Os 86 anos da minha mãe
terça-feira, março 19, 2013
Hoje, dia 19 de
março, a igreja católica comemora o dia de São José, pai adotivo de Jesus. Hoje também aconteceu a entronização do Papa
Francisco, que celebrou no Vaticano a missa inaugural do seu pontificado. Ele
destacou em sua homilia a figura de São José, patrono da igreja e o guardião de
Maria e Jesus; e pediu por mais respeito às criaturas e a natureza. Tomara que
suas súplicas encontrem eco ao redor do mundo.
Hoje é um dia de muitas
comemorações, e é também o dia do aniversário da minha mãe. Ela está
completando 86 anos de uma vida plena e cheia de altos e baixos como costuma
ser a vida da maioria de nós, simples mortais. Minha mãe é uma mulher admirável,
ela é uma guerreira, uma mulher que soube superar preconceitos e vencer
obstáculos; uma mulher que não se deixou abalar pelas dificuldades que a vida
lhe impôs.
Olhando a retrospectiva da história
de vida da minha mãe não tenho a menor dúvida em dar nota 10 para esta
guerreira anônima. Minha mãe ficou órfã de mãe aos 5 anos de idade, cresceu no
meio do mato no interior de São Paulo, enfrentou o frio, a geada que cobria os
campos de gelo branquinho, o medo dos animais selvagens que a noite rondavam
sua casa rústica e frágil, e dos peçonhentos que perambulavam por todos os
cantos tanto de dia quanto de noite. Minha mãe trabalhou na roça desde muito
pequena e com pouco mais de 16 anos teve coragem de largar para trás tudo o que
lhe era familiar para ir viver sozinha num colégio de freiras no Rio de Janeiro.
Ela viveu muitos anos no Colégio
Stela Maris, das filhas de Jesus, no Rio de Janeiro. Ela sempre faz questão de
dizer que aprendeu no colégio das freiras tudo o que ela sabe, e é grata por
isto. Ela também desejou se tornar freira na congregação das Filhas de Jesus,
mas há mais de sessenta anos carregar na pele a cor morena, cor de canela, era motivo mais do
que suficiente para impedir a concretização deste desejo. Se o preconceito racial existe ainda hoje, imaginem naquela época.
Minha mãe não conseguiu se tornar a
esposa de Cristo como era seu desejo, e acabou se casando com meu pai, muitos
anos mais velho do que ela. O casamento durou pouco mais de onze anos, pois meu
pai faleceu em 1969. Viúva, ela criou sozinha e com muito sacrifício as três filhas
pequenas. Nossa casa, em minhas lembranças da infância, era um porto seguro
para todos que por lá chegassem. Sempre
coube um prato a mais na mesa; sempre existiu um ombro amigo para amparar um
pranto.
Ontem eu e a Bárbara decidimos fazer
um bolo de cenoura bem gostoso para cantarmos o parabéns da meia-noite para a
minha mãe. Enquanto eu pegava o material para fazer o bolo a Bárbara descascou
e picou a cenoura. Depois da massa pronta ela teve a ideia de fazer pequenos
bolinhos, como um cupcake e um bolo pequenino para colocar a vela na hora do
parabéns. A Suzi derreteu chocolate para fazer a cobertura e nossos bolinhos
improvisados ficaram com uma aparência muito apetitosa, além de deliciosos.
Meia-noite em ponto acendemos a velinha
de aniversário com o número 8 e seis palitos de fósforo que espetamos no mini
bolo. Cantamos o parabéns prá você e
fizemos aquela farra com nossa matriarca. Ela ficou toda feliz. O parabéns da
meia-noite é tudo de bom. É nosso momento família.
Os "momentos família" são os melhores!
Parabéns para sua mãe... e, tal mãe, tal filha! Duas mulheres de coragem e sabedoria.
Forte abraço!
Cristiane
Campo Grande MS
Obrigada pelas palavras de carinho Cristiane. Um forte abraço para você também.
Lou
Parabéns a sua Mamãe e a você! ;)
Obrigada Cássia. bjs Lou