Porque estou engasgando e tossindo tanto?

Continuo fazendo fono e buscando a causa da tosse, dos engasgos e da rouquidão. Porque será que somente agora, depois de mais de dois anos com a prega vocal paralisada esses sintomas apareceram? O pior é que estão piorando visivelmente. Cada uma que me aparece...
Na próxima semana vou fazer alguns exames com uma otorrino da confiança de minha fono. Vamos ver o que descobrimos. Quero voltar a comer em paz e a falar sem tossir tanto. É complicado engasgar enquanto se come. Todos à sua volta ficam aflitos. Além do mais todas as comemorações acabam sendo em torno da comida e não tem graça nenhuma ficar só olhando. Não sou gulosa, mas gosto de uma comidinha bem feita.
Hoje meu corpo doeu muito por causa dos efeitos do zometa. Cada pedacinho doia sem dó nem piedade. Tomei remédio para dor e acabei dormindo mais de três horas direto. Dormi sem almoçar, pois o sono era maior do que a fome, mas acordei muito melhor, apenas um pouco pesada.
Só não me revolto com esse remédio porque sei que é eficaz e está reconstruindo o osso destruído pelo câncer, mas que ele é cruel isso ele é. Parece que moi cada pedacinho do meu esqueleto e a dor fica generalisada. O pior é que os ossos atingidos pela doença são inoperáveis. Não é possível simplesmente cortar e substituir por metal, pois o esterno, vértebra e costelas são insubstituíveis; preciso cuidar bem dos que tenho.
A Bárbara conseguiu retornar ainda ontem do Piauí. Disse que foi uma correria, mas resolveu tudo muito bem, pois os servidores do tribunal são atenciosos, eficientes e gentis. Voltou carregando um enorme calhamaço de papéis, resultado positivo do que foi fazer em Teresina.
Sua passagem pela capital foi rápida, além do trabalho no tribunal só teve tempo de ver o encontro das águas escuras do rio Parnaiba, que segue até o Delta do Parnaíba e do rio Poti com suas águas esverdeadas, no Parque Ambiental do Encontro dos Rios. Lá ficou conhecendo a lenda do Cabeça de Cuia.
Diz a lenda que um jovem pescador chamado Crispim um dia chegou em casa e, encontrando apenas um caldo de ossos para comer, bateu descontroladamente em sua mãe, revoltado. Antes de morrer, a senhora amaldiçoou o filho, rogando-lhe uma praga – ele se transformaria em um monstro medonho. Sentindo um terrível remorso, Crispim se jogou nas águas do rio Poti. Os moradores mais antigos afirmam que nas noites de lua cheia, ele fica zanzando pelas margens do rio, tentando se livrar do encanto. Para poder descansar em paz, o Cabeça de Cuia – nome pelo qual ficou conhecido devido à sua enorme cabeça deformada - deveria devorar sete moças virgens de nome Maria, mas nunca conseguiu pegar nenhuma. Até porque nenhuma moça anda sozinha por aquelas bandas.
Na hora do almoço a Bárbara perguntou se o prato era para uma pessoa. O garçon afirmou categoricamente que apenas uma pessoa comia a porção servida. Ela pediu peixe, seu prato predileto. Quando chegou a comida levou um susto, pois a quantidade servida dava para alimentar, no mínimo, três pessoas. Pelo jeito os piauienses são bem gulosos...
1 Response
  1. Lara Amaral Says:

    Lá em Gramado é a mesma coisa, eu e o Rafa tínhamos de dividir todos os pratos, hehe...
    E que lenda interessante, legal conhecer mais uma.

    Espero que vc melhore cada dia mais, tia. Não tenho noção do que um remédio de quimioterapia faz, mas por tudo o que vc já relatou, fico a imaginar a dificuldade que deve ser ter de praticamente parar a sua vida só para tratar de umas células teimosas que "do nada" resolvem se dividir defeituosas.

    Enfim, energia boas para vc, é o que sempre desejo.

    Grande beijo!


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Obrigada pelo comentário. bjs Lou