Já que estávamos em Bonito resolvemos dar uma esticada até o Pantanal. Eu nunca tinha ido ao Pantanal e confesso que estava curiosa, afinal o Pantanal do Brasil é considerado Reserva da Biosfera pela UNESCO, e eu queria ver de perto a flora e a fauna local, que por todas as reportagens que já assisti parece ser simplesmente fantástica e de uma exuberância ímpar.
A Fazenda São Francisco fica próxima de Bonito, o acesso é fácil e a rodovia bem conservada torna a viagem tranquila. Nosso motorista foi nos pegar às 6:00 horas porque tínhamos que estar na fazenda às 8:00 horas para pegarmos o transporte para o safari. No caminho até a fazenda assistimos o nascer de um sol fabuloso. Aquela bola dourada foi clareando o céu e deixando uma visão fantástica e inesquecível.
Como não conseguimos fazer a reserva antecipada do passeio decidimos tomar o café da manhã na fazenda, ao invés de pararmos em Miranda para um lanche. Para nosso azar, a falta de comunicação com a fazenda no dia anterior foi ocasionada por um trabalho de dedetização que eles fizeram na área e por este motivo não foi possível preparar o café da manhã que eles servem para os turistas que desejam experimentar um legítimo café pantaneiro. Buáaa.
Estávamos famintas e d. Terezinha ficou brava e disse que não arredava o pé da varanda da fazenda se não pudesse comer alguma coisa. Achei bom porque eu estava com a mesma disposição, mas como ela já está com mais de 80 anos a queixa dela é levada mais a sério do que a minha...
A Maura olhou para um lado e para o outro e percebeu que um outro grupo tinha levado uma matula e não estavam comendo nada (certamente eles haviam parado em Miranda para tomar o café da manhã). Ela não se fez de rogada e com a maior cara de pau foi até eles e pediu uma banana para a d. Terezinha comerr. Eles foram gentis e cederam duas frutas, a d. Terezinha comeu uma e a Rosângela partiu a outra banana em sete pedaços para que cada um pudesse comer um pouquinho. Quando uma das moças do outro grupo viu a cena ficou decerto penalizada e resolveu dar o restante das frutas para nosso grupo que recebeu o regalo com alegria, pois todos estavam realmente famintos
Um dos empregados da fazenda percebendo nossa movimentação foi até o pomar e pegou um cacho de bananas e algumas laranjas, foi uma festa. Comemos as frutas até nos fartarmos e saímos em seguida para o passeio num carro alto e aberto para fazermos o safári fotográfico e a trilha na mata ciliar do Rio Miranda.
borboletas no leito seco do rio
Um guia com olhos muito bem treinados fica sentado acima da cabine do caminhão para observar onde estão os bichos, que na maioria das vezes ficam escondidos no meio do mato durante o dia, e assim que ele observa algum faz um sinal para o motorista parar o carro e fala um pouco sobre o animal avistado, seus hábitos e sua importância para o ecosistema local. Os turistas aproveitam para fotografar enquanto se encantam com um pássaro, uma capivara, um bando de garças, um tuiuiu magestoso ou um assustador jacaré. Vimos até um veadinho pantaneiro no meio de um extenso arrozal.
Num determinado ponto da estrada descemos do caminhão para fazer a trilha sobre o Rio Miranda. Antes de iniciarmos a trilha sobre uma passarela de madeira, o guia nos mostrou um arbusto e contou que durante a floração aquele arbusto dá uma flor belíssima, que o turista desavisado e predador por natureza, costuma cortar e acaba com a mão cheia de formigas de fogo. O problema é que este tipo de formiga, que tem uma picada extremamente dolorosa, que dói por 24 horas e dá até febre, vive dentro do caule deste arbusto. Fiquei tão impressionada com o assunto das formigas de fogo que achei mais prudente embrulhar todo o meu braço direito com uma echarpe longa, que estava úmida e fresquinha, para evitar qualquer acidente com meu braço durante a caminhada (meu braço direito não possui glânglios linfáticos e qualquer picada pode ser um grande problema). A trilha estava repleta e pernilongos, mosquitos, mutucas e todo tipo de inseto irritante. Ainda bem que eu tinha passado bastante repelente, mas a Rô, que estava um pouco adiante de mim, parecia que ia ser carregada pela nuvem de mosquitos que foram atraídos pela roupa escura que ela estava usando. Fiquei impressionada. Nunca vi tantos insetos juntos.
Terminada a trilha voltamos para o caminhão e iniciamos o retorno para a fazenda onde iríamos almoçar. Depois do almoço fui descansar numa rede, mas o calor infernal não deu trégua mesmo com os ventiladores ligados o tempo todo. No período da tarde voltamos para o caminhão para irmos até o pier onde iríamos embarcar nas chalanas para um passeio pelo Rio Miranda e uma pescaria. Fomos pescar piranha, mas o que consegui mesmo foi apenas alimentar as danadas, pois elas comiam minha isca e fugiam numa boa. Cheguei a conclusão de que sou péssima pescadora, pois não fisguei nenhuma piranha e nem mesmo um dos muitos aguapés que cobriam o rio.
Alguns turistas e pescadores mais talentosos do que eu conseguiram pescar até mais de uma piranha (peixe feio e com cara de mau) que iam colocando dentro de um balde. Depois da pescaria saímos para o outro lado do rio onde o guia chamava um jacaré (treinado é claro) e o bicho vinha até perto da chalana para pegar a piranha que ele amarrara na ponta da linha de pescar. O jacaré, que não tinha uma das patas, era chamado de Lula e parecia gostar de comer sem fazer muito esforço para pegar a presa... jacaré folgado...
O guia também chamava uma garça e jogava a piranha no rio para ela pescar. Era bonito ver o mergulho da garça no rio. Ele fez o mesmo com algumas águias. Fiquei encantada com a rapidez das aves pescando as piranhas, mal elas tocavam as águas do rio.
O calor dentro da chalana (mais de 40 graus na sombra), no meio do rio era enlouquecedor. Eu me sentia derreter de tanto que suava. Dava para sentir o fio de suor escorregando devagar pelo meu corpo molhado. Era horrível. Minha impressão era que eu estava na boca do inferno... "nem está tão quente assim. Calor mesmo faz nos meses de dezembro e janeiro" disse-me o guia. Deus me livre! Se eu já estava derretendo no mês de outubro não quero nem pensar em passar perto de um lugar assim no final do ano. Detesto calor.
Voltamos para o pier no final da tarde e antes de desembarcar resolvi tirar uma foto segurando uma piranha. Já que eu não tinha conseguido pescar uma, ao menos segurar uma delas eu queria... empalhada é claro! Não vou arriscar minha mão preciosa com aqueles dentes afiados...
De volta a fazenda fomos recepcionados por um bando de araras pousadas na cerca. Tinha outros pássaros como papagaios, martim pescador e alguns que não sei o nome. Havia também algumas emas que vivem soltas no quintal da fazenda para comer bichinhos rastejantes que turistas não gostam de ver...
Na fazenda São Francisco o turista tem a oportunidade de ver como funciona uma fazenda no Pantanal. Lá eles também desenvolvem alguns projetos de pesquisa e preservação de araras, papagaios, jaguatirica, pumas, onças-pintadas e outros animais silvestres. São mais de 340 espécies catalogadas por biólogos e ornitólogos. O Pantanal abriga uma das maiores populações de onça-pintada, pardas e jaguatiricas.
Quem gosta deste tipo de aventura pode dormir na fazenda para fazer um expedição noturna para observar animais de hábitos noturnos.
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