Preparando para a Aposentadoria

No mundo que vivemos o trabalho faz parte da nossa rotina, assim como comer ou dormir. É tão natural que nos preparamos para entrar no mercado de trabalho mal começamos dar os primeiros passos. Ou estou enganada?
Aos dois anos nossas crianças já começam a frequentar o maternal e sua rotina vai ficando cada dia mais cheia de compromissos: é o balé para as meninas, o futebol para os meninos, curso de idiomas (e agora já não basta mais aprender apenas o inglês, alguns pequenos estão aprendendo até o mandarim), natação, judô, xadrez e tudo o mais que resolvem inventar por aí. Os pequenos custam a encontrar um tempinho para conseguirem não fazer nada, ou para ser apenas crianças...
Nosso discurso é estarmos educando nossos filhos para o futuro, mas no final das contas o objetivo é tão somente prepará-los para entrarem no mercado de trabalho com um mínimo de vantagem sobre a maioria. É ou não é?
O jovem conclui o ensino médio, faz faculdade e, ainda durante o curso, sai em busca de um estágio para facilitar seu ingresso no mercado de trabalho que a cada dia se estreita mais, exigindo maiores habilidades e experiência do candidato ao cargo. E assim começa sua vida de adulto: trabalhando. Ele faz pós graduação, mestrado, doutorado, pós doutorado e tudo que é curso que esteja na moda para garantir seu lugar no competitivo mercado de trabalho. Um tormento. Ele só pensa no trabalho.
Estamos acostumados a nos preparar e preparar nossos filhos apenas e tão somente para o trabalho formal, mas nunca planejamos a aposentadoria, embora muitas vezes sonhemos com ela que parece estar distante, quase inatingível.
Este é um erro comum que cometemos, e raramente nos damos conta disto, pois a aposentadoria poderá chegar pelo tempo de serviço, pela idade, ou até mesmo de forma compulsória, quando ainda somos jovens, no caso de uma doença grave, e ninguém está livre disto. Comigo mesmo aconteceu desta forma e foi muito difícil e complicado, pois me senti absolutamente inútil quando precisei deixar o trabalho formal para cuidar apenas da saúde. Tão logo a doença entrou em remissão voltei a trabalhar como Conciliadora voluntária na Justiça Federal, mas precisei interromper o trabalho quando a doença voltou a se manifestar e mais uma vez foi difícil parar de trabalhar para apenas cuidar da saúde. Sempre trabalhei fora, desde muito jovem, e gostava do que fazia.
O TRF da 1ª Região, há alguns anos, a partir da reivindicação de uma servidora aposentada, saiu na frente e desenvolveu um projeto voltado para os aposentados da casa. Devagar fomos reconquistando direitos perdidos com a aposentadoria: hoje podemos pegar livros emprestados na biblioteca; ganhamos o crachá de servidor aposentado e podemos circular nas dependências do tribunal sem o incômodo de termos que nos identificar como se nunca tivessemos ali trabalhado; nas ocasiões em que o serviço médico imuniza os servidores para evitar algum tipo de doença somos também convocados; e outros benefícios.
Agora o tribunal está engajado em seu mais recente projeto: o de preparar seus servidores para uma aposentadoria planejada e sem traumas. A equipe envolvida no desenvolvimento do projeto está organizando palestras elucidativas sobre o tema para sensibilizar seus colegas, mesmo aqueles que ainda têm uma longa jornada pela frente. O objetivo é tratar a aposentadoria não como fim de carreira, mas oportunidade de novas descobertas, novas experiências, momento de tornar os sonhos adiados, realidade.
Esta mesma equipe cuidará também de sensibilizar os servidores em atividade no atendimento daquele colega que está em processo de aposentadoria ou já aposentado. Qualquer servidor em processo de aposentadoria ou aposentado faz, já fez e fará parte da instituição e permanecerá sempre ligado a ela independentemente de estar ativo ou aposentado. E mais, todo servidor em atividade precisa se conscientizar que algum dia ele também será um servidor aposentado, a não ser que parta desta para outra, precocemente...
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Obrigada pelo comentário. bjs Lou