Como se define uma mulher?
Será que somos apenas fêmeas da espécie humana
Pertencentes ao gênero do sexo feminino?
Claro que não!
Somos muito mais do que apenas gênero da espécie humana.
Fomos deusas reverenciadas no Olimpo.
Fomos curandeiras.
Manipulamos ervas e remédios,
Fomos mulheres sábias e parteiras, e
Acabamos perseguidas como bruxas
E queimadas nas fogueiras da inquisição
Durante mais de quatro séculos.
Nosso pecado?
Conhecimento e poder.
Amor e prazer.
A deusa pagã foi eliminada pelo cristianismo patriarcal, e
A mulher subjugada para ser submissa ao homem.
Fomos reduzidas a nada.
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Séculos se passaram para que a mulher criasse coragem de reclamar seu lugar na sociedade machista e, como desbravadoras destemidas, devagar fomos abrindo espaço e conquistamos o direito de ser esportistas, o direito de votar e ser votada, de programar nossa gravidez, usar calça comprida e até mesmo o direito de fazer um curso superior. A mulher casada, somente com a Constituição de 1988, igualou seus direitos aos do marido, e hoje já pode até manter seu nome de solteira, mesmo estando casada. Ela passou a ocupar cargos executivos e teve seus direitos reconhecidos como direitos humanos, apenas em 1993, na Conferência Mundial dos Direitos Humanos, em Viena. Foram então criadas as delegacias das mulheres, e sancionada a Lei Maria da Penha que protege as mulheres de seus parceiros violentos. Ainda temos muito a conquistar, e devagar vamos saindo da sombra. Pelo mundo afora mulheres começaram a se mobilizar. No Brasil surgiram nomes como:
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- Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, nascida em 1810. Ela foi educadora, escritora e poetisa, e é considerada pioneira do feminismo no Brasil. Escreveu textos em jornais e publicou livros em defesa dos direitos das mulheres, índios e escravos. Dirigiu colégios de alto nível de ensino como o Colégio Brasil e Augusto, no Rio de Janeiro.
- Ana Neri, que em 1864 se engajou como enfermeira na Guerra do Paraguai para acompanhar dois de seus filhos e um irmão, oficiais do exército, e muito contribuiu com seu trabalho incansável.
- Nise da Silveira, médica que em 1926 teve coragem de se opor às técnicas agressivas usadas com pacientes psiquiátricos, passando a usar terapia ocupacional para tentar reatar os vínculos desses doentes mentais com a realidade, revolucionando a psiquiatria.
- Alzira Soriano, primeira prefeita brasileira eleita em 1928, em Lages, no Rio Grande do Norte.
- Azaléa de Campos, primeira mulher árbitro de futebol reconhecida no mundo.
- Eunice Michiles, primeira senadora eleita em 1979.
- Maria Augusta Generoso Estrella, 1875, primeira médica brasileira, que precisou estudar em Nova York porque as universidades brasileiras não aceitavam mulheres.
- Rita Lobo, primeira médica formada em território nacional, cinco anos depois que o governo permitiu a matrícula de mulheres em 1879.
- Eliana Calmon, 1999, primeira mulher a integrar um tribunal superior. Foi nomeada procuradora da república em 1974 e iniciou sua carreira na magistratura em 1979.
- Ellem Gracie, primeira ministra no STF no ano 2000.
- Dilma Rousseff, primeira presidente do Brasil em 2011.
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A elas, pioneiras na conquista dos direitos das mulheres, minha homenagem. Elas foram apenas algumas brasileiras que se destacaram no cenário feminino, mas existem milhares de outras mulheres anônimas desempenhando papéis não menos importantes, nas comunidades onde vivem. São mulheres chefes de família, são mães, empregadas domésticas, babás, líderes comunitárias, professoras, catadoras de material reciclável, funcionárias públicas. São mulheres desempenhando as mais diversas ocupações, conquistando seu espaço na sociedade machista que ainda subjuga, maltrata, estupra e mata.