Acupuntura e o alívio da dor


           Desde que comecei o tratamento para o câncer metastático observo com mais atenção tudo o que diz respeito a hospitais e procedimentos médicos. Nos últimos tempos a população de um modo geral tem ficado cada vez mais perplexa e assustada com os erros médicos divulgados pela mídia.
Na manchete de capa da revista Época que saiu na última segunda-feira, dia 26 de novembro, está escrito em letras garrafais: “O que os hospitais não contam para você”.  O artigo fala do livro escrito pelo médico americano Martin Makary,  e escancara erros médicos grosseiros, o problema das infecções, de amputações desnecessárias e outras mazelas dos hospitais e propõe a transparência como forma de revolucionar a assistência à saúde.
            Imagino a repercussão do livro tanto para os profissionais da área de saúde como também para o leigo que necessita atendimento médico e hospitalar. Eu, como paciente oncológica de longa data, sinto até arrepios quando leio um artigo como este. Se já não gostava de hospitais agora é que vou ficar com um pé atrás mesmo.  Infelizmente estamos a mercê de muitos médicos inescrupulosos, vaidosos e mercenários e isto é muito perigoso. Quando encontramos um médico realmente sério e comprometido com a profissão é uma verdadeira benção.
            Tenho tido muita sorte neste quesito, pois ao longo desta minha jornada em busca do tratamento para o câncer de mama que fez várias metástases em meu corpo tive a sorte de encontrar profissionais competentes, que fazem da medicina seu sacerdócio. A Dra. Juliana por exemplo, que atende na clínica onde faço quimioterapia,  é uma destas profissionais. A Dra Luci e a Dra Fabiana também. Elas se preocupam com o paciente e se esforçam para que eles tenham qualidade de vida. Seus pacientes não são apenas um número para a clínica.
Ontem tive que fazer o zometa para tratar o câncer ósseo  e aproveitei para dizer à Dra. Juliana que ao prestar mais atenção nas dores que tenho sentido na região do tórax pude observar que elas parecem ser também musculares além da dor óssea. Ela, que além de clínica geral  também é acumputurista, me examinou na mesma hora e perguntou se eu deixaria que ela me agulhasse. Ohh bênção, assim que ela agulhou o ponto onde estava localizado o gatilho para a dor muscular eu senti um alívio imediato. Ela ficou tão feliz quando conseguiu localizar o ponto exato para minimizar minhas dores que até parecia que a dor era nela e não em mim. Tenho motivos de sobra para ser fã incondicional da Dra. Juliana. Ela é uma médica competente, atenciosa, uma profissional como poucas.

Apagão e barulho em condomínio


      Morar em casa é muito bom, mas como tudo na vida tem também seus inconvenientes. O condomínio onde moro é ótimo e muito tranquilo, mas dei o azar de ter dois vizinhos inadequados: um deles é a academia que funciona bem ao lado da minha casa e o outro um vizinho sem noção, que plantou ou mandou plantar várias palmeiras imperiais embaixo da rede elétrica.
Os problemas com a academia são os frequentadores que falam alto demais, a música que é irritante além de ensurdecedora, e a aqueles "atletas" que ao se exercitarem para criar músculos definidos deixam cair um aparelho pesado e o som reverbera pelo chão até minha casa ribombando como um trovão. É horrível. Só ouvindo para entender minha irritação. Agora mesmo a música na academia está tão alta que fica difícil concentrar para ler ou escrever um simples texto.
O outro vizinho é o que chamo de sem noção. Ele ou o paisagista contratado por ele não se deu ao trabalho de olhar para cima para observar onde iriam parar as pequenas e lindas mudas de palmeiras que plantou beirando o muro da sua casa, que por sua vez fica embaixo dos fios da rede elétrica.
Ora gente qualquer um sabe que palmeira não aceita poda como uma árvore. Certo? Segundo: é claro que aquele tronquinho miúdo e delicado que foi plantado pode até demorar mas vai crescer vários metros acima do solo e vai ultrapassar a altura dos fios da rede elétrica. É claro também que a palmeira adulta vai provocar cortes na energia todas as vezes que uma de suas folhas despencar lá de cima, pesando sei lá quantos quilos. O fio elétrico nem é tão frágil, mas não aguenta o peso da folha que cai e arrebenta deixando todo um condomínio sem energia. Será que meu vizinho já ouviu falar em gravidade?  Só uma criatura sem noção e sem respeito pelo direito do outro mantém as palmeiras no mesmíssimo lugar e ainda não se dá ao trabalho de pelo menos mandar retirar as folhas velhas que estão para cair, antes que as mesmas provoquem um apagão. Nunca vi o tal vizinho, mas ele consegue me deixar irada cada vez que minha casa fica horas sem energia por culpa dele e de suas palmeira imperiais.
  Ontem, mais uma vez, fiquei sem energia em casa desde às 15:30h e ela só foi restabelecida após às 20 horas. Isto é um absurdo! O vizinho não está nem aí, pois não é a primeira vez que isto acontece.  O que me causa espanto é o condomínio não tomar nenhuma providência enérgica para resolver o problema que atinge toda a comunidade.  Por muito menos o mesmo condomínio costuma notificar os condôminos...

O rastro do sândalo

      Sábado encontrei uma amiga que havia acabado de fazer sua mudança e ainda estava com alguns livros espalhados pelo chão. Ela pegou um deles e me disse ter certeza de que eu gostaria da leitura. Peguei o livro e fui para casa e a noite, antes de deitar, resolvi começar a ler e não consegui parar enquanto não cheguei ao final da história.
        O livro conta a história de três crianças, duas indianas (Muna e Sita) e uma etíope (o garoto Solomon),  seus infortúnios e suas lutas, e nos mostra o destino de cada uma delas 30 anos depois. O livro fala também da exploração infantil, consequência da miséria e da falta de perspectiva.  Por fim, o livro nos leva a pensar nas voltas que o destino dá.
         Muna e Sita foram separadas ainda crianças quando viviam em Shaha, na Índia. Sita era muito criança e não tem nenhuma lembrança daquele período de sua vida. Seu maior desejo é encontrar pais que possam criá-la com amor. Muna nunca aceitou a separação que lhe fora imposta e ainda foi forçada a trabalhar como escrava durante muitos anos. Ela não conseguiu esquecer Sita, sua irmã caçula, criada por ela desde que a mãe falecera. Solomon que nasceu na Etiópia, já era órfão de mãe quando perdeu o pai na guerra e foi estudar em Cuba por causa de um acordo de ajuda entre os dois países. O livro também traz um questionamento, polêmico por sinal, das adoções por estrangeiros de crianças de países pobres.
     Fiquei pensando sobre as voltas do destino na vida de cada um dos personagens e na minha própria vida. Quantas coisas que me pareceram horríveis num primeiro momento e que acabaram se revelando benéficas ao longo dos anos... quantos altos e baixos me transformaram  na pessoa que sou hoje... O milho duro precisa passar pelo fogo para se transformar na pipoca macia e gostosa. Pensem nisto.
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Dor no câncer metastático ósseo

       Há alguns anos, quando comecei a sentir dores no tórax, depois de um longo tempo de remissão do câncer de mama, foi constatado que eu estava com metástase nos ossos (esterno, arcos costais e  uma vértebra), no pulmão e no baço. Foi uma triste surpresa, mas precisei encarar a nova realidade e iniciar o tratamento. 
        Assim que iniciei o tratamento as dores que eu vinha sentindo no tórax cederam e eu até consegui esquecer o assunto. Agora, após quase 7 anos do início do tratamento, as dores voltaram a incomodar. Dói bastante o tórax, principalmente no esterno. O braço direito e as pernas e pés também doem, mas o que mais incomoda é o tórax e qualquer movimento que faço a dor piora.
          Fiz uma cintilografia óssea que comprovou o avanço da doença nos ossos. O esterno está bem comprometido e este é o motivo das dores atuais. As articulações também estão estragadinhas... coisas da idade também.
          Ontem conversei longamente com a dra. Luci para decidir como ficará meu tratamento daqui para frente, pois desde que fiz uma consulta com outro oncologista, para ouvir uma outra opinião, acabei ficando  mais confusa do que esclarecida. O outro oncologista sugeriu algumas mudanças no tratamento que venho fazendo e mandou que eu parasse de usar o anastrozol. 
          Como não gosto de decidir nada quando estou brava ou confusa, preferi fazer a viagem para Bonito como já estava programada e só depois que voltei da viagem fui conversar com alguns médicos da minha confiança para não precipitar com nenhuma atitude ou decisão insensata que pudesse piorar ainda mais as coisas.
          Minha conversa com a dra. Luci foi ótima. Eu já estava convencida de que usar o zometa para meu caso era melhor do que o denosumabe  sugerido pelo outro oncologista,  e ela confirmou isto. Ela também mandou eu voltar a usar o anastrozol porque ele ajuda a potencializar os efeitos benéficos do zometa. Ela agora vai decidir se eu devo voltar a usar o herceptin sozinho ou associado ao tykerb e ao xeloda. Vamos ver, mas sinceramente eu gostaria de não precisar voltar a usar o xeloda.
          Quanto as dores, já é esperado que isto venha a ocorrer no caso de lesões ósseas que, no meu caso, são blásticas, isto é, o osso parece crescer.  Enquanto puder controlar a dor com medicamento ótimo, mas em último caso, quando os remédios não derem mais a resposta esperada, o jeito será partir para a radioterapia.

Hoje completam 17 anos

          Meu primeiro pensamento assim que acordei  foi para o pai da minha filha. Foi quase inevitável, pois hoje está completando 17 anos do seu falecimento. Quanto tempo se passou... e ele se foi sem conhecer sua melhor obra, sua filha. Que pena! 
          Meu pensamento voou para um tempo distante que não volta mais,  saudades...
         Sorri sozinha rememorando lembranças gostosas, coisas engraçadas de nós dois. Lembrei da primeira vez que acordamos juntos e da cara de surpresa dele quando olhou para mim e viu meu cabelo todo arrumadinho. Ele exclamou: "Nossa, você não acorda descabelada!" Mal sabia ele que eu tinha levantado mais cedo e  penteado meus cabelos antes de voltar para a cama. Ele nunca desconfiou deste meu segredinho...
         Ele foi importante para minha vida, mas se com ele vivi o céu também vivi o inferno. Foi muito difícil aceitar o abandono dele num momento tão especial e difícil para mim. Eu estava grávida e ele não hesitou em virar as costas e ir embora sem olhar para trás. Coitado, perdeu a melhor parte da nossa história.
         Quando as lembranças dele ocupam meus pensamentos procuro pensar que foi ele quem  me deu o que tenho de mais importante na vida: minha filha. É por isto que prefiro guardar apenas as lembranças dos bons momentos que tivemos, mas é só.
         

Sonhei que eu era uma águia

Sonhei que eu era uma águia
Que voava bem alto
Quase tocando as nuves no céu.
De asas abertas
Sem muito esforço
Eu planava numa poderosa corrente de ar.
Virei de cabeça para baixo
E me deixei levar prá bem  longe,
Me sentia em perfeita sintonia com o universo que me cercava.
Tornei a virar e com a velocidade de uma flexa,
Voei em direção a grande montanha
Pousando suavemente no enorme ninho
No alto do topo,
Lá onde o ar é mais puro
E somente o ruído do vento consegue chegar.

flamboyants em flor

   

                    Andar por Brasília na época da floração dos ipês e dos flamboyants é uma verdadeira orgia de beleza, para onde se olha é possível encontrar uma árvore em flor. Falei apenas dos ipês e dos flamboyants porque são as minhas prediletas, mas por aqui também encontramos as belíssimas sapucaias, o pau-brasil e muitas outras. Olha só este flamboyan da foto, ele não é lindo!


          A floração dos ipês já acabou. Tentei  guardar algumas imagens para deixar o registo, mas elas se perderam porque meu computador resolveu travar e morrer. Vou ver se outro técnico consegue salvar alguma coisa. O problema do computador pifar é levar com ele algumas imagens e textos importantes.  Eu costumo fazer cópia de tudo, mas ele pifou antes que eu conseguisse salvar meus últimos arquivos. Paciência.

            Agora é a vez da floração dos flamboyants. Tenho meu flamboyant de estimação, ele fica próximo da clínica onde faço quimioterapia, e todas as vezes que passo por ele  trocamos uma energia muito boa. Este ano ele floresceu muito, está belíssimo. Acho que nos anos que ele floresce muito ele gasta tanta energia que no ano seguinte ele não consegue explodir em flor, fica mais minguado, mas nem por isto deixa de ser o meu flamboyant especial. Com flor ou não eu adoro aquela árvore. Olha só a foto dele. Confiram a exuberância da minha árvore de estimação. Ele reina sozinho no meio do nada.


          Brasília parece um imenso jardim, e o ano inteiro os canteiros espalhados pela cidade mostram diferentes espécies de flores. É incrível observar que mesmo a terra estando rachada pelo calor e pela seca, ela não nega a beleza das flores de suas árvores, de seus pequenos arbusto. O cerrado é rico em diversidade.
          

Colhendo acerolas no pé

          Passo muito tempo em casa e minha mãe também. Quando ela vem falar comigo é  uma surpresa gostosa, pois ela está sempre inventando alguma novidade. Às vezes ela começa a falar de um passado distante e seus olhos parecem perdidos em lembranças que são apenas dela. Eu a deixo falar e de vez em quando pergunto alguma coisa na tentativa de participar um pouco do seu mundo interior. Outras vezes ela vem dar alguma notícia bombástica do que acabou de ouvir na TV e quer compartilhar. Ela dá notícia de tudo: assiste o jornal, fica atenta as fofocas contadas nestes programas transmitidos durante a tarde na televisão e se diverte conversando sobre o assunto.

minha mãe e sua galinha de estimação

          Hoje a tarde eu estava deitada tirando um cochilo quando ela chegou carregando um pedaço de cano  de PVC com uma sacola de plástico amarrada numa das pontas. Ela entrou  rindo na sala, se divertindo com o que iria me contar. Levantei do sofá rindo também, só esperando ouvir a novidade do dia. Ela me olhou com a melhor cara do mundo e disse: "olha só o que inventei para pegar acerola no pé!" Dei uma gostosa gargalhada e disse-lhe que tinha achado muito criativa sua mais recente invenção, pois sei o quanto ela adora colher frutas no pé, mas também sei o quanto ela detesta pegar acerola e ficar com o corpo pinicando. Alguém já tentou colher acerola no pé? É infernal, pois os braços ficam coçando a beça.


          Há algum tempo ela  já tinha arranjado um cano para pegar as frutas, mas agora ela aperfeiçoou a invenção. Ela arrumou um cano um pouco mais largo e amarrou a sacola plástica, assim a fruta já cai direto dentro da sacola que depois de cheia só precisa ser desamarrada. Ela não precisa mais ficar colhendo os frutinhos no chão. Minha veinha é muito criativa. 
          Falei: "preciso tirar uma foto sua e de sua invenção" e ela como sempre retrucou: "prá quê?" mas eu sei muito bem o quanto ela gosta que eu a fotografe aprontando das suas. Ela adora saber que coloquei sua foto no facebook e que as pessoas conhecidas fizeram algum comentário. É seu tantinho de vaidade... 
          Minha mãe também é muito talentosa e caprichosa com tudo o que se propõe fazer. Ela está com 85 anos e até hoje costura fazendo lindas colchas de patch work. As sobrinhas de tecido ela vai juntando numa caixa para depois costurar e fazer colchas de retalhos coloridos. Eu só durmo usando uma colcha de retalhos feita por ela. Acho que a maioria das pessoas que ela gosta já ganhou uma de presente.
          Acho minha mãe uma figura! Ela é nota 10.

Pantanal Sul - Fazenda São Francisco

          Já que estávamos em Bonito resolvemos dar uma esticada até o Pantanal. Eu nunca tinha ido ao Pantanal e confesso que estava curiosa, afinal o Pantanal do Brasil é considerado Reserva da Biosfera pela UNESCO, e eu queria ver de perto a flora e a fauna local, que por todas as reportagens que já assisti parece ser simplesmente fantástica e de uma exuberância ímpar.



          A Fazenda São Francisco fica próxima de Bonito, o acesso é fácil e a rodovia bem conservada torna a viagem tranquila. Nosso motorista foi nos pegar às 6:00 horas porque tínhamos que estar na fazenda às 8:00 horas para pegarmos o transporte para o safari. No caminho até a fazenda assistimos o nascer de um sol fabuloso. Aquela bola dourada foi clareando o céu e deixando uma visão fantástica e inesquecível.


        Como não conseguimos fazer a reserva antecipada do passeio decidimos tomar o café da manhã na fazenda, ao invés de pararmos em Miranda para um lanche. Para nosso azar, a falta de comunicação com a fazenda no dia anterior foi ocasionada por um trabalho de dedetização que eles fizeram na área e por este motivo não foi possível preparar o café da manhã que eles servem para os turistas que desejam experimentar um legítimo café pantaneiro. Buáaa.
          Estávamos famintas e d. Terezinha ficou brava e disse que não arredava o pé da varanda da fazenda se não pudesse comer alguma coisa. Achei bom porque eu estava com a mesma disposição, mas como ela já está com mais de 80 anos a queixa dela é levada mais a sério do que a minha...
          A Maura olhou para um lado e para o outro e percebeu que um outro grupo tinha levado uma matula e não estavam comendo nada (certamente eles haviam parado em Miranda para tomar o café da manhã). Ela não se fez de rogada e com a maior cara de pau foi até eles e pediu uma banana para a d. Terezinha comerr. Eles foram gentis e cederam duas frutas, a d. Terezinha comeu uma e a  Rosângela partiu a outra banana em sete pedaços para que cada um pudesse comer um pouquinho. Quando uma das moças do outro grupo viu a cena ficou decerto penalizada e resolveu dar o restante das frutas para nosso grupo que recebeu o regalo com alegria, pois todos estavam realmente famintos
          Um dos empregados da fazenda percebendo nossa movimentação foi até o pomar e pegou um cacho de bananas e algumas laranjas, foi uma festa. Comemos as frutas até nos fartarmos e saímos em seguida para o passeio  num carro alto e aberto para fazermos o safári fotográfico e a trilha na mata ciliar do Rio Miranda.

borboletas no leito seco do rio

          Um guia com olhos muito bem treinados fica sentado acima da cabine do caminhão para observar onde estão os bichos, que na maioria das vezes ficam escondidos no meio do mato durante o dia, e assim que ele observa algum faz um sinal para o motorista parar o carro e fala um pouco sobre o animal avistado, seus hábitos e sua importância para o ecosistema local. Os turistas aproveitam para fotografar enquanto se encantam com um pássaro, uma capivara, um bando de garças, um tuiuiu magestoso ou um assustador jacaré. Vimos até um veadinho pantaneiro no meio de um extenso arrozal.


          Num determinado ponto da estrada descemos do caminhão para fazer a trilha sobre o Rio Miranda. Antes de iniciarmos a trilha sobre uma passarela de madeira, o guia nos mostrou um arbusto e contou que durante a floração aquele arbusto dá uma flor belíssima, que o turista desavisado e predador por natureza, costuma cortar e acaba com a mão cheia de formigas de fogo. O problema é que este tipo de formiga, que tem uma picada extremamente dolorosa, que dói por 24 horas e dá até  febre, vive dentro do caule deste arbusto. Fiquei tão impressionada com o assunto das formigas de fogo que achei mais prudente embrulhar todo o meu braço direito com uma echarpe longa, que estava úmida e fresquinha, para evitar qualquer acidente com meu braço durante a caminhada (meu braço direito não possui glânglios linfáticos e qualquer picada pode ser um grande problema). A trilha estava repleta e pernilongos, mosquitos, mutucas e todo tipo de inseto irritante. Ainda bem que eu tinha passado bastante repelente, mas a Rô, que estava um pouco adiante de mim, parecia que ia ser carregada pela nuvem de mosquitos que foram atraídos pela roupa escura que ela estava usando. Fiquei impressionada. Nunca vi tantos insetos juntos.


          Terminada a trilha voltamos para o caminhão e iniciamos o retorno para a fazenda onde iríamos almoçar. Depois do almoço fui descansar numa rede, mas o calor infernal não deu trégua mesmo com os ventiladores ligados o tempo todo. No período da tarde voltamos para o caminhão para irmos até o pier onde iríamos embarcar nas chalanas para um passeio pelo Rio Miranda e uma pescaria. Fomos pescar piranha, mas o que consegui mesmo  foi apenas alimentar as danadas, pois elas comiam minha isca e fugiam numa boa. Cheguei a conclusão de que sou péssima pescadora, pois não fisguei nenhuma piranha e nem mesmo um dos muitos aguapés que cobriam o rio.


          Alguns turistas e pescadores mais talentosos do que eu conseguiram pescar até mais de uma piranha (peixe feio e com cara de mau) que iam colocando dentro de um balde. Depois da pescaria saímos para o outro lado do rio onde o guia chamava um jacaré (treinado é claro) e o bicho vinha até perto da chalana para pegar a piranha que ele amarrara na ponta da linha de pescar. O jacaré, que não tinha uma das patas, era chamado de Lula e parecia gostar de comer sem fazer muito esforço para pegar a presa... jacaré folgado...



          O guia também chamava uma garça e jogava a piranha no rio para ela pescar. Era bonito ver o mergulho da garça no rio. Ele fez o mesmo com algumas águias. Fiquei encantada com a rapidez das aves pescando as piranhas, mal elas tocavam as águas do rio.


          O calor dentro da chalana (mais de 40 graus na sombra), no meio do rio era enlouquecedor. Eu me sentia derreter de tanto que suava. Dava para sentir o fio de suor escorregando devagar pelo meu corpo molhado. Era horrível. Minha impressão era que eu estava na boca do inferno... "nem está  tão quente assim. Calor mesmo faz nos meses de dezembro e janeiro" disse-me o guia. Deus me livre! Se eu já estava derretendo no mês de outubro não quero nem pensar em passar perto de um lugar assim no final do ano. Detesto calor.


          Voltamos para o pier no final da tarde e antes de desembarcar resolvi tirar uma foto segurando uma piranha. Já que eu não tinha conseguido pescar uma, ao menos segurar uma delas eu queria... empalhada é claro! Não vou arriscar minha mão preciosa com aqueles dentes afiados...


          De volta a fazenda fomos recepcionados por um bando de araras pousadas na cerca. Tinha outros pássaros como papagaios, martim pescador e alguns que não sei o nome. Havia também algumas emas que vivem soltas no quintal da fazenda para comer bichinhos rastejantes que turistas não gostam de ver...


          Na fazenda São Francisco o turista tem a oportunidade de ver como funciona uma fazenda no Pantanal. Lá eles também desenvolvem alguns projetos de pesquisa e preservação de araras, papagaios, jaguatirica, pumas, onças-pintadas e outros animais silvestres. São mais de 340 espécies catalogadas por biólogos e ornitólogos. O Pantanal abriga uma das maiores populações de onça-pintada, pardas e jaguatiricas.
          Quem gosta deste tipo de aventura pode dormir na fazenda para fazer um expedição noturna para observar animais de hábitos noturnos.

www.fazendasanfrancisco.tur.br
www.bonitoway.com.br
e-mail: bonitoway@bonitoway.com.br
fones: 55 (67) 3255-1046  e  3255-1465  ou  8417-5084

Balneário Municipal e Ilha do Padre

          Passamos a manhã no Balneário Municipal, que delícia de lugar. O balneário fica bem próximo do centro de Bonito (uns 6 ou 7 km aproximadamente), o que facilita o acesso, e o lugar é muito agradável. A entrada custa apenas R$ 15,00 e não é preciso estar acompanhado de guia. O Rio Formoso, que dá charme ao lugar, tem águas cristalinas e prá onde se olha é possível ver uma incrível abundância de peixes, principalmente  piraputangas. Existem outros, mas em menor quantidade.



          O balneário tem um grande estacionamento, além de quadras de vôlei e futebol de areia, lanchonetes, restaurantes e algumas churrasqueiras. Dentro do parque o rio Formoso, que nasce na Serra da Bodoquena e deságua no Rio Miranda,  forma piscinas naturais bem rasas, permitindo que até crianças aproveitem suas águas geladas. Em alguns pontos as enormes pedras fazem uma espécie de bancos dentro d'água.



          Embora o sol estivesse quente, as águas do rio estavam geladas, mas tão geladas que era difícil encarar um mergulho. Fui entrando devagar, para acostumar o corpo com o frio, pois minha garganta estava incomodando desde que eu havia chegado na cidade, e eu não quis arriscar piorar a situação. Depois que mergulhei todo o corpo na água ficou até gostoso estar ali batendo um papo, jogando conversa fora e deixando o tempo passar sem pressa. Maurinha, eu e d. Terezinha ficamos um bom tempo na água até  a fome reclamar e nos obrigar sair para comer alguma coisa para aguardar a hora do almoço que estava marcada para as 13 horas.


          Enquanto a Maura e d. Terezinha aguardavam nas cadeiras alugadas ali mesmo, fui até uma das lanchonetes comprar pastel. Pedi 3, mas eram tão grandes que todo o grupo acabou comendo um pedaço para tapear a fome, pois ainda estava bem longe da hora do almoço.


          A Conceição e o marido se juntaram a nós na hora do almoço e em seguida fomos em direção a Fazenda Estância Araçá para iniciar a aventura de rafting nos 6 km de rio que terminam na Ilha do Padre. O percurso, de aproximadamente uma hora e meia, passa por duas corredeiras e três cachoeiras (a Cachoeira Postal, a do Segredo e a do Caldeirão).


          Assim que chegamos o pessoal que ia fazer o rafting trocou a roupa e saiu para o passeio, e eu fui com o motorista para a Ilha do Padre aguardar a chegada do bote. Fiquei lá com os motoristas que aguardavam seus grupos, e um deles foi me mostrar os segredos da ilha: uma sucuri jovem que mora na mata a beira do rio e a mãe dela que se esconde do outro lado da margem, os pássaros que vivem soltos na mata, como a arara Lucio, e as piscinas naturais nos recantos sombreados da ilha.




          Achei a Ilha do Padre com aspecto de abandono e questionei o motivo. O guia me disse que a ilha esteve realmente abandonada por muito tempo por causa de uma questão judicial, mas que recentemente a questão foi solucionada e agora a ilha já tem novos donos que estão providenciando o alvará para abrir o espaço para o público em geral. Como continua proibida qualquer construção na ilha, os novos donos estão consertando o que já existia e vários carpinteiros estavam ocupados reparando as passarelas de madeira que ligam um espaço a outro da ilha. Tomara que o alvará saia logo, pois a ilha é linda e é um excelente lugar para se passar o dia. Ela é cheia de pequenas cachoeiras que dão o maior charme ao lugar, e o rio, de águas cristalinas, também é cheio de peixes.



          Meus amigos demoraram mais do que o tempo previsto para chegar na Ilha do Padre, mas chegaram felizes e animados com a aventura. Dona Terezinha, com mais de 80 anos, disse que o passeio tinha sido demais! Maura, que vai completar 70 anos no final deste mês, também adorou a aventura. Minhas amigas são animadíssimas, e as melhores companheiras de viagem que alguém pode desejar. Adoro gente com entusiasmo pela vida.




Bolo de Cenoura

          Viajei para Bonito com minhas amigas e antes da minha volta para casa quem viajou foi minha filha, então ficamos quase duas semanas sem nos vermos e a saudade cresceu... Como é bom estar perto de quem se ama.
          A chegada dela estava prevista para a manhã de domingo, mas com aquela história da passagem do Sandy nos Estados Unidos todos os vôos para o Brasil acabaram sendo afetados, de alguma forma. Em resumo o avião em que ela voltava só pousou em Brasília depois das 15 horas do domingo. Ela e o Henrique saíram do desembarque com cara de quem só pensava em cair na cama e dormir horas a fio... Eles estavam exaustos, pois tinham ficado muitas horas aguardando o embarque no aeroporto de Miami.
           Ainda bem que tive a idéia de acordar cedinho e preparar o bolo de cenoura que a Bárbara adora, para recepcioná-la. Ela ficou tão feliz quando viu a travessa de bolo em cima da mesa.  Foi meu jeito de dizer: seja bem vinda de volta a casa. Amo você.
         O bolo de cenoura é bem fácil de fazer e até decorei a receita. Se alguém se animar pode experimentar porque eu garanto que dá certinho e fica uma delícia.

Bolo de Cenoura

3 ovos
1 xícara de óleo de arroz
3 ou 4 cenouras picadas
3 xícaras (chá) de farinha de trigo (branca ou integral)
3 xícaras (chá) rasas de açúcar
3 colheres (sopa) de fermento em pó

modo de fazer:
Coloque os ovos e o óleo no liquidificador e bata com as cenouras picadas até fazer uma pasta mole. Em seguida coloque esta pasta na batedeira e junte as 3 xícaras de açúcar e bata bem. Coloque as 3 xícaras de farinha de trigo e continue batendo, em seguida acrescente o fermento em pó. Coloque para assar.

obs: costumo acrescentar nozes ou castanhas picadas na massa, mas é opcional

obs1: depois de assado o bolo você pode jogar uma camada de chocolate por cima. Eu costumo derreter um pouco de chocolate meio amargo ao invés de fazer a calda com nescau.

Semana difícil

Fiz o zometa na quarta-feira e o restante da semana foi de dores por todo o corpo; meu consolo é saber que a dor mostra também que estou recebendo medicação de boa qualidade. Preciso muito desta medicação para evitar o avanço do câncer ósseo.
Meu pé está doendo bastante exatamente no local onde tive a fratura no ano passado. Será que é normal? Confesso que dor é um negócio que não consigo lidar direito. Vai me dando uma falta de paciência... quando começo a andar é uma dificuldade, saio mancando muito e depois até melhora mas não para de doer. Também não quero ficar dopada de remédio para dor, então tento desviar a atenção para alguma coisa que me interesse. Tirar o foco da dor é importante, mas há momentos que só tomando remédio mesmo... sexta-feira passei a maior parte do dia dormindo. O corpo inteiro doía, então o jeito foi tomar  remédio e ficar grogue. 
Ontem eu já comecei a melhorar dos efeitos colaterais do zometa, que bom. Faço este protocolo a cada 28 dias. Será que algum dia ainda vai aparecer um remédio eficaz e sem efeitos colaterais? Remédio é uma faca de dois gumes: conserta uma coisa e estraga outra...