A alegria dos passarinhos após a primeira chuva da primavera

     Ontem a tarde caiu a primeira chuva da primavera encharcando o solo vermelho do cerrado, rachado e ressecado pela longa estiagem. A chuva caiu forte e sem pressa de parar, e o vento soprou forte também balançando sem dó os galhos das árvores e as longas folhas das palmeiras. O barulho do vento zumbia ameaçador pelas frestas das portas e janelas, metendo medo nas pessoas, enquanto a chuva geladinha caía lá fora aliviando o forte calor das últimas semanas e alimentando o lençol freático já quase esgotado.


     Hoje o dia amanheceu fresquinho, do jeito que eu gosto. Fui cedo para o quintal apreciar a festa da bicharada e percebi que os filhotes dos pássaros, já bem crescidos, eram alimentados pelos pais nos galhos das árvores. Eram muitos filhotes de periquitos verdinhos, já do tamanho dos pais, reclamando pela comida fácil. Havia pombos, sabiás, joão de barro e outros que nem sei o nome pulando do pé de graviola para o ipê e de lá para a pitangueira e para a acerola. Era uma festa bonita de se ver.


     Fiquei lá fora um bom tempo observando os passarinhos fazendo algazarra numa cacofonia maluca de sons e cantos. Vi os periquitos cortando as favas do ipê para alcançar suas sementes e a sabiá se banqueteando com as pitangas maduras. O joão de barro bicava o solo molhado em busca de minhocas e o bem-te-vi ciscava as folhas secas dos canteiros para encontrar algum petisco escondido. Todos se deram bem e saíram voando de papo cheio.

flor de caliandra


     Fui então dar uma caminhada pelo condomínio e vi um beija-flor alimentando seus filhotinhos no pequeno ninho feito no galho de uma enorme árvore, num terreno ainda vazio. Pouco antes eu tinha visto este mesmo passarinho se alimentando do néctar das flores do meu jardim. Ele enfiava o longo bico até nas flores ainda em botão para alcançar o alimento para seu filhote. Que coisa mais linda este frágil e delicado passarinho.




     O sol começou a esquentar então voltei devagar para casa acompanhada da minha cachorra velhinha. Ela adora dar uma volta pelas ruas, mas como está velha e cheia de dores não consegue andar muito tempo. Eu também não estou conseguindo andar muito, então somos o par perfeito para uma curta caminhada.

Melhorando dos sintomas do hipertiroidismo

     Após uma semana usando a dosagem menor do syntroid estou me sentindo outra. Nem de longe pareço a mesma pessoa que sábado passado não parava de vomitar e passar mal. Engordei um pouco, agora estou pesando 63kg e até prefiro manter este peso.
     Observei também que estou dormindo melhor, pois não estou mais acordando durante a noite como estava acontecendo. Tenho dormido direto até as seis da manhã. Ainda sinto um pouco de tonteira, mas elas também diminuíram a intensidade.
      Todos aqui em casa já notaram o quanto melhorei. É incrível pensar que um simples remédio possa fazer tanta diferença. Vou ficar mais atenta a dosagem dos hormônios T3 T4 e TSH daqui para frente pois as consequências do hiperteroidismo são catastróficas. Não quero sentir aquilo nunca mais.

Hipertireoidismo e quimioterapia

     Iniciei o novo protocolo de quimioterapia, que inclui o Perjeta e a Carboplatina além do Herceptin, no dia 18 de julho deste ano.  Fiz quatro ciclos até agora e os efeitos colaterais conseguiram me deixar muito debilitada, mais do que o médico supõe como razoável para este tipo de medicação.
     Como não costumo ser fiteira e muito menos invento o que de fato não estou sentindo comecei a pensar que poderia ter outro motivo para eu estar me sentindo tão enfraquecida. Nos últimos meses perdi 9 kg sem ter alterado minha dieta, sinto uma fraqueza muscular intensa nas pernas e braços que me deixa com a sensação de que não consigo segurar um copo, meu sono ficou irregular, sinto tonteira e até ansiedade e ando irritada além do normal. Relatei estes sintomas em todas as consultas, mas tenho a impressão de que não fui levada muito a sério.
     Quando tive uma crise de labirintite durante uma consulta com o Dr. Fernando ele me encaminhou direto para um otorrino de sua confiança para um exame e solicitou uma ressonância magnética do cérebro. O resultado do exame foi normal e o otorrino concluiu que a tonteira era postural e consequência das quimioterapias que intoxicam meu corpo.
     Antes das quimioterapias tenho que fazer exame de sangue então, na consulta antes do quarto ciclo, sugeri que incluíssem no pedido a dosagem hormonal (T3 T4 e TSH) para conferir se não havia uma descompensação desses hormônios, já que não tenho tireóide e faço reposição com remédio.
     Bingo! O exame revelou que meu TSH está baixíssimo, em 0,08. Isto esclarece todos os sintomas dos quais tenho me queixado nos últimos tempos, inclusive o emagrecimento súbito sem mudança de dieta. Como é que os médicos não pensaram nesta hipótese?
     Tenho a impressão de que a medicina ficou especializada demais e os médicos não conseguem olhar o paciente como um todo. Os médicos ficam tão focados em sua área de atuação que dão a impressão de que não ouvem a queixa do paciente quando esta foge aos sintomas elencados como consequência do tratamento. Se a queixa não está dentro do protocolo ou da bula do remédio ela não existe.
     Já conversei  por telefone com minha endocrinologista, que está em licença gestante, mas mesmo assim fez questão de me atender, e ela disse que estou super medicada então mandou eu passar a usar o syntroid 100, considerando meu peso atual de 61 kg, ao invés do 137 que eu vinha fazendo uso. Daqui a quatro semanas farei novos exames de sangue para medir a dosagem hormonal para saber se mantenho ou não a dose atual do remédio.
     Tenho certeza de que agora vou começar a me sentir melhor. O que me deixa triste é pensar que todo o mal estar que eu vinha sentindo poderia ter sido evitado com um simples pedido no exame de sangue.

Reajustando a dose da carboplatina

     Quinta-feira tive a consulta com o Dr. Fernando para ver o resultado do PET e definir como ficará o protocolo de quimioterapia daqui para frente. O câncer no esterno avançou um pouco mas, na opinião do médico, um avanço em torno de 10% não é nenhum problema grave. As outras metástases continuam sob controle. Menos mal, mas definitivamente não foi o resultado que eu gostaria, afinal, depois de tantos efeitos colaterais com o novo protocolo eu esperava um resultado bem melhor (na minha opinião de leiga, é claro).
     O Dr. Fernando decidiu manter o mesmo protocolo, mas reduziu um pouco a dose da carboplatina por causa dos efeitos colaterais que estão me tirando do sério. Acabei não podendo fazer a químio que estava programada para a quinta-feira porque, mesmo tendo tomado as cinco doses do granuloquine, minha imunidade continuava baixa demais. Vou fazer o quarto ciclo na próxima quinta.
     Perguntei quantos ciclos terei que fazer com a carboplatina e a resposta, definitivamente, não me agradou. Ele respondeu que irá depender da resposta da doença a quimioterapia. Então, considerando meu atual estado de espírito, resolvi que está na hora de usar um remédio que me ajude a manter o nível de serotonina em alta para restabelecer meu bom humor e ânimo, afinal não quero continuar fazendo uma químio pesada que me impede até de pensar em sair de casa para uma simples caminhada.
     Conversei também com a Dra. Daniele que me falou sobre o avanço nas pesquisas relacionadas ao câncer de mama. As novas drogas que estão chegando no mercado prometem revolucionar, cada vez mais, o tratamento do paciente oncológico. Vamos aguardar.