Resultado do PET

     Eu estava apreensiva com o resultado do PET, pois os marcadores tumorais indicavam que a doença poderia ter saído do controle. Preferi pegar o resultado apenas no dia da consulta, e nem tive coragem de ler o laudo antes que a Dra. Carol o fizesse.
     Ela estava concentrada na leitura do laudo e eu concentrada na expressão de sua face para tentar descobrir se a coisa estava feia mesmo ou se tinha sido apenas um falso positivo o resultado dos marcadores tumorais.
     Ela lia, marcava algumas coisas com a caneta, mas sua expressão não me parecia alarmada e isso me deixou animada. No final da leitura ela olhou para mim e disse: "oh minha bichinha o remédio está fazendo efeito". A doença só avançou nas axilas, e já é possível ver o tamanho dos nódulos a olho nu, sem precisar tocar, mas no geral está controlada. Isto é uma boa notícia. 
     Respirei aliviada ao saber que meus órgãos vitais continuam preservados. O resultado da ressonância magnética do cérebro está normal, fígado, pâncreas e rins também estão bonitinhos, sem nenhum sinal de câncer. Ufa! Ainda continuo ganhando da doença. O pulmão continua mostrando lesões mas, sinceramente, eu continuo afirmando que não pode ser câncer. Ainda acho que é apenas consequência da radioterapia. Se fosse câncer já teria me ferrado há tempos.
     Eu sabia que os nódulos embaixo da axila esquerda deveriam ter aumentado porque o braço está doendo e a dor piora quando levando o braço. Já é possível sentir o tumor porque ele faz uma protuberância sob a pele. Ainda bem que não é uma dor insuportável. É apenas aquele tipo de dor que não deixa você esquecer que tem braço e axila.
     A Dra. Carol vai discutir o assunto com o Dr. Fernando para decidir o que fazer com relação aos nódulos da axila. Ela acha melhor fazer uma punção para ver se o câncer nessa região continua a ser o HER2 positivo ou se houve alguma mudança. Se a lesão continuar crescendo talvez seja necessário fazer radioterapia, coisa que não me agrada muito. Será que não será melhor tirar logo essa encrenca e ficar livre desses tumores de uma vez por todas? Vou conversar sobre isto com o Dr. Fernando e a Dra. Carol em nossa próxima consulta.

Marcadores tumorais nas alturas - Será que a doença realmente avançou?

     Assim que cheguei da viagem que fiz a Portugal fiz mais um ciclo do Halaven. A Dra. Carol incluiu no pedido do exame de sangue os marcadores tumorais e o resultado foi assustador: eles aumentaram muito de dezembro para cá, e isto pode significar que o novo protocolo não está fazendo o efeito desejado. Na dúvida ela achou melhor antecipar o PET e hoje fiz o exame. Fiz também uma ressonância magnética do crânio para descartar qualquer metástase no cérebro.
     Confesso que estou me sentindo como se estivesse andando sobre uma corda bamba em cima de um penhasco. Logo eu que tenho horror a altura. É um tanto assustador saber que um alienígena está te corroendo por dentro, sem dó nem piedade, e que os remédios, por mais modernos e eficazes que sejam, não conseguem deter seu avanço.
     O resultado dos exames só sairá na próxima segunda-feira e até lá será inevitável ficar apreensiva, muito embora eu esteja careca de saber que não adianta nada ficar assim. Mas, como sou humana, sei que vez ou outra me pegarei pensando no assunto (como se isto resolvesse...)
     Confesso que morrer me assusta muito menos do que saber que a doença está fora de controle... Torço para que meus órgãos vitais ainda estejam preservados, pois assim tenho certeza de que ainda estou ganhando da doença. Tomara! 
     Sei que nem posso reclamar, pois já venho vencendo este câncer há quase duas décadas. Só a metástase, em março deste ano, completou 10 anos que faço tratamento contínuo e quem olha na minha cara jura que sou a pessoa mais saudável do planeta. Às vezes até eu duvido que eu tenha tantas metástase espalhadas pelo corpo. Tento levar a vida da melhor forma possível, fazendo o que posso, sendo feliz com o que tenho nas mãos. Já faz algum tempo que conclui que todos temos prazo de validade e que só morremos na hora que tem de ser, independentemente do fato de termos ou não uma doença grave.. Sendo assim, vou vivendo a vida, e fazendo o que gosto, nesse incrível intervalo entre o nascer e o morrer.

Um giro em Portugal - Lisboa

     Fomos cedo para o Parque das Nações, construído para a grande exposição da Expo 98. A primeira coisa que fizemos foi visitar o Oceanário, um aquário enorme que abriga mais de 500 espécies diferentes de animais marinhos. Vimos desde pinguins, pássaros, lontras até águas-vivas e uma infinidade de peixes, incluindo o curioso e estranho peixe lua, o maior e mais pesado peixe ósseo do mundo, podendo pesar até 900 kg.
     Passeamos um pouco pelo parque e depois pegamos um ônibus que nos deixou em Belém, Como todos já estavam com fome resolvemos primeiro escolher um restaurante para almoçar. Um tiro certeiro no escuro, pois escolhemos aleatoriamente e a comida estava deliciosa, bem como o vinho e a sangria.
     Depois do almoço fomos até a Torre de Belém onde a Raissa, o Henrique e a Bárbara tomaram um belo banho, pois uma onda quebrou bem em cima de todos que estavam na ponte que dava acesso a torre. Saíram rindo da molhadeira e continuamos nosso passeio pelo Mosteiro dos Jerônimos e arredores. Tentamos mais tarde comer um pastel de belém confortavelmente sentados mas foi impossível. O local, para variar, estava superlotado. O jeito foi enfrentar a longa fila e comer em pé mesmo. Uma delícia aquele pastelzinho quente.
     De lá fomos para a Praça do Comércio e fizemos uma caminhada pelos arredores. Já estava anoitecendo quando voltamos caminhando para casa.
     O dia seguinte foi nosso último dia de viagem. Almoçamos no Restaurante Cervejaria O Pinóquio, que fica bem próximo do Teatro D. Maria. Fechamos com chave de ouro nosso passeio em Portugal. A comida do Pinóquio estava excelente, e quem vinha comendo bacalhau durante toda viagem disse que aquele foi o melhor. Eu comi um arroz de pato maravilhoso e recomendo. Gosto de experimentar sabores diferentes quando viajo e eu nunca tinha comido arroz de pato. Valeu.

Um giro em Portugal - Cascais

     A cidade de Cascais fica próxima de Lisboa, entre a Baia de Cascais e a Serra de Sintra. É no máximo 30 minutos de viagem, fácil de chegar de carro ou de trem.
      Estacionamos na beira da praia de areia branca e saímos caminhando a pé até a famosa Boca do Inferno, que é uma rocha erodida na falésia, a beira do mar. O nome parece estranho para o local. Será porque deram esse nome?
     Para quem gosta de caminhar, chegar até a Boca do Inferno é um pulo. Acredita-se que num passado bem remoto existia ali uma gruta, mas hoje resta apenas enorme cavidade na pedra açoitada pelas ondas que quebram constantemente no local, levantando uma espuma branca e fazendo um barulho assustador. Reza a lenda que já ocorreram muitos suicídios por lá. Será? Que desperdício resolver morrer num lugar tão bonito.
     A vista é linda e o por do sol naquele ponto é um belo espetáculo da natureza. Ficamos ali um bom tempo curtindo a natureza e quando resolvemos voltar a Suzi quis descer uma escada para conhecer uma feirinha que funciona ali mas, no segundo degrau, escorregou e quase quebrou o pé. Foi assustador e só não foi mais grave porque ela conseguiu jogar o corpo para trás e cair sentada. Como ela conseguiu mover o pé machucado tivemos certeza de que não havia fratura, mas foi por pouco. Ela conseguiu caminhar de volta até o carro, então resolvemos encerrar o passeio e volar logo a Lisboa. O dia tinha sido muito movimentado e cheio de emoções. Melhor descansar para o dia seguinte.
     Chegando em casa vimos que o pé da Suzi estava muito inchado e com a base toda roxa. Coloquei um emplastro que sempre carrego comigo nas viagens e em pouco tempo ela já estava se sentindo mais confortável e sem dor. Isto foi feito por mais uns três dias, mas no final o pé estava novinho em folha.

Um giro em Portugal - Sintra

     Saímos cedo em direção a Sintra. Uma chuva insistente nos acompanhou durante todo o trajeto. Na cidade não chovia então subimos direto a Serra de Sintra para chegar ao Palácio da Pena. A estrada, estreita e sinuosa, dava a impressão de que nunca mais iríamos chegar, pois uma curva fechada levava a outra e assim sucessivamente. Ainda bem que a vegetação exuberante embelezava o percurso.
     Optamos por visitar primeiro o Castelo dos Mouros, construído no Século IX, hoje em ruínas. De cima das muralhas, cercadas por uma bela floresta, se tem uma linda vista da cidade que se estende até o Oceano Atlântico. Não me animei a subir tantas escadas porque fico exausta. Preferi ficar aguardando em meio das muitas flores que enfeitam o jardim, fazendo algumas fotografias.
     Terminada a visita eu e o Nelson pegamos um tuc tuc para chegar no Palácio da Pena, mas o restante do pessoal preferiu subir a pé mesmo. Uma subida e tanto.
     Havia uma fila imensa para comprar as entradas do palácio, que fica no topo da Serra da Sintra. Foi aí que nos demos conta da besteira que fizemos em visitar primeiro o castelo em ruínas. Era melhor ter começado pelo palácio, logo que abriram as bilheterias. Tinha gente saindo pelo ladrão... Nunca tinha visto aquele palácio tão cheio e concluí que foi a última vez que voltei lá. Detesto lugares muito cheios onde uma vez dentro você não tem como sair porque a multidão não permite. Lugares cheios assim não nos permitem apreciar muita coisa porque você é empurrado de uma sala para outra sem conseguir absorver quase nada do que está vendo. Mas paciência, quem está na chuva é para se molhar...
     A descida da serra só não foi pior e mais agoniante porque tinha um ônibus na nossa frente. Se o ônibus cabia naquela estrada estreita, com carros estacionados por todos os lados, certamente a van passaria sem maiores problemas.
    Já estava difícil vencer aquele caminho estreito e cheio de curvas mas, como desgraça pouca é bobagem, eis que outro ônibus vem subindo no sentido contrário, empacando todo o trânsito. Os motoristas devem ter feito alguma mágica, só pode. Espreme daqui, vai devagarinho por ali, dá uma ré, anda mais um pouquinho e um bom tempo depois os coletivos conseguiram passar um pelo outro e destravar o trânsito. Ufa! Que alívio. 
     Me senti aliviada mesmo quando vi que estávamos no centro da cidade, em ruas mais amplas. Depois de muito procurar por uma vaga que coubesse nossa van fomos almoçar no Restaurante Cantinho de São Pedro, que também estava lotado, mas milagrosamente havia uma mesa restante que coube todo o nosso grupo. O atendimento demorou, mas valeu cada minuto pois a comida estava deliciosa (ando concluindo que estou ficando muito gulosa...).

Um giro em Portugal - Fátima - Óbidos e Lisboa

     Assim que terminamos nosso café da manhã saímos em direção a Fátima, que fica a meia hora de Aveiro. A cidade está tranquila, mas da para perceber que está se preparando para a grande festa que acontecerá em maio. Um ritmo frenético de coisas acontecendo é visto por todos os lados.
     A basílica não estava cheia, então foi tranquilo andar por lá, fazer uma oração, pedir uma graça. Conversei com Nossa Senhora sobre minha saúde. Quem sabe eu seja merecedora de um milagre, já que a medicina tradicional não é mais capaz de me curar... Vamos ver.
     Ficamos toda a manhã em Fátima e seguimos viagem para almoçar em Óbidos. Que cidade medieval mais charmosa. É muito bom se perder por suas ruelas estreitas, com calçamento de pedras. E a comida? Que delicia! Experimentei uma costela de burrego divina. Quem pediu bacalhau ou frutos do mar também acertou no pedido. Aliás, todos os pratos estavam muito bons. Acompanhados de um bom vinho então, hummm...
     No final da tarde seguimos viagem para Lisboa. Lá tínhamos alugado um apartamento com cinco quartos pelo Airbnb e acertamos em cheio. O apartamento era amplo, muito central e confortável, com capacidade para doze pessoas. Tinha uma grande sala, cozinha completa e dois banheiros. Tudo novinho em folha e por um preço espetacular. Valeu a pena a experiência.
     Era muito fácil sair para passear pelo centro histórico, para fazer compras ou jantar. O apartamento ficava  perto da Av. Liberdade e da Praça Marques de Pombal. Dava para fazer quase tudo a pé. E foi o que fizemos a noite: mais um jantar animado em família.
    
     

Um giro em Portugal - Aveiro, a Veneza portuguesa

     Passamos a manhã passeando pelo centro histórico do Porto. Tentamos conhecer a famosa livraria Lello, eleita uma das mais bonitas do mundo, mas estava lotada e com fila para entrar, então deixamos a visita para uma próxima oportunidade. Dizem que J.K. Rowling frequentava essa livraria quando ela morou no Porto, e que se inspirou nela para a cena em que Harry Potter compra os livros para ir para Hogwarts. Legal né!
     Como tínhamos que fazer nosso check out às 11h voltamos para o hotel. Na saída para Aveiro, quando o Henrique foi procurar sua carteira de motorista, que estava junto com o cartão de débito do banco, um susto: ela havia sumido e provavelmente tinha caído do bolso de sua calça em algum momento em que ele pegou o celular. Foi um stress danado. Ele ficou apavorado mas, por sorte, a Cristina, mãe dele, disse ter encontrado uma carteira caída na calçada enquanto caminhávamos pelo centro e que ela havia entregue em uma livraria para o caso do dono procurar. Ela também disse que não teve a curiosidade de abrir a carteira e que não tinha certeza se era ou não a carteira do Henrique. O coitado saiu correndo feito um corisco de volta até a livraria enquanto ficamos ali torcendo para que tudo desse certo e que fosse mesmo a carteira dele. Foram momentos de muita angústia. Até o funcionário do hotel em que estávamos hospedados se prontificou a ajudar indo até a livraria.
     O tempo parecia se arrastar e nada do Henrique retornar. Todos estavam tensos e preocupados com a situação e quando o Henrique entrou pela porta sorrindo respiramos aliviados com a certeza de que tudo tinha sido resolvido.
     Foi uma lição dura, bem no começo da viagem, para deixá-los mais atentos quanto aos cuidados em guardar bem guardado o cartão do banco e outros documentos importantes. Não dá para colocar documentos no bolso. É necessário guardá-los em lugar seguro, fechado. Uma distração como esta pode estragar a viagem. Já pensou? Ainda bem que tudo não passou de um grande susto.
     Antes de pegarmos a estrada em direção a Aveiro, conhecida como a Veneza portuguesa, por causa dos seus canais e seus moliceiros coloridos, semelhantes as gôndolas, paramos em Matosinho para almoçar. Uma orgia de comidas com diferentes tipos de peixes e iguarias. Tudo uma delícia.
     A viagem foi tranquila, mas a chegada no hotel não foi uma tarefa muito fácil. É que o hotel ficava no alto de uma colina e o acesso, além de uma curva muito fechada logo na saída da estrada, era estreito e íngreme. Uma dificuldade para uma van enorme que mais parecia um ônibus. O gerente desceu para segurar o trânsito enquanto o Henrique manobrava o carro para fazer a curva fechada. O estacionamento, que não era muito grande, já estava lotado e foi uma dificuldade encontrar um espaço para estacionar, mas deu tudo certo no final.
     Saímos para explorar Aveiro. Conhecemos o famoso mercado de peixes e andamos pelo centro conhecendo as principais atrações. Como já estava quase anoitecendo fomos pegar o último moliceiro que saía naquele dia para percorrer os canais da ria e percorrer a cidade no entardecer. Estávamos tão encantados com a beleza do espetáculo do por do sol que nem o vento gelado chegou a atrapalhar o passeio. O cachorro de um dos passageiros, um belo animal muito manso e bem educado, foi uma atração a parte.
     Terminado o passeio de barco voltamos para o hotel e depois de um banho reparador saímos para jantar. Como se come bem em qualquer lugar em Portugal. As refeições, acompanhadas sempre de um bom vinho, foram realmente o ponto alto de toda a viagem.

Um giro em Portugal - Guimarães, Braga e Póvoa do Varzim

     Acordamos cedo, tomamos nosso delicioso café da manhã numa confeitaria e seguimos em direção a Guimarães, cidade considerada como sendo o Berço da Nação Portuguesa, pois foi lá que em 1109 nasceu D. Afonso Henrique, o primeiro rei do país. Guimarães é uma simpática cidade do município de Braga, ao norte de Portugal. Suas ruelas medievais, suas praças bem conservadas e seu imponente castelo que domina a vista, deixam a cidade encantadora. A enorme muralha do castelo se destaca na paisagem.
     Enquanto caminhávamos pelo centro vimos muitas crianças em idade pré-escolar, fantasiadas para o carnaval, se divertindo nas praças. Uma graça. 
     Fomos conhecer primeiro o castelo, que fica na parte alta da cidade. Em frente fica a igreja São Miguel do Castelo. Tumbas dos heróis da reconquista formam o piso da igreja. Reza a lenda que D. Afonso teria sido batizado naquela igreja. Ali perto também está o Paço dos Duques de Bragança, construído em 1420.
     Depois fomos passear pelo centro histórico da cidade, considerado patrimônio cultural da humanidade, e de lá seguimos para Braga, cidade onde nasceu o avó do Nelson, pai do Henrique. Ele queria muito conhecer a cidade de seus ancestrais.
     Braga é uma cidade grande, a terceira maior do país. Com suas mais de 30 igrejas, é considerada a Roma portuguesa. É lá que fica a igreja mais antiga do país, construída em 1070, e local dos túmulos de D. Henrique e Dona Teresa, pais de D. Afonso Henrique.
    Já no final da tarde seguimos em direção a Póvoa do Varzim, cidade onde nasceu Eça de Queiroz. Chegamos a tempo de assistir o espetáculo do por do sol na beira da praia. Lindo de apreciar, apesar do vento que não parou de soprar, fazendo gelar até os ossos.
     Voltamos para o Porto com noite fechada, cansados mas felizes com tudo o que havíamos feito até ali. 

Um giro em Portugal - Porto

     Minha filha resolveu, junto com o marido, tirar um ano sabático. Convidou-me para acompanhá-los no início da jornada que começou em Portugal. Ao todo éramos 7 pessoas: eu, a Bárbara e o Henrique, seus pais, a Suzi e a Raissa.
         A Raissa estava muito ansiosa,  pois era sua primeira viagem a Europa. A Suzi, coitada, foi escolhida para ser revistada depois que fez a imigração. Teve que tirar o tênis, foi apalpada por todo lado e teve a mala de mão revirada pelo avesso (ainda bem que não foi a Raissa porque senão ela teria entrado em pânico). Não entendi o critério que eles usam para fazer a abordagem. Acho que é aleatório, sei lá. É no mínimo constrangedor.


        Saímos de Brasília para o Porto, com escala em Lisboa, no dia 22 de fevereiro. Funcionários da Europcar nos aguardavam no aeroporto para pegarmos o carro que havíamos alugado pela internet. Era uma van que mais parecia um microônibus de tão grande, e aí começou nossa aventura. No centro da cidade, onde ficamos hospedados, algumas ruas eram tão estreitas que dava a impressão que mal cabia um carrinho de pipoca e lá ia o pobre do Henrique dirigindo aquele monstro azul. Eu fechava os olhos de agonia, mas nosso motorista foi perito e conseguiu vencer todos os obstáculos com maestria. Ufa!

nosso quase ônibus

         Depois de descer a rua onde ficava nosso hotel, pelo menos duas vezes, sem conseguir estacionar, encontramos um estacionamento privado relativamente próximo do hotel e finalmente paramos numa vaga que nos obrigou a descer uma rampa super inclinada e curva. Deus me livre, mas eu não dirigia aquela van por nada nesse mundo. Haja sangue frio.
         Saímos arrastando as malas rua acima até o hotel. Ainda bem que eram poucas malas porque tivemos o bom senso de usar uma mala média para cada duas pessoas, e isto facilitou muito as coisas. O hotel foi uma surpresa agradável: os quartos eram enormes e muito confortáveis. Tinha até uma sala com cozinha americana e uma varanda (um pouco inútil por causa do vento e do frio). Tudo novinho em folha e uma graça. Valeu a pena a hospedagem no BO Almada. Recomendo.
         Assim que fizemos o check in saímos para almoçar. Optamos por um dos restaurante à beira do Douro e acertamos em cheio, pois a comida estava deliciosa, acompanhada de um bom vinho e até uma boa música que era executada por uma dupla que tocava bem em frente onde estávamos. Para melhorar,  a conta ficou muito abaixo do que havíamos previsto gastar por refeição durante a viagem. Um ótimo começo.
      Passeamos um pouco por ali  e então resolvemos atravessar a Ponte Luiz I, inaugurada em 1886, em direção a Vila Nova de Gaia, onde ficam as famosas vinícolas portuguesas. Optamos por conhecer a vinícola Cálem, que funciona desde 1859. Ouvimos atentos a explicação do guia sobre como são fabricados os famosos vinhos do porto e ao final degustamos dois saborosos vinhos portugueses.
     Passeamos um pouco por lá e como a noite caia depressa voltamos para o hotel. Estávamos cansados da viagem e tudo o que queríamos era dormir para começar cedo a aventura do dia seguinte.