Natal

Antevéspera de Natal. Época triste para alguns e festiva para outros. Não tenho certeza em qual das categorias me incluo, fico oscilando entre as duas...
Por um lado vejo o Natal como uma data apenas comercial, época em que somos induzidos a mergulhar nas compras enfrentando lojas lotadas, preços altos e filas quilométricas. Todos querem um presente. Todos esperam por um presente. Tá na mídia, a TV fala disso o tempo todo, os jornais estão cheios de propaganda, as revistas, nem se fala...
Na minha memória, desde que eu era apenas uma garotinha magrela e tímida, de longos cabelos negros cheios de cachinhos, o natal parecia mágico: cheio de lindas árvores enfeitadas para encher os olhos das crianças e adultos, alguns presépios bem montados e muito música natalina.
Na cidade de interior, onde vivi grande parte de minha infância, todos os anos era montado um enorme presépio na rua em que eu morava, num terreno sem edificação. Para meus olhos de criança não havia nada mais bonito e de mais apelo religioso. Eu ficava maravilhada com os personagens, as luzes e toda a história de Jesus. Todos os dias, numa espécie de adoração, eu fazia minha visita ao presépio e ficava por ali algum tempo olhando para aquele menininho que nasceu numa mangedoura e rezava baixinho.
O tempo passou, eu cresci, mudei de cidade e tive a oportunidade de passar o natal em diversos lugares. Vi árvores e presépios enormes, muito mais bonitos e enfeitados mas, sinceramente, nenhum teve ou tem para mim o apelo daquele presépio simples da minha infância.
Ainda ecoa em minha memória a algazarra das crianças nas manhãs de natal correndo e gritando pela rua para exibir seus presentes. Era uma festa. Todos queriam mostrar seus brinquedos e a criançada parecia embriagada de prazer e alegria. Eram brinquedos na maioria modestos: bolas coloridas, bonecas, jogos e carrinhos. Algumas crianças mais abastadas ganhavam bonecas que falavam, bicicletas ou carrinhos de pedal, mas a maioria ganhava mesmo eram bonecas mudas, bolas, carrinhos de plástico e jogos de tabuleiro. Mesmo assim todos se sentiam felizes. Alguns, talvez, um pouco frustrados mas não infelizes.
Passei minha infância inteira sonhando com uma bicicleta que nunca chegou nem no natal ou outra data qualquer, mas isso nunca foi motivo para eu me sentir infeliz. Acho que aprendi ainda muito pequena a ser feliz com o que eu tinha na mão, mas nunca deixei de perseguir meus sonhos. Sempre acreditei que as coisas acontecem na hora certa. E acontecem.
1 Response
  1. Anônimo Says:

    Mama, me deu uma vontade de te dar uma bicicleta! Só não faço isso pq vc não pode correr o risco de cair. Mas qria mto!!!! Amei o texto! Bjos


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou