Mudança de endereço
domingo, maio 31, 2015
Passados mais de oito anos de tratamento do câncer metastático e muitos e diferentes protocolos de quimioterapias estava ficando cada vez mais difícil fazer o trajeto da minha casa até a clínica onde sou atendida, no final da Asa Sul. O trânsito, a cada dia que passa, está mais congestionado, então os 20 minutos que eu gastava entre minha casa e a clínica agora se transformaram em uma hora ou mais, dependendo do horário. Concluí, com muito pesar, que havia chegado a hora de mudar do meu pequeno paraíso para facilitar minha vida e diminuir o estresse e o cansaço da viagem. Decidi vender minha casa para morar na Asa Sul, o mais perto possível do setor hospitalar.
Não foi uma decisão fácil, principalmente por causa da minha mãe que adora cuidar do jardim, e dos bichos que estão acostumados com o espaço do quintal mas, com todos os problemas e dificuldades que a doença acaba trazendo é preciso optar pela praticidade. No final das contas, morar na Asa Sul também terá suas vantagens e os bichos acabarão por se adaptar, tanto quanto minha mãe e o restante da família. Além do mais as quadras do plano são cercadas de amplos jardins com frondosas árvores e muitas flores e frutos silvestres.
Tenho que mudar no início do mês de abril, então a maioria das minhas coisas já estão empacotadas e muitas outras coisas precisei vender ou doar, afinal estou saindo de uma casa grande para um apartamento. É uma boa oportunidade, no final das contas, de eliminar os excessos e aprender a viver apenas com o essencial e necessário, e um bom e difícil exercício de desapego.
A maratona da procura de um apartamento para comprar é muito desgastante, principalmente quando o orçamento não é muito folgado. Vi muitos imóveis mal conservados e ainda assim muito caros. Vi apartamentos detonados e imundos. Fiquei impressionada com a falta de cuidados dos proprietários que ao invés de conservar suas casas deixam
Oi Lou
Me identifico muito com a sua história, embora esteja em remissão de CA de pulmão. Tb construí uma casa linda, com todos os bichinhos moradores e visitante. A casa é numa encosta e por isso cheia de escadas. O acesso tem que ser por carro ou por gente disposta a subir ladeira. Assim como você fez uma hora vou ter que mudar daqui. Quando pensava nisso antes do CA tinha uma tristeza...agora não, entendo que é mais uma fase de uma vida a ser vivida dia a dia e com desapego.
Hoje, parece que estou bem. Meu médico preconiza a cura em 5 anos. Não acredito!
Qdo leio histórias como a sua de recidiva após muitos anos fico pensando que essa doença dá apenas um tempo. O que me incomoda é a afirmação da cura em 5 anos.
Entendo muito essa "praticidade" a qual você se refere e ao seguir sem nostalgia e com desapego. O importante é a vida de cada dia.
Torço por você e acredito que as mudanças sempre trazem no idades boas.
Sucesso nessa nova etapa.
Beijos. Bia
Oi Bia,
Não pense na possibilidade de recidiva. A cura, em seu caso e de algumas outras pessoas, pode ser definitiva. Acho que não existem regras para esta doença... Tenho a impressão que é assim... meio sorte, meio azar. Torço para que em seu caso a cura seja definitiva. Quem sabe?
Já estou morando em meu novo apartamento há duas semanas, mas ainda não consegui curtir meu novo endereço por causa de algumas complicações com os efeitos colaterais do novo protocolo.
De qualquer forma a mudança foi positiva e o exercício do desapego está sendo bom também. Hj pela manhã qdo peguei um taxi e em 5 minutos estava no endereço que eu queria achei bom demais. E melhor, pude fazer sozinha, sem auxílio de ninguém. Esta independência e liberdade não tem preço.
Um beijo carinhoso da Lou