Café da manhã dos piriquitinhos verdes

O dia amanheceu frio e nublado, um convite para permanecer na cama mais algum tempo. Fiquei lá, enrolada nas cobertas quentinhas, ouvindo a algazarra dos piriquitos que chegaram bem cedo para ocupar as árvores que ficam em frente a janela do meu quarto. Eles adoram comer, nos pratos que minha mãe pendura entre os galhos, as de sementes de girassol, frutas e outras comidas para passarinhos.
A algazarra era tanta que fiquei curiosa para ver quantos eram. Da janela visualizei, só num dos pratos, pelo menos seis piriquitos. Como eles são verdes, ficam quase invisíveis entre as folhas da pitangueira. Os que ficam mais nas pontas até conseguimos enxergar, mas a maioria fica camuflada entre as folhas verdinhas. Só conseguimos ouvir-lhes o som estridente.
É muito legal vê-los se alimentando. Eles pegam a semente de girassol com o bico, seguram com patinha miúda que levantam com graça para levarem a comida até o bico. Eles também gostam de banana e das pitangas que pegam no pé. Volta e meia saem voando, carregando uma frutinha ou semente que deixam cair pelo jardim. O jardineiro está sempre arrancando brotinhos de pitangueira que nascem em todo o jardim.
De repente, alguma coisa deve tê-los assustado, e o enorme bando levantou voo gritando para pousar no cajueiro que fica no quintal do meu vizinho. Aos poucos foram voltando para continuarem o café da manhã. Os pardais, intimidados com tantos piriquitos, preferem comer as sobras que caem no chão. Uma sabiá até tentou pousar no prato para comer a banana, mas desistiu e preferiu pousar noutro canteiro, em busca, quem sabe, de alguma minhoca desgarrada, que resolvera sair da segurança da terra depois da chuva que caiu ontem.
Uma rolinha mais ousada se aventurou pousar no prato com os piriquitos, e não foi incomodada. Ficou entre eles comendo calmamente. O sanhaço não se atreveu. Deu meia volta e saiu voando para longe do bando de verdinhos que minha mãe insiste em chamar de ararinhas.
Eu bem que preferia que o bando fosse realmente de ararinhas azuis, que simplesmente desapareceram do sertão baiano, pela ação predatória do homem. Seria fantástico ver voando no céu azul de Brasília, um bando de ararinhas azuis ou qualquer outro tipo de araras.
Uma vez, já faz algum tempo, um bando com pelo menos uns dez ou doze tucanos pousou numa árvore do jardim. Foi lindo ver aquele monte de pássaros com seus bicos enormes, visitarem meu jardim, pena que nunca mais voltaram em bando. De vez em quando pousa um ou outro, fica alguns minutos e logo sai voando para bem longe.
Mas não posso reclamar. O jardim da minha casa é refúgio seguro para muitos pássaros que já se acostumaram vir comer. São beija-flores, sabiás, muitos sanhaços, sebinhos, rolinhas, garrinchas, bem-te-vis e até pica-paus. Alguns fazem ninhos e criam seus filhotes, como a garrincha valente que tomou conta da churrasqueira e ficava brava com qualquer um que se aproximasse.
Já são quase dez horas da manhã e alguns piriquitos ainda comem nas árvores. A sabiá já se animou a voltar e até tomou um banho, apesar do dia frio. Colocamos um grande prato de vaso de plantas, cheio de água, para os passarinhos tomarem banho. Eles adoram a banheira improvisada.
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1 Response
  1. shan-Tinha Says:

    os pássaros com seu canto, presença e colorido deixam a vida mais bonita e natural!
    bj e ótimo final de semana pra ti!


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou