Não sou surda, nem muda e muito menos retardada...

     Tenho a impressão de que as pessoas que desejam abordar um cadeirante devem pensar que além de não conseguir andar com as próprias pernas eles também devem ser mudos e surdos ou, quem sabe, até um pouco retardados. É que algumas pessoas quando querem perguntar alguma coisa ao cadeirante não se dirigem a ele, preferem fazer a pergunta ao cuidador. Se não fosse trágico seria até cômico...
     No dia em que eu fui alugar minha cadeira de rodas eu estava acompanhada pela minha irmã e pela minha filha. Elas me deixaram no carro e foram até a loja solicitar uma cadeira de rodas para que eu pudesse sair do carro e entrar na loja. Pois bem, até o atendente da loja, especializada em produtos para cadeirantes e afins, não se dirigia a mim e sim a minha filha ou a minha irmã. Eu era invisível aos olhos dele, ou uma idiota que não tinha vontade própria...
     Conversei com a Leó, uma grande amiga que também precisou usar cadeira de rodas por um longo tempo, e ela me disse que com ela acontecia a mesma coisa. As pessoas não se dirigiam a ela, mas sempre ao cuidador. Rimos muito da situação.
     Para concluir, os cadeirantes, além de seus inúmeros problemas com a acessibilidade, ainda precisam conviver com a idéia de serem considerados meio bobos, meio surdos, incapazes de articular uma frase com coerência... Alooouuu, meu problema é apenas uma fratura no pé. Minha cabeça e minha capacidade de compreensão das coisas continua intacta. Consigo ouvir com clareza e não sou muda e nem retardada então... perguntem diretamente a mim que eu mesma respondo.
1 Response
  1. Anônimo Says:

    Realmente é um absurdo. As pessoas precisam aprender a observar antes de chegar a conclusão de que o cadeirante não tem condições de responder. Agora, o q é mais absurdo é ver esse tipo de tratamento em lojas especializadas, onde os funcionários deveriam ter treinamento p lidar com essas situações...


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou