Ontem levantamos sem pressa e passamos boa parte da manhã em casa. A Maura e a Helena, viciadas no carteado, ficaram jogando buraco na net. De vez em quando eu ouvia um impropério da Helena reclamando de alguma besteira que o parceiro de jogo havia acabado de fazer. A Maura também fica brava com parceiros que não são lá muito... digamos, espertos. Eu, como não gosto muito de jogos, estava pesquisando hotéis em Paris para nossa última semana na França. Não quero correr o risco de ficar sem hospedagem bem localizada em nossa volta a Paris, nos últimos dias de férias.

 
    Deitamos muito tarde na noite anterior. É que ficamos apreciando o espetáculo da subida da maré nos mares da Bretanha que é algo impressionante principalmente no mês de outubro. A maré subiu mais de onze metros e cobriu toda a faixa de areia até a calçada. As passarelas que margeiam o penhasco ao longo das praias em Dinard amanheceram molhadas e cheias de areia. O vento forte faz as ondas quebrarem nas calçadas e nas passarelas. Só mesmo quem está aqui e vê a altura que as águas alcançam consegue ter a dimensão da força da natureza. É realmente fantástico!

 
   São Pedro e acho que até mesmo o Mago Merlin estão dando uma ajudinha para que possamos aproveitar toda a beleza que a Bretanha oferece, pois os dias estão incrivelmente ensolarados e com tempo bom. O céu está tão azul que até lembra o céu de Brasília. Não está muito frio, aliás está fazendo aquele friozinho gostoso, que exige pouca roupa para agasalhar. Os bretões, acostumados com o frio, entram na água gelada do Canal da Mancha e ficam tomando sol na praia, sem roupa. Tenho a impressão de que se eu ficar 15 minutos sem roupa na praia acabo pegando uma pneumonia...


     Voltando a falar em Merlin, contratamos um motorista para nos levar até a Floresta de Poimpont onde, segundo a lenda, é a região associada a mítica Floresta de Broceliande, lar de Merlin, Morgana, Viviane, o Rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda. É lá que fica o túmulo de Merlin e a Fonte da Juventude. Quero tomar uma aguinha daquela fonte. Vai que a coisa funciona e eu remoço alguns anos...Vai que a mágica de Merlin ainda funciona e eu volto para casa curada definitivamente... Passeando por terras cheias de lendas celtas posso muito bem acreditar em magia, ou não posso?

     Poimpont fica perto de Rennes e a floresta é enorme. São 7000 hectares e mesmo de carro é preciso pelo menos uns dois dias para conhecer tudo. Alguns aventureiros gostam de fazer o passeio de bicicleta, mas isto demanda pelo menos uma semana e não tem nada a ver comigo.


     Lá existem alguns sítios neolíticos como a Casa de Viviane (Hôtie de Viviane) que é uma sepultura coletiva dos druidas datada de 3.500 e 2.500 a.C. O Vale sem Retorno que é outro local muito procurado pelos turistas. Reza a lenda que era para lá que Morgana levava seus amantes infiéis. O nome já parece dizer tudo... O Espelho das Fadas é outro ponto turístico procurado. É um lago hipnotizador que fica na entrada do vale.


     Poimpont também guarda a milenar árvore de Guilhotin. Esta árvore, com 1000 anos de existência, 10 metros de altura e 9,65m de largura está resistindo ao tempo. Dizem que foi ela que serviu de abrigo ao sacerdote Guilhotin durante os terríveis anos da Revolução Francesa.

      Queremos também ver de perto os enigmáticos menires. São cerca de 4.000 menires com até 4m de altura espalhados pela Bretanha. Reza a lenda que estas pedras (os menires) são vestígios de uma armada romana, cujos soldados foram petrificados em batalha.
     A cultura celta é cheia de marcos e lendas que remontam a uma era regida pelos druídas e pela magia. Esta cultura ainda sobrevive na Bretanha, o destino de férias preferido pelos franceses e que está encantando estas turistas que vieram do Planalto Central no Brasil.