Mortes em agosto

          O mês de agosto está cumprindo com louvor a sua fama de mês do desgosto. Na primeira semana faleceu uma amiga de meus tempos de infância e juventude, em seguida foi a morte da tia Catarina, irmã de minha mãe. Semana passada faleceu uma vizinha e agora, para encerrar o mês, morre outro amigo.
A Piedade já estava com mais de 70 anos e tinha vários problemas de saúde; a tia Catarina tinha mais de 90 e também estava doente. Minha vizinha também já estava com mais de 70 anos e estava com câncer, mas o Gilmar tinha pouco mais de 50 anos e era um atleta cheio de energia e vontade de viver.
Não é fácil encarar a morte, seja em que idade for, mas fica muito mais difícil encarar a morte de gente jovem. O Gilmar frequentava a academia todos os dias, participava de corridas e até maratonas e amava futebol. Aliás, ele já tinha até comprado o ingresso para assistir ao jogo do flamengo que vai acontecer em Brasília hoje.
Há duas semanas, antes do dia dos pais, ele conversou comigo na calçada em frente nossas casas e contou que estava indo de férias para Minas Gerais para visitar a mãe que já está muito idosa. Ele estava todo animado para viajar de carro com a irmã e até brincou que se eu visse alguém na casa dele durante sua ausência podia chamar a polícia porque só poderia ser ladrão. Eu disse que ele podia viajar tranquilo e que eu iria ficar de olho na casa. Foi nossa última conversa.
Ontem era o dia em que o Gilmar deveria ter retornado para casa. Eu já estava deitada quando ouvi um alvoroço e levantei para saber o que estava acontecendo e fui informada de que ele havia sofrido um acidente perto de Paracatu, falecendo na hora. Fiquei devastada com a notícia.
O Gilmar era um amigo querido e um vizinho que não incomodava ninguém. Desde sua separação ele vivia sozinho no flat independente que construiu em cima da garagem da casa da família e eu o via sempre na varanda. Sua família havia se mudado para outro bairro, mas ele continuou morando no flat, mesmo tendo alugado sua antiga casa.
Hoje pela manhã olhei para a varanda vazia do flat do meu amigo e senti um aperto no coração. Ele nunca mais irá aparecer na varanda para bater um papinho comigo. Ele foi embora para sempre. Sua morte precoce me faz pensar mais uma vez no quanto a vida pode ser breve. Ninguém sabe a hora da passagem, ela pode acontecer a qualquer momento... Quanto mais penso nisto mais me convenço de que a vida é aqui e agora. O amanhã poderá acontecer ou não...
3 Responses
  1. Anônimo Says:

    Realmente Madrinha a partida de pessoas jovens como nosso amigo Gilmar nos leva a refletir sobre a brevidade da vida! bj


  2. Anônimo Says:

    Você tem razão a vida é muito curta e o Agosto é triste, meu querido irmão joaquim também se foi deste mundo em 13 de Agosto de 1999, quanta saudade!!!
    Um grande abraço,Isabel Pinto, Amarante, Portugal


  3. Lou Says:

    A vida pode ser realmente muito curta. Nunca sabemos...
    E perdas são sempre muito difíceis. A saudade nunca passa...
    Um abraço carinhoso da Lou


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou