A pescaria dos pássaros
domingo, setembro 25, 2016
Nosso voo sairia somente no final da tarde, então
aproveitamos a parte da manhã para nossa última caminhada pelo calçadão da
praia. O dia amanhecera claro, céu azul sem nuvens e um gostoso sol aquecendo
tudo. Saímos sem pressa iniciando nossa caminhada em frente ao mar quando
observei alguns bem-te-vis pousados nas pedras que separam o calçadão do mar,
no centro de Florianópolis.
Como bandidos que não querem ser reconhecidos,
os bem-te-vis parecem também usar uma máscara negra em volta dos olhos. Eles
também não são bonzinhos como esperamos dos passarinhos, pois já vi um deles
devorando um pequeno beija-flor na primeira tentativa de voo. Quase morri de dó
do beija-flor e passei a olhar os bem-te-vis como comedores de passarinhos
frágeis.
Mas voltemos àqueles bem-te-vis que
vi pousados à beira mar, atentos no balanço das ondas que chegavam aos
borbotões, cobrindo as pedras e deixando pequenas poças nas depressões, antes
de recuar. É que eles sabem que aquelas ondas trazem também pequenos peixinhos
e crustáceos que acabam aprisionados, esperando a próxima onda para tentarem
escapar.
Não eram apenas os bem-te-vis que
observavam atentos, havia também pequenas garças brancas de penacho e muitos
biguás boiando ou mergulhando. De repente um dos bem-te-vis deu um voo rasante
sobre as águas e voltou a pousar nas pedras com um pequeno peixinho preso no
bico. Ele comeu o petisco e voltou a ficar imóvel, atento ao movimento das
águas. Esta operação se repetiu várias vezes.
A garça, elegante e graciosa,
preferia caminhar devagar sobre as pedras observando atenta as pequenas poças
d’água. Quando notava alguma coisa se mexendo parava, esticava seu longo e fino
pescoço e dava uma bicada certeira trazendo de volta na ponta do bico um
molusco ou peixe aprisionado. Ela não tinha pressa e repetia a operação com
sucesso cada vez que esticava o pescoço.
O bem-te-vi pescava nas ondas que
chegavam até as pedras, já as garças, se especializaram em caçar entre as
pedras, nas pequenas poças que as ondas deixavam para trás. Os biguás ou
mergulhões passavam a maior parte do tempo nadando e mergulhando. Cada um
encontrou seu jeito peculiar de conseguir o almoço.
Continuamos nossa caminhada, agora de
volta ao hotel. O motorista iria nos pegar para o almoço antes de irmos para o
aeroporto. Depois de assistirmos tantos pássaros pescando seu almoço resolvemos
também comer frutos do mar no Restaurante Ostradamus. Acertamos em cheio, a
comida, acompanhada de um bom vinho, estava perfeita.