O Espírito do Natal


Acordei nesta manhã de natal envolvida por um silêncio quase opressor. Todos na casa continuavam dormindo e até os pássaros permaneciam calados, quietos.

Tomei o primeiro remédio da manhã e fui até a cozinha. Na pia uma pilha de pratos e talheres, copos e travessas sujas lembravam a ceia da noite anterior. Deixei tudo em ordem, tomei outro remédio e fui fazer uma caminhada pelas ruas do condomínio até dar a hora de tomar meu café da manhã.

Estava tudo em silêncio, nenhuma criança ou adulto na rua ou nas varandas de suas casas. Os jardins também estavam vazios mostrando sinais da chuva que caíra na noite anterior. Uma brisa fresca enchia o ar.

Continuei minha caminhada solitária até encontrar uma senhora que subia a rua apressada. Desejei-lhe um feliz natal, no que fui correspondida com um bate papo até a casa onde ela trabalha. Os patrões viajaram, mas deixaram o cachorro sob seus cuidados e ela chegou bem cedinho para alimentar o animal.

Nos separamos e continuei meu passeio, solitária e em silêncio. Minha impressão era de caminhar por uma cidade fantasma. Tudo quieto, nem os cachorros latiam. Que diferença das manhãs de natal da minha infância quando as crianças acordavam cedo e saiam correndo para a rua exibindo seus presentes. Algumas estreavam suas bicicletas novinhas, usando as rodinhas auxiliares até aprenderem equilibrar a magrela. Os meninos testavam suas metralhadoras de brinquedo e enchiam a rua com um barulho ensurdecedor enquanto as meninas se juntavam em grupinhos para brincar com suas bonecas novinhas em folha trazidas pelo papai noel.

Continuei andando nas ruas silenciosas. Vez ou outra um pássaro enchia o ar com seu canto. Um casal de maritacas, pousados na ponta de uma longa folha de palmeira, fazia sua barulheira habitual. Era só o que se ouvia. Não havia carros na rua e muito menos pessoas. Fiquei pensando por onde andaria o espírito do natal. Será que ele morreu?

Voltei para casa caminhando devagar enquanto relembrava a noite de ontem. Estávamos receosas de que a festa não fosse ficar animada como gostamos porque era o primeiro natal, em muitos anos, que apenas a família estaria reunida para a ceia. Éramos eu e minha filha, minhas duas irmãs, uma sobrinha e minha mãe, mas foi uma noite imensamente feliz. O espírito do natal esteve presente o tempo todo. Havia uma energia de amor e amizade rondando o ambiente. Éramos uma família reunida, na mesma sintonia, para comemorar o nascimento de Jesus, Aquele que nasceu e morreu para nos ensinar a amar incondicionalmente e respeitar o próximo.
3 Responses
  1. Anônimo Says:

    ma, amei meu presente de natal! vamos fazer sushi hj p usar tudo de uma vez! hehe
    Dormi mais q a cama mesmo. isso pq a noite foi super! amei tudo! Obrigada! Bjos


  2. Lili Says:

    Àquela hora da manhã o espírito do natal estava era dormindo, já que trabalhou a noite inteira. Ho, ho, ho. Beijin,


  3. Jornalisa Says:

    Seus textos, além de perfeitos, me fazem viajar por minhas memórias de infância. Lembro da minha felicidade em ajudar a montar o presépio. Tinha até laguinho feito com o espelho do banheiro. E eu ia para o mato, junto com meu pai, buscar barba-de-pau para enfeitar a cena toda. Era tão emocionante - as árvores pareciam tão altas, tudo era tão especial. Hoje em dia, só vejo árvores em shoppings e, mesmo indo a Gramado e Canela todo ano, não resgato mais esse encantamento.
    Ah, adorei as notícias dos seus exames. Se estiver no facebook, me procure (Jorgina Leite). Abços


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou