Nunca apoiei nenhuma forma de protesto com violência, mas quando ouvi a reportagem informar o valor irrisório dos salários pagos aos bombeiros militares do Rio de Janeiro comecei a entender a revolta dos amotinados. 
O aspirante a bombeiro militar  precisa passar em concurso público e fazer um exaustivo curso de formação para só então ingressar na carreira e passar a receber o aviltante salário de R$ 950,00 (novecentos e cinquenta  reais), quantia que o governador (que estava todo irritado ao se pronunciar sobre o episódio)  ou qualquer outro político corrupto  deve gastar num simples jantar regado a bom vinho, em restaurante estrelado. Queria ver um político qualquer conseguir sobreviver apenas uma semana com o salário que os bombeiros recebem por todo um mês de árduo trabalho.
O trabalho dos bombeiros não se resume a apagar  incêndios. Eles  também estão preparados  para resgatar pessoas em situação de risco, salvaguardar bens materiais ( bens materiais alheios de certo, porque com o que ganham mal conseguem se alimentar) e também  ajudam a fornecer assistência nos desastres naturais e naqueles causados pelo homem. Enfim, são muitas atribuições.
Já nos acostumamos ver um enorme contingente de bombeiros auxiliando, dando socorro e em alguns casos até perdendo a própria vida nos salvamentos em incêndios e desastres que todos os anos, principalmente no período das chuvas, ocorrem pelo país destruindo bairros inteiros e até cidades, matando centenas de pessoas, deixando um rastro de destruição; resultado das políticas públicas  mal gerenciadas.
Nunca me passou pela cabeça que o salário de um  bombeiro fosse tão aviltante e  irrisório. É uma vergonha ficar sabendo que um cidadão que estuda tanto para passar em concurso, é treinado constantemente  e  que precisa  expor com  frequência  a própria vida em situações extremas,  para executar seu trabalho, recebesse  um salário de fome todo final de mês.
Na contramão disto, é irritante saber que um político, que às vezes não sabe fazer um "O" com um copo, recebe um salário de mais de R$ 20.000,00 e um monte de mordomias para fingir que trabalha e, quando o faz, é para criar leis que os beneficiam ou impede que sejam punidos devidamente. Para ser político não é necessário ter concluído curso médio e muito menos universitário. Para ser político é preciso inicialmente ter muita cara de pau, ser mentiroso e ter vocação para a corrupção.
Por outro lado, de  um  simples faxineiro que trabalha  em qualquer órgão público,  é exigido pelo menos o nível médio de escolaridade; e no entanto, para ser presidente da república, deputado, senador, enfim, para ser político  basta fingir que se sabe ler. Já tivemos um presidente que além de não ter estudado (nem trabalhado) ainda debochava daqueles que passaram anos estudando para ganhar uma merreca de salário  e agora temos o deputado Tiririca que não conseguiu convencer, pelo menos a mim, que é capaz de entender um texto simples. É um analfabeto funcional.
Entendo que houve alguns excessos no caso dos bombeiros que impediram a saída de viaturas para atendimento de emergências e até alguns vandalismos, mas só assim a população civil ficou conhecendo o quão vil é o salário de homens treinados para salvar vidas. Não é cadeia que os militares bombeiros precisam, nem  ser taxados  de vândalos ou qualquer outra coisa;  eles precisam e merecem respeito e, no mínimo, um salário que lhes dê condições de viver com  a  dignidade  e o  conforto que todo cidadão tem direito. Além do mais, o salário que eles reivindicam (R$ 2.000,00 dois mil reais) não é nenhuma fortuna. Vamos sugerir um salário destes para os políticos caras de pau que elegemos.