Salve-se quem puder, a corrupção está em toda parte

Brasília é conhecida como uma das poucas cidades brasileiras onde a faixa de pedestre é respeitada. Os pedestres aprenderam a parar na faixa, sinalizar com as mãos e só depois atravessar em segurança. Os motoristas, após muitas e exaustivas campanhas, aprenderam a respeitar as faixas de pedestres, evitando assim inúmeros acidentes fatais. Foi uma grande conquista para a população.
Estava fazendo minha caminhada por volta das 18 horas, horário de pico do trânsito,  quando observei um pedestre dando sinal para os carros pararem na faixa, mas os motoristas seguiam seu curso como se nada estivesse acontecendo. Fiquei tão indignada com a falta de educação e civilidade dos motoristas que parei do outro lado da pista e também sinalizei na faixa obrigando os motoristas  pararem, afinal eram dois pedestres, um de cada lado da pista, fazendo sinal para atravessarem a faixa de segurança. Finalmente o fluxo foi interrompido e o pedestre pode atravessar a movimentada pista.
O rapaz agradeceu a ajuda e continuei minha caminhada pensando no tanto que está difícil viver na nossa sociedade. Os valores que minha geração aprendeu quando criança, e que tanto prezo,  andam esquecidos pela maioria. Hoje parece que vigora o "salve-se quem puder". Para todos os lados que olhamos damos de cara com a falta de respeito pelo outro, a corrupção,  a mentira, o engodo...
O país, a cada dia que passa, cria mecanismos mais sofisticados para evitar qualquer tipo de sonegação de tributos, mas emprega muito mal o dinheiro dos impostos arrecadados. Quem é amigo do rei enriquece em tempo record e nada acontece, mas um pobre faminto, se furtar um pão, corre o risco de apodrecer na prisão. São dois pesos e duas medidas para uma mesma situação.
O profissional liberal que dá um duro danado, trabalhando feito louco todos os dias da semana, precisa fazer um esforço absurdo para dar conta de pagar os impostos cobrados sobre todo e qualquer valor que recebe. O município, o estado e a União são insaciáveis nas cobranças de tributos, mas péssimos no cumprimento de seu papel com a sociedade. Só o Palocci e sua empresa fantástica ficam livres de qualquer cobrança e multiplicam seu patrimônio vinte vezes, com o aval da Presidente da República, do Congresso e seus conchavos e também da Controladoria Geral da União (CGU). É uma pouca vergonha, um acinte para com o cidadão que desconta o  imposto de renda na fonte e ainda paga caro os  tributos cobrados sobre tudo o que consome.
Quando o  mal exemplo começa de cima, na Presidência de República e  no Congresso Nacional, nada mais pode ser levado a sério, está aberta a temporada da pouca vergonha. Seja na política,  no futebol, no automobilismo, nos esportes,  está tudo corrompido pelo jogo sujo do poder e da corrupção.
E ainda vai ficar pior. Estão querendo aniquilar o ensino e a educação. Uma população ignorante e analfabeta funcional é muito mais fácil de ser manipulada e enganada. Onde já se viu distribuir livros didáticos cheios de erros de português???  Quando será que essa classe política vai entender que o crescimento e o enriquecimento de um país está diretamente ligado ao grau de educação e cultura de seu povo?

Feira de Artesanato de Brasilia

Hoje resolvi conhecer o novo espaço da Feira de Artesanato que ficava na Torre de TV em Brasília. Confesso que fiquei surpresa, pois o espaço ficou muito bom e arejado, não é mais aquele amontoado de barracas, onde caminhar era um desafio. Realmente capricharam no projeto e a feira ganhou outra cara, ficou ótimo. Quando as árvores que plantaram nos canteiros entre as bancas, que agora estão padronizadas, estiverem adultas, vai ficar mais agradável ainda.
Andei sem pressa por todo o espaço para conhecer tudo com calma, parei na área de alimentação para tomar uma água de côco bem geladinha e fiquei um pouco por lá  ouvindo o batuque alegre  de uma turma de jovens que cantava um sambinha descontraído.
Fiquei encantada com a pintura de um artista que assina Mângelo's. Pena que os quadros estavam muito caros e só deu mesmo para olhar e sonhar. O quadro que gostaria de ter comprado custava R$ 1.800,00 e fiquei só na vontade, mas que era lindo isto era... Vou perguntar ao Palocci como se faz para multiplicar tantas vezes e em tão pouco tempo um patrimônio assim, da próxima vez que eu for a Feira de Artesanato compro o quadro sem precisar pensar duas vezes...

Sem assunto

Andei sumida, sem vontade de escrever ou sem inspiração, sei lá, acho que os dois. A última aplicação do zometa me deixou toda doída, parecia que um rolo compressor havia passado sobre mim. Agora minha pressão resolveu subir, o que será que anda acontecendo comigo? Acho que preciso mesmo é que o tempo passe depressa para chegar o dia da minha viagem. Viajar sempre me faz bem,  me enche de energia. Gosto de descobrir coisas novas, ver novas paisagens, experimentar novos sabores... Não gosto de fronteiras, o mundo é meu lar...
Ontem colhi a goiaba do meu bonsai. Era vermelha, que bom. Parti ao meio e dei uma mordida com gosto, me sentindo o próprio Chico Bento. Estava uma delícia!
Consegui comprar A Volta Filho Pródigo, de Henri Neuwen. Excelente leitura. Excelente reflexão. Viajei na caminhada espiritual que o padre Henri fez na pintura de Rembrandt que retrata a parábola do Filho Pródigo. Nunca antes havia analisado a parábola pelo ângulo de cada um de seus personagens: o filho mais novo, esbanjador e arrependido; o filho mais velho, cumpridor de seus deveres, mas ressentido e ciumento; e o pai, com seu amor incondicional.  Agora não vejo a hora de estar de frente a pintura no Hermitage.

Bonsai de goiabeira


Há algum tempo comprei um bonsai de goiabeira e o coloquei em cima de uma mesinha de centro na varanda da sala de jantar, que recebe bastante sol pela manhã. Ele é muito melindroso e fica todo murchinho se não receber água todos os dias.
Cuido dele com carinho e um belo dia percebi que havia uma flor branquinha na ponta de um galho. Fiquei observando o desenvolvimento da flor que se transformou numa pequena goiabinha verde. Estava certa de que a goiaba daquela miniatura de árvore fosse ficar, no máximo, do tamanho de uma bolinha de gude.
Os dias foram passando e a goiabinha ficava cada vez maior, até se transformar numa goiaba grande demais para o galho fininho, que acabou ficando vergado ao peso da fruta.
Todas as pessoas que passam pela varanda ficam admiradas com a enorme goiaba pendurada no galho fininho. Foi até preciso fincar uma estaca para ajudar a segurar o peso da fruta que está começando a amadurecer.
Minha filha sai de casa pela manhã e só retorna a noite para dormir e quase não nota qualquer coisa que existe em casa. Esta semana, antes que ela saísse para o trabalho, eu a chamei até a varanda para mostrar a goiaba do bonsai. Ela olhou admirada e exclamou: nossa! Pensei que goiaba grande em bonsai fosse invenção do Maurício de Souza para alegrar o Chico Bento! Nunca pensei que bonsai realmente produzisse frutos de tamanho normal! E ainda brincou: tá vendo Ma, revistinha da turma da Mônica também é cultura...
Confesso que eu também nunca pensei que bonsai de qualquer árvore frutífera produzisse frutos de tamanho normal. Agora quero procurar um de pitangueira, de mixirica, acerola e outro de amoras. Devem ficar lindos carregadinhos de frutos maduros.
Enquanto não encontro outros bonsais de árvores frutíferas fico conferindo de perto o amadurecer da goiaba do meu bonsai pois, como o Chico Bento da história da Mônica, não vejo a hora de morder a fruta madura colhida no pé.

Passeando pelo Sri Lanka

Minha filha e minha irmã voltaram da viagem que fizeram ao Sri Lanka. Elas e mais um amigo foram participar do casamento de uma amiga comum, e aproveitaram a viagem para conhecer um pouco do exótico e distante país, com costumes bem diferentes do nosso.
Começaram a jornada visitando o Orfanato dos elefantes em Pinnawala, criado em 1975 para proteger 7 animais órfãos. Hoje o orfanato abriga mais de 70 elefantes de várias idades que vivem soltos pelo amplo local. Os turistas podem alimentar os bebês elefantes dando mamadeira, desde que queiram pagar por isto. Muitos se animam alimentar os animais que parecem bastante dóceis.
Saindo dali foram para o Templo do Dente de Buda, local sagrado que fica em Kandy, cidade conhecida como a capital das montanhas, distante 115 km de Colombo.

Conhecer não é  a palavra certa, pois é proibido entrar no templo propriamente dito, onde a relíquia fica guardada em cofre protegido por cristais. Nas proximidades do templo é proibido usar qualquer tipo de calçado, então o turista ou qualquer peregrino é obrigado a caminhar descalço ou, no máximo, usando meias e pisando nas cacas dos pombos que voam livre pelos jardins.

No dia seguinte foram para um local conhecido como "fim do mundo", no alto de uma montanha. O guia estaciona a van para que os turistas comecem a caminhada de uma hora e meia até alcançar o pico da montanha. É terminantemente proibido jogar qualquer objeto na trilha. Até mesmo o rótulo da garrafa d'água é retirado antes de começar a caminhada, durante a qual os turistas são orientados por placas indicando o tipo de vegetação e animais que podem ser vistos na reserva. Ver que é bom eles disseram não ter visto nenhum animal, mas ouviram a vocalização de macacos, corvos, sapos e pássaros. O único animal que de fato disseram ter visto enquanto faziam a trilha foi um simples e comum galo garnizé.
Na volta para Colombo pararam na famosa fábrica de chá Mackwoods, fundada em 1841. Os ingleses levaram o chá para o Sri Lanka, que hoje é o maior exportador do produto. São mais de 27.000 acres de plantações somente desta fábrica, que ocupam montanhas inteiras. Foi a fábrica Mackwoods que forneceu chá para o aniversário da Rainha da Inglaterra.
Em Kandy, aproveitaram também para comprar um sari  para Bárbara usar na cerimônia do casamento que aconteceu no dia 27 de abril, uma quarta-feira. Ela realizou um desejo antigo de usar o tradicional e elegante traje indiano, numa ocasião bem apropriada.

A cerimônia de casamento no ritual budista foi precedida por uma dança realizada por alguns homens vestidos a caráter e que tocavam atabaques enquanto o noivo, um alemão, entrava com seus convidados e  aguardava  a noiva singalesa  ao lado do altar ornamentado com longos cordões com pequenas flores brancas penduradas. Em seguida os convidados do noivo receberam um copo grande de café com leite que bebiam enquanto a noiva era conduzida ao altar. A noiva entrou com o pai,  seguida por seus convidados que também receberam um copo de café com leite. Detalhe: todos os convidados e também os noivos entraram descalços no templo budista. Os convidados ficaram em pé durante a cerimônia que durou meia hora mais ou menos.  Depois da cerimônia foi oferecida uma recepção no Galle Face Hotel, o hotel mais antigo do mundo. Naquele hotel trabalha um garçom  com mais de 90 anos. Segundo o Guiness book o referido garçom é o mais antigo do mundo e começou seu ofício aos 20 anos de idade.
No dia seguinte ao casamento os viajantes voltaram para a estrada para continuarem conhecendo outros pontos turísticos do país. Foram a Anuradhapura e a Sigiriya, um antigo palácio em ruínas, construído no século 5.

Sigiriya é a Rocha Leão, também conhecida como "fortaleza do céu" que em seus tempos de apogeu era rodeada por um  jardim considerado como o mais antigo do mundo. Os jardins eram divididos em jardins de água, de pedra e terraço.  Os jardins de água são simétricos e todas as piscinas, hoje vazias, eram interligadas por uma rede de canalização subterrânea que era alimentada pelo lago que estava conectado ao fosso. Ainda se pode ver a grande pata de leão esculpida na rocha que se ergue a 370m acima do nível do mar e é visível por vários kilômetros.

De volta a Colombo eles foram assitir uma apresentação de dança local e exploraram a cidade usando o tradicional tuc tuc.

A Liberdade é Azul

Uma amiga veio visitar-me ontem, e passou a tarde comigo. Resolvemos assistir um filme e escolhemos A Liberdade é Azul, da trilogia Trois Couleurs: bleu/blanc/rouge, do diretor Krzystof Kieslowski.
A trilogia é baseada nas três cores da bandeira francesa, e nas palavras do lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.
Kieslowski associa a liberdade com a morte de duas pessoas muito amadas pela protagonista,  e sua abordagem é surpreendente e de uma intensidade sutil e comovente. O filme é de poucas falas, quase silencioso, mas a trilha sonora forte e marcante parece gritar, despertando no expectador sentimentos profundos.
A trama mostra o que o destino pode reservar às pessoas: muita dor e solidão interior. O filme é quase um tratado sobre dor e perda, e o grande peso de ser o sobrevivente de uma tragédia.
Que filme sensacional!
De um modo geral, gosto muito dos filmes europeus e este é um dos mais impactantes que já assisti. Ele é denso, quase palpável e é impossível desgrudar os olhos da tela. O diretor, a fotografia, a música, tudo é perfeito e a interpretação de Juliette Binoche está impecável. Ela consegue transmitir sua dor com uma convicção e uma intensidade impressionantes.
O diretor Kieslowski foi um mestre na condução da trama. A câmera percorre de forma delicada e sutil detalhes aparentemente insignificantes, mas que fazem toda diferença para o expectador sentir o filme e ter a sensação de quase tocar os sentimentos, as emoções e a dor que transformam Julie que  desperta no hospital e fica sabendo que perdeu o marido e a filha do casal num acidente de carro. Ela não chora, mas sua dor é tão contundente que parece palpável.
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Partilhar amor

Hoje fui levar minha mãe a igreja e fiquei para a missa. Para minha alegria consegui cantar um pouco, acompanhei a celebração e gostei da homilia. O padre frisou  a necessidade de sairmos de nosso egoismo para partilhar com o outro um pouco do que temos.
Quando saí da igreja me peguei pensando nas palavras do padre, no partilhar e na importância de sermos generosos. Percebi o quanto é difícil sermos generosos quando inseridos numa sociedade que valoriza tanto o ter e o acumular riquezas, e onde  dividir é um verbo pouco conjugado.
Chegando em casa resolvi abrir um vidro de geléia que uma amiga de infância, já idosa, fez e enviou de presente para mim e imediatamente lembrei das palavras da homilia. Minha amiga Piedade fez  a geléia com carinho, certamente  pensando nos muitos filhos e netos que ela tem,  mas não exitou em me incluir no espaço do seu amor. Olha só que coisa boa! E a geléia está  muito saborosa, posso garantir.
Minha mãe gosta de fazer  um saudável tempero usando as ervas que ela planta na horta que cultiva. Ela colhe salsa, cebolinha, manjericão, pimenta e outras especiarias, bate tudo no liquidificador e acrescenta um pouco de sal.  Como o tempero rende muito, sempre que ela o prepara acabo dividindo um pouco com os amigos, e todos adoram.
Outra coisa que minha mãe gosta de fazer é colher frutas maduras no pé, como ela fazia quando era criança. A natureza é generosa e uma só árvore produz muitos frutos e a melhor parte é dividir estes frutos suculentos com os amigos. Todos querem saborear as mixiricas, as amoras, pitangas e acerolas  que minha mãe cultiva no quintal, usando adubo que ela mesmo produz a partir de todas as sobras da cozinha. São frutos orgânicos,  saudáveis e muito saborosos e é a forma dela partilhar.
Meus amigos sempre partilharam comigo o que existe de melhor em amizade. Eles sempre me apoiaram e se fizeram presentes em todos os momentos de minha vida, fossem esses momentos bons ou ruins. Eles me fizeram entender que amigos é a melhor coisa que existe e que não podemos viver sem eles. É isto que eu quero partilhar sempre: amor e amizade. Quero  ter meus  braços sempre  abertos para receber todos aqueles que precisam de conforto e acolhimento,  ter ouvidos atentos para escutar e um coração sensível para ouvir e compreender.