Doação do corpo para pesquisa

Ontem fui a mais uma consulta com minha oncologista, a dra. Luci Ishii. Ela conferiu os últimos exames cardiológicos, que precisei fazer porque a pressão resolveu subir feito doida, e  pediu algumas tomografias, que farei depois que voltar da viagem em julho. As tomografias serão feitas para conferir se a medicação que estou usando continua mantendo a doença sob controle.
Na conversa que tivemos ontem a dra. Luci  me contou toda animada que no último congresso oncológico de que ela participou foi apresentada uma medicação, que ainda não chegou ao Brasil, que está fazendo milagres para quem tem câncer ósseo. Adorei saber da novidade. Já imaginou o quanto será bom ficar livre do câncer nos ossos! Detesto saber que um alienígena anda devorando lentamente os meus ossos... Segundo a dra. Luci, o alienígena que tanto abomino está sob controle. De qualquer forma fico mais tranquila sabendo que existe uma nova droga que pode eliminar de vez o infeliz.
A bem da verdade, eu queria mesmo era ficar livre desta doença. Já imaginou não precisar mais usar quimioterapia ou qualquer outro remédio? Huuumm, meu sonho de consumo...
Terminada  a consulta conversamos sobre um paciente dela, que também era meu primo, e que  faleceu no mês passado. Falei com ela que durante o velório do Zezinho, vendo aquele monte de gente em volta do caixão,  decidi que não quero ser velada, enterrada ou cremada. Ela olhou para mim sem entender bem onde é que eu queria chegar. Expliquei: quero falar sobre este assunto enquanto estou bem, para ninguém vir dizer depois que enlouqueci. Como faço para doar meu corpo para pesquisa? Acho que meu corpo deve ser um belo exemplar para pesquisas, afinal já tive câncer em vários órgãos... Quero dar um destino mais útil ao meu corpo. É para o bem da ciência e para a evolução no tratamento do câncer.
Ela explicou que é necessário registrar este meu desejo em cartório. Já conversei com minha filha sobre o assunto. Ela entendeu e até concordou, mas acha que as pessoas, de um modo geral, não irão concordar ou entender minha decisão.
Acredito que muitas pessoas, até por questões religiosas, ou de tabus, realmente não entenderão minha decisão. Parece bizarro  doar  seu próprio corpo para pesquisa, mas não é.  A decisão já está tomada. Ao invés de enterrar ou cremar vou fazer algo mais útil. Meu corpo será doado para pesquisa. Semana que vem vou registrar esta decisão em cartório.
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Obrigada pelo comentário. bjs Lou