Meu professor de inglês, que tem formação em pintura mural e alma de
artista, propôs que nossa aula de hoje fosse realizada no Centro Cultural do
Banco do Brasil para vermos juntos a exposição dos Mestres do Renascimento. São
57 obras-primas italianas emprestadas de 23 museus e colecionadores privados.
Faço uma idéia da logística para trazer aquele tesouro
ao Brasil. São pinturas, desenhos e esculturas dos séculos 15 e 16 de artistas
como Leonardo, Michelangelo, Rafael, Fra Angélico, Tintoretto e outros. A nata
da pintura renascentista em seu maior esplendor, apresentada ao público
brasiliense.
A sala de
exposição estava gelada. É uma das condições para a preservação das obras que
estão com mais de 500 anos e precisam ser acondicionadas em temperatura e
umidade constantes. Eu, que já passei frio em outras exposições, desta vez estava
prevenida usando um casaco quentinho.
Virgem da Humildade, de Gentile da Fabriano
(imagem da internet)
É interessante
observar a evolução da pintura medieval que sai de uma pintura plana, chapada,
para a representação da profundidade e da perspectiva. A Madonna dell’Umiltá,
de Gentile da Fabriano é um exemplo desta evolução.
Foi Brunelleschi
quem inventou a perspectiva que cria a ilusão da tridimensionalidade de uma
figura. Ele até publicou um dos primeiros métodos de perspectiva no século 15 e
a partir daí a técnica foi incorporada na pintura renascentista.
A mostra do CCBB
propõe uma viagem no tempo, e visitar a exposição acompanhada de alguém que
entende do assunto é muito mais interessante. O Hugo destacava em cada pintura
e escultura detalhes que passam desapercebidos para pessoas que como eu, embora
apreciem, são leigas em arte.
Alguns dos temas
das pinturas da mostra são religiosos outros, mitológicos. Inicialmente, por
exigência da igreja católica, as pinturas retratavam apenas os temas religiosos
e a pintura de Frá Angelico é um exemplo disto. Os elementos característicos da
pintura religiosa são os anjos, as auréolas, os mantos brancos e azuis, a
Virgem Maria e o Menino Jesus sempre no centro dos quadros. Já os temas
mitológicos retratam os mitos e os mistérios da vida dos deuses, e é uma viagem
na cultura clássica Greco-romana. As composições são cheias de fantasia e
imaginação e variam de acordo com o pintor e suas crenças.
Leda e o Cisne
(imagem da internet)
Botticelli,
Rafael e também Leonardo da Vince pintaram tanto os temas religiosos como os
mitológicos. Na exposição um dos destaques era “Leda e o Cisne” pintura de
Leonardo. O quadro representa Leda, rainha de Esparta, e Zeus, na figura de um
belo cisne. O mito representado na pintura é de quando Zeus encantou-se por
Leda e para seduzi-la ele se transformou em cisne. Outro destaque era a “Anunciação” de Bellini e a de Botticelli, ambas
representam o Arcanjo Gabriel anunciando para a Virgem Maria que ela seria a mãe
de Jesus Cristo, apesar da virgindade.
Anunciação de Bellini
(imagem da internet)
Anunciação de Botticelli
(imagem da internet)
No Renascimento o artista procurava narrar uma história com sua pintura, de forma que o espectador,
geralmente analfabeto, pudesse entender a mensagem. Os quadros contavam
histórias bíblicas e mitológicas que eram compreendidas apenas com o olhar
atento.