Revendo o passado
quinta-feira, maio 13, 2010
Passei o dia das mães em casa, chocando minha cria. Na véspera, ela havia adormecido no sofá da sala e por lá ficou até quase na hora do almoço. Quis sair para almoçar, mas fiquei com preguiça só em pensar no quanto qualquer restaurante estaria cheio e preferi ficar em casa e preparar alguma comidinha fácil de fazer. Acabei optando por um penne com molho de queijo que ficou uma delícia.
Na segunda pela manhã fui na terapia e acabei fazendo uma longa viagem de volta a infância e adolescência. Andei pelos longos corredores do colégio de freiras onde estudei desde o maternal até a formatura no 2° Grau. Entrei nas salas de aulas com piso de taco encerado e enormes janelas de vidro protegidas por persianas cinzas. Fui até a capela onde o silêncio opressor sempre me incomodou e até senti o cheiro que a caracterizava. Desci as escadas que dão acesso ao enorme pátio coberto, andei pela área descoberta e cheguei ao recanto onde sempre gostei de ficar. Revi as árvores velhas e carregadas de favas amarelas de ingá e até cheguei a ouvir o canto das cigarras que enchiam o ar no verão quente. Era bom poder se abrigar do sol inclemente debaixo daquelas árvores centenárias, sentar nos bancos de cimento pintados de verde e ficar observando o vai e vem das borboletas coloridas e a incessante caminhada em fila indiana das formigas pretas e gordinhas.
A viagem continuou sem maiores percalços. Revi algumas freiras que de alguma forma marcaram minha infância e juventude, mas percebi que elas ficaram no passado. Engraçado, só agora me dei conta de que não relembrei nenhum dos professores, apenas alguns colegas. Não restou nenhum amigo daquela época, pois os poucos que eu tive faleceram precocemente. As outras crianças foram apenas colegas de turma e a lembrança delas já está bem desgastada em minha memória. Elas não marcaram, apenas fizeram parte da história. Já no 2° Grau fiz algumas amigas com as quais tenho contato até hoje, e todas são muito queridas. Guardo lembranças saudosas da Tatiana, sua mãe e irmãs; da Lourdes e sua mãe; a Rita, Maysa e a Mara. Cada uma delas acabou se mudando para lugares distantes e raramente nos encontramos, mas quando acontece temos a impressão de que nunca nos separamos.
Viajar ao passado nos faz resgatar cheiros, vozes, sabores, emoções... Os sentimentos são contraditórios, mas peneirando tudo vejo que restaram boas lembranças. Existiram mágoas, claro, mas elas já se diluiram no tempo. Não fazem mais parte nem do passado e muito menos do presente. Elas foram pulverizadas. Da criança que fui ficou apenas uma doce lembrança das brincadeiras com meu amigo Romualdo e nossas fazendinhas de faz de conta, nossos passeios nas fazendas reais e nas roças rústicas, nossas brigas e reconciliações cheias de abraços e promessas de nunca mais brigar.
Da casa onde morei em Minas, sempre apinhada de crianças e adultos e onde não faltava uma lata cheia de doce de leite e pé de moleque ou uma panela de sopa de feijão para a molecada se esbaldar, guardo boas lembranças. Fosse quem fosse, qualquer um era sempre bem recebido por lá. Da casa de uma das vizinhas, a Piedade, uma mulher forte e decidida que criou sozinha um monte de filhos, lembro da montanha de goiabas maduras na sala aguardando serem descascadas para se transformarem em deliciosas compotas.
E um dia fui embora da cidadezinha de interior. Deixei tudo para trás e parti em busca da construção da minha identidade. Voltei para o Rio de Janeiro, cidade onde nasci, e de lá vim para Brasília, cidade que adotei. Adoro Brasília com seus espaços abertos, horizonte infinito e céu muito azul. Aqui me sinto em casa.
Na segunda pela manhã fui na terapia e acabei fazendo uma longa viagem de volta a infância e adolescência. Andei pelos longos corredores do colégio de freiras onde estudei desde o maternal até a formatura no 2° Grau. Entrei nas salas de aulas com piso de taco encerado e enormes janelas de vidro protegidas por persianas cinzas. Fui até a capela onde o silêncio opressor sempre me incomodou e até senti o cheiro que a caracterizava. Desci as escadas que dão acesso ao enorme pátio coberto, andei pela área descoberta e cheguei ao recanto onde sempre gostei de ficar. Revi as árvores velhas e carregadas de favas amarelas de ingá e até cheguei a ouvir o canto das cigarras que enchiam o ar no verão quente. Era bom poder se abrigar do sol inclemente debaixo daquelas árvores centenárias, sentar nos bancos de cimento pintados de verde e ficar observando o vai e vem das borboletas coloridas e a incessante caminhada em fila indiana das formigas pretas e gordinhas.
A viagem continuou sem maiores percalços. Revi algumas freiras que de alguma forma marcaram minha infância e juventude, mas percebi que elas ficaram no passado. Engraçado, só agora me dei conta de que não relembrei nenhum dos professores, apenas alguns colegas. Não restou nenhum amigo daquela época, pois os poucos que eu tive faleceram precocemente. As outras crianças foram apenas colegas de turma e a lembrança delas já está bem desgastada em minha memória. Elas não marcaram, apenas fizeram parte da história. Já no 2° Grau fiz algumas amigas com as quais tenho contato até hoje, e todas são muito queridas. Guardo lembranças saudosas da Tatiana, sua mãe e irmãs; da Lourdes e sua mãe; a Rita, Maysa e a Mara. Cada uma delas acabou se mudando para lugares distantes e raramente nos encontramos, mas quando acontece temos a impressão de que nunca nos separamos.
Viajar ao passado nos faz resgatar cheiros, vozes, sabores, emoções... Os sentimentos são contraditórios, mas peneirando tudo vejo que restaram boas lembranças. Existiram mágoas, claro, mas elas já se diluiram no tempo. Não fazem mais parte nem do passado e muito menos do presente. Elas foram pulverizadas. Da criança que fui ficou apenas uma doce lembrança das brincadeiras com meu amigo Romualdo e nossas fazendinhas de faz de conta, nossos passeios nas fazendas reais e nas roças rústicas, nossas brigas e reconciliações cheias de abraços e promessas de nunca mais brigar.
Da casa onde morei em Minas, sempre apinhada de crianças e adultos e onde não faltava uma lata cheia de doce de leite e pé de moleque ou uma panela de sopa de feijão para a molecada se esbaldar, guardo boas lembranças. Fosse quem fosse, qualquer um era sempre bem recebido por lá. Da casa de uma das vizinhas, a Piedade, uma mulher forte e decidida que criou sozinha um monte de filhos, lembro da montanha de goiabas maduras na sala aguardando serem descascadas para se transformarem em deliciosas compotas.
E um dia fui embora da cidadezinha de interior. Deixei tudo para trás e parti em busca da construção da minha identidade. Voltei para o Rio de Janeiro, cidade onde nasci, e de lá vim para Brasília, cidade que adotei. Adoro Brasília com seus espaços abertos, horizonte infinito e céu muito azul. Aqui me sinto em casa.
Confesso q a imagem q tenho de ti é de uma pessoa dura na queda (não desumana, apenas forte), aquela q se basta e lendo esse texto me deparei com uma parte onde vc diz q brigava com o Romualdo e depois se abraçavam e juravam nunca + brigar e me peguei penando. Essa é a mesma tia Lourdinha que conheço?? Sei lá, me surpreendeu a forma como descreveu isso, n q vc seja incapaz de fazê-lo, até pq vc é humana e tem seus sentimentos mas só os vi demonstrados e escancarados pela Babbi... Lendo isso me pergunto o qto ele foi a peça chave de sua infância.
Talvez, pelo fato dessa Raissa aki n ser uma pessoa de abraços e desculpas emocionadas assim e nessa sentido (apenas nesse) me achar parecida com vc, talvez por isso n te veja assim... Foi surpreendente esse texto, juro, eu vi uma tia Lourdinha criança que eu jamais conheceria, convenhamos que vc a mim parece ser uma pessoa muito fechada pra sentimentalismo e tbm sou assim, hoje + q nunca... No fim eu adorei o texto, adorei a sensação de filme que ele me passou tentando imaginar as cores, sabores e cheiros da sua infância, foi como invadir sua história e conhecer um pouco do seu ídolo entende?