Viagem de Trem Curitiba-Morretes


Lili, Suzi e eu estávamos visitando Curitiba e resolvemos fazer o passeio de trem até Morretes. Era uma sexta-feira, acordamos cedo, tomamos nosso café da manhã e em seguida a van chegou para nos pegar. O grupo era pequeno: apenas nós e um casal de Salvador, todos hospedados no mesmo hotel.
Seguimos para a estação ferroviária e enquanto aguardávamos a chegada do trem nosso guia ia contando a história da ferrovia que liga Curitiba a Paranaguá. O engenheiro responsável pelo projeto foi Antonio Pereira Rebouças Filho, especialista em construção de estradas de ferro e portos marítimos.
A estrada de ferro foi criada em 1880, possui 110 km de extensão que descem 900 metros da serra do mar até o Porto de Paranaguá. O trem passa inicialmente por Pinhais e Piraquara para logo em seguida chegar ao túnel Roça Nova, o primeiro dos 14 túneis do percurso.
Assim que deixou a estação o trem apitou várias vezes como se estivesse feliz com o início de uma nova viagem. Ele descia a serra bem devagar, o que nos permitia apreciar a paisagem verde e exuberante da Serra do Mar.
Depois que passamos pelo primeiro túnel a enorme cachoeira Véu da Noiva apareceu com toda sua beleza. Ela cai de tão alto que mesmo com o barulho do trem conseguimos ouvir o som da queda d’água.
São 3 horas de viagem e nem nos damos conta disto tamanha beleza natural que se descortina além das janelas do trem. Passamos pelo Parque Nacional do Marumbi, criado em 1990, com mais de 2.300 hectares. Vemos o Morro do Leão e o Pico Marumbi, freqüentado por alpinistas. Atravessamos 30 pontes e vários enormes viadutos.
Uma guia dentro do vagão, além de distribuir lanches para todos os turistas, também vai relatando a história da ferrovia bem como alertando para esta ou aquela beleza que aparecerá logo adiante. Todos ficam a postos com suas potentes máquinas fotográficas.
De vez em quando o trem precisa parar para que outro trem, que vem subindo a ferrovia desde Paranaguá, tenha lugar para passar. O trem de cargas desce até o porto com menos de 50 vagões carregados de produtos para exportação. Na subida ele pode carregar quase o dobro de vagões.
Ao longo do percurso uma infinidade de plantas se exibe em toda sua beleza. A samambaiaçu, ameaçada de extinção pela extração em larga escala para se fazer o xaxim, cresce livre pela encosta e nos grotões. Hoje é proibida sua extração. Vemos uma profusão de hortências, de origem asiática e que se adaptou perfeitamente por aqui. Outra flor que também não é originária do Brasil e que se adaptou na serra virando uma verdadeira praga é a chamada lírio do brejo, que dá uma flor branca. Ela acaba sufocando e matando outras espécies de plantas de pequeno porte.
E o trem continua seu percurso lento por trilhos tão antigos. Num trecho coberto por espessa neblina e onde os trilhos ficam suspensos por enormes pilares de concreto o trem parece flutuar solto no ar. Eu e meu medo de altura não combinamos muito com essa parte do trajeto...
As três horas de viagem passam céleres, ninguém percebe e quando menos esperamos já estamos parados na estação de Morretes prontos para o desembarque.

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Obrigada pelo comentário. bjs Lou