Bandeira Brasileira e Civismo


Enquanto esperava minha carona chegar fiquei lendo sentada no degrau da escada do Brasil XXI, um prédio comercial no centro de Brasilia. Um barulho chamou minha atenção, parei de ler para ver o que era e dei de cara com a bandeira brasileira tremulando no alto do seu mastro.
Olhei para nossa bandeira, observei-lhe as cores, a inscrição no centro e as estrelas e quando me dei conta estava viajando naquele símbolo e acabei atentando para o fato de não saber identificar cada uma daquelas vinte e sete estrelas.
Estudei em colégio de freiras e tenho em minha memória os hasteamentos da bandeira brasileira que aconteciam uma vez por semana, numa cerimônia cheia de formalidades. Naquela época eu não compreendia a importância do ritual, mas lembro que cantávamos o hino nacional enquanto a bandeira era hasteada e todos os estudantes queriam ter a honra de participar do hasteamento. A cerimônia acontecia antes do começo das aulas das turmas da manhã.
A Madre Prefeita subia numa espécie de púlpito que ficava no pátio coberto e disparava uma campainha irritante e barulhenta para que os alunos fizessem fila por turma e por ordem de tamanho. Todos os alunos e professores, sem exceção, participavam do evento. A bandeira era hasteada no mastro que ficava no pátio descoberto. Os alto falantes espalhados em vários pontos do pátio coberto tocavam o hino nacional e os estudantes, os professores e as freiras do colégio, com as mãos no peito, cantavam em coro. Ao final os alunos se dispersavam e saiam correndo para suas salas de aula.
Nas aulas aprendíamos a letra do hino e a importância dos símbolos da Pátria e hoje, quando não consigo identificar o estado que cada estrela representa, fico muito surpresa. O pouco que ainda me lembro é que a estrela solitária chamada Spica representa o Estado do Pará e que o Cruzeiro do Sul, representando os Estados da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro fica no centro do círculo azul. As demais não consigo fazer a menor idéia.
Não sei hoje como funciona, mas tenho a impressão de que as escolas não devem mais cantar o hino, pois muita gente sequer sabe sua letra. Infelizmente os brasileiros não aprendem como devem o valor do civismo, e só se lembram da bandeira na época da copa. Aliás, civismo maior é na hora do voto com responsabilidade e é isso que precisamos também aprender.
Mas voltando a bandeira, como eu estava com a máquina fotográfica na bolsa resolvi tirar uma foto. Fiquei um tempão esperando o melhor momento para o clique porque o vento embolava a bandeira no mastro, mas quando ela se mostrou por inteiro, linda em suas cores, consegui eternizar o momento na fotografia.
Observando nossa bandeira mais atentamente vi que o verde que representa nossas matas está cheio de falhas, meio desbotado. É consequência das derrubadas das florestas por pessoas estúpidas e inescrupulosas; é consequência das queimadas criminosas e da destruição de nossas matas ciliares. A destruição de nossas matas, do verde de nossa bandeira, provoca o encolhimentos dos nossos recursos hídricos, sejam eles rios outrora caudalosos, riachos ou fontes. Nosso verde está encolhendo...
O azul do nosso céu está obscurecido pela espiral negra de fumaça e poluição lançadas continuamente no ar.
O Amarelo de nossas riquezas está sumindo desde a época do descobrimento até os dias de hoje quando vemos pela TV imagens do dinheiro dos nossos impostos escondidos nas cuecas, nas meias e nas malas clandestinas. Alguns de nossos homens públicos, indignos da pátria que representam, se apropriam descaradamente dos recursos que deveriam promover o desenvolvimento e o bem comum.
Finalmente o branco, que deveria representar a paz, está mais encardido, mais amarelado. Alguns representantes do poder público, preocupados em engordar suas contas bancárias em paraísos fiscais, preferem fazer vista grossa a violência crescente em todo país e deixam a população cada dia mais refem da bandidagem que começa na periferia e se alastra até o Congresso Nacional.
É, as cores de nossa bandeira estão cada dia mais apagadas e o lema “ordem e progresso” uma orientação ética da vida social, sugerindo que o interesse coletivo deve prevalecer acima do individual está há muito esquecido.
Está passando da hora de reavivarmos as cores da nossa bandeira, de transformar o Brasil, gigante pela própria natureza, na verdadeira pátria dos brasileiros.
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Obrigada pelo comentário. bjs Lou