Entalado no bueiro

          Quando vi a gata Mingau sentada calmamente no corredor lateral da casa, em frente a grelha por onde escoa a água da chuva que cai do telhado logo desconfiei: deve ter algum bicho escondido no bueiro. Que bicho será? Talvez um calango... não sei. Pode ser também um passarinho que a Mingau capturou e que conseguiu escapar e se esconder no bueiro. Não consegui ver o que era porque o tanquinho que usamos para lavar os panos de chão fica bem em cima da grelha.
            Chamei a Suzi, minha irmã. Ela empurrou o tanquinho e logo enxergou um gato. Olhei e só vi o rabo do gato e até pensei que fosse apenas um filhote, mas quando ela levantou a grelha vimos que era um gato adulto que estava com a cabeça entalada no cano.  Ainda bem que o corpo não coube no espaço, pois teria certamente ficado preso e o resgate ficaria muito mais difícil.
            A Suzi cutucou o gato, mas ele nem se mexeu. Acho que estava assustado demais e gato assustado é um perigo, pois fica muito agressivo. Resolvemos fechar todos os acessos para dentro de casa e abrimos somente o portão que sai na garagem.
            Fiquei observando da janela da área de serviço enquanto a Suzi e a minha mãe tentavam resgatar o gato do bueiro. Eu não queria me arriscar a ser arranhada por um gato assustado. Sugeri que a Suzi colocasse uma luva grossa para proteger as mãos das unhas afiadas do gato. Ela colocou a luva e com a ajuda de uma toalha puxou o gato desentalando sua cabeça que estava presa no cano.
            Quando o bicho se viu livre ficou doido. Ele tentou escalar o muro para escapar para o quintal do vizinho, mas não conseguiu. O bichano estava tão aflito que custou a perceber que a porta no final do corredor estava aberta para que ele fugisse para a rua.
            A Haseena, nossa poodle, latia feito uma louca dentro de casa. Ela estava indócil e certamente muito frustrada, pois o que ela queria mesmo era estar no corredor para dar uma corrida atrás do pobre e assustado gato.
            O gato, coitado, tentava desesperadamente escapar da cilada na qual havia se metido tentando escalar o muro. Quando caiu pela terceira vez ele deu uma olhada angustiada para um lado e o outro e então percebeu que havia uma porta aberta. Naquele momento ele se encheu de coragem e saiu correndo feito um corisco. Passou quase voando pela minha mãe, esbarrou na perna da Suzi e saiu em disparada pelo portão ganhando a liberdade da rua.
            Depois desse susto acho que o gato xereta nunca mais vai se arriscar a invadir minha casa novamente.
4 Responses
  1. Isabelle Says:

    Apesar dos pés doídos, da diarreia e da ânsia de vômito, minha mãe está bem, Lou. O xeloda tem muitas reações indesejadas, mas está trazendo mais benefícios para ela que a segunda e última quimioterapia (com taxol) trouxe. A oncologista dela está muito contente com os resultados!

    Sei que família e amigos ajudam.. mas a vitória é toda de vocês! São vocês que lutam todo dia para combater esse mal. O mérito é de vocês! Beijo!!


  2. Lou Says:

    Isabelle,
    Também fiz taxol e foi barra pesada. Sei muito bem o que sua mãe sentiu.
    O xeloda é realmente muito eficiente, apesar dos efeitos colaterais. Recomende sua mãe hidratar muito bem os pés e as mãos, pois a pele fica muito fina e corta com facilidade.
    Um abraço carinhoso nas duas.
    Lou


  3. Anônimo Says:

    Mama, esses bichos são impossíveis.... como é que ele foi parar dentro da grelha? rs


  4. Anônimo Says:

    Lou, os gatos metem-se em espaços incríveis e depois não conseguem sair, eles são muito desconfiados e assustadiços, mesmo assim gosto deles, tenho uma gata que era abandonada
    Um abraço, Isabel Pinto


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou