Um Giro pela Toscana - dia 1° - Viareggio

          Hoje é feriado na Itália, e Florença está lotada de turistas, mal se consegue andar pelas ruas, principalmente em grupo. Você se sente arrastado pela multidão.


         Ontem foi comemorada a Notte Bianca e a festa durou a noite inteira. Havia shows em várias partes da cidade mas, como tudo era grátis, as filas estavam enormes e era impossível entrar nos locais de shows.
       Resolvemos passar o dia em Siena, mas quando chegamos na estação acabamos optando por ir até Viareggio por causa do horários dos trens. O trem para Viareggio custou 7,70 euros.

        Chegamos em Viareggio e tivemos uma surpresa: como era  feriado, nem os ônibus circulavam pela cidade. Ainda bem que conseguimos um táxi que nos deixou no Lido, na beira da praia onde estava acontecendo uma feira internacional. As barracas vendiam de tudo, desde roupas, artesanatos e até comida.
       Nosso plano inicial era almoçar numa das barracas da feira, mas São Pedro não quis colaborar e fez desabar aquele aguaceiro. Sem condições de continuar andando por causa da chuva e do vento, optamos por entrar no primeiro restaurante que encontramos e almoçamos por lá mesmo. Para nossa sorte, acertamos na mosca, a comida estava deliciosa e o vinho também. A conta ficou num preço muito bom 150,00 euros, o que deu 30,00 por pessoa.      

      O Teresita fica na Terrazza della Repubblica, 7/8 – Viareggio – fone: + 39-0584-54256 – site: www.teresita.it

         Antes da chuva desabar com vontade de molhar, mesmo quem estivesse com guarda-chuva, conseguimos andar por quase toda a feira. Aproveitei para comprar um pouco de frutas secas, porque acho bom carregar este tipo de comida na bolsa. É prática, saudável e gostosa. Adoro frutas, mesmo as secas, e lá tinha muitas variedades. Escolhi passas, damasco, abacaxi, maça, banana e outras que já até esqueci, só sei que comi frutas secas até o final da minha viagem.
      Conversamos muitas abobrinhas durante o almoço e demos boas risadas. Quando estávamos terminando de almoçar o HA, que acabou preferindo comer numa das barraquinhas da feira, apesar da chuva,  apareceu para nos fazer companhia.
          Nosso passeio a Viareggio poderia ter sido melhor aproveitado se não fosse pelo mal tempo, mas não seria isto que iria estragar nossas férias. Curtimos apenas o que deu para aproveitar.
       A chuva parecia ter dado uma trégua, mas assim que saímos o temporal desabou novamente. O jeito foi pegar um táxi de volta para a estação  e embarcar  para Florença. Lá o tempo estava melhor e ainda deu para aproveitar a noite.

Um Giro pela Toscana - dia 30 - Notte Bianca


          Comecei o dia desencontrando do grupo e quando cheguei ao hotel Calzaiuoli encontrei um recado do HA pedindo que eu entrasse em contato com a Kátia que também havia ficado para trás. Pegamos um táxi e fomos encontrar com ele, a Lia e a Eleonora na Piazza Michelângelo, de onde se tem uma fantástica vista de Florença. Aproveitamos para conhecer a Basílica de San Miniato al Monte.


Igreja de San Miniato al Monte

           Voltamos ao centro de ônibus e fomos para a Igreja de Santa Maria Novella que fica na praça onde funciona um mercado de rua. Resolvemos experimentar a comida do mercado, mas foi muito difícil conseguir uma mesa. A cidade estava lotada, pois a Notte Bianca é comemorada hoje e haverá muitas apresentações pela cidade, e tudo é grátis, inclusive as entradas nos museus e galerias.

Igreja de Santa Novella

            Consegui espaço em uma das mesas e chamei o grupo. Cada um de nós  foi comprar algum tipo de comida nas barracas e nos sentamos para comer. Comi uma pasta com molho pesto que estava uma delícia. Depois do almoço comprei alguns biscoitos caseiros e levei para beliscar a noite no hotel.


        A noite nos encontramos para aproveitarmos juntos as atrações da Notte Bianca. Começamos visitando o Palácio Vecchio.


           Esta parede do Palácio Vecchio que aparece na foto acima pode esconder a obra de Leonardo da Vince, perdida há cinco séculos. Nossa! É numa hora dessas que eu queria ter uma visão de raio X.
 É que atrás do afresco da Batalha de Marciano, pintado por Vasari, pode estar A Batalha de Anghiari, um afresco pintado por Leonardo para comemorar a vitória da República de Florença sobre a Milanesa, em uma batalha ocorrida na planície de Anghiari.
Estudos recentes sugerem que Vasari, para preservar o afresco de Leonardo, construiu outra parede a poucos centímetros da pintura para executar seu próprio afresco, o da Batalha de Marciano. A dúvida ainda paira no ar. Quem viver talvez, quem sabe, ainda verá... Confesso que fiquei excitada com a idéia, e morta de curiosidade. Leonardo da Vince é demais! Será que o afresco pintado por ele ainda está lá, guardado e preservado...

detalhe do teto do palácio

           Saímos do Palácio Vecchio e enfrentamos uma multidão impressionante que deixava quase intransitável a cidade de Florença. Todas as atrações disponíveis na Notte Bianca estavam lotadas. Eram filas quilométricas para tudo, tornando quase impossível aproveitar qualquer uma das atrações.
            Paramos na Praça della Signoria para ouvirmos a apresentação um Coral Gospel. A música estava gostosa e todos prestavam muita atenção, mas um cachorro beagle parecia não estar muito de acordo, pois ele uivava sem parar. Seu dono, sem opção, resolveu sair de fininho...


            Saímos de lá e fomos até a praça da República para comer uma pizza, mas a pizzaria, que não passava de um corredor um pouco mais largo do que o normal, estava lotada. Os pizzaiolos não paravam de entregar tabuleiros e mais tabuleiros de pizza fresquinha no balcão e os frequezes apontavam a que queriam e os balconistas cortavam o pedaço com uma tesoura, colocavam num prato de papel e entregavam. Era rápido. Quem tivesse sorte de encontrar uma cadeira vazia, sentava para comer nas mesas que ficavam na praça, ou então comia em pé mesmo. Nós demos sorte.
            Bem que tentamos aproveitar as diversas atrações da Notte Bianca, mas não foi possível. Para todos os lugares que fomos tinha filas quilométricas e eu detesto multidão (acho que todo o grupo, porque ninguém se animou).  Lá pelas tantas resolvemos voltar para descansar no hotel. Deitei ouvindo o barulho da festa que acontecia nas ruas da cidade. Dormi embalada pelo som dos passos das pessoas que caminhavam apressadas sobre as pedras centenárias do calçamento, as mesmas pedras por onde um dia andaram homens como Leonardo, Rafael, Dante...

Um Giro pela Toscana - dia 29 - Florença


      Acordei muito cedo e aproveitei para visitar a Basílica de Santa Croce, uma das principais basílicas da Igreja Católica e a principal igreja franciscana de Florença. A Igreja de Santa Croce é também conhecida como Panteão das Glórias Italianas, porque lá estão enterrados alguns dos mais ilustres italianos. São 276 sepulturas, incluindo os túmulos de Miguelângelo, Galileo, Ghiberti, Machiavel, Rossini, Marcone, Dante e outros.


          Diz a lenda que a igreja foi fundada pelo próprio São Francisco de Assis. Ela possui 16 capelas, sendo que algumas foram decoradas com afrescos de Giotto e seus alunos. Os monumentos funerários são belíssimos, não dá para ficar indeferente diante deles. Além de obra de arte eles ainda guardam os restos mortais de homens ilustres e artistas que deixaram sua marca para a humanidade.

túmulo de Michelangelo

túmulo de Galileo

         As obras de arte da igreja Santa Croce incluem afrescos de Giotto e a Anunciação, de Donatello.


detalhes da porta da Igreja Santa Croce

        Quando eu retornava para meu hotel encontrei com a Kátia e a Iara na rua, e em seguida encontramos com o HA. Saímos em direção ao hotel Cauzaiuoli porque havíamos combinado encontrar o grupo às 11:30h,  eu e a Iara fomos fotografando pelo caminho e acabamos nos perdemos do HA e da Kátia, mas chegamos no hotel na hora certa.
        A cidade está mais cheia do que o normal, por causa do feriado na próxima terça-feira. As ruas parecem mais um formigueiro desorganizado, está difícil andar em grupo.
        Conhecemos  o Mercado Central, inaugurado em 1874. Sua estrutura é toda feita em ferro e lá é a verdadeira perdição para os amantes dos queijos e especiarias. Fiquei doida. Nunca vi tanta coisa boa num mesmo espaço. Tive vontade de comprar tudo quanto era tempero, mas não dava né...



Um giro pela Toscana - dia 28 de abril - viagem


O dia amanheceu ensolarado e com um céu azul e sem nuvens. Dia perfeito para férias na Itália. Aproveitei a manhã para ir até a igreja de Santo Ambrozio e voltei ao hotel para fazer o check out.
Como agora estamos em seis pessoas no grupo, optamos por viajar de van até Florença, por causa das malas. A van que alugamos comporta 7 passageiros, mas era muito acanhada e o bagageiro  pequeno. Concluímos durante o percurso que o número ideal  de passageiros para aquele carro era mesmo apenas nós seis. A empresa  cobrou 590,00 euros. 



O Restaurante da foto, que fica na estrada que liga Milão a Florença,  é um espaço muito bem bolado para induzir o cliente fazer muitas compras antes de sair. É que para sair do restaurante você tem que passar, necessariamente,  por um espaço que é uma orgia de doces e chocolates, em seguida frios e queijos maravilhosos. Um horror! Precisei sair de olhos fechados...
A viagem até Florença, com uma parada de 30 minutos, demorou 4 longas e cansativas horas. Se não fosse pelo número de malas, o ideal mesmo seria viajar de trem que é muito mais rápido e confortável.



De Milão a Florença na primeira classe do trem Freccia Rossa a passagem custa 79,00 euros. Vale a pena pelo conforto e rapidez.

Para quem gosta de novidades, no mês de abril, foi inaugurado o primeiro serviço privado de trens na Itália, o Italo, um trem de alta velocidade que alcança até 360km horários. Ele é um trem da Ferrari, chique não? Sua cor, como não podia deixar de ser, é vermelha com detalhes em dourado.


(imagem tirada da internet)


O diferencial do Italo para o Freccia Rossa por exemplo são os serviços de bordo. No Italo tem programação de TV e filmes e Wi-Fi grátis, e as poltronas são mais confortáveis.

O Italo disponibiliza três classes: Club, Prima e Smart. A passagem custa um pouco mais cara do que no Freccia Rossa, e o tempo de viagem é quase a mesma coisa.

Chegamos em Florença por volta das 17h com o dia ainda bem claro e a cidade fervendo de turistas. A van teve a maior dificuldade em vencer o percurso no centro histórico da cidade para nos deixar no hotel.
A Lia, Eleonora, Kátia e Iara ficaram hospedadas no hotel Cauzauioli, que além de oferecer acomodações muito confortáveis, é muitíssimo bem localizado. O HA ficou no Hotel Bavaria, também bem localizado, e eu fiquei no Santa Croce, bem pertinho da igreja com o mesmo nome.
O hotel Santa Croce é de uma simplicidade franciscana. Não tem elevador e nem frigobar no quarto mas, para compensar, os funcionários são muito atenciosos e gentis. O hotel é muito limpo e tem uma localização excelente. Eu diria que compensou o custo/benefício, ainda mais quando o dinheiro não está assim... sobrando.


um cochilo enquanto espera o próximo cliente
Piazza della Signoria

entardecer no Palácio Vecchio

Saímos para caminhar no centro histórico. Fomos até a Piazza della Signoria e também na Igreja Santa Maria del Fiore, andamos pela Praça da República,  pelo Mercado Central e, quando a fome bateu, paramos na Trattoria ZaZá que fica na Piazza del Mercato Centrale, 26r. Foi lá que descobri que o pão florentino não tem sal. Não gostei da novidade então, para dar sabor ao pão, eu e meus companheiros de viagem colocávamos azeite, sal e pimenta no pratinho de sobremesa e passávamos no pão. Ficava uma delícia.

Um giro pela Toscana - dia 27 - Lago de Como


            Embarcamos na Estação Central de Milão em direção ao Lago de Como, o terceiro maior lago da Itália. A passagem de trem custou apenas 6,65E e a viagem durou aproximadamente uma hora.



O Lago de Como é de origem glacial,  e fica na Lombardia, Itália. Ele possui cerca de 146km e é o terceiro maior lago da Itália. Sua profundidade chega a 400m, o que o torna um dos lagos mais profundos da Europa. Outra característica é que ele é estreito e comprido, e tem a forma de um Y invertido.




O Lago de Como está situado entre os Alpes e o vale do rio Pó, ao norte de Milão, perto da divisa com a Suiça. Ele é circundado por belas montanhas com mais de 2.000m de altura e também por serras mais baixas e muito arborizadas, o que torna a vista ao seu redor simplesmente linda.




Nosso plano inicial, antes de sairmos de Brasília, era o de aproveitar o passeio  no Lago de Como e visitar a Villa del Balbianello, construída pelo Cardinal Angelo Maria Durini, no final do século XVIII, mas no início da primavera ela ainda está fechada para visitação, o que foi uma pena.




Uma curiosidade: esta belíssima Villa, para quem é aficcionado em filmes, serviu de cenário para o segundo filme Star Wars (era a casa de veraneio da Senadora Amidala no Planeta Naboo).
A Villa del Balbianello é um legado do Conde Guido Monzino, seu último dono, para o Fondo Ambiente Italiano - FAI, que preserva as mais importantes Villas e Jardins da Itália. Em seu testamento Guido Monzino, que faleceu em 1988 sem herdeiros, deixou a Villa e toda a sua fortuna para a FAI, com a condição de que a fundação preservasse, mantivesse e fizesse melhorias na propriedade que amava e onde ele viveu seus últimos anos.




No passeio de barco que fizemos passamos perto da península onde fica a Villa suspensa sobre as rochas que avançam sobre as águas do Lago.  Mesmo de longe a vista da Villa é magestosa. Ficou o desejo de voltar para conferir aquilo tudo bem de pertinho...



Desembarcamos do trem em Como, atravessamos a rua e pegamos um barco em direção a Bellagio (10,40 euros). O dia estava lindo e o sol brilhava tingindo de prata as águas do lago. A vista, para onde quer que se olhasse, era de tirar o fôlego, e nem sentimos o tempo passar.  Bastava olhar a paisagem para sonhar e viajar ainda mais na viagem.



 Passamos o dia em Bellagio e almoçamos no Restaurante Terrazza Matropole. Caminhamos pela cidade, tomamos sorvete, sentamos na praça para apreciar aquela  vista de tirar o fôlego. Os bancos estrategicamente colocados ao longo da orla nos convidava a um descanso. Foi lá que nos deixamos ficar...



No final do dia, já cansados de tanto subir e descer escadas e andar pelas ruelas estreitas da cidade, paramos para tomar sorvete e fomos para o pier pegar o barco rápido, que custou 14,80 euros, e voltamos para Como onde embarcamos no trem de volta a Milão.



Bellagio é uma orgia de beleza para os olhos. Vale a pena passar o dia caminhando pela cidade que tem como forte a venda de produtos manufaturados de seda. Compramos lenços, echarpes e gravatas lindas.

Um giro pela Lombardia 26 de abril - Milão


O dia amanheceu ensolarado, mas continuo na cama com preguiça de levantar. Vou aproveitar a manhã para descansar, pois temos agendado uma visita ao Cenacolo na parte da tarde e a noite iremos ao Teatro alla Scala assistir a ópera Tosca.
Assim que planejamos nossa viagem para a Itália, fizemos pela internet a reserva do ingresso para vermos ao vivo e em cores  o famoso afresco da Última Ceia, de Leonardo da Vinci,  numa das paredes do refeitório do Convento de Santa Maria delle Grazie.



Eu já tinha visto a obra da última vez que estive em Milão, mas confesso que senti a mesma emoção ao revê-lo nesta visita. A obra é impactante. Não dá para explicar. É uma pena que as visitas só durem míseros 15 minutos, e lá vem aqueles guardinhas nada amistosos mandando todo mundo sair.



Uma curiosidade: durante a Segunda Guerra Mundial, bombas atingiram tanto a igreja como o convento dominicano e grande parte do refeitório ficou destruído. A parede onde está o afresco da Última Ceia ficou de pé porque estava protegida por sacos de areia.
Jantamos num daqueles restaurantes da Galeria Vittorio Emanuele e fomos para o Teatro alla Scala assistir a Ópera Tosca, de Puccini. Neste caso também fizemos a compra do ingresso direto com o teatro, pela internet, e recebemos os ingressos pelo correio. Foi muito prático e seguro.
A noite não estava muito fria, e como o hotel era próximo do teatro voltamos  caminhando devagar e sem pressa, ainda curtindo as cenas marcantes da ópera que ainda estavam fresquinhas na memória. Eu estava inconformada com a última cena em que a personagem Tosca apenas insinuou saltar, mas não saltou da torre do Castelo de Sant’Angelo. Ainda acho que ela deveria ter saltado, para provocar uma maior dramaticidade e dar mais autenticidade a cena...


Um giro pela Toscana 25 de abril - Verona

Lia e Eleonora desistiram da viagem para Verona porque estavam um pouco indispostas por causa de um resfriado que se insinuava. Preferiram descansar para recuperar a energia para os próximos dias.


Eu e o HA tomamos café na Estação Central e estranhamos encontrar a estação quieta, quase vazia em plena Milão, parecia até uma estação fantasma. Sem entender bem o que estava acontecendo,  embarcamos em direção a cidade que protagonizou a famosa história de amor de Romeu e Julieta.  Pagamos 20,50E pela passagem da segunda classe, a da primeira custava 27,00E.  Assim que desembarcamos em Verona fomos para o centro histórico de ônibus.



Quando chegamos na praça ouvimos o som de uma banda tocando. Nos aproximamos da aglomeração que se formava no centro e vimos  militares usando fardas e aí começamos a entender: era o dia em que a Itália comemora sua libertação. Foi no dia 25 de abril de 1945 que a Itália ficou livre da ocupação alemã e do governo fascista.

Ouvimos um pouco a apresentação da banda e saímos para conhecer  a casa famosa. Nem era preciso pegar um mapa, bastava seguir o fluxo de turistas que ia na mesma direção.


        A entrada da casa de Julieta é um pequeno túnel todo pixado, onde os turistas, ao longo de muitos anos foram colando goma de mascar e escrevendo por cima. Achei  aquilo meio nojento e procurei não encostar nas paredes.  O pátio embaixo do balcão onde ficava Julieta a espera do seu Romeu estava lotado de turistas. No balcão a cada minuto aparecia um turista diferente tentando se sentir meio Romeu, meio Julieta. São os micos que todo turista precisa pagar...



       Fotografar ali era uma tarefa difícil e chegar perto da escultura de bronze da Julieta era mais difícil ainda. Fiquei ali plantada um bom tempo esperando uma oportunidade para conseguir uma boa foto do balcão vazio. Foi difícil, mas consegui. Eu não queria tirar foto de uma candidata a Julieta... ou a Romeu...


Saímos dali e fomos andar pela cidade para conhecê-la melhor. Paramos para almoçar num restaurante encantador, que fica fora do roteiro turístico. O nome do restaurante é Arche, tocava uma música clássica ambiente e a comida estava perfeita. Uma verdadeira delícia. Recomendo.
Voltamos para Milão no trem das 15:32h, pois não havia muito o que fazer em Verona, e  fomos direto para o hotel. Combinamos de sair novamente às 19h, mas o HA bateu na minha porta bem antes desse horário. É que ele estava ansioso para encontrar a Kátia e a Iara que haviam chegado de Brasília para se juntar ao nosso grupo.

Um Giro pela Lombardia - dia 24 - Milão


Choveu a noite inteira em Milão e o dia amanheceu com uma chuva fraquinha, mas que deixava a temperatura fria e o céu cinzento e triste. Eu estava sonolenta e ainda cansada da viagem, e tudo o que meu corpo pedia era para ficar um pouco mais na cama quentinha e macia, mas alguma coisa lá fora fazia tanto barulho que acabei despertando, muito contra minha vontade. Fui conferir o que era.


Olhei pela janela do meu quarto, que ficava em frente a Piazza Cezare Beccaria, e vi que  a rua estava quase deserta naquele momento, mas um caminhão de limpeza estava trabalhando desde muito cedo. Eram apenas 7:30h da manhã e só então o bendito caminhão saiu da praça e o silêncio  voltou a reinar no lugar. Credo, o barulho era tão alto que o som conseguiu passar pela janela dupla do quarto. Deus me livre!
      HA e eu saímos para tomar café e eu comi um brioche com recheio de damasco que estava uma delícia. De lá fomos pegar a Lia no hotel e seguimos a pé para a Pinacoteca di Brera (6,00E o ingresso) onde passamos toda a manhã apreciando belos afrescos dos séculos XV e XVI, e obras de Mantegna, Bellini, Tintoretto, Caravaggio e outros artistas fantásticos.


A Pinacoteca di Brera fica no Palazzo di Brera, construído no século XIV. Seus quadros mais famosos são o Cristo Morto, de Mantegna; a Pietá, de Bellini; O beijo, de Hayez; Ceia de Emaús, de Caravaggio; entre outros.
     Saímos da pinacoteca e paramos para almoçar, em seguida fomos ao Castelo Sforzesco, construído no século XV por Francesco Sforza.



     O castelo é hoje um grande museu. Tem o museu de arte antiga, o museu do móvel, o dos instrumentos musicais e também o museu da pré-história. Uma das esculturas mais importantes exposta naquele museu é a Pietá de Rondanini, última obra de Miguelângelo. Ele trabalhou nela até poucos dias antes de morrer.
A obra em mármore está inacabada. Ela é conhecida como Pietá de Rondanini porque após a morte de Miguelângelo ela foi encontrada em seu ateliê e mais tarde vendida a família Rondanini, daí o seu nome.


Visitamos também o Duomo de Milão, a maior catedral gótica da Itália, que levou quase 500 anos para ficar concluída. Fiz questão de ver mais uma vez a impressionante escultura de São Bartolomeu carregando a própria pele.


 Saímos da catedral e cada um foi descansar no seu hotel. Dormi profundamente e só levantei para  jantar com o grupo. Jantamos no Ristorante Pizzeria Castello, que fica na Via Dante n° 7, que dá acesso ao Castelo Sforzesco. O ambiente era agradável e acolhedor, e a comida deliciosa. Pedimos uma entrada de salames e alcachofra que estava divina. O nhoque ao molho de gorgonzola que comi  foi nota 1000. Era de comer, rezando. HA, Lia e Eleonora também aprovaram os pratos pedidos. O vinho também estava uma delícia. 

Um giro pela Lombardia - 23 de abril - Milão


Chegamos no aeroporto de Malpensa em Milão depois das 15:00h  e alugamos uma van que nos deixou nos hotéis por 115,00E.  Já era final de tarde, então combinamos nos encontrar na Galeria Victorio Emanuelle para sairmos para jantar.


     Durante o jantar a conversa começou um pouco mórbida para meu gosto. A Eleonora estendeu um papel para o HA dizendo que era o seguro de saúde dela com o número dos telefones dos filhos e, caso acontecesse algum problema com ela, ele  deveria cuidar de tudo. O HA deixou claro que se ele morresse durante a viagem queria ser cremado e suas cinzas jogadas no Rio Arno, em Florença.

  
          No primeiro dia ficamos apenas na Praça do Duomo, que estava cheia de turistas fotografando sem parar tanto a igreja como  a Galeria Victorio Emanuelle. O Duomo causa impacto, mesmo que você já o tenha visto inúmeras vezes. É a terceira maior catedral do mundo, uma construção gótica impressionante com 157m de comprimento, 109m de largura e 45m de altura.  No alto do telhado da catedral, em cima da torre principal,  fica a estátua de cobre dourada da Madonnina de Perego. Pena que desta vez ela estava rodeada de andaimes para manutenção.


         É possível subir até o terraço do telhado da catedral, de onde se tem uma vista magnífica da cidade. São 201 degraus para subir, mas vale a pena. Quando estive em Milão com minha filha nós subimos e vimos bem de pertinho aquelas agulhas, arcos e gárgulas e também uma quantidade incrível de estátuas, cada uma diferente da outra, que decoram a catedral e lhe dão aquele aspecto fantástico.



(olha só as pessoas lá embaixo, tão pequenas...)

Um Giro pela Toscana - embarque



            Eu estava ansiosa que o dia 22 de maio  acabasse logo, pois não via a hora de embarcar para minha tão sonhada viagem pela Toscana,  mas o domingo parecia se arrastar com preguiça...





Finalmente entrei na sala de embarque para aguardar a chamada do vôo que me deixaria primeiro em São Paulo. Somente às 22:40h é que eu realmente embarcaria com destino a Milão, na Lombardia,  onde iria ficar cinco dias para depois seguir rumo a Florença.





Eu não estava sozinha, também estavam viajando o HA, a Lia e a Eleonora. Ficaríamos em Florença,  nossa base,  e de lá partiríamos de trem para conhecer  várias cidadezinhas pitorescas na Toscana.
Minha aventura, em particular, começou movimentada. Assim que consegui me acomodar na poltrona conforto, que fica na primeira fila depois da classe executiva, e pela qual tive que pagar mais U$ 110,00 (cento e dez dólares), um dos comissários se aproximou querendo que eu cedesse meu lugar para um casal com filhos pequenos. É claro que eu disse que não sairia da minha cadeira, a não ser que eu fosse acomodada na classe executiva (o que não seria nada mal, diga-se de passagem).
Para recusar ceder minha cadeira para um casal com duas crianças usei um argumento muito simples: quando a TAM vendeu a passagem para o casal ela já sabia que os mesmos seguiam viagem com duas crianças. Se o assento conforto é preferencial para este tipo de situação o correto seria a própria TAM fazer a reserva da poltrona conforto para o casal e seus dois filhos no momento da venda da passagem. Eu não iria viajar apertada para resolver um problema que não era meu. Aquele era um problema do casal italiano, do comissário de bordo e da TAM. Eu só sairia do meu lugar se fosse para melhorar meu conforto, mas para piorar nunca. Onde já se viu uma proposta mais indecente? E o pior é que eles queriam que eu fosse receber meu dinheiro de volta quando desembarcasse em Milão. Olha só a mão de obra!
Como o comissário não estava disposto a me acomodar na classe executiva, e ficou convencido de que eu não sairia da poltrona conforto, resolveu fazer a proposta indecente para outra pessoa e acabou alcançando o objetivo. O casal italiano, que se recusara a pagar pelo assento conforto no check in, muito espertamente conseguiu viajar acomodado na poltrona conforto (e eu também, é claro).

Volta para casa

          Tenho que reconhecer que o zometa é eficaz para quem tem câncer ósseo, mas seus efeitos colaterais deixa o corpo da gente moído. Estou só a cascaquinha, Cada pedacinho do meu corpo está doendo muito.
           Depois de um mês de férias, viajando como gosto, cheguei na sexta-feira passada e já na segunda-feira fui bater meu ponto na clínica. Quando a dra. Juliana viu os resultados do exame de sangue ela  me disse: eehh, mas as férias foram boas! Rindo, respondi que as férias foram ótimas. Passeei muito por uma região linda por natureza, comi muito bem e bebi todos os vinhos que pude. Quer melhor férias do que fazendo o que a gente mais gosta?
          A dra. Juliana, que é uma médica que eu respeito e gosto muito, é das minhas. Ela só disse que eu tinha feito muito bem e que agora era só entrar nos eixos novamente e não abusar. Meu colesterol, que já fica alterado por causa da quimio, subiu prá caramba. Também... comi aqueles queijos maravilhosos da Toscana sem culpa. São um manjar dos Deuses. O fígado coitado, está ressentido com as degustações dos vinhos da Região de Chianti e outros mais. Mas não me arrependo de nada. Faria tudo de novo. Além do mais, estou feliz e não existe nada melhor para a saúde do que a felicidade. Posso garantir.
          Agora estou escrevendo sobre o dia a dia da viagem, porque durante a viagem só escrevi alguns posts. É que eu chegava moída de cansado no hotel e só conseguia mesmo era tomar um banho quentinho para espantar a friagem e cair na cama. Dormia o sono dos justos e só acordava na manhã seguinte para tomar remédio. Meu dia começa cedo, por volta das 6:30h para tomar o primeiro remédio e ficar meia hora em jejum. Depois tomo os comprimidos da quimioterapia e fico mais uma hora em jejum, e só depois posso tomar meu café da manhã. Depois do café ainda tomo mais alguns, mas é só. O restante do dia eu não me preocupo mais com remédios e muito menos com a saúde. Se estou curtindo a vida é porque estou bem.
          A partir de hoje vou postar no blog o dia a dia na Itália. Espero que gostem. Eu, posso garantir para vocês, curti intensamente cada dia da minha viagem de férias. Foram momentos inesquecíveis que serviram para encher meu corpo de endorfinas e me fazer cada dia mais saudável. A doença me ensinou a viver cada dia como se fosse o último e ser feliz hoje.

Tosca - Ópera


Não entendo muito, ou melhor, não entendo nada de ópera, mas mesmo assim fui assistir a ópera Tosca, de Giacomo Puccini, no Teatro alla Scalla de Milão. Fui acompanhada da Eleonora que, diferente de mim, entende tudo sobre o assunto e conhece cada ária da peça. Ela bem que me explicou cada um dos 3 atos, mas mesmo assim confesso que fiquei meio perdida em alguns momentos.

Tosca é uma ópera em três atos que conta a trágica história de amor de Floria Tosca, uma famosa contora de ópera, e seu amante, o pintor Mário Cavaradossi. A história se passa na Roma de 1800 e tem como pano de fundo as guerras nopoleônicas e a revolução, fazendo com que o enredo seja também uma história de mentiras, vingança, crueldade e morte.

No primeiro ato Angelotti, um ex-cônsul e prisioneiro político, que acabara de fugir do Castelo de Sant'Angelo, entra correndo e ofegante numa igreja para pegar uma chave que sua irmã, a Marquesa Attavanti, que está ajudando em sua fuga, havia escondido atrás do altar um dia antes. Chega Cavaradossi, que está pintando um retrato de Maria Madalena, e canta enquanto trabalha. Angelotti e Cavaradossi, que são amigos e revolucionários, se encontram. Cavaradossi entrega a ele um cesto com comidas e manda que ele se esconda porque Tosca acabara de entrar na igreja. Quando Tosca vê o quadro que está sendo pintado pelo amante e percebe que o rosto de Madalena tem as feições da Marquesa Attavanti, ela é tomada pelo ciúme.

Um tiro de canhão se faz ouvir para anunciar a fuga de Angelotti. Ele e Cavaradossi saem correndo da igreja, mas na fuga Angelotti deixa cair um leque que pertence a sua irmã, a Marquesa Attavanti. Chega o chefe de polícia Scarpia, com vários policiais, para interrogar o sacristão e saber se o fugitivo está escondido na igreja. Neste momento entra Tosca na igreja para avisar a Mário que não poderá estar com ele a noite. Scarpia a cumprimenta e insinua que Mário é amante de Attavanti e lhe mostra o leque como prova. Tosca, cheia de ciúmes, sai da igreja que começa a se encher de fiéis que cantam um hino para celebrar a vitória sobre Napoleão.

No segundo ato Spoletta chega com a notícia de que Angelotti não foi encontrado, mas que Mário Cavaradossi foi preso. Scarpia interroga Mário que insiste não saber onde está Angelotti. Tosca entra e corre para abraçar Mário. Scarpia ordena que Mário seja torturado. Os gritos de Mário faz com que Tosca revele onde Angelotti está escondido. O corpo de Mário, ferido e desmaiado, é colocado sobre o divã da sala. Tosca o abraça e beija e ele acorda. Nesse momento um policial entra e anuncia a vitória de Napoleão na batalha de Marengo (a notícia anterior era falsa). Cavaradossi grita: vitória! vitória! e canta um hino em louvor a vitória de Napoleão.

Scarpia fica com ódio e diz que Mário é um homem morto e ordena que o levem. Scarpia fica a sós com Tosca e tenta seduzí-la. Entra um guarda e anuncia que Angelotti se suicidou e que o patíbulo para execução de Mário está pronto. Tosca declara que se entregará aos desejos de Scarpia desde que ele dê um salvo conduto para que ela e Mário fujam do país. Ele diz concordar e dá a ordem de que a execução de Mário seja simulada. Ele se levanta da cadeira e é assassinado com facadas por Tosca que pega o salvo conduto sobre a mesa e sai.

No terceiro ato aparece Mário pronto para a execução. Tosca entra, o abraça e beija, conta que matou Scarpia e diz que ele terá que fingir que morre. Ela se impressiona com a encenação de Mário mas quando vai até ele e percebe que o mesmo está morto de verdade se desespera e solta um grito. Nesse momento os guardas correm atrás de Tosca porque descobriram o corpo de Scarpia. Tosca foge e quando se vê encurralada pelos guardas ela salta para a morte do alto da torre do Castelo de Sant'Angelo.

Viagem de trem

       


             O trem sempre chega e sai da estação no horário previsto. Se bobear, fica para trás sem choro nem vela... Outro dia embarquei num trem com destino a uma cidade antiga, que parece ter ficado congelada no tempo.


          O ruído do trem deslizando suavemente sobre os trilhos conseguiu me transportar, numa fração de segundos, a um passado distante. Num instante me vi apenas uma menina magrela, cabelos longos soltos ao vento,  correndo livre pelos campos verdes salpicados de flores silvestres, numa cidadezinha encravada nas montanhas de Minas Gerais.
          Era verão,  tempo de férias escolares, e  a molecada do interior tinha o dia inteiro para brincar. Os meninos jogavam bola no campinho de terra batida, enquanto as meninas brincavam de pique pega, jogavam peteca, pulavam corda e amarelinha. Era brincadeira que não acabava mais. Uma brincadeira arriscada e perigosa em que eu também me metia apesar do medo, era correr para atravessar na frente do trem que apitava e apenas se insinuava na curva do caminho.


          De vez em quando uma pancada forte de chuva aparecia por detrás das montanhas e pegava a molecada de surpresa. Era uma farra geral, todo mundo correndo junto e dando risada debaixo do aguaceiro que o verão trazia com ele.
          A casa onde eu costumava passar minhas férias de verão ficava próxima a linha ferroviária e o barulho do trem enchia a noite escura. Eu gostava de ouvir aquele ruído. Durante o dia eu achava divertido ver a Maria Fumaça apitar e soltar um espiral de fumaça negra que por alguns instantes escurecia o céu para logo se dissipar com o vento.


          Quando o trem parou na estação voltei ao presente. É primavera, o sol brilha no céu, mas faz frio lá fora. Agora sou eu dentro do trem, como passageira da vida.