Um giro em Foz do Iguaçu - Itaipu Binacional

     Acordamos cedo para o passeio na Usina de Itaipu. Inicialmente assistimos a apresentação de um filme, no Centro de Visitantes, contando a história da construção da usina, e em seguida fizemos o passeio de ônibus que leva os turistas a dois mirantes de observação. Desses pontos de observação o turista tem uma ampla visão da usina e do imenso parque que a cerca. O passeio termina quando o ônibus passa sobre a barragem que tem uma altura de 196m e 15m de espessura na base, de puro concreto.


     Das curiosidades que ouvimos sobre a usina, uma que chamou a atenção foi saber que a vazão máxima do seu vertedouro é 40 vezes superior a vazão média das cataratas do Iguaçu (1500 metros cúbicos por segundo) que já deixa qualquer um impressionado. Pensar que Itaipu consegue ser 40 vezes superior ao volume de água que vimos caindo nas cataratas impressiona qualquer pessoa. Tudo na usina é monumental.

   
     A Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional (Brasil e Paraguai) é uma das maiores obras de engenharia moderna e é a maior hidroelétrica em produção do mundo.




     Existem vários tipos de passeio na usina, e o que fizemos foi o tour panorâmico. Os outros passeios são o circuito especial, o refúgio biológico, e o Ecomuseu dentre outros.
       Dos vários bosques cheios de árvores jovens e adultas, que circundam a usina, ficamos sabendo que o funcionário que completa 15 anos de trabalho na usina planta uma árvore que recebe uma plaquinha com seu nome. Olha só que legal!

Um giro em Foz do Iguaçu - Cataratas do Iguaçu

     Após o primeiro ciclo do Halaven minha imunidade caiu e o médico plantonista, inicialmente, achou melhor que eu não fizesse o segundo ciclo na data prevista para que desse tempo do próprio corpo se recuperar. Acontece que na semana seguinte eu iria viajar para Foz do Iguaçu e não poderia fazer quimioterapia então ele acabou liberando o segundo ciclo na data correta mas prescreveu o Neulastim para melhorar a imunidade e para que eu pudesse viajar com segurança.
     Fiz a quimioterapia na quarta-feira, na quinta-feira fiz o Neulastim e no domingo viajei com minha filha para Foz do Iguaçu, como estava programado. A viagem foi tranquila, apesar do tumulto no aeroporto para fazer check in, afinal muitas pessoas ainda não se sentem confortáveis em fazer o check in sozinhos na máquina e são poucos os funcionários disponíveis para ajudar. Isto sem falar nas inúmeras filas e nos funcionários mal humorados que só servem mesmo para irritar ainda mais os passageiros. Embarcamos com quase duas horas de atraso, mas como já estávamos em clima de férias isto não chegou a ser nenhum problema.
     Foz do Iguaçu nos recebeu com um tempo fechado, com cara de chuva. Chegamos ao hotel e saímos em seguida para um curto passeio. Como no dia seguinte estava agendado nosso passeio nas cataratas do lado brasileiro, achamos melhor descansar porque teríamos que acordar muito cedo.

     Saímos pouco depois das sete horas da manhã  para o Parque Nacional do Iguaçu, área protegida com mais de 169 hectares, criado em 1939, que abriga o maior remanescente de floresta Atlântica do Alto Paraná. A biodiversidade da fauna é grande: são várias espécies de borboletas (mais de 200 catalogadas), mamíferos, anfíbios, serpentes, lagartos, peixes e mais de 200 espécies de aves. Além disso, o parque contém mais de 2000 espécies de plantas e a mais bela queda d'água do mundo. A ideia da criação do parque partiu de Santos Dumont em 1916, logo após ter conhecido e se encantado com a beleza das cataratas. E não era para menos, as cataratas do Iguaçu são de tirar o fôlego.

     Assim que chegamos no parque fomos comprar nossos ingressos nas máquinas, que estavam vazias, enquanto uma fila gigantesca de turistas aguardavam para comprar suas entradas nos guichês (parece que muita gente gosta mesmo é de enfrentar fila...).

     Não conseguimos fugir da outra fila enorme que nos aguardava na entrada para pegar os ônibus que davam acesso ao parque e deixavam os turistas no início da trilha para as cataratas. Eu e Bárbara decidimos fazer o Macucu Safari que é um passeio de barco inflável que chega perto ou embaixo das quedas d'água. Optamos pelo barco que ia até embaixo de uma das quedas d'água. Que emoção incrível! Bom demais! Muita adrenalina e muita água engolida sem querer.

     Gritei de medo, de emoção e também de dor provocada pelos efeitos colaterais da químio e do neulastim que deixaram meu corpo quebrado. Senti a vida pulsando (literalmente) em cada centímetro que ia do início de meu pescoço e descia pela coluna vertebral. A dor era intensa, mas a emoção era maior ainda. A chuva caía forte, o céu estava cinza, pesado, mas eu agradecia a Deus a oportunidade de estar ali sentindo a vida pulsando... Eu estava vivendo aquele momento e era aquilo que importava.

     Olhei minha filha ao meu lado rindo feliz, curtindo o passeio. O motor do barco rugiu novamente e avançou para debaixo da queda d'água. Todos gritaram em uníssono. Olhei mais uma vez para o céu e agradeci. Uma lágrima teimosa se misturou a água que encharcava todo meu corpo e mais uma vez eu senti que a vida vale a pena.    

Segundo ciclo do Halaven

     Ontem fiz no Hospital Santa Lucia o segundo ciclo do Halaven, apesar da imunidade ter caído. Fiz também mais um ciclo do Xgeva (é um primo do zometa e do prolia) para os ossos que estão bastante comprometidos com as metástases.  Agora vou ter folga de uma semana para repetir os dois ciclos do Halaven nos dias 28 de dezembro e 04 de janeiro. O xgeva tem um ciclo de 28 dias, então só irei repetir a dose em janeiro, no dia 11.
     O Dr Fernando Maluf e sua equipe saíram da Oncovida para fazerem parte da Equipe de Oncologia do Hospital Santa Lucia e eu, naturalmente, segui o mesmo caminho deles. Estou gostando do atendimento no hospital. A equipe de enfermagem parece mais tranquila e bem humorada. Um dos enfermeiros sempre usa uma roupa de super-herói embaixo do uniforme, e mantém uma cara bem humorada animando os pacientes. Outra enfermeira usa o óculos de proteção com um esparadrapo colado dos lados onde está escrito o nome de uma grife famosa, o mesmo se repete no jaleco descartável que ela usa para manipular a quimioterapia no paciente. Sempre rimos da brincadeira que deixa o ambiente mais leve e relaxado. Gosto de ambientes mais leves e tranquilos porque isto ajuda a encarar o tratamento com um peso menor. Rir sempre é um excelente remédio.
     Hoje vou fazer uma dose do Neulastin para subir a imunidade que ficou bastante comprometida e certamente irá piorar com a segunda dose do quimioterápico. O Halaven vem em uma dose tão pequena, mas devastadora o sistema imunológico. Espero que ele seja ainda mais eficaz para acabar com o câncer metastático de uma vez por todas. Não vale destruir apenas o sistema imunológico, é preciso acabar com o câncer ou, no mínimo, na pior das hipóteses, impedir seu avanço.
     Estou tolerando bem a medicação nova. Meu braço ainda está dando um pouco de trabalho porque continua muito inchado, então preciso manter o braço para cima e isto só é possível fazendo repouso, o que não é nada fácil. Tenho que evitar escrever o que atrapalha atualizar o blog como gostaria. Ainda não escrevi sobre a viagem que fiz em Gramado, antes de começar esta nova quimioterapia. 
     Os efeitos colaterais que tenho sentido são o cansaço e a fadiga. Há momentos que tenho a impressão de que a bateria acabou e não consigo fazer nada além de dormir. Sinto também o coração um pouco acelerado, mas depois do sono reparador tudo fica mais calmo e sigo bem.

Um susto o resultado do PET

           Quando peguei o resultado do PET custei a acreditar no que meus olhos mostravam e meu cérebro interpretava: o Kadcyla, tão eficiente para bloquear o avanço do câncer de mama metastático, não funcionou para mim e o câncer, mais uma vez, avançou feito uma locomotiva desgovernada e fez um estrago danado.
         Apesar dos pesares, do susto, da frustração e da raiva, ainda me considero no lucro pois continuo com os órgãos vitais preservados e limpinhos da doença que tenta, mas não consegue me matar. Como uma fênix prefiro renascer das cinzas e me fortalecer embalada pelo amor da minha filha, da minha família e dos meus amigos queridos, do que ficar chorando por algo que não deu certo.
           É por estas e outras que não abro mão de viajar sempre que posso e, além de curtir a natureza que tanto me fascina, continuar fazendo as coisas que realmente importam para mim. Amei meu passeio em Gramado na companhia de amigas queridas. Adorei viajar na história do natal pelo mundo, assistir ao Grande Desfile do Natal e Eu Sou Maria, espetáculos do Natal Luz. É assim que enfrento a doença e, mesmo tropeçando algumas vezes, continuo vivendo a vida agora e sendo feliz com o que tenho nas mãos.
           Hoje comecei um novo protocolo com o Halaven. Vou fazer doze ciclos da seguinte forma: faço um ciclo duas quartas-feiras seguidas e folgo uma semana e repito a operação durante quatro meses e então  faço um novo PET para ver o efeito. Vamos torcer para dar certo desta vez.

Um giro na Serra Gaúcha - Chegada em Gramado

     Fiz o PET e viajei para Gramado sem pegar o resultado. Ainda bem, porque curti de montão aquela cidade que parece ter saído de um conto de fadas, com suas ruas limpas e jardins repletos de flores de todo tipo, principalmente hortências de todas as cores e matizes. 






       A viagem de van de Porto Alegre até Gramado durou duas horas e como eu estava muito cansada aproveitei para dormir, apesar do desconforto. Chegamos ao hotel com uma chuva fina e um frio de montanha delicioso, principalmente para quem estava saindo de um clima quente e ainda seco, já que as chuvas deste ano demoraram muito a cair com vontade em Brasília.
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     Os jardins do Hotel Serrano, muito bem cuidados, são uma festa para os olhos. É uma profusão de hortências azuis, lilases, brancas e de várias outras cores; samambaias Açu e muitas outras plantas,  árvores e um belo gramado verde e bem cuidado.






     Fizemos nosso check in e saímos para explorar a cidade. Estava gelado, então tivemos que comprar gorros para proteger as orelhas que estavam a ponto de congelar. Isto não foi um problema porque todas as lojas vendiam bonés, gorros, boinas, cachecóis e tudo que é necessário para aquecer turistas despreparados para o frio.
     Caminhamos sem pressa até pararmos numa das muitas chocolaterias espalhadas pela cidade, e tomamos um delicioso chocolate quente.
     Já estávamos muito cansadas e como nosso hotel ficava no alto de uma ladeira muito íngreme optamos por pegar um táxi. Depois de um delicioso jantar fomos dormir porque o dia seguinte prometia ser bastante movimentado.    

Linfedema - fisioterapia

     Fui passar alguns dias em Caldas Novas, para fugir da obra e do poeirão em minha casa, e peguei dias de intenso calor e atmosfera muito pesada. Resultado: meu braço inchou novamente, mas pelo menos não ficou vermelho e doloroso.
    De volta a Brasília, procurei um fisioterapeuta especializado em drenagem linfática para pacientes oncológicos e acabei precisando enfaixar o braço direito para diminuir o edema e facilitar a circulação.
     Como o edema ainda está num estágio inicial acredito que o braço voltará ao normal em pouco tempo, e então terei que fazer uso frequente de luvas de compressão para evitar que ele volte a inchar. 
     A paciente oncológica mastectomizada, que precisou fazer a retirada dos gânglios linfáticos, precisa ter muito cuidado com este problema. É para sempre, não tem jeito.

Braço inchado, vermelho e doendo - que falta fazem os gânglios linfáticos

     Na última quarta-feira fiz o quinto ciclo do Kadcyla e no dia seguinte precisei ir ao Pronto-Socorro porque meu braço direito, que não tem os gânglios linfáticos, que foram retirados quando precisei fazer a mastectomia, amanheceu muito inchado, vermelho e doendo.
     O médico solicitou uma ecografia para descartar o risco de trombose, mas ainda estou tomando antibiótico e um remédio para circulação a fim de evitar outras complicações. O vermelhão desapareceu e o inchaço diminuiu bastante, mas a dor ainda persiste bem forte no punho, o que me deixou sem conseguir escrever nestes últimos dias. Devo ter dormido em cima deste braço, o que pode ter provocado toda esta encrenca. A bem da verdade não sei o que desencadeou tudo isto.
     Fazia tanto tempo que meu braço não dava problemas que eu até quis acreditar que ele estava bem adaptado sem os gânglios. Ledo engano. A dor, o inchaço e o vermelhão não deixaram a menor dúvida que uma vez sem os benditos gânglios você precisa tomar cuidado para sempre. E é melhor cuidar com muito carinho porque curtir dor não vale a pena.
     Este quinto ciclo do Kadcyla foi bem mais tranquilo, com menos efeitos colaterais a não ser muita moleza e uma canseira que me faz dormir muito durante o dia. Amanhã já devo começar a melhorar desta moleza que deixa o corpo ruim. Acho que quanto mais distante fica o último ciclo da quimioterapia pesada que eu fazia, menos efeitos colaterais eu sinto com esta nova.
     Ainda vou fazer o PET para ver como estão as coisas. Precisei adiar um pouco o exame por causa da encrenca com meu braço. Prefiro cuidar de uma coisa de cada vez.