Memórias de uma festa infantil







Estava conversando com minha filha na sala, com a TV ligada, quando passou uma cena da Xuxa cantando ilariê com a personagem Jaqueline da novela Tititi. Interrompemos nossa conversa, olhamos uma para a cara da outra e caímos na risada. É que lembramos de uma cena semelhante acontecida no aniversário dela, aos três anos de idade.
Quando minha filha era pequena o show da Xuxa estava em seu auge. Toda menina sonhava ser paquita para dançar naquele palco mágico com a Rainha dos Baixinhos. Suas músicas tocavam em todas as casas com crianças, fossem meninas ou meninos. Minha filha não era exceção.
No aniversário de três anos, acho que a primeira festa de aniversário que a criança consegue aproveitar e se divertir, resolvi contratar a Xuxa (falsa, é claro) e suas paquitas, para animar a festa. A escolha não poderia ter sido melhor, pois tanto as crianças como alguns pais presentes amaram a performance da falsa rainha.
Para as crianças a falsa Xuxa era a própria e legítima Rainha dos Baixinhos, muito embora esta fosse provida de fartos seios e pernas grossas aparecendo sob uma saia curtinha, deleite de alguns pais que entraram na farra e cantaram junto com a garotada. As crianças cantaram, gritaram e fizeram várias atividades sob o comando da Xuxa e suas paquitas. Elas estavam encantadas, quase em êxtase.
Na hora do parabéns fui jogada para escanteio. Minha filha, sorrindo de orelha a orelha, com as bochechas vermelhas de tanta excitação, cabelos cacheados caindo em cascata sob os ombros, linda em seu vestido amarelo cheio de casinhas de abelhas bordadas com florzinhas delicadas no peito, só tinha olhos para a Xuxa.
Ela bateu o pé e fez questão de cantar os parabéns no colo da rainha e, como a festa era dela e ela estava prá lá de feliz, deixei-a realizar todos os sonhos e desejos com a Xuxa, mesmo que falsa como uma nota de três.
Agora, vinte anos depois, a cena da Xuxa cantando o ilariê (melancólica, diga-se de passagem) trouxe às nossas memórias lembranças felizes de uma festa que marcou a infância da minha filha. Acho que durante muitos anos ela teve certeza absoluta que a legítima Xuxa havia comparecido, em carne e osso, em sua festa.
Ela riu comigo e comentou o quanto uma criança, em sua pureza e inocência, consegue acreditar numa fantasia, por mais iverossímel que possa ser. A Xuxa da festa não tinha absolutamente nada de semelhança com a Rainha dos Baixinhos mas, para aquelas crianças presentes, que viram a Xuxa e suas paquitas, vestidas a caráter, entrando pela porta do salão de festas, era como se a nave espacial que a trazia ao palco da TV estivesse se abrindo para descer a deusa que iria levá-los a um mundo de fantasias. Por algumas horas elas se divertiram na certeza de que estavam sendo conduzidas por sua rainha. A deusa que habitou a fantasia de muitas crianças naquela década.
14/fev/2011
2 Responses
  1. Anônimo Says:

    Eu definitivamente era uma criança mto inocente! kkk


  2. shan-Tinha Says:

    a minha bb nos chamava de mama e papa e qdo ela falava numa música esses nomes ela achava que estava chamando nós! minha filha mais velha também curtiu esse tempo!
    ah nossas bbs!


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou