquei na minha. A Bárbara não se mostrou muito animada com sua meia batata. Meu prato principal era um frango com molho de limão acompanhado de um purê de batatas. Confesso que estava bom, mas não achei nenhuma graça no macarrão que foi servido para minha filha.

De sobremesa pedimos um bolo de chocolate e um flan que foram servidos em tempo recorde. Até aí tudo bem, pois era o prato promocional, o problema era o pratinho de sobremesa onde foi servido o bolo de chocolate que estava quebrado na borda e aquele lascado saltou aos meus olhos. Foi inevitável lembrar a reportagem que eu havia lido na véspera e pensar no preço cobrado pelo couvert.

A Bárbara olhou para mim, olhou para o prato lascado e fez cara de quem não estava gostando do que estava vendo, com toda razão. Na hora falei: eles não cobram couvert... Ela ficou sem entender então falei da reportagem e rimos juntas da situação, pois já havíamos comentado que o atendimento não era primoroso como se espera de um restaurante considerado de primeira, afinal o garçom que atendeu nossa mesa chamou a atenção da garçonete em alto em bom som na nossa frente. Foi, no mínimo, deselegante.

Para não deixar dúvidas sobre a veracidade do que estou escrevendo tirei até uma fotografia do prato lascado. Não vou citar o nome do restaurante, mas certamente os interessados no assunto saberão identificar o prato lascado e o “menu” oferecido.

Cá entre nós, no boteco da esquina posso até aceitar um prato lascado ou um garçom falando grosso com o outro, mas num bom restaurante é inaceitável. É preciso primar pelos detalhes, mesmo que seja na semana em que é oferecido um prato a preços módicos.

Lou fev/2010

Dormitório Verde


Quando ajudei minha amiga fazer o jardim da casa nova fomos juntas até a floricultura escolher as duas palmeiras que iríamos plantar. Elas cresceram de modo desigual, uma ficou bem grande e a outra um pouco menor, mas cheia de cachos com pequenos coquinhos verdes e vermelhos. Elas enfeitam o jardim e enchem o gramado com os frutos que caem maduros.
Os periquitos que voam em liberdade pelas redondezas escolheram as duas palmeiras como dormitório e todos os dias ao entardecer eles começam a chegar em enormes bandos, fazendo algazarra. A gritaria é ensurdecedora, mas é interessante observar a chegada dos pássaros. Às vezes chegam apenas dois, outras vezes o bando parece conter mais de cinqüenta aves.
Hoje eu e Raissa ficamos a postos para tentar fotografar o balé da chegada dos passarinhos. Eram sete horas da noite, mas como estamos no horário de verão o sol ainda estava brilhando. Demora mais ou menos uma hora para que todo o bando pouse nas palmeiras e enquanto estão chegando fazem tanto barulho que despertam a curiosidade de algumas pessoas na rua que acabam parando para observar a chegada dos periquitos verdes.
Não conseguimos fotografar porque o bando chega tão rápido que não dá tempo de disparar a máquina o que é uma pena, pois a aproximação dos pássaros é bonita de se ver. Eles formam uma mancha verde contra o céu azul e pousam com elegância e suavidade entre as folhas também verdes e se misturam no meio delas.
Enquanto chegam, fazem muito barulho e continuam nessa tagarelice até que todos tenham retornado. Depois de acomodados em seus lugares o bando silencia e dorme protegido no alto das palmeiras.
Quando os primeiros raios de sol tingem o horizonte de vermelho e amarelo eles começam a despertar e iniciam sua algazarra habitual como se estivessem combinando entre si a hora de levantar vôo. Por alguns minutos ficam balançando ao sabor do vento nas folhas das palmeiras que enfeitam os jardins do condomínio. Alguns voam de uma palmeira até outra e de repente um bando barulhento voa em direção ao sol que está nascendo enquanto outros continuam tagarelando até que também saem voando numa bela formação. Com certeza vão pousar nas grandes árvores dos parques e jardins da cidade onde encontram alimento, mas sempre retornam para a segurança de seu dormitório verde pontualmente ao entardecer.

Nascimento

Um instante de amor
Fez gerar nova vida
Desenvolveu-se na segurança morna do ventre materno
Hora de nascer
Um grito, um parto natural
Um bebezinho rechonchudo e corado
Chorou assustado com seu novo mundo
Barulho, luzes, cheiros estranhos.
Só parou de gritar no colo da mãe
Reconheceu-lhe o cheiro,
Identificou-lhe as batidas ritmadas do coração
Certo de que estava em ambiente seguro
Aninhou-se em seus braços, sugou seu peito e adormeceu.

Lou 02/fev/2010

Hora da Verdade

Depois de meses de tratamento
É chegada a hora de novos exames
Muitas punções em veias difíceis
Ecografias, cintilografias, tomografias
Cada um mais sofisticado do que o outro.
Já conheço meu corpo também por dentro.
O trajeto das veias e artérias, a aorta com seu formato de cajado
Músculos, nervos, órgãos e ossos
Dá para ver tudo com nitidez
Conheço até a cicatriz em forma de triângulo
Que se formou em meu pulmão esquerdo
É impressionante a qualidade dos exames, mas...
Qual será o resultado?
Nunca se sabe como o corpo está reagindo a medicação
Será que melhorou?
O diagnóstico ficará pronto em alguns dias
Até lá é esperar e torcer por um resultado animador.
Fico ansiosa, é inevitável.
Sinto-me refém do tratamento, prisioneira de uma doença grave.
Meu cárcere não possui barras
Apenas agulha, soro e quimioterapia...

Lou/fev 2010