Um giro pela Bretanha - Fougères
sábado, novembro 02, 2013
Nosso último dia na Bretanha foi dedicado a Fougères, uma típica e linda cidade medieval com casinhas de pedras localizada no departamento de Ille-et-Vilaine na Bretanha.
O David foi nos pegar no hotel e já estavam com ele no carro o meu amigo Lionel e d. Denise, sua mãe, ambos nascidos e criados em Fougères. D. Denise, com mais de 85 anos, estava feliz com a oportunidade de rever a cidade natal que ela não visitava há mais de vinte anos.
Pegamos a estrada e d. Denise ia sentada silenciosa no banco da frente do carro que deslizava suavemente pelas pistas bem conservadas da Bretanha. Quando nos aproximamos da cidade ela começou a ficar inquieta, acho que estava ansiosa demais para rever sua terra natal, palco de tantas lembranças de sua infância e juventude, lembranças de sua vida de casada, dos filhos pequenos... sem dúvida, eram muitas lembranças. Ela começou a falar com o David apontando o bosque que margeava a estrada, mostrando alguma coisa que despertava emoções só dela...
O carro finalmente entrou na cidade e ao passarmos direto por uma ladeira íngreme o Lionel pediu ao David que retornasse para subir naquela rua, pois era lá que ficava a casa onde ele nasceu e passou parte da infância. D. Denise estava tentando se conter, como boa francesa que é. Entramos na Rue des Fontaines, e quando o carro chegou em frente a casa onde d. Denise e Lionel moraram há tantos anos uma enxurrada de lembranças deve ter invadido a memória de ambos. Ela estava visivelmente emocionada, comovida, ele também, embora tentasse disfarçar. Paramos ali um pouco, antes de prosseguirmos nosso passeio.
Passamos em frente ao Chateau de Fougères , uma imponente fortaleza construída no século 11, mas seguimos direto até a igreja de St. Sulpice. O David estacionou e nós descemos, mas d. Denise, mesmo a contragosto, preferiu ficar no carro por causa de sua dificuldade para andar.
Entramos no jardim silencioso que circunda a igreja e a impressão que tive era de estar sendo espiada, vigiada... olhei para cima e dei de cara com gárgulas no formato de figuras monstruosas, meio demoníacas, espreitando com um olhar sinistro. Aquelas esculturas de pedras pareciam querer saltar das paredes de pedra da velha igreja para assombrar qualquer incauto que ousasse entrar sem permissão naquele espaço sagrado.
Tentando ignorar o olhar sinistro e insistente das gárgulas me espreitando do alto das paredes continuei caminhando devagar até a porta lateral da igreja e fui recebida com o som grave e profundo de uma música executada num órgão que eu não consegui enxergar. O som enchia a igreja reverberando tão forte nas paredes de pedra que dava a impressão de poder tocá-lo com minhas mãos. Fiquei emocionada e senti lágrimas quentes, e teimosas, brotarem em meus olhos. A música conseguiu tocar meus sentidos...
Fiquei parada um instante no meio da nave ouvindo a música enquanto apreciava a beleza dos vitrais coloridos que filtravam a luz do sol, iluminando a velha igreja de pedras frias. Imaginei sacerdotes sisudos da idade média, usando hábitos escuros e longos, ajoelhados fazendo suas orações. Imaginei fiéis devotos e assustados pedindo clemência a Deus... tempos difíceis aqueles...
Nossa próxima parada foi no chateau de Fourgères, a maior Fortaleza da Europa, com 13 torres e paredes de 3 metros de espessura. O castelo, construído sobre uma enorme rocha de granito em meio a um pântano, era parte do sistema de defesa da Bretanha. O pântano servia para dificultar a aproximação de armas e cavalaria.
D. Denise nos contou que brincava no castelo quando criança. O Lionel nos disse a mesma coisa: quando criança, ele e os amigos brincavam dentro do castelo que ficava aberto e sem vigilância. Só anos mais tarde, percebendo o valor histórico da construção, a prefeitura resolveu restaurar e explorar o local turisticamente. Hoje é necessário pagar para entrar e visitar algumas dependências da imponente fortaleza. Andamos por cima dos muros para descortinar uma vista impressionante da cidade naquela tarde de sol fresco e céu azul.
Já era hora do almoço, então optamos pelo restaurante La Duchese Anne perto da fortaleza e acertamos em cheio. Como éramos seis pessoas ficamos numa sala reservada e muito acolhedora. Resolvi comer uma gallete típica da região, recheada com queijo, presunto e um ovo de gema mole por cima, acompanhada de sidra artesanal servida numa xícara grande e larga. A gallete da Helena tinha champignon ao invés do ovo, e parecia muito boa também. O Lionel e o David escolheram um prato com carne que tinha uma apresentação linda, mas que eu não comeria por nada deste mundo porque odeio carne sangrando. A sobremesa foi um crepe típico, com manteiga e açucar.
Depois do almoço subimos a ladeira até a igreja de St. Leonard. Ao lado da igreja fica a entrada de um lindo parque que se abre para uma espetacular vista da cidade lá embaixo. A fortaleza, vista lá de cima, é algo fantástico. No jardim, espalhados entre os canteiros, vi vários suportes com frases de escritores famosos como Victor Hugo e Balzac por exemplo.
D. Denise, naquela altura do dia, já estava muito cansada. Foram muitas emoções para uma senhora já avançada em idade, então resolvemos pegar a estrada de volta para Dinard.
Ao anoitecer, na beira da praia em Dinard, fomos passear pela promenade para vermos pela última vez, antes de nosso retorno a Paris, a subida das incríveis marés nas praias da Bretanha.
Pegamos a estrada e d. Denise ia sentada silenciosa no banco da frente do carro que deslizava suavemente pelas pistas bem conservadas da Bretanha. Quando nos aproximamos da cidade ela começou a ficar inquieta, acho que estava ansiosa demais para rever sua terra natal, palco de tantas lembranças de sua infância e juventude, lembranças de sua vida de casada, dos filhos pequenos... sem dúvida, eram muitas lembranças. Ela começou a falar com o David apontando o bosque que margeava a estrada, mostrando alguma coisa que despertava emoções só dela...
O carro finalmente entrou na cidade e ao passarmos direto por uma ladeira íngreme o Lionel pediu ao David que retornasse para subir naquela rua, pois era lá que ficava a casa onde ele nasceu e passou parte da infância. D. Denise estava tentando se conter, como boa francesa que é. Entramos na Rue des Fontaines, e quando o carro chegou em frente a casa onde d. Denise e Lionel moraram há tantos anos uma enxurrada de lembranças deve ter invadido a memória de ambos. Ela estava visivelmente emocionada, comovida, ele também, embora tentasse disfarçar. Paramos ali um pouco, antes de prosseguirmos nosso passeio.
Passamos em frente ao Chateau de Fougères , uma imponente fortaleza construída no século 11, mas seguimos direto até a igreja de St. Sulpice. O David estacionou e nós descemos, mas d. Denise, mesmo a contragosto, preferiu ficar no carro por causa de sua dificuldade para andar.
Entramos no jardim silencioso que circunda a igreja e a impressão que tive era de estar sendo espiada, vigiada... olhei para cima e dei de cara com gárgulas no formato de figuras monstruosas, meio demoníacas, espreitando com um olhar sinistro. Aquelas esculturas de pedras pareciam querer saltar das paredes de pedra da velha igreja para assombrar qualquer incauto que ousasse entrar sem permissão naquele espaço sagrado.
Tentando ignorar o olhar sinistro e insistente das gárgulas me espreitando do alto das paredes continuei caminhando devagar até a porta lateral da igreja e fui recebida com o som grave e profundo de uma música executada num órgão que eu não consegui enxergar. O som enchia a igreja reverberando tão forte nas paredes de pedra que dava a impressão de poder tocá-lo com minhas mãos. Fiquei emocionada e senti lágrimas quentes, e teimosas, brotarem em meus olhos. A música conseguiu tocar meus sentidos...
Fiquei parada um instante no meio da nave ouvindo a música enquanto apreciava a beleza dos vitrais coloridos que filtravam a luz do sol, iluminando a velha igreja de pedras frias. Imaginei sacerdotes sisudos da idade média, usando hábitos escuros e longos, ajoelhados fazendo suas orações. Imaginei fiéis devotos e assustados pedindo clemência a Deus... tempos difíceis aqueles...
Nossa próxima parada foi no chateau de Fourgères, a maior Fortaleza da Europa, com 13 torres e paredes de 3 metros de espessura. O castelo, construído sobre uma enorme rocha de granito em meio a um pântano, era parte do sistema de defesa da Bretanha. O pântano servia para dificultar a aproximação de armas e cavalaria.
D. Denise nos contou que brincava no castelo quando criança. O Lionel nos disse a mesma coisa: quando criança, ele e os amigos brincavam dentro do castelo que ficava aberto e sem vigilância. Só anos mais tarde, percebendo o valor histórico da construção, a prefeitura resolveu restaurar e explorar o local turisticamente. Hoje é necessário pagar para entrar e visitar algumas dependências da imponente fortaleza. Andamos por cima dos muros para descortinar uma vista impressionante da cidade naquela tarde de sol fresco e céu azul.
Já era hora do almoço, então optamos pelo restaurante La Duchese Anne perto da fortaleza e acertamos em cheio. Como éramos seis pessoas ficamos numa sala reservada e muito acolhedora. Resolvi comer uma gallete típica da região, recheada com queijo, presunto e um ovo de gema mole por cima, acompanhada de sidra artesanal servida numa xícara grande e larga. A gallete da Helena tinha champignon ao invés do ovo, e parecia muito boa também. O Lionel e o David escolheram um prato com carne que tinha uma apresentação linda, mas que eu não comeria por nada deste mundo porque odeio carne sangrando. A sobremesa foi um crepe típico, com manteiga e açucar.
Depois do almoço subimos a ladeira até a igreja de St. Leonard. Ao lado da igreja fica a entrada de um lindo parque que se abre para uma espetacular vista da cidade lá embaixo. A fortaleza, vista lá de cima, é algo fantástico. No jardim, espalhados entre os canteiros, vi vários suportes com frases de escritores famosos como Victor Hugo e Balzac por exemplo.
D. Denise, naquela altura do dia, já estava muito cansada. Foram muitas emoções para uma senhora já avançada em idade, então resolvemos pegar a estrada de volta para Dinard.
Ao anoitecer, na beira da praia em Dinard, fomos passear pela promenade para vermos pela última vez, antes de nosso retorno a Paris, a subida das incríveis marés nas praias da Bretanha.
Mama, fotos lindas. A vista do castelo é maravilhosa! Imagino a emoção do Lionel e da mãe dele. Voltar a cidade natal depois de tantos anos realmente deve trazer mtas memórias a tona. Que bom que a D. Denise pôde aproveitar essa viagem. Bjos
Mama, fotos lindas. A vista do castelo é maravilhosa! Imagino a emoção do Lionel e da mãe dele. Voltar a cidade natal depois de tantos anos realmente deve trazer mtas memórias a tona. Que bom que a D. Denise pôde aproveitar essa viagem. Bjos