Um cachorro linguarudo

O adestrador chegou cedo para mais um dia de trabalho. Enquanto explicava para a família como deveriam conduzir o animal percebeu que havia uma empregada nova na casa e a chamou para participar do treinamento. Era importante a participação de todos os membros da família para evitar que seu trabalho de adestramento fosse por água abaixo.
Laura veio correndo, toda esbaforida. Chegou ofegante e foi logo dizendo que havia trabalhado na casa de um pessoal que veio do Equador e que eles tinham um cachorro que falava. Como a risada foi geral ela argumentou, entre ofendida e impaciente, que estava dizendo a verdade e que aquele não era um cachorro comum. Aquele cachorro que veio do Equador falava e era um grande linguarudo, pois contava tudo o que se passava na casa para a patroa.
A dona da casa, sua nova patroa, tentou explicar que cachorro, fosse do Brasil ou de qualquer outro lugar no mundo não falava, apenas latia, mas Laura não se deu por vencida e afirmou novamente que aquele cachorro falava sim e para justificar explicou: um dia quebrei um prato acidentalmente. Assim que minha patroa chegou em casa o cachorro a acompanhou até o quarto e contou tudo o que aconteceu, tintim por tintim.
Em sua pura ingenuidade Laura continuava afirmando que o cachorro falava. Para reforçar sua tese explicou que sua patroa voltou para a cozinha e perguntou-lhe o que havia acontecido de diferente naquele dia. Ela, percebendo que havia sido descoberta, contou que havia quebrado um prato. Com os olhos arregalados Laura, relembrando aquele incidente bizarro, contou que a patroa falou que já sabia do acontecido, pois o cachorro havia lhe contado.
Por mais que se tentasse explicar que tudo aquilo era brincadeira Laura continuava afirmando que o cachorro falava, pois era um cachorro diferente, era um cachorro que só existia no Equador,
Depois de várias tentativas infrutíferas para convencer Laura de que cachorro não falava a nova patroa perguntou: Alguma vez o cachorro falou com você? Não. Respondeu Laura na maior inocência. Falar comigo ele nunca falou, mas chamava meu nome Lauuuuuuuuuura, Lauuuuuuuuura...
1 Response
  1. Jornalisa Says:

    Adoro seu texto. E olha que sou chata - vício de jornalista, vivo corrigindo escritos alheios sem que me peçam rsrsrs.
    Mas nunca senti isso nos seus. Leio de um fôlego só e tudo é sempre muito leve.
    Parabéns.


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou