Netuno de Ébano

Após mais de trinta anos aprisionada pelo casamento
Ganhou novamente a liberdade com a viuvez recente.
Estava com mais de cinquenta anos e mesmo assim
Começou a trabalhar com a determinação de uma jovem.
Fez novos amigos, voltou a estudar
E experimentou pela primeira vez o prazer de viajar de férias.
Começou conhecendo o Brasil de norte a sul
E não demorou muito tempo para ganhar o mundo.
Se encantou com a nova descoberta
Arrumar as malas passou a ser sua atividade predileta
Além de fazer compras, é claro.
Devagar foi experimentando novos sabores
Novidades nunca antes pensadas e muito menos permitidas.
Descobriu o prazer de viver intensamente
Um dia de cada vez.
Aproveitando uma de suas férias
Ficou sabendo que detrás de um pequeno morro
Se escondia uma praia de nudismo.
Curiosa, não pensou duas vezes
Antes de subir a pequena escada de madeira
Para ver de perto e experimentar, mesmo
Depois dos sessenta anos
O prazer do naturismo.
Arrancou toda a roupa
E saiu caminhando na areia quente da praia quase deserta
Naquela hora da manhã.
Absorta, olhando as ondas quebraram a seus pés
Não observou a figura máscula
Que emergia na onda prateada.
A enorme sombra escondeu por alguns segundos
O brilho dos raios do sol.
Ela se assustou e soltou um grito
Ele se curvou galante e tocou-lhe suavemente o rosto com as mãos enormes.
Uma centelha percorreu seu corpo
Quando se deu conta corria pela praia
De mãos dadas com o Netuno de ébano.
1 Response
  1. Anônimo Says:

    Mama, mto lindo o poema! Ninguém sabe qm é essa amiga, né? kkk


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou