Já consigo gargalhar

Ontem fui assistir o filme De Pernas para o Ar e quando me dei conta, estava gargalhando como há muito não fazia. Foi aí que percebi o quanto estou realmente melhor. Nossa, uma das minhas queixas era não conseguir gargalhar como gosto porque esgasgava e perdia o fôlego. Tossi um pouco com as risadas, é verdade, mas consegui rir com gosto. Aliás, o filme é ótimo! Vale a pena conferir.

Uma dívida para negociar, uma mama e um...

Quando descobri que estava com câncer, ainda atônita com a notícia, fui procurada por um amigo para ser sua avalista no refinanciamento de uma dívida com o cheque especial. Como éramos amigos e eu não estava em condições de raciocinar direito sobre o abacaxi que estava arrumando, assinei os papéis e esqueci do assunto.
Fiquei dois anos em tratamento, pois a cada seis meses achavam outro caroço e lá ia eu fazer nova cirurgia e recomeçar tudo. Passada esta ciranda de cirurgias, de saco cheio de médicos, hospitais, quimioterapias e rádio, resolvi pedir um tempo para viver a vida e, com o aval da minha mastologista, embarquei para Londres onde morei durante um ano.
Alguns dias depois do meu retorno a Brasília sofri uma queda e caí de madura, fraturando o antebraço em dois lugares. Por sorte o osso não chegou a sair do lugar, pois o meu braço direito é bastante complicado porque não tenho mais os gânglios linfáticos e não posso me dar ao luxo de machucar feio.
Eu ainda estava com o braço imobilizado quando recebi uma carta do Serasa comunicando que meu nome estava inscrito no cadastro dos maus pagadores. Como eu não havia feito nenhuma dívida e não conseguia imaginar o que poderia ser, liguei para o banco perguntando do que se tratava e, qual não foi minha surpresa, quando o gerente informou que a dívida em questão era referente aquele contrato que eu havia assinado como avalista para meu amigo.
O infeliz deixou de pagar as prestações do refinanciamento que, naquela altura, já acumulava uma dívida de mais de R$ 15.000,00. Isto no ano de 2000.
Fiquei sem crédito na praça, sem cheque especial, cartão de crédito e afins e com o meu nome sujo. Pior, eu estava com cirurgia marcada para finalizar a reconstrução mamária que eu havia feito quando precisei retirar a mama direita. Precisei adiar a cirurgia.
Tentei resolver a questão com meu amigo da onça e, lógico, não consegui nada. Entrei em contato com o banco para tentar negociar a dívida e o pessoal encarregado do assunto era aquele tipo simpático e que faz tudo para não facilitar a vida do avalista, enquanto deixa o devedor principal livre, leve e solto.
Fui conversar pessoalmente com os negociadores do banco, expliquei que estava em tratamento, que estava com cirurgia marcada e blá blá blá. Eles pediram que eu levasse um relatório médico explicando meu problema de saúde e a cirurgia a que eu seria submetida, para que o banco estudasse uma forma de reduzir os juros facilitando o pagamento da dívida. Levei toda a papelada no banco e, durante pelo menos uns quatro meses, tentei renegociar a dívida. Eles faziam tudo o que podiam para dificultar as coisas.
Fui conversar pessoalmente várias vezes. Tentei convencer o pessoal do banco a aceitar outro avalista que estava disposto a assumir a dívida para meu amigo da onça, mas eles não aceitaram. Em resumo, estavam dispostos a arrancar o que pudessem de mim e de mais ninguém, e muito menos de devedor principal.
Um belo dia retornei ao banco para conversar mais uma vez e argumentei que eu precisava resolver aquela questão para que eu pudesse fazer a cirurgia da mama programada. Sabem o que o gerente que me atendeu teve a coragem e o topete de dizer na minha cara? Duvido que alguém possa imaginar.
O sujeitinho olhou para mim com a cara mais cínica do mundo dizendo que não poderia baixar nenhum centavo da dívida, que o valor era aquele mesmo e ponto final. Para acabar de vez comigo ainda olhou bem na minha cara e disse, com todas as letras e em alto e bom som, que a cirurgia para reconstruir minha mama não era importante e que não faria a menor falta eu ficar sem a cirurgia.
Naquele momento tive vontade de avançar no sujeito e torcer o pescocinho dele, mas me contive. Afinal, matar um cretino daquele não faria a menor diferença. Eu precisava acabar com ele de outra maneira, com a cabeça, no emocional.
Respirei fundo e deixei aflorar a Athena que habita em mim, em toda sua plenitude. Senti sua armadura abraçar meu tórax, empunhei sua lança, aguardei que o escudo com a cabeça da medusa entrasse em atividade e então perguntei com a cara mais tranquila que pude mostrar: Você tem pinto? Pego de surpresa ele respondeu gaguejando que sim, sem atinar onde eu queria chegar com uma pergunta daquela natureza. Ainda mostrando uma calma que eu estava longe de sentir, voltei a perguntar: Você gostaria de ficar sem o seu pinto? Ele estava agitado, preocupado com o rumo da nossa conversa e respondeu titubeando: Claro que não. Ainda demonstrando calma disparei: Pois é, da mesma forma que você não pretende ficar sem o seu pinto não venha me dizer que minha mama não é importante e que não faz nenhuma falta reconstruí-la. E continuei para feri-lo de morte: não desejo um câncer no seu pinto porque é muito triste ter câncer e perder um pedaço do corpo...
Naquela altura da conversa o sujeito estava suando frio e nervoso. Levantando mais o tom de voz, que no meu caso já é alto por natureza, falei: Agora eu quero cópia de todos os papéis referentes a esta dívida para entrar com uma ação judicial contra você, o banco e o cretino do meu amigo que fez o favor de colocar-me neste imbróglio legal.
Acho que o negociador que até então estivera em evidente vantagem sobre mim ficou com tanto pavor só em imaginar a possibilidade de ficar sem o seu precioso objeto fálico que pediu-me calma. Disse com voz trêmula que retiraria meu nome do cadastro do Serasa e que aceitaria um novo avalista. Olhei bem dentro dos olhos dele e disparei: você tem uma semana para retirar meu nome desta dívida que não é minha. Nem mais um dia. Se neste prazo você não conseguir resolver tudo, prepare-se. E saí da sala.
Menos de três dias depois ele conseguiu localizar-me na casa de uma amiga (até hoje fico curiosa para saber como ele conseguiu encontrar-me) para dizer que estava tudo resolvido. Meu crédito estava restabelecido e meu nome limpo. Eu estava livre.
Nunca mais me animei a concluir a reconstrução da mama. Acho que é uma forma de me lembrar que não posso me envolver com um problema que não é meu e para o qual não contribuí e que nunca, em nenhuma circunstância, devo ser avalista ou fiadora de quem quer que seja.
Alguns homens, até os dias de hoje, tentam aniquilar a força das mulheres como o fizeram no passado, de forma sutil, sem que elas se dessem conta. Depois, não satisfeitos, perseguiram as muheres e até as queimaram nas fogueiras com a desculpa esfarrapada de que se tratava de bruxas. Os homens sempre nos temeram.
Aquele sujeito em questão foi mais incisivo. Foi cruel. Onde já se viu, nos dias de hoje, um homem olhar para uma mulher e dizer sem rodeios que a mama, os peitos, os seios dela não são importantes. Será que ele pensa o mesmo do pinto? Duvido...

O miolo de um girassol

Adoro a natureza com suas árvores e flores, seus bichos e pequenos insetos, nascentes, riachos, rios caudalosos ou mares profundos. Este girassol da foto, ou melhor, miolo de girassol, brotou no meio da grama do meu jardim e conseguiu escapar das bicadas furiosas das galinhas de estimação da minha mãe (desgosto meu, e causa da destruição do meu jardim) e desabrochou vistoso, lindo e colorido. Não resisti e fotografei. A formiguinha também não resistiu e foi lá em cima fazer sua boquinha...

Metamorfose




Hoje pela manhã, assim que abri a porta da cozinha, dei de cara com uma lagarta enorme, preta e com listras verdes, rastejando no piso da garagem.
Era a um tempo linda e asquerosa, o que me levou a abservá-la por alguns momentos. Fiquei imaginando que cor teria a borboleta que nasceria daquela lagarta desengonçada quando rompesse o casulo que iria aprisioná-la em breve. Decidi poupá-la e fui logo pegar uma pá e uma vassoura para levá-la para bem longe dos olhos de qualquer pessoa que pudesse esmagá-la com os pés, impedindo sua metamorfose. E que transformação: de lagarta rastejante e asquerosa para uma borboleta leve e delicada, flanando pelas flores de um jardim qualquer.
No final da tarde a lembrança da lagarta voltou a minha mente e me peguei pensando nas várias transformações que sofremos ao longo de nossas vidas. Infelizmente nossas mudanças não nos deixam necessariamente mais belas, como ocorre com as borboletas, mas certamente mais experientes.
Sem dúvida já passei por várias etapas, já vesti várias fantasias, já sofri muitas metamorfoses. E não se iluda acreditando que está fora desta ciranda porque não é verdade. Todos, sem exceção, passam por estes processos de mudanças desde o nascimento... Somos tanto o cisne branco, doce e delicado; como o negro, agressivo e destruidor.

Revoada de cupins

Esfriou um pouco na última noite, obrigando a cidade a se aquecer. Todos procuravam um pouco de calor para proteger o corpo que tremia cada vez que o vento soprava mais forte e frio. E ele não parou de assoprar fazendo desfolhar as árvores do jardim e baixando, de repente, a temperatura.
Comigo não foi diferente. Estava lendo perto da janela da sala, e o vento frio fez gelar minhas costas. Na hora de dormir, procurei um pijama quentinho afastando para bem longe a sensação de friagem e dormi profundamente até de manhã quando acordei, com preguiça de abrir os olhos e levantar da cama quentinha.
O dia amanheceu com um sol tímido, parecendo com medo de esquentar e seguiu meio nublado, mas sem chuva. Depois do almoço um sono tomou conta de mim e, aproveitando que o corpo estava todo dolorido por causa do remédio, resolvi dormir um pouco. Acabei dormindo pesado e acordei uma hora depois com a cara meio inchada e amarrotada do travesseiro.
No final da tarde, ainda com um pouco de claridade, vi pela janela uma revoada de cupins. Eram centenas daqueles bichinhos alados escurecendo o céu e caindo no quintal, atraídos pela luz que já estava acesa. Caíam principalmente no corredor que separa minha casa da casa do vizinho.
As duas galinhas de estimação da minha mãe, estimuladas pela fartura de bichinhos que caíam no corredor, não foram dormir (galinha dorme cedo) e corriam de um lado para outro comendo os insetos que caíam no chão. As asinhas finas e delgadas dos cupins devorados pelas penosas ficaram espalhadas no corredor de piso claro. Minha mãe, munida de uma pequena lata com tampa, recolhia alguns bichinhos para amanhã dá-los como petiscos aos passarinhos que moram na gaiola, o Neto e a Bibi, e que adoram este tipo de comida.
Minha irmã, curiosa com a quantidade de cupins, subiu numa escada que ela colocou perto do muro, para ver de onde saíam os insetos. Era de um pequeno buraco, em cima de um cupinzeiro que fica bem próximo do muro que separa nossa casa do quintal do vizinho.
Subi também na escada e comecei a pegar os bichinhos que escalavam o muro, às dezenas. Os segurava pela longas asas e os jogava dentro da lata que minha mãe estendia para mim.
Fiquei impressionada com a quantidade. Agora entendi porque meu gramado não consegue ficar bonito nem mesmo na época da chuva e com todo o cuidado que ele recebe. Culpa dos cupins gordinhos e bem nutridos que saíram hoje em revoada do quintal do meu vizinho.

Nascimento de uma Deusa


Gosto de mitologia, mesmo não sendo conhecedora profunda do assunto. Lendo o livro A Deusa Interior, que adorei, acabei escrevendo um texto abordando o nascimento de uma das deusas da Roda da Deusas, com a qual mais me identifiquei. Achei divertido encontrar características minhas em todas as deusas e identificar características dessas deusas em meu círculo de amizades.

Sinto que existe um movimento universal em direção a uma nova consciência e a mulher, querendo ou não, está no epicentro deste movimento.
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Minha mãe, personificação da prudência, apaixonou-se coitada e perdeu o juízo. Sua prudência se desmanchou no ar feito fumaça ao vento. Nem se deu conta do jogo perigoso em que se metia quando topou se encolher para agradar seu amor. Acabou engolida pelo meu pai que só queria mesmo era apoderar-se dos conhecimentos dela e não correr o risco de perder seu lugar no Olimpo.
Ele não sabia que engolindo minha mãe, engolia também a mim, que mal começara a crescer no silêncio seguro do ventre de Métis.
Antes que os fluídos paternos a assimilassem saí do seu útero e caí nas entranhas de Zeus. Pequenina, quase invisível, comecei escalar o corpo do meu pai e, como um alpinista experiente, fui subindo devagar, queria alcançar-lhe o coração.
Ocupado que estava em assimilar os conhecimentos de Métis, não se dava conta de meus movimentos sutis em seu interior. Seu corpo robusto se alimentava dela e eu me alimentava de seu corpo. Era uma troca justa.
Cheguei exausta ao átrio, um barulho ensurdecedor ribombava nas paredes grossas do coração do meu pai. Era o sangue executando sua tarefa contínua e necessária de circular pelo corpo. Entrava venoso no ventrículo direito para sair puro e oxigenado pelas artérias. Não percebi nenhum sentimento ali. Vi apenas o sangue vermelho rubro entrando e saindo das veias e artérias, numa perfeita cadência militar.
Continuei minha escalada e escorreguei propositadamente para o átrio esquerdo. Fui catapultada de seu ventrículo, com a força de uma poderosa bomba hidráulica que empurrou-me para cima num viscoso rio vermelho, puro sangue carregado de oxigênio. Fui parar no cérebro, centro do sistema nervoso com mais de 100 bilhões de neurônios. Foi lá que resolvi concluir meu desenvolvimento.
Cresci sem pressa sugando todos os conhecimentos do meu pai. Mergulhei nos sulcos cinzentos das dobras de seu cérebro, nadei em suas sinapses, naveguei em seu fluído mental. Fui aos poucos percebendo que o hemisfério dominante do seu cérebro estava sempre muito atarefado, decifrando complicadas operações de lógica, se ocupando com a linguagem ardilosa que ele usava para enganar os incautos. Fiquei ali bastante tempo, tempo suficiente para aprender todas as suas manobras.
Resolvi então brincar um pouco testando o funcionamento de algumas glândulas e seu sistema nervoso. Provocava-lhe sono nas horas mais inconvenientes ou o deixava em permanente estado de alerta, apenas manipulando seu hipotálamo. Também o fiz sentir muita fome e uma sede capaz de secar o Nilo.
Seu equilíbrio ficava comprometido com um simples toque em seu cerebelo. E bastava abafar seu hipocampo para que ele se desesperasse acreditando ter perdido a memória que tanto prezava. Do que adiantava todo conhecimento, sem memória? Nada.
Mudei-me para o outro lado do córtex cerebral para familiarizar-me com o pensamento simbólico e com a criatividade. Continuei crescendo enquanto descansava no corpo caloso. Aprendi todas as artimanhas masculinas, saquei suas carências, suas necessidades, suas mais finas sutilizas.
Zeus, ao engolir minha mãe, devorou junto com ela a sabedoria e os valores matriarcais, selando o destino cruel reservado as mulheres na sociedade patriarcal que se insinuava.
Mas ele nunca imaginou que eu, mulher intelectual e guerreira, estivesse me desenvolvendo e aprendendo em sua cabeça. Naquela altura do meu desenvolvimento sua cabeça explodia em dores. Desesperado, implorou ajuda de Hefesto que lhe abriu o crânio com um machado afiado, de onde saltei já adulta, armada.
Sou Athena, deusa que ocupa seu lugar no Olimpo ao lado de Zeus.
16/fev/2011

Utilizando as Rolhas de Cortiça




Encontrei uma maneira genial de aproveitar as rolhas de cortiça das garrafas de vinho. Ao invés de juntá-las num recipiente de vidro, como a maioria das pessoas costuma fazer, resolvi aproveitá-las no rodapé do bar.

Primeiro você toma seu vinho, sozinho ou acompanhado, e vai guardando as rolhas. Quando já tiver um estoque razoável é só encontrar um marceneiro como o meu, que entendeu direitinho o que eu queria, e fez o rodapé para mim. Depois foi só o trabalho de encaixar as rolhas no rodapé que ficou perfeito, como eu queria. Olha só que resultado legal!

Gostei tanto que já estou pensando em outras utilidades para as rolhas.

Hoje estou me sentindo feliz

Hoje estou me sentindo feliz, e são muitos os motivos para que eu esteja me sentindo assim. Vejam só se não tenho razão: ontem fui numa consulta com minha oncologista e ela, depois de conferir meus últimos exames, deu um largo sorriso, olhou para mim e disse que estou ótima, e a cada dia, melhor. E o melhor é que estou realmente me sentindo assim, quase saudável.
Os exames mostraram que a captação dos vários focos do câncer nos ossos estão todos sem atividade. Isto significa que o tumor já era, está mortinho da silva. Agora só resta um foco no esterno e ele já está com atividade reduzida. Os outros, que estavam espalhados por vários lugares do corpo, também deram no pé. Sumiram.
Ela disse que até enviou meu caso para um estudo porque sou a paciente oncológica que teve a melhor resposta com o uso do tykerb. Santo tykerb. Ainda bem que nós dois (eu e o tykerb) temos uma ótima relação. Quando acordo pela manhã, a primeira coisa que vejo é a caixa dele, aberta em cima da mesa de cabeceira, olhando para minha cara. Levanto com aquela preguiça de sair da cama, vou até ele e repito nossa conversa de todo santo dia: não gosto de remédio mas que vou tomá-lo. Em contrapartida, seu compromisso comigo é de cura. Combinado? Em seguida, encho um copão de água e engulo três de uma só vez. Repito a operação para engulir os outros dois comprimidos (que são enormes) e bebo mais água. Abençoada água.
Já vi que não tenho jogado conversa fora, ele está mesmo cumprindo o combinado! Muito bom.
Outra coisa boa aconteceu hoje pela manhã, quando fui fazer o zometa na clínica. É que no mês passado eu estava com a pulga atrás da orelha duvidando da qualidade do zometa que eu andava usando e pedi para ver a caixa do remédio. Hoje, quando a medicação chegou no box onde eu aguardava, eles levaram a caixa do zometa lacrada, sem que eu tivesse solicitado, e fizeram a infusão do remédio na minha frente. Isso tudo para eu ficar segura de que a medicação que estão ministrando na clínica vem de um laboratório credenciado. É um remédio de qualidade e não um similar vendido por laboratório clandestino.
Achei muito correta e louvável a atitude do pessoal de apoio do Instituto Luci Ishii. Aliás, acho que toda clínica deveria agir desta forma e mostrar ao paciente a medicação que está sendo usada. É um direito do paciente e dever da toda clínica.
De mais a mais, agindo desta forma, a clínica dá para o paciente a certeza de que seu tratamento poderá ser eficaz. Por outro lado, este procedimento reforça a credibilidade de qualquer clínica e todos ganham com isto: paciente e clínica. Nota dez para o Instituto Luci Ishii.
Infelizmente, volta e meia surgem denúncias mostrando clínicas usando remédios ineficazes, comprados em laboratórios de fundo de quintal. É um crime.
Notícias boas deixam-me com mais vontade de viajar, de viver. Agora é que vou mesmo conhecer a Escandinávia e a Rússia. Os preparativos estão a todo vapor.

Memórias de uma festa infantil







Estava conversando com minha filha na sala, com a TV ligada, quando passou uma cena da Xuxa cantando ilariê com a personagem Jaqueline da novela Tititi. Interrompemos nossa conversa, olhamos uma para a cara da outra e caímos na risada. É que lembramos de uma cena semelhante acontecida no aniversário dela, aos três anos de idade.
Quando minha filha era pequena o show da Xuxa estava em seu auge. Toda menina sonhava ser paquita para dançar naquele palco mágico com a Rainha dos Baixinhos. Suas músicas tocavam em todas as casas com crianças, fossem meninas ou meninos. Minha filha não era exceção.
No aniversário de três anos, acho que a primeira festa de aniversário que a criança consegue aproveitar e se divertir, resolvi contratar a Xuxa (falsa, é claro) e suas paquitas, para animar a festa. A escolha não poderia ter sido melhor, pois tanto as crianças como alguns pais presentes amaram a performance da falsa rainha.
Para as crianças a falsa Xuxa era a própria e legítima Rainha dos Baixinhos, muito embora esta fosse provida de fartos seios e pernas grossas aparecendo sob uma saia curtinha, deleite de alguns pais que entraram na farra e cantaram junto com a garotada. As crianças cantaram, gritaram e fizeram várias atividades sob o comando da Xuxa e suas paquitas. Elas estavam encantadas, quase em êxtase.
Na hora do parabéns fui jogada para escanteio. Minha filha, sorrindo de orelha a orelha, com as bochechas vermelhas de tanta excitação, cabelos cacheados caindo em cascata sob os ombros, linda em seu vestido amarelo cheio de casinhas de abelhas bordadas com florzinhas delicadas no peito, só tinha olhos para a Xuxa.
Ela bateu o pé e fez questão de cantar os parabéns no colo da rainha e, como a festa era dela e ela estava prá lá de feliz, deixei-a realizar todos os sonhos e desejos com a Xuxa, mesmo que falsa como uma nota de três.
Agora, vinte anos depois, a cena da Xuxa cantando o ilariê (melancólica, diga-se de passagem) trouxe às nossas memórias lembranças felizes de uma festa que marcou a infância da minha filha. Acho que durante muitos anos ela teve certeza absoluta que a legítima Xuxa havia comparecido, em carne e osso, em sua festa.
Ela riu comigo e comentou o quanto uma criança, em sua pureza e inocência, consegue acreditar numa fantasia, por mais iverossímel que possa ser. A Xuxa da festa não tinha absolutamente nada de semelhança com a Rainha dos Baixinhos mas, para aquelas crianças presentes, que viram a Xuxa e suas paquitas, vestidas a caráter, entrando pela porta do salão de festas, era como se a nave espacial que a trazia ao palco da TV estivesse se abrindo para descer a deusa que iria levá-los a um mundo de fantasias. Por algumas horas elas se divertiram na certeza de que estavam sendo conduzidas por sua rainha. A deusa que habitou a fantasia de muitas crianças naquela década.
14/fev/2011

Uma aula sobre moldura

Uma amiga, que é pintora e professora de artes, presenteou minha irmã com uma de suas pinturas. O quadro retrata um bosque cheio de árvores frondosas, um plácido rio refletindo a paisagem ao redor e um pastor conduzindo um bando de ovelhas gordas e branquinhas, por um caminho protegido pela sombra fresca.
Escolhemos uma parede, com todo o cuidado, e decidimos onde o quadro ficará pendurado em nossa sala de jantar. Como o mesmo não estava emoldurado, fomos até uma loja mandar fazer o serviço.
Eu, muito distraidamente, entrei numa loja onde vi algumas molduras expostas, sem me atentar que o local vendia algumas obras, além de também exucutar serviços de molduras. Mal tinha dado alguns passos fui recebida por uma jovem toda sorrisos, sugerindo que eu ficasse a vontade e perguntando o que eu desajava. - Emoldurar este quadro, respondi. Ela olhou para mim com um risinho de Mona Lisa na cara e perguntou se eu havia pintado a tela. - Com um sorriso entre o sarcástico e o enigmático, ou um sorriso de Monsa Lisa, revidei: - O que você acha? Ela não se deu por vencida e veio logo com uma saraivada de perguntas: - Como é sua casa? Qual a cor dos seus móveis? Qual a cor da parede? Entre outras. Atônita com tantas perguntas, apenas porque queria emoldurar um quadro, procurei por uma cadeira onde pudesse sentar para responder tantos questionamentos enquanto tentava escolher a moldura ideal para a tela.
A jovenzinha, que se dizia arquiteta ou, no mínimo, entendida em decoração de ambientes, tentava convencer-me do tanto que eu não sabia nada de decoração ou escolhas de molduras. Tudo isto porque eu disse não querer uma moldura muito larga e que também estava pensando em não usar paspatur. Pode?
A chatinha entendida em decoração e molduras, olhou para mim dizendo que uma moldura escura iria levar o escuro dos móveis da minha sala para a parede. Que sendo a parede de um creme clarinho e blá, blá, blá. Fiquei olhando para ela com cara de idiota. Ela então, do alto do seu conhecimento e experiência em decoração, esclareceu que as molduras para as quais eu estava olhando eram clássicas. Eu disse ohhhhhhh. É mesmo? E eu nem gosto de nada clássico (e o melhor é que até gosto). Mas era só para ser chata também.
Resumindo, pedi que ela sugerisse algo para o bendito quadro que naquela altura eu já tinha arrependido de ter levado para emoldurar. Ela pegou uma moldura enorme, meio esbranquiçada e um paspatur maior ainda, e disse que ficaria perfeito no meu quadro. Achei aquela combinação horrenda e ela então sugeriu algo mais na cor de madeira até que encontrou uma que fez, pelo menos um pouco, minha cabeça.
Pedi então para fazer o orçamento e um rapaz que trabalha com ela, e que ficou o tempo todo de lado, observando nossa conversa com cara de quem estava se divertindo, foi fazer as contas. Só não caí dura no chão porque estava sentada num sofazinho baixo, mas o valor da moldura era quase o preço de uma pintura feita por um artista aclamado. Cruzes, além de chata a criatura era careira demais. Ninguém merece.
Agradeci a atenção (e de certo a delicadeza em tentar a todo custo fazer-me acreditar em minha falta de gosto e absoluta ignorância) e saí da loja arrastando o quadro embaixo do braço. Andei mais um pouco e encontrei bem na esquina da mesmíssima rua, uma loja especializada apenas em moldura. Entrei, escolhi a moldura sem ser importunada ou chamada de idiota e mandei executar o serviço pagando um terço do valor cobrado pela pseudo-decoradora.
De algum tempo para cá alguns tipos de profissionais deram para se sentir os reis da cocada preta e os únicos entendedores de determinados assuntos. Basta entrar num restaurante comandado por um chef histérico, que adora fazer combinações exóticas e tem certeza absoluta de que ninguém possui um paladar refinado além dele, é claro, e que não fará nenhuma cerimônia em fazer um rombo em seu bolso na hora de pagar a conta; ou num salão para um simples corte de cabelo e ficar nas mãos de um cabeleireiro estereotipado, acabando com seu pobre cabelo para depois ainda te cobrar os tubos por um simples corte feito com uma tesoura que durará o tempo de vida que durar o salão. Esses tipos estão dando cria por aí. Todo cuidado é pouco.

Vôo para liberdade




Nasceram em gaiola. Filhos de pais cativos. Coitados... Nunca viram o mundo além das grades da casa que lhes serve de lar e prisão. Sequer imaginam o prazer de voar livre, ao sabor do vento.
Depois que a casinha de madeira foi colocada dentro da gaiola grande e espaçosa, teve início uma função sem fim. Os dois periquitos, inicialmente assustados, mas também curiosos, arriscavam uma espiadinha pelo buraco da casinha. Aos poucos foram tomando coragem e entraram pela abertura.
Certos de que a casinha não era nenhuma armadilha mortal, perceberam que poderia ser usada como ninho pois, mesmo cativos, seu instinto de preservação da espécie continuava inalterado. Acasalaram.
Na proteção da casinha fechada completamente de um dos lados, botaram os ovos e começaram a chocar. Pai e mãe se revesavam na tarefa. Alguns dias depois nasceram os passarinhos.
Não dava para saber quantos eram e todos em casa ficaram curiosos, mas se contiveram para não atrapalhar os cuidados dos pais com as crias. Era um entra e sai sem fim.
Um dos pais, talvez o pai, quem sabe, enchia o papinho de comida e ia regurgitar no biquinho do outro adulto que, por sua vez, alimentava os filhotes. O tempo foi passando e tudo o que se ouvia era um piado sem fim de passarinhos reclamando por comida, até que um belo dia um dos filhotes aventurou botar a carinha para fora do buraco da casinha. Foi uma festa! Todos queriam ver de perto o filhotinho que era azul bem clarinho.
Um dia minha mãe chegou muito aflita dentro de casa contando que os periquitos adultos jogaram um dos filhotes no fundo da gaiola. O pobrezinho parecia um ET todo peladinho e muito feio. Os olhos eram estufados e escuros sob a pele clarinha e sem penas. Sentenciei: jogaram o filhote fora do ninho para matá-lo porque nasceu muito atrasado e é muito menor do que os outros. Não existe clemência na natureza. É a lei do mais forte, do mais preparado para perpetuar a espécie. Esse vai acabar morrendo mesmo.
Minha mãe ficou inconformada e com muita pena do etezinho. Sugeri então que ela o pegasse usando uma luva e o recolocasse no ninho para ver o que iria acontecer. Ela seguiu minha sugestão e se sentiu a salvadora do filhotinho que, alguns dias depois, estava jogado novamente no fundo da gaiola morrendo de frio e fome. Ela o recolocou no ninho e ficamos observando para ver o que iria acontecer.
Acho que os pais se deram conta de que a velhinha não iria desistir do filhote e o filhotinho também não desistiria de viver. Acabaram se conformando em alimentar o pequeno que em poucos dias estava cheio de pequenas penugens azuis bem clarinhas.
Nesta altura já se sabia que eram quatro filhotes: um azul escuro e três azuis bem clarinhos. O mais velho saiu do ninho mas, bastava qualquer um se aproximar da gaiola, que ele fugia rápido para o abrigo seguro da casinha de madeira.
Os outros dois também saíram do ninho em poucos dias, permanecendo apenas o filhote que nasceu por último, o que parecia um ET quando caiu do ninho. Este chegava na porta da casinha e lá era alimentado pelos pais, enquanto os outros já estavam aprendendo a comer alpiste sozinhos.
Minha mãe, todas as manhãs, limpa a gaiola, troca a água e coloca comida fresquinha. Um dia desses, quando ela foi colocar uma vasilha com comida, o filhote que saiu primeiro do ninho escapou pela porta aberta e ganhou a liberdade. Primeiro pousou no pé de pitanga do quintal para em seguida voar para o quintal do vizinho, que também é cheio de árvores frutíferas. Pousou no pé de romã e ficou ali olhando para o céu azul e para as árvores verdinhas a sua frente então, de repente, abriu suas asas azuis e voou.
12/fev/2011

Gente rabugenta e que reclama de tudo

Hoje pela manhã fui ao laboratório fazer exame de sangue para aplicação do zometa na próxima semana, e também para verificar como está meu colestorol e hormônios. Preciso fazer esta verificação mensalmente porque o quimioterápico e o anastrozol destrambelham as taxas consideradas normais.
Assim que cheguei no laboratório tentei retirar uma senha de atendimento, mas a máquina não funcionou. Como vi que todas as pessoas sentadas na sala de espera estavam com suas respectivas senhas na mão, perguntei como fazer para pegar a minha. Naquele momento fiquei sabendo que as máquinas haviam parado e até o painel onde as senhas são exibidas havia parado de funcionar.
Sentei numa das cadeiras da primeira fila e fiquei aguardando ser chamada. Não passou sequer um minuto para que a pessoa sentada ao meu lado começasse a falar alto reclamando da demora e da falta de organização e, como sempre acontece, num instante estava instalada uma tremenda confusão. Várias pessoas começaram a reclamar deixando os atendentes do balcão confusos e sem saber o que fazer. As meninas tentavam explicar a pane e tentavam chamar as pessoas para o atendimento, mas todos reclamavam ao mesmo tempo.
Fiquei observando do lugar onde eu estava sentada e percebi o quanto as pessoas são vaidosas e o quanto adoram ser destaque, mesmo que seja dando vexame. Parece que hoje em dia todos padecem da síndrome da celebridade e querem atendimento exclusivo, exigem preferência e fazem questão de ficar em foco, com todos os refletores em cima.
Vou contar o que já aconteceu comigo, algumas vezes, naquele mesmo laboratório, que frequento há mais de cinco anos por causa da quimioterapia. Como em alguns momentos do tratamento estive muito mal e com a imunidade muito comprometida, sempre que ia ao laboratório eu retirava a senha preferencial, para evitar ficar muito tempo em ambiente fechado. Qualquer pessoa sabe que estando com a imunidade baixa e fazendo quimioterapia até um resfriado pode ser fatal. Pois bem, em várias ocasiões fui obrigada a ouvir murmúrios e reclamações de pessoas dizendo que era um absurdo alguém como eu (que pareço saudável) pegar senha preferencial. Nunca cheguei a falar nada para esclarecer, primeiro porque as pessoas que reclamaram nunca se dirigiram diretamente a mim, apenas resmungaram alto para chamar minha atenção, segundo porque não tenho que dar satisfação do meu real estado de saúde para ninguém.
De qualquer forma, se alguém resmungão tivesse coragem de me abordar de forma direta eu simplesmente ofereceria uma troca de posição: dava o câncer de que sou portadora para o chato e ficava com a vida dele, que deveria estar com a saúde bem melhor do que a minha, a julgar pela disposição em criar caso sem necessidade.
O fato é que ninguém se preocupa em saber o que leva o outro a ocupar um espaço preferencial destinado a pessoas com necessidades especiais. E vou explicar mais: não precisa ser aleijado ou idoso para se ter necessidades especiais. Um paciente oncológico, ou cardíaco ou portador de uma doença grave qualquer também tem direito de ocupar esse tipo de espaço, sem constrangimentos.
Agora, onde já se viu, eu precisar ter cara de doente e aparência de doente para que qualquer um que olhe para mim morra de peninha e não reclame da minha senha preferencial no laboratório. Quero deixar claro que troco de lugar com qualquer pessoa saudável e não me importo em pegar senha normal ou filas, desde que eu não precise mais fazer quimioterapia todo santo dia, desde que eu fique livre de tantos exames invasivos, consultas médicas frequentes, remédios, mal estares, mal estares, mal estares. E, muito importante também, quero de volta todos os gânglios linfáticos que foram retirados de minha axila e passo o problema para quem tiver peito (literalmente falando) de trocar de lugar comigo. Só tem um problema, essa pessoa, além de ficar sem peito, ou mama, ou seios, também carregará todas as limitações causadas pela falta dos gânglios linfáticos e isto significa: dor constante, inchaço, falta de força no braço, impossibilidade de usar anéis, retirar cutículas, tomar injeções e outras coisinhas mais. Alguém está disposto a fazer a troca???? Pode ficar a vontade.
11/fev/2011

"Made in China"

O magnata americano Donald Trump declarou que se fosse eleito presidente taxaria em 25% todos os produtos de origem chinesa. Disse mais, que vê os chineses como inimigos que querem dominar os EUA economicamente e concluiu dizendo que a China, manipulando a moeda como vem fazendo não está competindo e sim trapaceando.
Olha, não é por nada não, mas concordo com ele em gênero, número e grau. E digo mais: a china quer dominar economicamente não só os EUA, mas o mundo todo, todiiiiiinho. Basta olhar o que está acontecendo. Não precisa ser "expert" nem especialista.
Não entendo muito de política e economia, mas acho que não é necessário ser especialista para perceber que a China está espalhando seus tentáculos pelo mundo. É claro que a intensão, a longo prazo, só pode ser de domínio absoluto. Pensem bem: A china fabrica e vende barato qualquer produto (eles copiam tudo, de bolsas a remédios) porque explora de forma desumana a mão de obra. Os comerciantes do mundo inteiro abarrotam seus estoques com produtos chineses (de péssima qualidade ou, no mínimo, de qualidade duvidosa) em detrimento aos produtos nacionais, que são mais caros. Eles nem percebem que estão alimentando o dragão que irá comê-los em breve. É claro, é óbvio que é isso que vai acontecer, mais dia ou menos dia, se os países e seus governos não derem um basta nesta pouca vergonha.
Já pararam para pensar que vai acabar ocorrendo uma quebradeira geral das fábricas que contratam pessoal de forma legal, paga impostos, etc? Claro que vai, pois se os comerciantes só compram produtos pirateados feitos na china.
Mas, quando não houver mais concorrência (por causa da falência e quebradeira dos fabricantes legais) virá a china para cobrar o preço que bem entender. Isto é, beeeeeeem caro. Caríssimo. Para arrancar o couro mesmo, pois não existirá nenhum concorrente para eles.
Alguém já reparou que em qualquer lugar do mundo onde existe comércio (e isto quer dizer todos os lugares) está infestado de chineses e lojinhas de 1,99 e similares. Não é necessário ir longe, basta dar uma pequena voltinha em qualquer feira livre. Em São Paulo, a 25 de março está cheia deles.
Gennnnnnnnnnte. Abra os olhos bem abeeeeerrrrrrrrtos. Vamos começar a boicotar os produtos chineses agora.
Eu, que faço tratamento quimioterápico, tenho horror em pensar que algumas clínicas usam produtos chineses, desde agulhas até remédios. Já li reportagens denunciando até o uso de catéter (que é colocado cirurgicamente no paciente) de origem chinesa. Ninguém merece. Isso é o maior crime que se pode cometer contra um paciente. E remédio então? Já imaginou você crente que está se tratando, quando na verdade está tomando água suja? Remédio inóquo.
Acooooooooorda enquanto é tempo.

Sem resposta

Não sei de onde vim
Muito menos prá onde vou
Só sei que não sou daqui.
Não me sinto inserida
Não faço parte do lugar.
Tenho vontade de sair
Sair correndo, ir embora.
Mas não sei prá onde ir.
Saudade?
Sair em busca de quem?
Ou será do quê?
Viajo o mundo procurando meu lugar
Será que vou encontrar?

Almeida Junior


pescador

violeiro

.................................................................. picador de fumo

...........................................................................saudade

Hoje vou escrever sobre um pintor que conheci há tempos e aprendi a admirar. Sua obra retrata cenas simples da roça, com um realismo impressionante, e nos põe em contato com aspectos da vida do caboclo e seu dia a dia descomplicado. Vou apresentar Almeida Júnior.

José Ferraz de Almeida Júnior, mais conhecido como Almeida Júnior, nasceu no dia 8 de maio de 1850, em Itú, interior do estado de São Paulo. Ainda criança já mostrava gosto pelo desenho desenhando com carvão a igreja de Nossa Senhora da Candelária.
Como gostava de música, foi cantor de coro e também foi sineiro da igreja Nossa Senhora da Candelária, que costumava desenhar quando criança.
O padre da igreja, que era parente de seu pai, percebendo o talento do jovem o incentivou a estudar desenho. Tempos depois, esse mesmo padre promoveu uma coleta na cidade par enviar o jovem ao Rio de Janeiro estudar desenho na Academia Imperial de Belas Artes. Estudou desenho com Jules le Chevrel e seu professor de pintura foi o não menos conhecido pintor Vitor Meireles.
Terminou o curso na Academia Imperial de Belas Artes com vários prêmios, mas decidiu retornar para Itu onde passou a ganhar a vida pintando retratos, sua especialidade.
Em 1875 D. Pedro II visita Itu para inaugurar a Estrada de Ferro Mogiana. Nessa ocasião conhece a pintura do artista ficando muito impressionado, decidindo então dar-lhe uma bolsa para concluir seus estudos na Europa.
O pintor embarca para Paris em 1876, para estudar na Escola Superior de Belas Artes, onde mais tarde é premiado com a Medalha de Desenhos em Ornatos. Participou de quatro edições do Salon de Paris entre 1879 e 1882. É desse período algumas de suas obras primas mais conhecidas, como O Derrubador Brasileiro e Remorso de Judas, Fuga para o Egito e o Descanso da Modelo, Arredores de Paris e Arredores do Louvre.
Fica em Paris até 1882 quando retorna ao Brasil e expõe na Academia Imperial os trabalhos realizados enquanto estudava. Até mesmo o imperador prestigia a exposição, mas o artista decide retornar a Itu, abandonando a Corte.
Monta seu ateliê em São Paulo e em 1885 é agraciado com o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa, segundo Decreto imperial.
É nomeado professor de desenho e caligrafia da Escola Normal. Sua obra, nessa ocasião, começa a se libertar dos temas bíblicos e da monumentalidade do ensino artístico da época. Começa a pintar aspectos da vida dos caboclos e temas da terra, dando destaque a personagens simples e anônimos. Essa forma de pintar foi denominado regionalismo, absolutamente inédito na produção acadêmica daquela época. O pintor foi o precursor do realismo na história da arte brasileira.
Em 1891 viaja pela segunda vez para a Europa. Depois expõe nos Estados Unidos ganhando medalha de ouro pelas obras expostas: Caípira negaciando, Leitura e Descanso da Modelo.
Retorna pela última vez a Europa em 1896. Morre assassinado aos 49 anos de idade, ainda solteiro e no auge de sua carreira artística, no dia 13 de novembro de 1899. Deixou testamento reconhecendo um filho natural.
Almeida Júnior é considerado um importante pintor nacional, por retratar em suas obras o caipira paulista.
O dia do Artista Plástico Brasileiro é comemorado em 8 de maio, data do nascimento do pintor.

Notícias de Jornal

Nossos governantes, aqueles cidadãos honestos e cheios de promessa, que elegemos para nos representar num governo chamado democrático, quando resolvem trabalhar o fazem procurando um meio de arrecadar mais impostos ou onerando os já existentes.
Nossa presidente, que insiste em ser chamada Presidenta, está achando que o país anda arrecadando pouco em impostos e está pensando, seriamente, em aumentar a alíquota de 0,38% de IOF cobrado nas compras feitas no exterior, com cartão de crédito, para a bagatela de 4%.
Isso significa, segundo a notícia do jornal da Folha, que uma compra internacional de 2.000 que pagamos 7,60 de imposto, passará a ser taxada em R$ 80,00.
Bom né? Você, cidadão comum que já paga imposto de renda sobre o rendimento que recebe e sobre tudo, absolutamente tudo o que consome, agora vai pagar um pouco mais para continuar fazendo suas comprinhas básicas quando em viagem ao exterior. E o pior é que quando o jornal diz que aquela turma honesta do congresso (que faz compras com cartão corporativo), está pensando, é porque a cobrança já está para sair, e em tempo record. O objetivo, segundo a notícia, é barrar o consumo no exterior.
Porque será que o brasileiro gosta tanto de fazer compras no exterior? Não seria porque o valor que pagamos por qualquer bem de consumo no exterior é infinitamente menor do que o que pagamos pelo mesmo bem comprado aqui em nosso país?
Deve existir alguma coisa muito errada desse lado do Atlântico... Será que não está passando da hora do Congresso fazer a reforma tributária? Dá mais trabalho, né?
Outra notícia que ainda não defini se é para rir ou chorar é sobre o juiz Edmilson Rumbelsperger Rodrigues, de Sete Lagoas, que está afastado da magistratura e agora quer voltar a todo custo. Doa a quem doer.
A excelência em questão escreveu em uma de suas peças que "o mundo é masculino e assim deve permanecer". Não satisfeito completou: "a desgraça humana começou no Eden por causa da mulher, todos nós sabemos. Mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem."
Esse cara só pode estar gozando da cara de nós mulheres. Não é possível que um homem tenha coragem de dizer uma coisa dessas, muito menos escrever. Ainda mais sendo um juiz. O sujeito só pode ser doido! Dá para levar a sério um magistrado assim? Não dá. E o sujeito ainda acredita na história de Adão e Eva. Literalmente! Cá prá nós, só pode ser coisa de doido mesmo.
Essa polêmica toda começou por causa da Lei Maria da Penha que ele acha muito tendenciosa, que protege apenas a mulher esquecendo os coitadinhos dos homens, tão frágeis... Ele deveria ir para o Irã aplicar a Lei da Sharia. Na cabeça dele a lei islâmica deveria ser, quem sabe, introduzida em nossa legislação para sufocar e acabar de vez com toda e qualquer liberdade (principalmente a das mulheres, é claro!).

Sopa de feijão, quentinha

A casa era velha e o telhado sem forro mostrava sinais do tempo nas telhas de barro, muito antigas e cheias de goteira. Os caibros, de troncos de eucalipto, finos e tortos, e as ripas já estavam bem estragadas pela ação dos cupins.
Os pombos entravam na casa pelas janelas que estavam sempre abertas, com uma intimidade irritante, deixando para trás suas cacas nojentas sobre o assoalho varrido e bem lavado, de madeira carcomida pelos anos de uso. Faziam ninhos e criavam seus filhotes no alto das paredes caiadas de branco de uma das salas, protegidos do sol e dos predadores, e certos de que não seriam enxotados, como deveriam.
O piso da casa ficava afastado do chão de terra batida pelo menos meio metro, e as frestas largas entre as táboas do assoalho deixavam passar qualquer coisa miúda que caísse no chão. Para ventilar e não mofar o piso de madeira, havia algumas aberturas no alicerce alto da casa velha, por onde, lógico, entravam bichos pequenos e até crianças. Os insetos que naturalmente viviam naquele ambiente fresco e escuro, usavam as frestas e os buracos na madeira do assoalho para entrar na casa sorrateiros e assustar os moradores e visitantes.
De vez em quando uma das galinhas criadas soltas no quintal espaçoso resolvia fazer seu ninho e chocar no porão. Quando nasciam os pintinhos uma criança entrava no porão retirando uma tábua que ficava solta. Era preciso andar de gatinhas para retirar a ninhada e a galinha, que vendo toda aquela função ficava nervosa e gritava muito. O resgate dos pintinhos amarelinhos e sua mãe protetora era uma aventura.
Na cozinha com piso de cimento queimado na cor amarela, havia sempre alguém trabalhando ou alguma criança comendo uma guloseima apetitosa. Qualquer criança que morasse naquela rua sabia que embaixo da pia da cozinha, atrás da cortina de pano estampado, bem limpinha, sempre havia uma panela cheia de doce de leite puro ou com côco ralado ou então pés de moleque.
No comecinho das noites nunca faltava um caldeirão fumegante de sopa cheirosa e apetitosa em cima do fogão. Às vezes a sopa era de feijão, outras vezes de macarrão ou legumes, mas sempre, invariavelmente, era muito gostosa. As meninas da casa e seus amiguinhos se deliciavam enchendo a barriga com aquela sopinha feita sob medida para eles, no velho fogão a lenha que ficava no canto da cozinha e que um belo dia foi destruído pela mãe, a golpes de cavadeira de ferro, para dar espaço ao novo fogão a gás.
Poucos dias depois que o novo fogão reinava na velha cozinha, a dona da casa pediu chorosa ao marido que construísse outro fogão a lenha, dessa vez na varanda da cozinha, pois andava a sentir falta do fogo crepitando entre as trempes vermelhas pelo calor. Ele, que havia ficado muito bravo com a destruição do fogão antigo não se fez de rogado e em pouco tempo mandou construir um novo fogão todo vermelho, da cor do fogo que subia dos galhos secos que queimavam sob as trempes de ferro escuro.
O quintal, como em quase toda casa de interior, era grande. Um enorme abacateiro, que todos os anos ficava com os galhos envergados sob o peso dos frutos que enchiam a árvore, cresceu no espaço vazio de dois grandes pneus sobrepostos, que serviam de pula pula para a garotada. Sua sombra era fresca e acolhedora. Seus frutos eram doces. Era embaixo daquela árvora que as crianças gostavam de brincar de casinha e bonecas.
A infância acabou. Aquelas crianças cresceram e partiram para bem longe dali. O velho abacateiro sucumbiu sob a lâmina afiada do machado de um novo morador que passou a ocupar uma parte do quintal. A velha casa foi reformada. Não havia mais sopa quente em cima do fogão, nem doces de leite ou pés de moleque na panela guardada embaixo da pia da cozinha. Todos mudaram. Tudo mudou.
O tempo varreu tudo, mas não destruiu as lembranças daquela infância que ficou gravada na memória de cada uma daquelas crianças que adoravam tomar sopa de feijão, bem quentinha, enquanto tagarelavam em volta da mesa de madeira que ficava numa cozinha acolhedora, aquecida por um fogão a lenha.
7/fev/2011

O Cisne Negro


Ontem fui ao cinema assistir O Cisne Negro. Saí fascinada com o que vi. O filme é denso, e consegue prender nossa atenção do começo até a cena final que é surpreendente.
A história mostra os bastidores do balé classico, um diretor artístico perfeccionista e exigente, a bulimia que persegue as jovens em busca de um corpo ideal para o balé e a luta insana das bailarinas em busca do posto de primeira bailarina. Mostra também a dificuldade de uma profissional aclamada admitir que não dá mais para continuar, que seu tempo de glória é passado.
O drama psicológico vivido por Nina, uma mulher contida e dominada por uma mãe extremamente castradora e controladora, consegue nos tirar o fôlego, e a performance da atriz Natalie Portman está impecável.
Mesmo que os críticos digam o contrário, ela está perfeita no papel da bailarina que encarna a doce e suave cisne branco e a sensual, agressiva, intensa e destruidora cisne negro. O filme é simplesmente bárbaro. Adorei!
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Ela é sonsa ou está limitada?

Hoje li o comentário de uma jovem na internet, dizendo odiar gente sonsa e classificando a própria mãe como tal.
Senti um aperto no peito ao ler tal comentário e também raiva, por dois motivos: primeiro porque sou mãe e não gostaria de ser classificada como sonsa nem na intimidade da minha casa e muito menos num veículo de grande alcance como a internet. Segundo porque conheço tanto a filha quanto a mãe que estão envolvidas na situação e posso garantir que o adjetivo não se enquadra na forma como foi colocado.
Sonsa é aquela pessoa que sabe das coisas, mas finge que não sabe. Dá uma de boba, mas não é, e esse não é o caso da mãe em questão.
Ela está limitada, e isso eu admito. Usei o verbo estar porque não acredito que ela seja uma pessoa limitada, mas as circunstâncias da vida que ela vem levando transformou-a em alguém limitado. Seu mundo é muito pequeno, sua experiência de vida, quase nula. Seus passos se mantêm num percurso miúdo e rotineiro que leva da casa ao trabalho, na mesma rua, e vice e versa, há anos. Sua visão do mundo, quando muito, é aquela transmitida pela tela da TV, que nada acrescenta, nada ensina, muito pelo contrário, emburrece qualquer ser humano. Além do mais ela é tímida, quase não tem amigos e é medrosa. Vive uma existência muito solitária, apesar de ser casada e mãe de dois filhos.
Fico me perguntando como seria essa jovem se tivesse tido apenas as mesma oportunidades de sua mãe? Será que ela seria o que é hoje? Duvido. Sem experienciar coisas novas a tendência geral é repetir as mesmas coisas do grupo ao qual pertence, sem grandes questionamentos ou mudanças estruturais. Aquele grupo é sua referência.
É claro que há pessoas que fogem a regra e embora pertencendo a um determinado grupo se destacam de alguma maneira mas, para que isto aconteça, é necessário ter um espírito curioso e questionador para buscar respostas que, certamente, não estarão prontas. É preciso gostar de ler, de estudar e esse não me parece ser o perfil da jovem filha.
Os jovens precisam pensar um pouco antes de jogar na internet qualquer comentário que possa magoar as pessoas ou pior, ofendê-las. É muito difícil consertar um estrago que pode trazer consequências que marcam para sempre. Como diz o velho e sábio ditado: É melhor prevenir do que remediar.

Vivendo um dia de cada vez e fazendo planos

Hoje passei a tarde batendo papo com uma amiga muito querida. Foi ótimo! Ela comentou o quanto estou melhor e mais animada depois que parei de fazer o xeloda. Falamos de tudo, principalmente da próxima viagem que pretendo fazer. Seria ótimo se ela também fosse junto, pois é uma grande companheira de viagem. Topa tudo. Quem sabe?
Ontem também recebi um casal de amigos muito queridos e conversamos muito. Ele botou na cabeça que tenho que escrever um livro e me trouxe o livro A Arte da Ficção para me animar na empreitada. Não sei não... Gosto de escrever, mas daí a escrever um livro...
Acho muito legal escrever um texto, uma crônica ou um poema quando a inspiração chega. E ela costuma chegar de repente, num estalo. Quando isto acontece basta sentar em frente ao computador e as palavras fluem fácil. Parece que a inspiração traz o texto junto com ela. É interessante, mas é exatamente assim que acontece.
Será que a inspiração para um livro traz o texto junto? Acho que não deve ser bem assim... Vou ler o livro que ganhei (já até comecei) e pensar no assunto com carinho.
Mas voltando a falar sobre minha saúde, estou realmente me sentindo muito, mas muito melhor mesmo. Ando mais animada, não sinto mais enjôos constantes, minhas mãos e meus pés melhoraram muito e até minhas unhas que andavam encravando estão melhorando devagar.
Unha é mais demorado e como a minha descolou toda por causa do xeloda, ainda vai levar algum tempo para voltar ao normal. A Inês, minha podóloga, tem ajudado muito no cuidado com minhas unhas. Ela é ótima profissional. Bendita Inês.
O negócio é ter paciência e viver um dia de cada vez. Como diz o velho ditado: não há mal que sempre dure e nem bem que nunca acabe. É a mais pura verdade. Agora estou na fase de planejar uma viagem que venho querendo fazer há bastante tempo. Não há nada melhor do que fazer planos e esperar o dia do embarque. Hummmm. Finalmente vou conhecer a Escandinávia e a Rússia. Olha só que coisa boa!

Pedro Américo


.. ........... Batalha do Avai .............. ...... Paz e Concórdia




Quem conhece Pedro Américo? Aposto que poucos terão uma resposta pronta e rápida e, no entanto, desde o ensino fundamental, nos habituamos a ver uma de suas obras estampar os livros de história; seu famoso quadro, de proporções gigantescas, medindo 4,15m de altura por 7,60m de comprimento, Independência ou Morte. O Grito do Ipiranga, como é mais conhecido, está exposto no Museu Ipiranga, em São Paulo.
Nascido em Areia, município da Paraíba, no dia 29 de abril de 1843, começou ainda muito jovem a desenvolver seu talento para as artes. Aprendeu desenho e música com seu pai que era violinista e seu irmão mais velho, que era pintor, o iniciou no ofício.
Com apenas nove anos acompanhou o naturalista Louis Brunet numa expedição pelo nordeste brasileiro, durante vinte meses, como desenhista. Aos 11 anos foi estudar no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, destacando-se entre os colegas por sua aplicação e inteligência.
Ingressou na Academia Imperial de Belas Artes conquistando 15 medalhas e prêmios, o que lhe valeu uma bolsa do Imperador D. Pedro II, um grande incentivador da cultura e da arte, para ir aperfeiçoar-se na Europa.
Estudou arte em Paris nos anos de 1859 a 1864, e foi discípulo de Ingres, um dos maiores nomes do neoclassicismo francês. Durante este tempo visitou outras capitais européias a fim de ampliar seus horizontes culturais.
A tele Independência ou Morte, símbolo da proclamação da independência do Brasil, foi pintada por Pedro Américo na Itália, onde ficava seu ateliê, a pedido de D. Pedro II. Antes de iniciar o trabalho o artista veio ao Brasil conhecer a região do Ipiranga e estudar o terreno e a topografia do local. O quadro começou a ser pintado em 1885 e demorou três anos para ser concluído.
A tela mostra D. Pedro I erguendo sua espada às margens do riacho Ipiranga, acompanhado de uma tropa de alazões e oficiais engalanados, declarando a independência do Brasil de Portugal, no ano de 1822.
O século 19 é rico em pinturas históricas tanto no Brasil quanto na Europa. Era uma tentativa da sociedade registrar os acontecimentos para que os fatos não caíssem no esquecimento.
O quadro Independência ou Morte é simbólico e quase tudo na tela é ficção, a começar pelo grande número de oficiais de branco e penacho no chapéu e os alazões.
Cá entre nós, se pensarmos bem, naqueles confins de difícil acesso na Serra do Mar, numa estrada sinuosa usada por tropeiros, e comerciantes de escravos que desembarcavam no Porto de Santos, só era possível usar mulas, cavalos jamais. Sem dúvida que era em cima de um burrico que deveria estar D. Pedro I e não um belo corcel castanho. Não havia cavalos que conseguisse subir aqueles morros, que exigiam até dois dias inteiros de viagem.
De qualquer forma, mesmo sendo ficção, esse quadro é uma das peças mais valiosas e emblemáticas da história nacional.
Além de pintor Pedro Américo foi também historiador, filósofo e escritor. Deixou cerca de 15 trabalhos literários de história, filosofia e belas artes, poesias e romances.
Teve obras premiadas nos salões europeus. Faleceu em Florença em 1905, mas seu corpo foi trasladado para o Brasil e hoje encontra-se enterrado em sua terra natal.
Suas obras mais conhecidas são: Independência ou Morte, A Batalha do Avaí, A Batalha do Campo Grande, A Fala do Trono, Paz e Concórdia e Tiradentes esquartejado, dentre outros.

Aniversário e Maternidade


Agora, neste exato momento, o relógio marca trinta minutos depois da meia-noite. Já é dia 2 de fevereiro de 2010. Minha família e eu ficamos aguardando dar meia-noite para cantar parabéns pelo aniversário da minha filha.

Há vinte e quatro anos, nesse horário, eu estava em trabalho de parto no Hospital HRAN. A memória daquela noite parece cristalizada em minha lembrança. Lembro-me de cada fato como se tivesse acontecido ainda ontem. Ouço os ruídos do hospital e sinto-lhe o cheiro peculiar, vejo o vai e vem dos médicos e enfermeiros, ouço os gritos de dor das outras parturientes cortando o ar. Toco minha barriga e a sensação das contrações que a deixavam dura, mas sem dor, voltam numa fração de segundos. Emoções...

As horas pareciam se arrastar numa lentidão insuportável, o bebê dava sinais de que iria nascer, mas não nascia. Eu estava inquieta e, como as outras mães, também eu comecei a sentir as dores do parto. Não cheguei a gritar, mas houve momentos em que senti vontade de fazê-lo. De vez em quando um médico vinha me examinar, conferia a dilatação e saía do quarto sem dizer uma palavra.

Quando as dores pioraram a médica plantonista entrou em meu quarto e mandou-me deitar de lado para massagear minhas costas e aliviar a tensão. Fiquei surpresa e agradecida. Meu corpo relaxou e em poucos minutos ela me encaminhou para a sala de parto e ajeitou meu corpo para facilitar o nascimento. Senti a primeira contração forte que passou rápido. Veio a segunda contração e comecei a fazer força para expulsar e na terceira minha filha nasceu chorando forte, a plenos pulmões.

A enfermeira colocou aquele bebezinho frágil, berrando feito louco, sobre meu peito. Ela se aninhou e ficou quietinha parando de chorar. Decerto reconhecera o som familiar das batidas do meu coração. Lembro-me ter chorado uma lágrima silenciosa de pura emoção. Eu estava feliz. Não estava mais sozinha. Meu coração bateu mais forte e senti naquele momento que estávamos, de alguma forma, ligadas para sempre, embora a médica tivesse acabado de cortar o cordão umbilical que nos unia num só corpo.

O cordão havia sido rompido, a maternidade, apenas começado.

novos exames e próximo destino

Marquei hoje para o final de março, no Hospital do Câncer, em São Paulo, novos exames para ter certeza de que a nova medicação está sendo eficaz no controle da doença.
A bem da verdade quero mesmo é ficar curada, mas se o remédio não permitir o avanço da doença já me dou por satisfeita. O que não quero é ficar refém de doença e dores, mal estares e afins. Para mim a vida só tem sentido quando vivida intensamente. Esse negócio de ficar presa numa cama ou cheia de tubos é cruel e sem sentido. Esse tipo de vida só vale mesmo para os hospitais que lucram com a internação, pois para o paciente e familiares é um horror.
Acho que a medicação nova está funcionando, pois estou me sentindo bem melhor depois que parei de usar o xeloda. Oh remedinho cheio de efeitos colaterais! Ainda bem que fiquei livre dele. Ufa!
Por falar em vida e em viver já estou programando uma próxima viagem. Desta vez vou conhecer a Rússia e a Escandinávia, coisa que já quero fazer há algum tempo.
Quero ver de perto os fiordes, resultado do derretimento das geleiras da última era glacial, há mais de 10 mil anos. A pressão das geleiras foi tanta que abriu fendas profundas nas montanhas, que depois foram invadidas pelo mar. Deve ser um espetáculo lindo e assombroso e podem ser percorridos de barco. Não quero perder um passeio desses. Quem sabe também consigo ver o sol da meia noite?
Depois de passar alguns dias na escandinávia e ver de perto paisagens de tirar o fôlego chegarei finalmente a Russia dos Czares. Primeiro vou conhecer a linda São Petesburgo e depois Moscou.
Por enquanto estou só nos planos, mas quando chegar a hora conto para vocês.