A força das águas

Todos os anos vemos nos noticiários imagens de pessoas e automóveis sendo arrastados por enchentes em São Paulo. É sempre a mesma coisa, basta a chegada das chuvas para que essas cenas aterradoras entrem em nossas casas causando tristeza e indignação.
Semana passada eu e alguns amigos voltávamos do litoral para São Paulo quando fomos surpreendidos por uma forte enxurrada na entrada da cidade.
Aconteceu muito rápido. A chuva piorou por volta da meia noite quando chegávamos em São Paulo e o trânsito ficou lento. Faltava mais ou menos quarenta minutos de viagem mas, uma hora depois, estávamos completamente parados e ainda distantes de casa.
A chuva ficou mais forte, alguns motoqueiros voltavam na contramão da pista para avisar que não dava para prosseguir, pois a água estava subindo muito rápido. Os motoristas tentavam dar marcha ré para escapar da enchente. Sacos de lixo boiavam sob as águas escuras de lama e sujeira. Gritos aflitos enchiam a noite escura. O caos começou a se instalar e crescer.
Tentei manter a calma porque sabia que nosso carro, uma caminhonete alta e com tração nas quatro rodas, era potente o bastante para sair, com um mínimo de segurança, daquela armadilha de água suja e detritos. Naquela confusão de carros tentando fugir na contramão e gritaria geral dos motoristas que dirigiam carros pequenos conseguimos furar o cerco, dar marcha ré e escapar pela primeira rua íngreme que surgiu a nossa direita. Sequer sabíamos onde estávamos, nossa única preocupação era afastar daquele ponto de alagamento o mais rápido possível.
Alguns minutos depois e já distante do problema tentamos nos orientar para encontrar uma saída que nos levasse para casa. Quando o carro parou em frente ao portão respiramos aliviados. Estávamos ilesos em casa e em segurança. A chuva tinha diminuído de intensidade, mas continuou caindo a noite inteira.
Imóvel na cama quentinha e confortável fiquei pensando na aventura que vivemos. Fora assustador.
Quando vemos no noticiário um carro sendo arrastado pela correnteza não conseguimos avaliar a força das águas e a rapidez com que ela sobe e alaga tudo. É impressionante! Não dá tempo de fazer muita coisa.
A imagem dos sacos pretos cheios de lixo e da sujeira das ruas boiando sob as águas insiste em voltar à minha memória. É o resultado da falta de educação da população que não se preocupa com o meio ambiente e joga todo tipo de lixo nas calçadas e nas ruas. Esse lixo cai nos bueiros que ficam entupidos e transbordam acabando por invadir as ruas, calçadas e residências destruindo tudo e disseminando doenças.
É triste concluir que as pessoas atingidas pelas enchentes, de alguma forma, são também responsáveis pelas tragédias que as atingem na medida que não se preocupam com o meio ambiente, com o desmatamento e principalmente com o lixo que produzem e que descartam fora dos locais para isso destinados. Jogam nas ruas e nas enconstas todo tipo de lixo e entulho.
Vamos aprender a jogar na lixeira um simples palitinho de picolé, um papelzinho de bala ou qualquer outro material descartável. Lugar de lixo é na lixeira.
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Obrigada pelo comentário. bjs Lou