O amanhecer em minha sala
terça-feira, abril 12, 2016
Amanheceu.
Os primeiros
raios do sol incidem na sala de visitas, nas flores que enfeitam o antigo cachepô
de prata, que fica sobre o aparador de madeira. As imagens da tela de proteção
da janela e as flores estão projetadas em negro sobre a pintura branca da
parede. Os grandes potes de vidro, cheios de rolhas de garrafas de vinho,
produzem raios prateados que se misturam nas outras imagens. Parece até uma
pintura abstrata, em preto e branco.
A imagem é breve,
as figuram se alongam na parede e desaparecem devagar, na mesma medida em que o
sol continua a se levantar no dia que fica mais claro a cada momento. Outras
projeções breves, fugazes... Os retratos sobre o aparador estão iluminados,
algumas rolhas se destacam no fundo da taça de vidro. As raízes da planta que
está no pote de vidro formam curiosos desenhos e uma das flores em alto relevo
no cachepô brilha e se destaca das outras.
Tudo sobre o
aparador fica novamente na penumbra, na medida em que o sol vai mudando de
posição e se projetando mais embaixo. Agora ele ilumina a flor de maio que fica
sobre um pequeno pedestal de cimento, na forma de uma coluna romana, embaixo do
aparador.
Os barulhos da
rua chegam mais fortes. A cidade está acordada e muita gente já está nas ruas indo
para o trabalho, para a escola, ou apenas fazendo uma caminhada matinal. O barulho estridente de uma freada se destaca
sobre o ruído incessante que entra pelas janelas. Os periquitos fazem sua
costumeira algazarra e o canto de um ou outro pássaro faz coro com eles.
O sol agora está
na sala de jantar acrescentando a imagem de uma garrafa no quadro de flores de
hortências que enfeita a parede. A figura da garrafa se alonga até desaparecer
na sombra. O chão de parquet está iluminado e reflete a perna de uma cadeira
numa forma bastante alongada. Um raio de sol no formato de uma ponta de seta
ilumina duas hortências azuis no quadro. O raio de sol sobe devagar e agora
ilumina apenas uma flor, até desaparecer por completo. O quadro voltou a ficar
na penumbra, bem como o piso de madeira.
Os ruídos lá fora
ficam cada vez mais fortes. O ronco dos motores dos carros e das motocicletas
que trafegam no eixinho ficam mais estridentes e vão desaparecendo até se
perderem em meio a outros sons que se aproximam do prédio. O barulho de uma
buzina e de uma freada forte se sobressaem na cacofonia de ruídos que marcam o
começo de um novo dia, e antes das oito horas da manhã os raios de sol que
brincaram de fazer desenhos abstratos nas paredes e objetos da minha sala
sumiram por completo.
Olá,
Bonita expressão, Lou. Mostrando que o lirismo que habita do cotidiano da vida...
Gostei.
Obrigada Moacir.
Oi Lou
O amanhecer é sempre um espetáculo lindo e que na maioria das vezes deixamos de assistir. No inicio do meu tratamento eu acordava super cedo e via o dia clareando, as luzes da rua se apagando,as pessoas saindo quietas enquanto ainda não tinha luz e aí.....o sol brilhava e a vida seguia brilhando ou chovia e o dia ficava mais triste. Eu adorava. Agora, por causa de remédios, qdo acordo a vida ja começou. Uma pena! Super beijos Bia
Olá Bia,
O amanhecer é realmente um espetáculo da natureza. Adoro.
Qto aos remédios... Sei como é isto. Ultimamente tenho perdido o sono, como esta noite por exemplo.
Beijo carinhoso